Marcos Flich e o Segredo dos Grimpaus escrita por Jubs


Capítulo 1
Prólogo




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          No dia 15 de maio de 1811 algo terrível aconteceu, a pior guerra de todos os tempos, algo que nem mesmo eu acreditaria se me contassem, mas, eu estava lá, montado em meu grimpau. Bem o que é grimpau? Você irá descobrir nos próximos capítulos.

          Estava tudo muito escuro e muito, muito frio quando tudo aconteceu, no meio da floresta Amazônica, eram sete e meia da noite quando começaram os gritos e choros de crianças e mulheres desesperadas, avisando que a guerra acabara de começar.

          Todos os guerreiros pegaram seus grimpaus e se posicionaram nas frentes dos portões da cidade de Naso, eu estava no meio, mesmo sendo muito novo com apenas doze anos, achei que toda ajuda seria necessária. Tentaram me impedir, mas, é claro que eu não dei a mínima para o que estavam falando.

          O nosso exército era dividido entre vinte portões e eu fiquei no oitavo. Enquanto eu observava os guerreiros com quem eu iria lutar lado a lado pelo mesmo propósito, eu a vi pela primeira vez usava uma armadura que lhe caia perfeitamente, com uma adaga presa a cintura, ela era linda, novinha e pior ela também tinha um grimpau, é bem raro , pois normalmente só homens nascem com grimpaus e quando uma mulher nasce com um é melhor não irritá-la, pois, elas são muito mais fortes que nós homens e não tem muito controle de seus poderes.

          Meu pai pediu que eu protegesse a garota, e eu achei a idéia ótima. Quando cheguei perto dela para me apresentar, pude ver como ela era tão linda, ruiva dos olhos verdes, com pela clara, algumas sardas e devia ter mais ou menos a minha idade, e seu grimpau, bem, ele era enorme, muito maior que o meu, sem contar que ele era um voador e o meu um terrestre.

          - Oi – Falei meio desajeitado – sou Marcos Flich, meu pai me mandou vir para protegê-la, e pode me chamar de Flich, todos me chamam assim.

          -Oi – Respondeu ela – sou Carolina Montes, pode me chamar de Carol. Bem se você vai me proteger – ela me fitou com uma cara de quem não acreditava no que estava acontecendo – pode começar, pois acabaram de derrubar o portão.

          Quando ela falou isto, escutei um barulho ensurdecedor, do portão de quase quatro metros feito de puro titânio caindo no chão com vários guerreiros por baixo. Senti um arrepio subir pela coluna, senti meu coração bater mais forte, e quando olhei para o lado vi o exército de Frederico Riner entrando pelo portão de número oito.

          Antes que pudesse pensar duas vezes, parti para cima deles, com uma espada que eu mesmo havia forjado e uma armadura maior do que eu, meu grimpau veio logo atrás, Carol montou em seu grimpau e começaram a voar logo em seguida.

          Assim que cheguei à frente do meu primeiro adversário, levantei minha espada, ainda meio desajeitado e gritei:

          - Ralazangue – Bem da onde eu tirei isto ainda não sei, mas comecei a sentir meu sangue ferver, minha espada ficar ligeiramente mais leve e maior, consumindo em chamas, e meu grimpau ficou mais forte, rápido e maior. Quando finalmente cheguei perto o suficiente para atacá-lo, abaixei a espada, atravessando-o com tanta força que até eu fiquei desnorteado, quando olhei para o homem novamente ele estava caído aos meus pés sangrando e queimando pelo fogo de minha espada, e seu grimpau havia desaparecido no ar. Enquanto eu continuava a atacar todos a minha volta, Carol estava sobrevoando, matando todos a sua volta, quando eu digo todos são todos mesmos, ou que vinham pelo ar e os que estavam em terra firme também, seu grimpau cuspia ácido para todos os lados, e com certeza foi uma das coisas mais incríveis que eu já vi na minha vida.

          Depois de nove meses na guerra Carol e eu estávamos completamente esgotados, então como vários outros nos tivemos que abandonar a guerra, bem isto não é uma coisa da qual eu me orgulho, pois, eu não queria abandonar a guerra, mais nas circunstancias em que nós nos encontrávamos, não tinha mais condição nenhuma nós ficarmos ali, estávamos sem energia e Carol estava seriamente ferida e eu não podia deixá-la ir embora sozinha. Então assim que saímos encontramos meu melhor amigo indo embora também, ele estava horrível, seus cabelos pretos estavam chamuscados, seus olhos azuis estavam vermelhos de tão cansado, sua armadura de gelo já derretera quase por completo e seu grimpau estava quase se arrastando para fora dali. Então resolvi chamá-lo:

          - Rivan – gritei, e minha voz quase não saiu, mas por sorte ele escutou e virou, quando me viu resolveu esperar para que eu chegasse ate onde ele estava, ao invés de vir ao meu encontro.

          - Flich – ele Falou com uma voz um pouco animada - conseguiu sobreviver? Incrível, pensei que não passava do segundo mês.

          - Pois é como pode ver passei – falei tentando parecer não aborrecido pela observação – bom te ver também.

