No dia seguinte, Jake assumiu a direção. Eles largaram a moto home na estrada e continuaram a pé até a coordenada indicada. Mas o local era o meio do nada, apenas uma campina aberta cheia de neve no chão e árvores em volta.

- Mas que... – Isabella estava prestes a falar um palavrão, quando o telefone tocou com um barulho de mensagem. Ela olhou o visor e a mensagem dizia:

“Muito bem, esse local era somente para nos certificarmos que vocês viriam. O próximo passo é ficar neste local até que eu decida que está na hora de vocês reencontrarem sua amiguinha. Não saiam, apenas fiquem na clareira, terei olhos observando todos. – M”

Ela gritou um palavrão – Filho da p... – e mostrou a mensagem para os outros. Cody felizmente é muito prevenido.

- Eu trouxe a minha mochila de emergência! – ele disse. A mochila é a maior de todas e Cody mostrou o que tem dentro. – Tenho água, videogame, comida para 10 pessoas, agasalhos e um acampamento expresso, como gosto de chamar.

Cody tirou uma caixinha branca da mochila, a coisa que ocupa menos espaço, e colocou no chão. Ele apertou um botão no chão e mandou todos se afastarem. Dali saiu uma grande barraca para acampar, dentro equipada com almofadas e sacos de dormir.

- Uau Cody! Muito bem! – disse Nicole entrando na barraca.

Nicole, Jake, Cody e James entraram na barraca para comer alguma coisa. Isabella ficou do lado de fora, observando a floresta. Lucas ia entrar, quando percebeu que Bella ainda estava fora da barraca.

- Amor, não vai entrar? – ele perguntou.

Ela se virou pra ele e disse:

- Tenho que ficar de vigia. Pode ser uma armadilha. Eu sinto cheiro de armadilha.

- Não quer comer alguma coisa?

- Não, obrigado. Se alimente e durma um pouco. Diga aos outros pra fazer o mesmo. Eu estou bem aqui fora.

- Bella, está frio...

- Eu estou bem Lucas, é sério. Só quero ficar... Sozinha.

Se Lucas insistisse mais, era capaz dela gritar com ele, então ele entrou na barraca e obedeceu a suas ordens. Eles não estavam rindo ou conversando muito e resolveram dormir um pouco. James ficou acordado, por que não estava conseguindo realmente dormir. Ele resolveu sair e ficar com Bella do lado de fora, mesmo estando muito frio.

Bella estava com os joelhos juntos e jogava uma bola de neve que ela fez pra cima, pegando-a quando descia. James se sentou do lado dela e ofereceu um pouco de chocolate quente. É claro, ela aceitou.

- Obrigado, James. – ela disse. Ela tomou um gole e os dois continuaram em silêncio por um bom tempo, apenas observando as árvores e bebendo chocolate quente.

Os dois podiam não falar nada, mas eles sabiam no que estavam pensando: em Lilly. James é namorado dela desde que tinham 18 anos e eles se conhecem desde que têm 15. Isabella sempre gostou muito dele e considera ele um irmão mais velho, porque ele sempre as protegeu. Então James quebrou o silêncio:

- Bella. – ele chamou.

- O que? – ele voltou ao mundo real e olhou pra ele.

- Não sei se é bom contar isso, porque acho que Lilly queria contar pra vocês sozinha, mas devido às circunstâncias...

- O que foi James? – ela estava preocupada.

Ele mostrou a mão esquerda, que tinha um anel de prata com alguma coisa gravada nele.

- Hum, anel novo. – ela disse, distraída. – Pensem que você só usasse aquele de compromisso com a Lilly...

- Bom, esse é de compromisso... – disse ele, rindo um pouco.

- Mas... – ela começou a entender.

- Sim...

- É um anel de noivado! Vocês vão se casar?! – ela exclamou.

- É! – ele confirmou. Eles se abraçaram e Isabella começou a chorar. – Não chora Bella! Tudo vai ficar bem.

- Eu... Eu sei. É que... É choro de felicidade. – ela soluçou.

- Eu a pedi em casamento quando a gente jantou lá em San Francisco. Ela aceitou e eu vou ser o melhor marido para ela, eu prometo. Nós não vamos nos casar imediatamente a pedido, mas eu quero que seja em breve. E você vai ser uma das madrinhas, tá me ouvindo?

- Meu Deus, Lilly será a noiva mais linda do mundo. Eu...

