Preciso de Você escrita por Strauss


Capítulo 3
Sashimi




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Pessoas feias de branco ficavam falando coisas que eu não conseguia entender. Mas, eu escutava uma sirene . Uma das pessoas tinha em mãos dois objetos semelhantes, outra me perguntava se eu conseguia entender tudo ali, eu não conseguia me mexer direito. Oh, droga, sofri um acidente, e estou morrendo, não é ? Vou morrer no caminho do hospital?

Fecho os olhos e tudo que vejo sou eu num lindo lugar cheio de margaridas, o céu azul, com o sol perfeito. Mas, eu estava ali sozinha, do que adiantava ? Quando abri os olhos novamente, eu estava numa sala branca. Ao meu lado, estava minha mãe, orando como nunca tinha orado antes.

- Mãe ? 

- Filhinha !

Ela se levantou e tocou na minha testa. Eu me sentia uma limonada, talvez antes um limão, que tinha sido espremido... Enfim, não sei explicar.

- Eu tô bem mãe.

Toquei na minha cabeça, estava só a testa enfaixada mesmo. Não creio que eu tenha quebrado um osso, existia dor, mas não era tão grande. Ou sei lá, me aplicaram um remédio.

- Quando eu vou poder sair daqui?

- Não vai demorar um dia - disse o médico que entrara na sala de repente.

- Por sorte, você usava o cinto de segurança e o carro tinha airbag ... Mas, temos que informar que - meu tio morreu ? - Seu tio, Alê, ele perdeu o braço esquerdo.

- Ai meu Deus ! - exclamou minha mãe - E como ele está ?

- Dormindo, já demos um jeito, mas, o pior será quando ele sentir não tem mais o braço... Mas, isso não significa que a vida acabou não é ?

- Meu tio é muito feliz pra poder querer morrer por causa de um braço. Sim, meu tio podia fumar maconha e me ensinar muitas coisas peculiares sobre nosso mundinho, mas era a minha fonte de inspiração e força. Ele que me ensinou as coisas mais bizarras, e eu sou muito grata a ele. Espero que Tio Rangel fique melhor. No final da tarde, fui liberada. Afinal de contas, só um machucado não muito grave na cabeça e um arranho mais ou menos na perna, não era caso de morte.

- Alê ... Você não vai mais precisar arrumar suas coisas, tá filhinha ? Pode deixar que a mamãe arruma tudo pra você, ok ?

- Ah, mãe, eu tô bem, posso fazer essas coisas sozinhas - sorri.

 - Não! 

Resolvi me calar. Minha cabeça ainda doía pra discutir com a criatura que é minha mãe. Então, ela me deu meu celular.

- Suas amiguinhas não paravam de ligar.

- Mesmo?

- Uhum.

Entramos no carro e fomos pra casa, enquanto isso eu olhei as minhas ligações.

- 4 ligações da Carol, 6 da Natália, 13 da Carla, que provavelmente estava com a Taynara e o Alfredo, hum ... Titia me ligou umas quinhentas vezes, mãe, você atendeu a estas ligações ?

- Atendi apenas uma vez.

- Tá bom...

Guardei o celular no bolso e resolvi tirar uma soneca. Fazia um dia bastante frio, por isso me acomodei no meu casaco vermelho e dormi. Quando chegamos em casa, fui logo para o computador e acessei minha conta num site de postar histórias fictícias, ou fanfiction, chamado ... não precisa citar nomes né .

- Hum, só tenho 4 reviews ?

Minimizei a janela desse site e entrei no meu MSN, só que eu esqueci de colocar invísivel, e umas vinte pessoas vieram falar comigo. Pessoas que são da minha sala, mas eu nem falo. Aff, eles adoram saber sobre esse tipo de coisa !

Bloqueei todos que eu não queria falar e deixei só os meus amigos de verdade. Ficaram mandando eu ir descansar, e eu respondia que eu tava bem, poxa. Daí eu comecei a ficar com um sono e desliguei o computador. Minha cabeça começou a girar, assim como as coisas que eu estava vendo. Senti meu corpo suar, então caí na cama. Apoiei com dificuldade a cabeça no travesseiro e me embrulhei. Minha nossa! Deve ser só uma febre, deve passar logo.

Não aguentando, levantei da cama e peguei um pano e molhei, passando pelo meu corpo. Isso deve ajudar , pensei, sempre ajuda. Amanhã estou indo embora para Alemanha! Vai ser uma coisa boa, tenho certeza. Vou estudar bastante, me formar, e ter a minha vida como sempre quis. Com ou sem Bia!