          - E posso ver que está em boa companhia – ele falou fitando Carol parecendo que não via uma mulher a séculos, quando percebi Carol, ela parecia estar viajando enquanto olhava para o Rivan, o que não me deixou muito animado.

          - Bem – falei - esta é Caroline Montes, Carol este é Diego Rivan.

          - Oi – falou Rivan - prazer te conhecer... – ele se interrompeu observando a ferida de Carol. - Você esta muito ferida, tem que sair desta guerra, acho que já chegou a hora de abandonar o barco para você.

          - Oi – Falou Carol, quando percebeu que ele estava falando de sua ferida - isto não é nada não, não precisa se preocupar, e bem, nós estávamos indo embora mesmo.

          - Eu também já estou indo, não consigo ficar mais nenhum dia nesta guerra, pra mim já chega - Falou Rivan

          - Ótimo – Falei – vamos todos juntos – vocês não sabem como eu me arrependi de ter disto isto, quando eles trocaram olhares esperançosos – Rivan, depois quero falar uma coisinha com você – falei rangendo os dentes.

          - Enquanto a isto não se preocupe – ele falou como se estivesse lendo meus pensamentos – muito nova – ele apontou para Carol com a cabeça sem que ela percebesse - então quando partimos?

          - amanha de manha – falei - hoje iremos ficar na toca.

          - Que toca? – falou Carol sem saber do que se tratava.

          - Uma coisinha que Flich e eu fizemos para nos refugiar – falou Rivan orgulhoso – então vamos?

          - e tem lugar para eles? – falou Carol apontando para os grimpaus.

          - Tem lugar para todos – Falou Rivan ainda mais orgulhoso de si mesmo, como se tivesse feito a toca sozinho.

          - Então vamos? – interrompi a conversa dos dois – a toca é para o leste, fica a meia hora da que a pé, mas na situação em que estamos, chegaremos em no mínimo uma hora de caminhada constante.

          Assim partimos em direção ao leste. Depois de cinquenta minutos de caminhada chegamos à toca, já fazia nove meses que eu não a via, mas, ela continuava exatamente do jeito que aviamos a deixada uma geladeira em um canto da sala, com quatro sofás espalhados, um pouco de água e um espaço enorme para que os grimpaus ficassem a vontade. Logo quando chegamos desabei no sofá mais próximo a porta, Carol e Rivan fizeram o mesmo em outros dois sofás, os grimpaus se dirigiram para a área reservada a eles.

          Resolvemos ficar mais um dia na toca para que Carol melhorasse um pouco mais, sua ferida estava horrível, Rivan fez uma atadura em cima dela para que não pegasse mais bactérias e infeccionasse ainda mais. No dia seguinte mais ou menos uma sete e meia partimos em direção ao leste na esperança de que encontrássemos o mar e de nos afastar ainda mais da guerra, certo? Errado, fomos em direção ao leste por que era a nossa única opção. Depois de sete dias viajando de manhã e dormindo a noite, mendigando um pedaço de pão e fugindo de enrascadas, chegamos a um lugar que eu não tinha a mínima idéia de onde estávamos, andamos durante sete dias e quando finalmente paramos, estávamos totalmente perdidos sem saber em que cidade ou até mesmo em que estado estávamos, sem contar que eu estava evitando olhar para os dois, pois a situação em que eles estavam era muito ruim, e tinha uma leve impressão de que estavam fazendo a mesma coisa quanto a mim. Independentemente de onde estávamos era ali que ficaríamos durante um bom tempo ate que a guerra acabasse.

          Depois de um ano e meio ficamos sabendo que a guerra acabara e que nós aviamos ganho, saímos da cidade Touch em que estávamos e voltamos para Naso. Assim que entramos na cidade, não pode acreditar no que estava vendo, milhares de corpos amontoados prontos para serem queimados, não havia mais nenhuma parede se quer em pé na cidade.

          - Flich – escutei alguém me chamar – você é Marcos Flich? – um homem de meia idade, com uma aparência bastante cansada, se aproximando rapidamente.

          - Sim – respondi.

          - E esse com você é Diego Rivan?

          - Sim sou – falou Rivan perturbado.

          - Vocês podem me acompanhar por um instante? – falou ele apontando para um local cheio de pessoas mortas – Por aqui.

           - O que tem lá? – perguntei, e antes que ele pudesse responder, pude ver no meio dos corpos um homem loiro, branco dos olhos pretos como carvão, era meu pai, e ele estava... morto! A minha cabeça começou a girar eu corri até seu corpo caído no chão ensanguentado, quando vi que Rivan fazia o mesmo até seu pai, Carol estava parada, como se estivesse procurando algo.

          - Pai! – falei chorando. - PAI NÃO! – Quando percebeu o que estava acontecendo Carol veio correndo ao meu encontro tentando me consolar, Rivan estava frio como uma pedra, não dizia uma palavra, simplesmente olhava chocado o corpo de seu pai no chão.

          - Vamos embora – falou Carol me erguendo no braço – vamos Rivan.

          - Não quero ir – falei

          - Deixe de tolice - falou Rivan com os olhos não de tristeza nem de choro, muito menos de abalo, mas de raiva, ódio, como se estivesse preste a matar alguém. – Vamos embora deste lugar, agora!

          Depois disto nunca mais voltei a Naso, até hoje.


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