- Acho melhor deixar você sozinha, tudo bem pra você? – ele disse e entrou na barraca de novo.

Isabella ficou sozinha do lado de fora. Já tinha terminado o chocolate quente. Só observava as árvores e olhava a neve. Essa noticia deixou ela triste e ao mesmo tempo feliz. Feliz porque Lilly vai se casar como ela sempre quis e com ela sempre quis. Triste porque ela não estava ali ao lado dela para abraçá-la. Mas isso vai durar pouco. Isabella pensou. Eu vou resgatá-la nem que eu tenha que morrer no lugar dela.

Porque está claro pra Isabella que é o que o seqüestrador quer. Ver ela morta. Bom, todos os inimigos dela querem isso.

De tarde, Cody estava tentando – em vão – pegar algum sinal de internet com o iPad, mas em vez disso recebeu uma chamada de vídeo. Ele atendeu e era Charlie, que pediu para que ele reunisse todos, pois tinha uma conversa muito importante com eles. Cody acordou Nicole e Jake, Lucas e James já estavam acordados. Lucas colocou o rosto pra fora da barraca pra chamar Isabella.

- Amor. – ele chamou.

- Nem precisa dizer, já ouviu a voz dele. – ela disse e entrou na barraca. Isabella esta raiva com Charles desde que ele a tirou da missão para capturar Marcos. Eles não se falam desde daquele dia e os dois estão de mau um com outro.

- Olá, querida. – Charles disse para Isabella. Ela deu um sorrisinho e ele continuou. – Vamos direto ao assunto.

Ele deu uma pausa, só encarando eles. Isabella já estava estressada.

- Então fala logo!

- OK. – ele disse. Suspirou e continuou. – Vocês estão encrencados.

- O que? – ela disse.

- Eu não dei permissão para irem ao Canadá!

- Lilly está em perigo!

- Vocês deveriam ter me contatado primeiro!

- Charlie... – Nicole começou, mas Isabella e ele continuaram com a discussão.

- Então você não está nem aí pra Lilly né? Ela ficará sabendo disso quando ela estiver sã e salva em Los Angeles, porque eu vou resgatá-la!

Ela saiu da barraca e Nicole antes de ir atrás dela, explicou para ele, como tinha explicado para a senhora Henderson:

- É que ela está de TPM, sabe como é... – e saiu atrás dela correndo.

- Charlie, nós sabemos que você está preocupada com a Lilly. Mas nós tínhamos que vir aqui. Temos que resgatá-la e você não irá nos impedir.

- Ok, eu perdôo vocês por não terem me avisado. Mas estou com um mal pré-sentimento sobre essa missão. – ele falou mais baixo. – Não deixem a Bella fazer uma loucura. Lucas, Cody, Jake e James, vocês têm a minha permissão para matar se for preciso. Estou confiando em vocês.

Eles se despediram e Charles desligou a chamada de vídeo. O quarteto se entreolhou. Permissão para matar. Todos ficaram em silêncio pensando no assunto, até que Nicole entrou na barraca de novo.

- Já acalmei a Bella, ou melhor, a fera. Ela está vindo.

Nicole convenceu Bella a entrar, já que está anoitecendo e está ficando cada vez mais frio. Ela ficou abraçada com Lucas por uma hora, até ela receber outra mensagem com as coordenadas do local e as seguintes palavras  Sempre quis ser sua mosca na parede, estou realizando meu sonho. Tente me matar. – M. (nota da autora: essa última parte em itálico é em francês.)

- Nic, isso é francês certo? – Isabella mostrou o telefone para Nicole.

- É sim. – ela confirmou. Nicole examinou a expressão de Isabella e disse. – Bella, isso é impossível. Ele está morto.

- Eu sei. Acho que esse cara está querendo brincar comigo. – ela suspirou. Soltou-se de Lucas e todos começaram a se arrumar.

Cody colocou as coordenadas no aplicativo de mapa do iPad. Os meninos saíram da tenda para Isabella e Nicole se trocarem. Isabella colocou uma camiseta branca por baixo da jaqueta preta - que ela adora porque além de ter um lugar para guardar a munição, é de couro falso, - um cinto onde ela colocou o revólver, uma calça jeans rasgada e botas pretas maleáveis onde tem uma faca guardada em caso de emergência. Ela queria que Lilly a visse com o estilo de sempre, então, além disso, colocou um cachecol de pano azul-escuro que Lilly deu a ela. Nicole se vestiu como sempre, um sobretudo bege, botas pretas, meia calça preta dentro a calça skinny preta para se proteger do frio, luvas.

