Edward p.d.v

Já fazia oito anos que estávamos fora dos Estados Unidos e viajávamos pelo mundo. Eu, Bella, minha filha Renesmee e minha família. Ah, e o encosto do Jacob. Infelizmente tivemos que trazê-lo, ele não aceitava ficar longe um segundo sequer da Nessie. Isso me irritava bastante, mas eu estava de mãos atadas já que a minha princesa o ama.

Havíamos passado os últimos três anos entre Cairo, Mykonos e Santorini. Renesmee havia amado, ela é uma garota muito inteligente e sabia apreciar a história e o mundo antigo, por isso organizei essa viagem para que ela aprendesse vendo tudo de perto. Durante esses anos havia aprendido várias línguas e se orgulhava bastante disso. Mas estava na hora de voltarmos para casa.

No entanto, havia uma coisa que estava me intrigando. Desde o momento em que embarcamos eu percebi que as aeromoças nos lançavam olhares curiosos. Eu lia em suas mentes mas não conseguia achar nada muito lógico, na maioria das vezes eram comparações com algum personagem de livro ou filme, não sei ao certo.

Mas as coisas pioraram assim que desembarcamos no aeroporto de Los Angeles. Olhares curiosos e surpresos nos eram lançados a todo instante. Alguns inclusive apontavam o dedo. Eu não fui o único a perceber. Minha família olhava um para outro tentando ver se alguém do grupo sabia o que estava acontecendo, mas pelo jeito todo mundo estava que nem eu.

Quando entramos na fila do check-in para um voo doméstico até Port Angeles, pessoas se aproximaram e perguntaram se poderiam pegar um autógrafo. Alguns até tiravam foto ao longe. Em suas mentes eu só escutava “OMG! É ROBERT PATTINSON!”, “OH GOD, O TAYLOR É MESMO UM GATO”, “A KRISTEN ESTÁ TÃO GATA, QUE INVEJA!” e por ai vai. Alguns beiravam até mesmo o histerismo. Eu demorei um tempo para entender que estavam nos confundindo com atores de algum filme. Alguns até ficavam olhando para os lados procurando pelas câmeras achando que estávamos gravando alguma cena.

– Quem diabo eles pensam que a gente é? Eu sempre soube que chamávamos a atenção, mas assim é ridículo. – Emmett disse completamente frustrado. Em sua mente, ele se sentia um pedaço de carne prestes a ser devorado. – Essas garotas me dão medo.  – eu soltei uma leve risada ao ouvir isso.

– Parece que estão nos confundindo com alguns atores. Até acham que estamos caracterizados como os personagens que eles fazem e filmando algum filme. – todos me olhavam surpresos.

– E por quê isso? – Esme perguntou achando a situação um pouco cômica.

– Ao que tudo indica, nós parecemos com eles.  – Jasper, Emmett, Jacob, e Nessie acharam o fato curioso. Bella e Alice acharam engraçado, enquanto Carlisle e Esme acharam que era uma coincidência estranha. Enquanto Rosalie odiou o fato de ter alguém parecido com ela.

– Ah, ótimo. – Rose disse acidamente.

– E que filme estamos fazendo? – Alice disse levando tudo na brincadeira.

– Você não sabe? – eu disse para provoca-la e ela me olhou com ódio. Eu sabia que ela não podia ter visões quando Jake e Nessie estão envolvidos, mesmo assim adorava provoca-la. – Não sei ao certo. – eu disse depois de rir um pouco. – É muito barulho, muita mente de uma vez só. Profiro bloquear um pouco do que ser bombardeado com tanta informação.

Alice apenas revirou os olhos e bufou. A graça tinha acabado assim que eu a provoquei.

– Não fique assim baixinha. – eu disse bagunçando seu cabelos.

– Um dia você vai perder um braço por isso. – ela disse arrumando seus cabelos me fazendo rir. “Eu falo sério!” ela pensou nervosa.

Chegou a nossa vez de fazer o check-in. Eu estava na frente então fui o primeiro a mostrar o passaporte para a atendente.

– Passaporte, por favor. – a moça ruiva disse sem tirar os olhos do computador a sua frente.

Eu entreguei o meu passaporte a ela. Ela o abriu e o olhou por cima, depois uma expressão de espanto passou por seu rosto e ela passou a olhar o passaporte mais atentamente. “Edward Cullen. EDWARD CULLEN! QUE PORRA É ESSA? Só pode ser zoação.”

– Algum problema? – eu perguntei depois de um tempo não conseguindo evitar.

“OMG! Essa voz! Que voz! Bem que a Bella dizia que era bem melodiosa.” Eu estava cada vez mais confuso. A atendente olhava minha foto com detalhes e estava com medo de olhar diretamente para mim. Aos pouco ela foi levantando a cabeça e quando ela me fitou ouvi seu coração acelerar e sua respiração ficar suspensa. “Acho que vou desmaiar. É igual ao Edward do crepúsculo. Ai meu Deus... é tão parecido. Oh, espera. Ele é bem a cara do Robert... ok, é bem mais bonito. Puta merda, bem mais. Mas vai ver que para o próximo filme eles melhoraram a maquiagem. Oh! Será que estão gravando uma cena?”  Ela olhou para os lados procurando por algo e depois voltou a olhar o passaporte. “Ok, se estão gravando onde estão as câmeras? Isso é uma pegadinha? Será que estão tirando uma com a minha cara? Se bem que esse passaporte parece bem real, mas vai ver a equipe de efeitos especiais é excelente. É, deve ser uma pegadinha. Edward Cullen, sei... como se ele existisse. Bem que poderia mesmo. “

– Edward Cullen... certo. – ela disse com ironia. – Agora, falando sério, tem mais gente na fila e eu tenho que fazer isso andar rápido. Poderia me passar seu passaporte verdadeiro, por favor?

