Omoi Wa Mada Kimi Wo Nazoru Hodo Ni escrita por Lestrange


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Pois é, tava sem fazer nada, curtindo minha depressão e ai saiu isso. Espero que agrade...



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Eu nunca havia estado tão feliz na minha vida. Também, eu nunca havia amado tanto alguém quanto eu o amava. Yuu era bom pra mim em todos os aspectos. Ele sempre estava comigo quando eu sorria, e grande parte das vezes que isso acontecia era ele o motivo do meu riso. E ele também estava lá quando eu chorava. Nem sempre tudo ficava bem, mas quando isso acontecia, ele estava comigo me dando força, não me consolando, mas me ajudando a achar uma solução para meus problemas.

Com o passar do tempo, Yuu se tornou tão essencial na minha vida quanto  o ar que respiro. Ele, sem exageros, se tornou minha vida. O motivo pela qual eu acordava todos os dias de manhã e o motivo pela qual eu me forçava a seguir em frente, sempre buscando superar a mim mesmo, lutando para que minha vida desse certo. Eu tinha alguma noção de que aquele meu sentimento de necessidade não era tão recíproco. Yuu tinha seus próprios amigos, vários deles. E eu só tinha a ele.

Mas eu era consciente de que quanto àquilo eu não poderia fazer nada. Nunca. Eu jamais poderia querer que ele abandonasse todos para ficar só comigo, mesmo que aquele fosse o meu maior desejo. Não ter que dividí-lo com outros para não sentir aquele medo descomunal de que eu fosse dispensável em sua vida.

Talvez eu tenha sido conivente demais, medroso, eu não sabia. Talvez ele me visse apenas como um amigo, nada mais, e achou que se relacionar comigo havia sido um erro. Talvez eu o tivesse sufocado com meus ciúmes, embora eu nunca tivesse sequer dito metade do que eu sentia quando o via sorrindo e se divertindo com outras pessoas. Talvez ele sequer gostasse de mim de verdade, pelo menos não como eu gostava dele, como eu amava ele. Talvez. Se passaram tantas coisas na minha cabeça naquele momento. O momento que ele sorriu pequeno para mim e foi embora.

Não houve uma despedida formal. Na verdade ele não disse nada, mas eu sabia do fundo do meu coração que ele não voltaria mais. Que eu era um fardo pesado demais para ele carregar e que talvez um fardo pesado para qualquer outra pessoa carregar também. Ele não disse nada, mas eu sabia o que aquele olhar significava. Ele queria dizer Desculpa, Kouyou, mas você não é bom o suficiente para mim. Nunca vai ser e por isso eu estou partindo.

E no final das contas, eu não poderia culpá-lo, jamais poderia. Eu era cheio de problemas, inseguranças, medos. E toda a força que ele havia me dado, toda a coragem que eu havia adquirido naqueles meses em que ele esteve ao meu lado, partiram junto a ele, dentro daquela mala como se nunca tivessem me pertencido.  Então eu simplesmente assisti imóvel ele fechar a porta e ir embora. Eu não podia fazer nada, podia? Eu não iria chorar e pedir para ele ficar. Não iria dizer que eu o amava e que sem ele não conseguiria viver. Jamais faria isso. Nunca. Talvez era aquilo que ele esperava de mim, alguma atitude. Mas eu jamais faria aquilo. Eu só tentei continuar minha vida mesmo que eu tivesse a certeza absoluta que não conseguiria.

E não consegui. Nos primeiros dias eu tentei ficar indiferente ao fato de que ele não estaria ali ao meu lado quando eu acordasse e nem estaria quando eu fosse dormir. Que os sorrisos dele não seriam mais dedicados à mim e que eu não poderia recorrer à ele quando aquela sensação de vazio aparecesse. Eu estava por minha conta, daquela vez. Mas eu nunca fui bom o suficiente para tomar conta de mim mesmo...

E apesar de tudo, eu ainda sim tentava. Eu ia ao trabalho todos os dias, fazia tudo o que tinha que fazer e depois ia para casa. Mas eu definitivamente não estava preparado para presenciar aquela cena. Ver Aoi feliz, sorrindo com outra pessoa. Sorrindo pra outra pessoa, talvez mais até do que ele sorria pra mim. E aquilo doeu como o inferno. Doeu como se ali, vendo ele de mãos dadas com aquele outro rapaz, tivesse sido o fim definitivo para o que tínhamos. Mesmo que o fim para tudo já tivesse acontecido semanas atrás.

E eu era um idiota por acreditar que ainda tinha alguma esperança para nós. Mas não existia mais um nós. Existia apenas um eu. Sozinho. Triste por algo que eu sabia que cedo ou tarde iria acontecer, porque era pretensão demais da minha parte acreditar que eu seria bom o suficiente para alguém. Que meu amor seria o suficiente para manter qualquer espécie de relacionamento e mais do que isso, que eu seria capaz de fazer alguém me amar e manter tal pessoa junto a mim. Eu era incapaz, completamente incapaz, de ser o que qualquer pessoa procurava, precisava ou queria.

E por isso quando eu cheguei em casa eu chorei. Não há nada de poético na dor, se você quer saber. Não é algo da qual alguém pode tirar algum proveito e o que eu sentia naquele momento, e vinha sentindo desde quando Aoi foi embora, era dor. A mais pura dor, como numa ferida exposta. Eu o havia amado como nunca amei ninguém na vida. E por isso estava sofrendo como nunca havia sofrido antes também. Eu sentia como se meu coração fosse parar a qualquer momento, e se não parasse, eu mesmo queria arrancá-lo do meu peito para aquela dor passar, ir embora.

Aquilo era auto-piedade, eu sabia, e eu não me importava em me sentir um pobre coitado, um nada. Eu era um nada, um coitado que se lamentava pela vida miserável sem fazer nada para mudar. Mas afinal, o que eu poderia fazer?

Matar Aoi? Não... Eu o amava demais para fazer qualquer espécie de mal a ele. Morrer? Não, eu era covarde demais para tirar minha própria vida.

Então eu simplesmente continuei. Sempre à sombra dos outros. Sem me expor, sem sorrir, sem amar... Imperceptível ao resto do mundo. Um dia atrás do outro tentando não esperar das pessoas mais do que elas poderiam me dar, o que era quase nada perto do que eu estava disposto à oferecer.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Não sei se ficou bom ou não, não mostrei pra ninguém antes de postar. Na verdade, eu acabei de escrever ~Se for bom e acharem que merece review, fiquem à vontade. Se não, paciência ~