- Vocês estão indo salvar a nossa melhor amiga ou está indo a um desfile Nic? – Isabella perguntou, sorrindo um pouco.

- Até parece que você não me conhece, Bella. – ela respondeu. Então rebateu: - E você? Tem certeza que vai usar jeans rasgado? Está tipo assim 0 graus lá fora.

- Até parece que você não me conhece, Nic. – Isabella piscou pra ela. As duas riram um pouco. Cody entrou na barraca com a mão nos olhos. – As senhoritas já se vestiram?

- Já. – as duas responderam. Elas saíram da barraca e era a vez dos meninos se vestirem.

James, não sabe o que vestir para encontrar a noiva de novo. Ele está triste e ao mesmo tempo feliz. Ele colocou um blazer preto e uma camisa azul de mangas compridas por dentro. Ah, é claro, um colete a prova de balas.Ele sempre foi formal, de qualquer modo. O que quebra o visual de empresário é a escopeta que está segurando. Cody, na verdade, é o mais informal dessa ocasião. Ele colocou um casaco, duas blusas por dentro, duas calças jeans, meias de lã... O mais informal, mas o mais protegido do frio. Ele também está com uma arma grande.

Jake, como não sente muito frio, colocou uma regata branca por baixo de uma camiseta de mangas compridas azul, uma calça jeans e sapatos. Ele colocou os óculos de visão noturna, grandes e desconfortáveis e se armou com uma metralhadora.

Lucas colocou luvas nos bolsos, botas de frio, uma jaqueta com dois revólveres, jeans, um cachecol xadrez de pano azul e branco. Ele colocou mais uma coisa também, se certificando que nenhum de seus amigos viu. Ele iria dar isso a Isabella essa noite, mas os planos de uma noite romântica hoje estão totalmente acabados. Já que ele também tem igual, colocou o colocar de prata com uma plaquinha com alguns escritos como pingente no pescoço e guardou o outro igual no bolso da calça. Ele suspirou e saiu da barraca.

Cody já tinha desarmado tudo, quando anoiteceu. Jake olhou para Lucas, que usava uns óculos Ray-ban preto de noite e franziu o cenho.

- Pra quê esses óculos? – Jake perguntou.

- Para ver a noite. São os únicos que tenho. – ele respondeu.

James estava com um parecido. Ele pegou a faca de Isabella emprestada e estava procurando uma árvore grande e oca para guardar as mochilas. Menos a de Cody, ele iria levar por segundo ele “nunca se sabe”.

- Jake, você não vai ficar com frio? – Isabella perguntou.

- Que nada, o meu Jake é quente. – Nicole piscou pra Isabella e deu uma batidinha no peito de Jake que estava sorrindo.

- Eu não sinto frio. – ele disse.

- Ok...

- Bella, você e Nic não vão usar óculos para visão noturna? – Cody perguntou. Os óculos de visão noturna deles parecem normais, com lentes de grau e armação simples, mas é um dos melhores no mercado de espionagem.

- O meu é parecido com o seu, mas é vermelho. – Nicole disse, colocando-os. – Sabe como é, estilizados...

- Sei, até porque minha família fez o protótipo desses óculos e verdadeiro criador está bem na sua frente. – Cody disse, com um sorrisinho.

- Bom, eu já estou usando minha visão noturna. – Isabella respondeu, apontando para os olhos. Ela não estava usando óculos. Ela notou a expressão de interrogação de Cody e continuou: - São lentes de contatos. Sabe como é, tecnologia Morrinson. – ela piscou pra ele e então ele percebeu que o olho dela mudou de cor de repente para preto e depois voltou ao cinza.

- Mas como... – ele ia perguntar como funciona e todo o processo, mas Isabella o interrompeu.

- Não é hora disso Cody, depois a própria Lilly te explica como ela fez isso. – Isabella ficou séria de repente. James chegou com a faca de dela e sem as mochilas nas mãos. Ele devolveu a faca e ela guardou-as.

Lucas pediu para que deixassem-nos sozinhos. Só Bella e ele.

- Lucas, nós já estamos atrasados. Temos que ir.

- Eu prometo ser rápido. – ele disse.