- Filha ? Você está com fome ?

- Que tem pra comer ?

- Tem biscoito...

- Então não tô com fome.

- Ah não ? Pois bem! Eu ia ali no Hirashi, comprar essas coisas que você gosta, mas tudo bem, não tá com fome né !

- Tô sim com fome ! Muita fomeeee ! Manhê, deixa eu me arrumar pra eu ir lá.

Dona Mônica soltou uma risada, e ficou me aguardando na sala. Coloquei uma calça "soldado" e uma blusa preta. Calcei meu all star e passei um lápis só pra dar o toque. Meu cabelo tava bem bagunçado, mas uma bagunça organizada e a faixa, né, afinal de contas eu quebrei um pouco a minha cabeça. Pegamos um táxi e rumamos para o restaurante. Toginawa Hirashi é um japonês , tipo, japonês mesmo. E somos amigos, apesar dele ser uns 20 anos mais velho que eu. É né, eu tenho 15, mais 20, o cara tem 35 ! Mas, aparenta ter 20 anos mesmo, sei lá, japoneses são fodas. 

Logo que entramos fomos recebidos simpaticamente por suas filhas Lin e Aoi, que têm 18 anos, também nascidas no Japão, mas se mudaram pra isso que chamamos de Brasil.

- Are-chan! Moni-san! - O cara tinha bastante intimidade mesmo - Podem se servir a vontade, vocês já sabem o esquema, não é ?

- Bom, eu que tenho que ir me servir, mamãe vai pedir mesmo. 

Levantei-me pra pegar um prato, e fui catar o que comer. No buffet, consigo ver quem está do outro lado. Nisso eu vi o Leonnardo, pegando o ultimo sashimi, o meu preferido, o meu sashimi. Rapidamente intervim com o hashi, numa velocidade impressionante, deixando o dele cair, e peguei o ultimo.- Mas o que ... ?

- Oi Leonnardo.

- Dá pra devolver o ultimo sashi-

- Não.

A gente ficou se encarando por um instante. Como se fôssemos cair na porrada a qualquer instante. Não dúvido. Mas, ele resolveu não piorar a situação.

- Fazendo o que aqui ?

- O que a gente faz em um restaurante uai. Comer.

- Eu sei disso. 

Ele também não tava entendendo muito porque me encontrar ali. E não qualquer outro amiguinho dele.

- O que foi isso na sua cabeça ?

- Um acidente. 

- Quando ?

- Depois da festa de "formatura".

- Nossa, que estrago hein.

- Nem tanto.

Eu não era amiguinha dele, mas tampouco preciso tratá-lo como alguem que me importa. Também não preciso tratá-lo mal.

- Filhinho, por que você es-

A mãe do garoto era uma senhora, mas sabe aquela senhora que dá vontade de pegar ? Aquela senhora, aquela mulher gostosa, ou a sua vizinha bonitona, mas que já tem 30 anos ? Poisé. Ela tem as feições bem feitas, rosto lindo, e enfim, um mulherão. HAHA. E eu sou mais alta que ela. 1,70, né 

- Boa noite, Sarah. - eu cumprimentei

- Boa noite, er...

 - Sabe a bicampeã de xadrez, mãe ? É ela. Já te falei.

Uh, Pimentel falando de mim pra mamãe ? Tudo bem, digamos que sou mais conhecida em todo o estado porque venci dois campeonatos brasileiros de xadrez, não que isso seja popular. E não é.

- Ah, Alessandra Santier

- Poisé.

Sarah encarou Leo, que me encarou que eu encarei o senhor Hirashi, que veio ao nosso encontro.

- Oh, um encontro de clientes antigos, mas que coisa boa, né ?

- É, senhor, você ainda tem esses - Leo apontou para a coisa vermelha e deliciosa que estava no meu prato - ainda?

- Não, não! Acabou, esse era o ultimo, ehe.

Leo me fitou como se fosse pular ali e pegar a força o meu sashimi. Sabe aquela cara de " eu sou foda " e um sorrisinho malvado que você lança pra alguem, quando ela se dá mal e você se dá bem? Poisé, eu dei esse sorrisinho. Fui pesar o pratinho e deu só 17 reais, paguei e fui para a mesa. E é claro, me gabando por ter sido mais rápida que Leonnardo. Mas, lembrando também que não fui tão rápido quanto ele,em tirar o BV da garota que mais amo .


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Notas finais do capítulo

reviews ?
tem mais por aí u.u



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