- Me desculpa chegar aqui sem ter te avisado ou alguma coisa assim. Eu nunca, nunca mesmo, pensei que teria que sair de casa por conta do meu pai. – eu terminava de explicar as coisas para a mãe de Caitlin enquanto ajudava a arrumar a louça para o jantar. – e, se for um incomodo, eu posso arrumar um hotel por enquanto e...

- Suzanna, querida, o problema não é você ficar aqui. Você sempre é bem recebida em nossa casa, mas e quanto ao seu pai? Eu não acho certo que você simplesmente saia de casa assim...

- Acredite em mim, Sra. Beadles, ele vai aceitar. É muita pressão para mim, e eu não vou ficar por muito tempo, só até as coisas se estabilizarem, eu prometo. Por enquanto, é difícil pra mim viver no mesmo teto em que Mary e meu pai vivem.

Terminamos de arrumar a mesa e todos nós jantamos. Como o pai de Caitlin e Christian fora levar Chris em um jogo a tarde e ainda não havia chegado, os lugares ficaram vagos.

Terminado tudo, fui para o quarto de Caitlin e arrumei minhas coisas em algumas prateleiras vazias, aproveitando para arrumar o colchão onde eu iria dormir. Ela providenciou roupa de cama, que eu logo coloquei por cima.

- Não precisa se preocupar... amanhã eu volto pra pegar mais algumas coisas. – eu corei, vendo que ela não tinha um travesseiro extra.

- É que nós não costumamos receber visitas. Não pra dormir, pelo menos. Mas eu posso te ajudar amanhã. – ela sorriu.

Fui trocar de roupa e escovar os dentes, e então me deitei, e um silêncio tomou conta do quarto. Esperava arrumar um assunto qualquer, quando ela puxou um assunto, quase lendo minha mente.

- Suzzie, eu tenho que falar uma coisa pra você. – sua voz parecia abafada. E de repente, tudo voltou a minha cabeça: Justin no quarto do hospital, falando com Caitlin. “Queria que fosse de outro jeito, mas ela sempre me verá como um amigo”– a tempos eu escondo isso e sinceramente, não é fácil.

- Você pode contar então. – eu me preparei para ouvir as palavras que eu já havia ouvido antes.

- É que eu... – sua frase foi interrompida pela batida da mãe na porta do quarto.

- Já dormindo? – ela abriu mais a porta. – Meninas, nós temos que ir buscar Chris e o papai, o carro deu problema e eles não estão conseguindo um mecânico a essa hora. Vamos com o meu carro... se arrumem e nós saímos em 10 minutos.

Levantei, e voltei a colocar minha roupa anterior, já que não tinha trazido muitas. Fechamos a casa, e fomos.

Chegando lá, o carro já estava sendo guinchado graças ao telefone emprestado de um motorista que ia saindo do mesmo jogo.

- O seguro não cobre problemas no motor. Não sei porque ainda não leio as cláusulas – disse um Sr. Beadles muito irritado. – vamos ter que acompanhá-los para assinar os termos de pagamento e para alugar um carro enquanto esse fica no conserto.

- Tudo bem para vocês, meninas? – concordei com a cabeça e Caitlin fez o mesmo.

Entramos todos no carro e seguimos o mecânico levando o carro quebrado. Andava pensando muito no dia seguinte e na apresentação de Justin quando tudo aconteceu muito rápido: chegamos, o carro ficou no conserto e voltamos para a casa. Eu estava tão cansada que nem me preocupei muito com minhas roupas; apenas deitei no colchão e apaguei, sem ao menos lembrar que Caitlin ainda queria falar comigo.

Acordei no outro dia completamente vestida; e com um silêncio perturbador. Aparentemente, todos da casa ainda estavam dormindo e eu me sentia uma estranha por completo.

Levantei e arrumei a minha parte, me troquei e fui direito para a cozinha preparar um café da manhã, pegando meu celular da mesa. “Uma nova mensagem”

Meu coração parou por um instante ao ver que era do número de Justin, pois eu achei que ele estava bravo comigo. Mas, infelizmente, era apenas a caixa de saída avisando que eu havia mandado um torpedo mais cedo para ele, talvez ontem. Me adiantei e comecei a preparar ovos mexidos com bacon (porque infelizmente essa era a única coisa que eu sabia fazer no café da manhã).

- Bom dia – era Caitlin que vinha do quarto. – senti o cheiro de omelete. Você realmente não precisava fazer isso, Suzzie.

- É só um agradecimento. Vem, me ajuda com os pratos. Todos ainda estão dormindo?

- Sim, pai e mãe acordam daqui a pouco para ir trabalharem. Você realmente acorda de madrugada, heim? – ela deu uma risada.

- É, parece que acostumei.

- Ei, ainda tenho aquilo para te falar. Por favor, diz que vai manter isso um segredo.

- Mas é claro que eu vou. – eu sorri. – não precisa desconfiar de mim. Terminei de arrumar a mesa e já ia trazendo os pratos do armário.

- Eu sou apaixonada pelo Justin, Suzzie. Desde muito tempo atrás.

Como se eu tivesse entrado em estado de choque, os pratos deslizaram da minha mão rápido demais, mais rápido do que meu coração batia naquele momento.