Waratte escrita por Vi-chan


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Aí está.



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Eu era o único loiro sentado ali, na biblioteca da faculdade. Apesar de estar com um livro em mãos, meu pensamento estava muito, muito longe dali. Estava em Shiroyama Yuu. Os olhos penetrantes e os lábios fartos, adornados pelo pequeno piercing preto não saiam de minha mente por um instante, assim como também não me deixavam em paz, aquelas palavras do moreno: “Eu te amo sim, Kouyou, mas não mais da mesma forma que um dia te amei”. Suspirei fundo. Eu não entendia porque para a maioria das pessoas era tão fácil, tão rápido, amar e desamar. E eu não entendo até agora por que é que eu simplesmente não consigo ser assim.

“Kou, você tem que deixar pra lá, já faz três meses.”, era a voz de Hiroto. A única pessoa que me ouvira naquela faculdade; a única pessoa que sabia. Espera... Hiroto? ergui o olhar e só então percebi o outro sentado numa cadeira, do outro lado da mesa, de forma que ficara de frente para mim,  e ele me olhava com uma expressão preocupada.

— Ah, oi, Hiroto. – respondi sem vontade.

— Uru, - você não pode mais perder aulas e ficar aqui sozinho horas e horas nessa biblioteca por causa dele. – ele disse em tom de reprovação – eu queria que você me ouvisse só uma vez, só uma, Uruha, e esquecesse o Shiroyama de uma vez. Você precisa se afastar, não continuar indo atrás dele quando ele resolve que quer vê-lo.

— Mas eu não consigo...

— Você não quer! – ele me cortou. E eu sabia que Hiroto tinha razão, eu não queria. Mas já tinha experiência suficiente comigo mesmo para saber que não conseguiria esquecê-lo mesmo que eu realmente desejasse isso. Era só que... esquecer significava perder; Significava nunca mais, de nenhuma forma estar próximo dele. Meu coração certamente pertencia á Shiroyama Yuu. E eu preferia estar ao lado dele como amigo, mesmo que isso me ferisse, do que não estar de nenhuma forma. Ok, chamem-me de auto-destrutivo, mas eu simplesmente não podia banir uma pessoa de tamanha importância da minha vida. Mas vê-lo entristecer por outra pessoa que não eu, por uma pessoa que o deixou mesmo tendo conseguido afastá-lo de mim, ver que mesmo assim ele ficava assim tão mal por ela, doía. Doía saber que não importava o quanto eu tentasse, ele sempre se apaixonaria por alguém mais; sempre os outros, nunca eu. – Você não quer deixá-lo, Kouyou.

— Hiroto...

— Já disse tudo que tinha pra dizer, Takashima. Vou voltar pra aula. – e ele se levantara e saira.

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Todos haviam cansado desta pessoa teimosa que eu era; até eu mesmo havia cansado, mas eu não conseguia mudar. Era assim que eu sempre fora, assim que eu seria. “A Coisa”, Stephen King, era o livro que eu tinha em mãos. 900 páginas; é... algo assim. E eu já teria terminado de lê-lo há semanas se realmente quisesse; mas terminá-lo implicava em devolver. E o livro era dele. Stephen King era seu escritor favorito. O que eu não sabia realmente era se o problema, ou melhor dizendo, o maior medo, era encontrá-lo de novo ou descobrir que ao devolver o livro ele não teria mais nada para querer ou precisar me ver outra vez. E a ideia de não vê-lo outra vez me apavorava demais. Ele devia aprender que uma pessoa se torna eternamente responsável por aquilo que cativa¹.

Não, eu não estudo com Yuu, e nem ao menos moramos tão perto assim. É que eu me senti atraído pelo moreno desde a primeira vez que o vi. E também não, não foi amor á primeira vista nem nada disso; eu só queria aquele corpo gostoso e aqueles lábios carnudos ao alcance das minhas mãos. E acreditem se quiser, tudo começou com um “oi, vem sempre aqui?” e uma ótima noite. Depois de alguns encontros eu realmente me surpreendi quando o moreno se ajoelhou na minha frente, com um lírio lilás em uma das mãos e disse: “Takashima Kouyou, quer ser meu koi?” e a minha resposta não poderia ter sido outra, senão um envergonhado e radiante sim. E com os dias e meses, aí sim surgiu o amor, um amor que cresceu de forma avassaladora dentro de mim. Por muitos meses fomos – ou ao menos eu fui – extremamente feliz, e eu estou certo de que ainda seria se ele estivesse aqui. Fomos amantes, companheiros, namorados. Eu não entendo bem como aconteceu; como tudo se desgastou para ele. Como chegou ao fim. E eu me senti tão triste, tão... machucado com coisas que nem gosto de lembrar, mesmo não conseguindo esquecer. Eu vejo as pessoas superando tudo tão rápido, mas este amor queima tão forte em mim e eu não consigo perder a esperança de que um dia ele abra os olhos e me note. Que ele perceba que ainda sim, me ama, com o mesmo tipo de amor que eu sinto por ele. Ah, e como eu me sinto um trouxa filho da puta por isso. Um loiro burro que devia parar de ter esperanças em algo, em alguém, que nem ao menos sei se realmente me pertenceu... se me amou algum dia.

Fechei os olhos por um instante, e imediatamente o moreno e o sorriso que tanto adoro estavam bem ali diante de mim. Um sorriso gêmeo ao que eu via surgiu em meus lábios, e logo senti o gosto salgado de uma lágrima. Mas o que era aquela diante das tantas que eu vinha derramando e das outras tantas que eu segurara? Era apenas essa demonstração de como eu me sentia que eu poderia demonstrar num momento: uma lágrima. Estava num lugar público afinal. Voltei a abrir os olhos, limpando os resquícios da única lágrima.

Eu já havia escolhido o meu caminho. Eu havia prometido a Shiroyama Yuu que eu estaria lá, ao lado dele, sempre... Sempre não importando o quê. E eu não quebro promessas. Sendo assim, fico repetindo a mim mesmo que ficarei feliz se Yuu estiver sorrindo, se ele estiver feliz não importa com quem; mesmo que uma pequena... está bem, uma grande parte de mim realmente deseje com todas as forças que ele seja feliz sim, mas ao meu lado. Isso não está sendo possível, mas ao menos ele parece feliz. E por agora eu só preciso tê-lo como meu amigo, e me sentir feliz por que a pessoa a quem amo mais que tudo na vida está feliz.

Se sentir-se sozinho, sorria². Foi com esse pensamento que me levantei finalmente, depois de sabe-se lá quanto tempo divagando sentado, fechei o livro e com ele embaixo do braço, saí da biblioteca. Mas antes, abri o meu melhor sorriso. Ele não era o mais sincero, mas quem se importa? Afinal não seria amanhã um novo dia?

 

 

“Sorria, pois seus lábios não têm culpa dos sentimentos de seu coração” – Leonardo Bandeira Mauro³

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Notas finais do capítulo

¹ - trecho de “O Pequeno Príncipe”.² - Itoshii Hito – Miyavi³ - Leonardo estudou comigo durante 4 anos, e eu nunca esqueci quando ele me disse essa frase, quando eu não estava bem. Embora ele provavelmente não se lembre mais. Obrigada Léo.Essa eu postei por mim mesma. Não dedico a ninguém.Se gostarem, não gostarem ou o que seja, comentem.



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