Laços do Blues escrita por Maya Amamiya


Capítulo 3
All Your Love




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Rosie POV

O dia prometia para todos e para mim. Ainda mais que acordei às oito da manhã. Para minha alegria, não tinha aula. Meu único compromisso era ajudar o Sr. Benson na organização do show do Cream na faculdade onde estudo. Sim, o show é hoje! Poderia não ir trabalhar hoje se não fosse a doce lembrança de ter encontrado Eric Clapton naquele pub, onde conversamos muito e apreciamos um café e blues.

Alguém do apartamento colocou uma música dos Bluesbreakers, antigo grupo do Clapton, na vitrola. Primeiramente fiquei impressionada por ninguém se manifestar em trocar o som. Levantei-me, vesti um roupão leve e fui pra sala.  James, Mike, Peter e Mary estavam na sala de estudos, mas bem animados com a música.

-- Eu sabia que não ia resistir com essa música! – Quem disse isso foi Marianne Jones, outra colega naquela república acadêmica e aluna de Jornalismo na Oxford.

-- Podia ter caído da cama ou simplesmente jogado a vitrola na rua. – Respondi não muito sonolenta.

--Danação, Rosie! Não seria capaz de um ato de selvageria. Deixa disso para aquele guitarrista do Who, afinal, qual o nome dele mesmo?

-- O nome dele é Pete Townshend e realmente queria jogar essa vitrola se não fosse essa música. – Falei enquanto ia pro banheiro tomar meu banho.

-- Não seria melhor dizendo: “se não fosse esse guitarrista chamado Eric Clapton para me acordar?”

-- Ok, Marianne. Você venceu. Estou ansiosa pra vê-lo hoje no show, mas... – Estava com medo de Eric não me reconhecer mais ou simplesmente ignorar minha presença na frente dos colegas e outras pessoas ao redor, principalmente do Sr. Benson.

-- Para com esse medo, Rosie. Isso só vai te destruir, poxa. Devia ficar contente por esse dia. Se não fosse por você ter dado a idéia de um grupo de rock se apresentar na faculdade, nossos dias seriam péssimos.

-- E se ele me ignorar? – Perguntei durante meu banho.

-- Se ele te ignorar, é porque fingiu ter gostado de sua companhia. Caso contrario, sinta-se sortuda. Você é amada por ele.

Depois que Marianne parou de falar para dar atenção ao Mike que dizia alguma bobagem engraçada, fiquei me secando no banheiro, pensando sobre a teoria que minha colega disse com relação ao Clapton. Embora meu medo fosse grande, precisava me certificar disso.  Comecei a me arrumar quando ouvi a campainha tocar.

-- Marianne, atenda a porta. Estou penteando o cabelo.

-- Ok, já vai.

Faltava apenas colocar meus brincos e ouvi um grito histérico vindo da sala.

-- OH MEU DEUS!

O mesmo medo voltou mais assustador que antes. Temia que Marianne e a turma se renderam aos assaltantes. Oxford também não está livre dessa onda de crimes que andam acontecendo. Peguei o taco de cricket do Mike, que ficava perto do meu quarto e corri em direção a sala, pra atacar os vagabundos. Posso morrer, mas ao menos lutei pra defender meus novos amigos na faculdade. Para minha surpresa (e constrangimento) não eram assaltantes. E sim a pessoa que encontrei naquele pub charmoso, ficando comigo, tomando café, falando de blues e aquecendo meu coração de um modo tão confortante que nem John Lennon me causou isso quando aconteceu aquele encontro no hotel em Liverpool*.

Estava corada, pela adrenalina e pela vergonha. Onde já se viu atacar Eric Clapton com taco de cricket?

-- Olá. – Ele me cumprimentou com aquele sorriso arrebatador de antes.

-- O... Olá. Como vai? – Tentei esconder meu impacto vergonhoso psicológico. Uma tarefa difícil.

-- Estou bem, agora que te vi. Ouça, estou de cruzada rápida pois preciso fazer a passagem de som com a banda. Quero te dar esses convites.

Ele me estendeu exatas seis entradas para o show de hoje a noite.

-- Nossa! – Estava muito impressionada. Ganhar entradas para o grande show de hoje a noite era divino.  – Puxa, não... Sei... Como agradecer pela tamanha gentileza Sr. Clapton. Opa, quer dizer...

-- Apenas vá ao show e venha me ver depois no camarim. Rosie... Eu...

Era impressão minha ou a boca do Eric se aproximava mais do meu rosto, mirando meus lábios. O doce hálito de menta emanado nos lábios dele me paralisou por completa, querendo naquele instante um beijo dele.

Coisa que infelizmente não aconteceu quando Marianne, que havia se retirado quando comecei a conversar com o guitarrista, agora apareceu toda eufórica ao ver os convites na minha mão.

-- Santo Deus! Oh, bendito seja Eric Clapton. Muito obrigada por nos convidar.

-- Não por isso, senhorita.—Ele respondeu, um pouco tímido portanto educado.

-- Hey, Clapton! – Ginger Baker saiu do carro para saber o motivo de demora do colega de banda. – Achei que tivesse ido entrar para se divertir com a secretária do Benson, se é que me entende, não é?

-- Ginger, por favor, mais respeito com a Rosie!

-- Desculpe, senhorita. Não era minha intenção...

-- Oh, tudo bem, Sr. Baker. Foi sem querer.

-- Certo, agora podemos ir já que estamos um pouco... oh nossa...

Eric e eu ficamos meio perturbados com a gagueira repentina do baterista e quando nos viramos, descobrimos sua causa: Era Marianne, olhando de forma apaixonada para Ginger, que por sua vez, retornou para a porta e falou.

-- Clapton, quem é aquela morena baixinha tão meiga e sorridente?

-- Espere até o fim do show e saberá quem é ela, Ginger. Agora vamos!

-- Mas eu quero o nome dela.—Para não complicar mais ainda, Eric se despediu rápido de mim e puxou Ginger Baker pelo braço. Este, por sua vez continuou berrando, bobo de amor. -- Mocinha linda de olhos castanhos escuros como as árvores de Londres me diz seu nome por favor? Se não acho essa será a última vez em vê-la hoje.

Disse para Marianne se conter para não criar mais confusão e chamar a atenção dos vizinhos e posteriormente, da imprensa se estivesse por perto.  E acham que ela seguiu meu conselho? Quem respondeu “não”, acertou pois ela respondeu.

-- Sou Marianne Jones. Me espere que vou no show hoje a noite!

-- Pode apostar que vou te encontrar, minha pequena!

Eles foram embora, seguindo rumo a faculdade para fazer as passagens de som e testes nos instrumentos. E quanto a mim e Marianne, mais felizes do que nunca por saber que iremos ao grande show do Cream. E o dia só estava começando.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: * Referência a minha fanfic dos Beatles, PS I Love You, John!



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