Lucas tirou os óculos escuros e colocou acima da cabeça. Ele suspirou e tirou o colar do bolso da calça jeans e entregou na mão de Isabella. Ela olhou o pingente, escrito FOREVER. (nota da autora: em inglês é mais chic e todo mundo sabe o que significa, então fiquem quietinhos e prestem atenção na cena a seguir).

- Forever? – ela disse, sorrindo.

- É. Você e eu. Pra sempre. – ele disse, olhando pra lua.

- Obrigada Lucas. – ela fechou o punho no colar.

Ela agarrou a blusa de Lucas e o beijou, fazendo com que a neve em volta deles derretesse. Ele se soltou dela e sorriu.

- Eu... Eu te amo. – ele disse, olhando nos olhos dela.

- Eu te amo. – ela exclamou. – Não importa o que aconteça essa noite.

- Não fale isso...

- Eu sempre vou te amar. Pra sempre. – ela o beijou de novo. – Pode colocar pra mim, por favor? – se referindo ao colar.

Isabella se virou, tirou o cabelo do caminho e ele colocou o colar nela. Ele beijou o pescoço dela e sussurrou em seu ouvido:

- Pra sempre.

Ela segurou as mãos quentes dele e repetiu:

- Pra sempre.

Eles se beijaram, fazendo com que uma parte do gelo ao redor deles derretesse.

Eles se dirigiram até os outros no meio da floresta e Nicole deu uma cotovela em Isabella indicando que ela viu tudo. Ela estava de mãos dadas com Jake, o que significa que ela também “se despediu” dele. Os namorados sabem que elas se sacrificariam por Lilly ou por qualquer um daquela roda. E eles também fariam o mesmo.

Isabella pediu concentração.

- Não importa o que aconteça essa noite. Eu amo todos vocês. Resgatem Lilly e me deixem com quem quer que queira me matar. – ela disse.

- Não vamos deixar você pra trás.

- Eu ainda sou a líder dessa equipe. – ela disse levantando uma sobrancelha.

O resto do grupo se entreolhou como sinal de que não iriam obedecer a essa ordem nem em um milhão de anos. Mas deixaram-na pensar, só pensar.  Eles se abraçaram e entraram na floresta realmente.

Jake carregava uma metralhadora e foi primeiro. Ele ainda estava usando os óculos de visão noturna que segundo Cody ele parece com o Ciclope dos X-Men com esse trambolho. Ele e Cody foram primeiro, Cody indicava a direção e Jake estava mais atento a proteção. Seguido de Isabella, James e Nicole nessa ordem e Lucas na retaguarda.

De repente uma clareira se abriu e no lugar indicado havia um lago. Um lago congelado e frio. Os outros colegas pareciam estar desesperados, mas Isabella guardou a arma de novo e foi em direção ao lago.

- O que você pensa que esta fazendo? – Lucas perguntou indo impedi-la.

- Gente, fala sério. Isso é tão difícil, que chega a ser óbvio. – ela disse.

- Tá maluca?

- Você percebeu que a frase que acabou de dizer não tem sentido nenhum?

- Olha só: parece muito difícil achar qualquer tipo de vida existente aqui. Então é claro que não é em cima que ele nos quer. Ele quer que a gente vá para o subterrâneo do lago. E eu notei de primeira que tem uma abertura no gelo desse lago. – ela se sentou na beira do lago e deu um chute na água congelada. Um buraco extremamente certinho em forma de circulo de formou e ela deu um sorrisinho. – Eu faço meu dever de casa, ok? – Então começou a descer pela escada que havia dentro do buraco.

Os outros a seguiram e quando todos estavam lá dentro, a tampa do buraco se fechou. A única luz que tinham era do celular de Isabella. O seqüestrador mandou mais uma mensagem.

“Estão ficando quentes. Irônico, não?”

- Estamos mais perto. – ela disse.

Mas a ironia é que ali em baixo estava ainda mais frio do que na superfície. O buraco deu em um túnel sem nenhuma iluminação. Nicole e James ligaram as lanternas. No lado esquerdo, era sem saída. E no lado direito, o túnel virava para a esquerda. É como um labirinto. Nicole e James foram primeiro iluminando, seguido dos outros. Quando eles viraram na curva do túnel, acharam o que estavam procurando.

Lilly.

Ela em pé na parede túnel, sem saída, com as mãos amarradas e os pés também. Todos se aproximaram dela, sem notar que era muito perigoso. Ela gritou desesperada:

- Não! É uma armadilha!