– Esse é o meu passaporte verdadeiro. – eu disse impacientemente.

– Edward, algum problema? – Bella disse vindo para o meu lado. Antes que eu pudesse responder, a risada da atendente me parou.

– Ok, devo presumir que essa é a Bella Swan. Wow, erraram nas lentes? Achei que seus olhos eram castanhos. – a atendente disse zombando. Isso já estava me tirando do sério.

Bella me olhou horrorizada e expandiu seu escudo na mesma hora. “O que está havendo?”

– Já resolvo isso e nós conversamos. – disse para ela com carinho e voltei a atenção para a humana irritante a minha frente. – Escuta...Verônica  – eu disse depois de ler seu nome no crachá. – Nós não queremos atrapalhar o seu trabalho, só queremos ir para casa. Será que você poderia, por favor, nos atender de uma vez. – eu disse tentando controlar minha raiva.

– Só depois que me passar o seu passaporte verdadeiro. – “Isso já está perdendo a graça.” ela pensou irritada.

– Eu já lhe disse que esse é meu passaporte verdadeiro.

– Ah, é? Então não se importaria de eu levar seu passaporte para o meu superior dar uma olhada não é? – ela disse divertida.

– Nem um pouco. – eu disse sorrindo e ele ficou com raiva, achando que iria me intimidar e dar logo outro passaporte.

– Com licença. – ela disse ríspida. “Atorzinho de merda.” Ela pesou antes de se afastar.

– Filho, o que está havendo? Algo de errado com seu passaporte? – Carlisle disse se aproximando.

– Não, mas com a mente daquela menina com certeza. – Carlisle soltou uma leve risada e foi mais para trás da fila ficar com Esme.

Depois de exatos 12 minutos a atendente voltou acompanhada de um senhor de mais de 40 anos com já alguns cabelo brancos que era seu supervisor, e ela estava muito corada.

– Desculpe-nos pelo inconveniente senhor. Conferimos o seu passaporte e foi constatado que está tudo perfeitamente correto. Espero realmente que nos desculpe pelo transtorno. – o supervisor Walter disse visivelmente nervoso e com medo de perder um cliente como eu.

Ele sabia pelo meu histórico que sempre que viajava não poupava dinheiro em gastos.

– Não tem problema. Espero que tudo esteja resolvido.

– Na mais perfeita ordem. – ele disse e logo depois se afastou.

Verônica terminou de me atender em silêncio, mas seus pensamentos estavam descontrolados e fora de ordem. Parecia que ela estava a beira de um ataque. Passamentos como “AI MEU DEUS É ELE! SERÁ QUE É? É SIM... ACHO QUE NÃO” passavam por sua mente a todo instante. Mas o que realmente me chamou a atenção foram lembranças de cenas de um filme e alguns livros. E eu ficava em choque a cada instante.

Assim que terminei foi a vez de Jasper e Verônica novamente começou com seus ataques mentais. Eu precisava ver o que é isso.

– Edward, aonde vai? – Bella me perguntou assim que me viu afastando. Algumas cabeças viraram ao ouvir meu nome e gritinhos foram abafados por algumas garotas.

Isso era imensamente irritante.

– Vou à livraria. Volto em um instante. – ela assentiu e eu me afastei.

Em todo o meu trajeto os olhares que eram postos em mim eram insuportáveis. Mais ainda seus pensamentos. Sempre soube que chamávamos a atenção pelo que nós somos, mas assim era ridículo. E a explicação para isso era mais ridícula ainda. Eu não suportava ler as histerias nas mentes femininas, mas eu me forcei a isso. Precisava ter mais informação.

Crepúsculo, esse era o nome do livro. E aparentemente também do filme. Mas tinha algo mais... Lua Nova... pensamentos repulsivos sobre mim e apaixonantes sobre Jacob. Algo como... Team Jacob? Mas o que diabos era isso? Havia mais, outro livro...Eclipse. Casamento, recém-nascidos... como as pessoas sabiam sobre isso? Mas que diabos estava acontecendo?

Cheguei na livraria e não precisei procurar muito para achar o que queria. Peguei os três livros e logo levei para o caixa. Um rapaz fechou a cara para mim assim que me viu com os livros. “Ótimo, o cara do filme resolveu comprar os livros justo aqui. Espero que a Kate não apareça por aqui. É capaz dela babar por esse viado na minha frente. Idiota, por que você foi existir? Agora tenho que agir feito um velho engomadinho para conquistar a Kate... ah mas como eu odeio Crepúsculo”.

– São U$55,98. – o rapaz disse mas não parava de me xingar mentalmente.

O paguei e saí. Já havia um grupo de meninas que queriam tirar fotos comigo se aproximando e eu precisava sair dali logo.

Não foi difícil despistá-las, e logo estava novamente com a minha família. Na mente deles haviam somente perguntas que se resumiam em uma só:

– O que está acontecendo? – Carlisle disse sério para mim e eu peguei um dos livros na sacola.

– Não sei, mas o que quer que seja esses livros tem a resposta.