- Caramba. Você precisava me lembrar desse detalhe? – eu falei, fingindo estar brava.

Eu comecei a rir quando Justin me abraçou ternamente, se deitando ao meu lado, como fazíamos a tanto tempo. Não conseguia pensar em outra coisa quando ele estava ali, me passando calor e transmitindo seu carinho.

- Agora você não é tão mais nova assim que eu. Pelo menos tem a minha idade, pequenininha. – ele me deu um beijo na bochecha e voltou a se deitar. – Parabéns. E obrigado por ter vindo comigo... obrigado por acreditar.

Olhei para os seus olhos, me virando. Na falta de luz do quarto, eles brilhavam como pérolas negras, mas eu sabia que eles não eram daquela cor.

- Você não tem que dizer obrigado... eu tenho. Por ter me acolhido quando eu não tinha com quem ficar. – Me levantei, acendendo a luz e pegando o convite de cima da escrivaninha. - Agora, tenho outras coisas para pensar... por exemplo, com que lindo vestido irei para o casamento do meu pai em fevereiro...

- Não sabia que você gostava de usar ironias. – ele riu e começou a arrumar a cama de cima. – Sabe que o cara que inventou a beliche nem foi tão inteligente assim. É muito difícil manter a parte de cima arrumada.

- To falando sério. O casamento é daqui a 2 meses, e pelo jeito, ele vai querer que eu seja uma das damas de honra. Mas, enfim... hoje você tem que ir ao estúdio?

- Acho que não, mas Scooter me ligou dizendo que quer que eu visite algumas rádios locais, só pra conhecer o modo de divulgar a música, e ele quer me apresentar a equipe.. Ah, e amanhã nós iremos até o estúdio pessoal do Timberlake. Você vem junto, porque preparei algo pra você.

Peguei uma muda de roupas e fui para o banheiro, fechando a porta para me trocar e continuei a falar com Justin.

- Começou a ficar sério... Afinal, quando é a premiação que ele disse ter ingressos?

- Em fevereiro. Peraí, o casamento do seu pai também é nesse mês, não? – Eu terminei e abri a porta, me esquecendo de abaixar a blusa. Fiquei vermelha, puxando-a para baixo rapidamente. – Bem... não vi nada. Não se preocupe.

- Sim. Mas a chance de não ser no mesmo dia é de 99%. – Estava pretendendo tomar café antes de voltar a loucura de todo dia, mas já se ouvia a buzina do carro lá fora.

- Nem se atreva a pegar algo pra comer. Tenho algo especial preparado... – ele sorriu  escondendo algo. Pegou minha mão puxando para fora do apartamento e logo depois fechou a porta.

Fiquei curiosa para saber o que era, e me surpreendi na hora: uma limousine nos aguardava,até que o vidro da frente abaixou e Scooter estava ao lado do motorista.

- Surpresa, Suzzie. Feliz aniversário. – ele sorriu e voltou a levantar o vidro.

- O que é... – Justin tampou minha boca antes de eu completar a frase, enquanto nós entravamos no banco de trás. – é um seqüestro? Isso mesmo?

Ele riu e se jogou no banco de couro. Era espaçosa por dentro; quase como eu imaginava, mas dez vezes mais luxuosa. Fechei a porta com um baque forte, acostumada com o carro de todos os dias.

- Se você acha que um dia especial para uma garota especial em uma data especial é um seqüestro... – ele me puxou. – Então sim, é isso mesmo.

- Você é louco. – eu me sentei e cruzei os braços, esperando que Scooter explicasse aquilo tudo, quando a janela de repartição se abriu, e ele apareceu no vão.

- Estão gostando? – ele deu risada, enquanto Biebs ria, ainda parecia estar escondendo coisas. – Vamos parar daqui a pouco para o café. Justin, prepare a venda e escute o sinal. – ele ia fechando a repartição quando o interrompi:

- Ei, espera! Qual é a da limousine? E esse negócio de venda... Vocês não vão nas rádios? – as perguntas escapavam antes mesmo de eu ter tempo de pensar, e tudo o que obtive como resposta foi o vidro fechado novamente.

- Você vai gostar. É só relaxar, eu planejei tudo... Além do mais, as rádios podem esperar, estamos em processo de gravação. – ele pegou minha mão, acariciando as costas. A música de seu celular começou a tocar, mas ele desligou antes mesmo de ver quem era. – Desculpa, Su, mas você tem que confiar em mim e deixar eu colocar essa venda agora.

Eu assenti com a cabeça, continuando em dúvida, enquanto ele arrumou meu cabelo para o lado ajustando a venda na minha cabeça. Eu abri a porta e saí com dificuldades, e ele vinha atrás, segurando em meus cotovelos.

- Vou guiar vocês pelo caminho certo. – disse uma voz desconhecida enquanto íamos por grama. Eu pude perceber que era algum tipo de fazenda, pois o lugar era longe e passarinhos cantavam. – O pessoal só chega mais tarde, certo?

Pude sentir Justin gesticulando, avisando para não dizer mais nada a respeito. O pessoal? Afinal de contas, aquilo deveria ser apenas um café da manhã.

- Bem, Chegamos... Ainda bem que conseguiram arrumar a tempo. Vocês avisaram em cima da hora, afinal de contas. – O homem que nos guiou dizia.

- Obrigada, Kenny. Nós chamaremos você quando estivermos prontos para ir. – A voz de Scooter agora agradecia, enquanto Justin me virava.

- Ei, vou tirar a venda, mas você não pode sair correndo, ok? – ele riu enquanto desamarrava o pano.

- Mas... por quê eu sairia correndo? – eu fiquei em dúvida, até que ele retirou a venda e eu vi tudo aquilo.

A mesa de cerâmica cercada de decoração fina abrigava um verdadeiro café da manhã para a realeza; fiquei sem ar enquanto pensava em como não havia pensado naquilo.

- Um café da manhã real para uma princesa... nada mais justo. – Ele sorriu e fez uma reverência por brincadeira.

Justin pegou minha mão, me levando para sentar em uma das cadeiras, enquanto eu, pasmada, não dizia uma palavra.