O Internato Ausgefallen ficava em um lugar não muito visitado da Inglaterra, entre Londres e Birmingham (as maiores cidades de lá). Em contraste com essas grandes cidades, a área na qual se localizava o Internato era sempre muito vazia, exceto pela movimentação clandestina de alguns alunos que fugiam da escola para passear um pouco.

Famoso por acolher jovens... diferentes, para não dizer esquisitos, o Internato Ausgefallen era muito procurado por mães e pais... confusos, para não dizer desesperados. O estabelecimento era relativamente grande (pois incluía todos os quartos de todos os alunos, além das salas de aula e espaços de recreação). Sua arquitetura era moderna, muito bonita. Tudo parecia calmo lá dentro.

Os corredores estavam vazios, exceto por um ou outro estudante indo ao banheiro ou bebendo água (vulgo "matando aula"). Às vezes era possível ouvir ruídos de conversas vindos das salas de aula.

A diretora e dona do lugar era a Sra. Morron. Seu sobrenome era motivo de zoação, mas não é para menos. Seu primeiro nome era um mistério entre os alunos. Nenhum estudante já ouvira o primeiro nome da Sra. Morron... Talvez o primeiro nome seja ainda pior do que o sobrenome (será possível?)

Uma garota de cabelos castanhos, não muito alta, caminhava devagar pelo corredor em direção à sala da Sra. Morron. Seus olhos verdes avaliavam o local. Ela possuía uma pequena pinta na maçã esquerda do rosto. Com sua saia xadrez de cintura alta, meias 3/4, blusa social e sapato boneca, possuía uma aparência adorável, exceto pela testa levemente franzida.

A garota tinha medo do que encontraria naquela escola. Ela ficou dois anos sem estudar (por motivos pessoais) e agora estava um pouco nervosa. Principalmente por causa do tipo de estudante com o qual conviveria naquele lugar. Gente... como ela?

O eco de seus passos no corredor a irritavam. Entrou em uma sala, pequena, com algumas cadeiras e uma planta a um canto. Nessa salinha encontrava-se a porta da sala da diretora. A garota bateu na porta, que demorou a ser atendida. A espera quase acabou com a sua escassa paciência. Quando ela estava quase esmurrando a porta, ela finalmente se abriu.

A garota de olhos verdes mirou a pessoa que saía, brava, como se reclamasse da demora.

Ela ainda teve que levantar a cabeça para olhá-lo nos olhos. Era um garoto de beleza incomum, realmente deslumbrante. Tinha cabelos vivos e ruivos, que era lisos e compridos, lhe chegando aos ombros. Seus olhos eram cinzas, e ele tinha uma pequena pinta na maçã esquerda do rosto. Era bastante alto, o que intimidou um pouco a garota. O menino ainda olhava para dentro da sala da diretora.

- Adam, quero que você me prometa que não o fará de novo! - disse a sra. Morron, de dentro da sua sala.

- Vou tentar, diretora. Mas todos adoram flores - ele sorriu e olhou gentilmente para a garota de cabelos castanhos pela primeira vez - independente de onde elas estejam.

Ela o fuzilou com os olhos. Odiava flores, do fundo da alma, e quem sabia sua história entendia o porque. Ela se pôs a imaginar que diabo o garoto chamado Adam tinha feito com as flores.

- Olha só - ela ouviu a voz tranquila do garoto. Ah, aquela voz acalmou seu coração... por um segundo. Depois ela sentiu raiva da doçura nas palavras dele - temos uma pinta no mesmo lugar.

Ele pousou o dedo indicador delicadamente sobre a pinta no rosto da menina.

- Que engraçado.

A garota desvelinchou-se do toque, entrou na sala da diretora, que parecia entretida com suas unhas, e fechou a porta. Seu coração batia rápido, e seu rosto ardia.

Adam não pareceu se importar com a ação rude da garota. Uma flor nasceu no chão ladrilhado a seus pés. Ele a arrancou e olhou para a porta da sala, pensando na garota, que não percebeu.