Youre My Soul escrita por BiiaahOShea, CaahOShea


Capítulo 23
Ameaçada


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tudo bom? Aqui que fala é a Cah, a beta de YMS (:
A Bia não pode postar o capítulo por que foi viajar nesse feriado, e pediu para eu postar, então, aqui estou *-*
Estou muito feliz de verdade com os lindos reviews de vocês e quero que saiba que leio todos *-*
Bom, sem mais, boa leitura! Esperamos que gostem!



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Capítulo 23 – Ameaçada

POV FERNANDA

O mar se agita abaixo de mim. Eu me tento me agarrar na parede rústica da montanha, mas cada passo que eu dou é um risco de morrer. Não é de se admirar que nunca tenham encontrado Krista aqui. Eu mesma estou quase desistindo.

Meu coração perde uma batida quando dou um passo em falso. Meu pé escorrega, despedaçando uma parte da rocha, que vira pó. Fecho os olhos e me colo a parede. Falta pouco, penso. Logo chegarei a entrada dessa montanha e reencontrarei minha irmã.

Eu continuo andando na pequena trilha de pedra, tentando esquecer que estou a mais de trinta metros acima do mar. Uma queda seria fatal. Consigo chegar a uma parte plana e vasta, de frente para um buraco na montanha; uma entrada. Lembro-me do labirinto que são as cavernas de Jeb e temo não conseguir encontrar Krista ali. Mas isso não me faz desistir. Entro e começo a vasculhar o espaço. Minha vontade é de gritar seu nome, chamar por ela, mas isso poria tudo a perder. Ela entenderia que não sou mais humana e que estou com buscadores. Mais problemas é tudo que eu não preciso.

Sigo andando em linha reta durante um bom tempo, tentando ouvir algum barulho que denunciasse a presença de minha irmã ali. Então paro diante de uma bifurcação, sem saber que caminho seguir. De repente, algo me puxa para trás e me da uma chave de braço. Sinto uma coisa pontuda e cortante na base da minha garganta.

- Um barulho e você morre – Ameaça uma voz feminina.

- Krista

Tento dizer, mais parecendo um gemido.

- Está sozinha? Responda! Eu perguntei se está sozinha! – Seu tom de voz cortante e furioso me assusta. Por um momento penso que ela vai me matar, mas ao invés disso diminui a pressão do braço e eu consigo falar.

- Krista, sou eu. Sou eu, Fernanda.

Nenhum som; nenhum movimento. Tento me desvencilhar de seu aperto, mas ela me joga contra a parede e torna a colocar sua faca em minha garganta enquanto analisa meus olhos com a luz de uma lanterna.

- Ah, meu Deus... – Sussurra e me solta, dando alguns passos para trás.

Eu a encaro, notando o quão diferente seu antigo rosto de adolescente está hoje. Há mais de sete anos que eu não a vejo, mas ainda sim a reconheceria de longe. Costumávamos ser três irmãs antes de a caçula ser pega. Por minha causa.

- Krista...

Ela anda na minha direção e por um momento penso que ela vai me abraçar. Faço menção de erguer meus braços, mas sou pega de surpresa quando ela começa a me bater.

- Sua idiota! Ordinária! O que pensa que está fazendo aqui, hein? Depois de tanto tempo sem dar noticias, sem se preocupar... O que aconteceu? Sua amiguinha alma resolveu te delatar? Pois se for isso não pense que eu vou te acolher, Fernanda, porque eu não vou! Não vou me por em risco por sua causa. Eu sei bem o caráter que você tem, e ele me enoja!

- Para! – Grito. – Cala a boca! O que você pensa que está fazendo? Depois de todo esse tempo sem nos vermos e você me recebe assim?

- Se dependesse da minha escolha eu nunca mais a veria. – E me deu as costas. – Fora daqui. Agora.

- Espera. Nós precisamos conversar.

- Não tenho nada a te dizer.

- Mas eu tenho. E é importante, ou então eu não estaria aqui.

- Se for para pedir alguma coisa...

- Não é – Apresso-me a dizer. – Você está correndo perigo, Krista.

- Como é que é? Acha que eu vou acreditar nisso novamente, não acha? Da ultima vez que você disse isso se mandou para algum lugar com uma alma “amiga”, alegando que eu ficaria melhor sem você, correria menos perigo e todo o tipo de enrolação que pessoas como você costumam praticar.

- Isso é verdade! Depois do que aconteceu com a nossa irmã acha que eu me perdoaria se algo também acontecesse a você?

- Não finja que se preocupava com ela! – Krista grita.

- Eu não vou discutir esse assunto com você novamente, eu não quero falar sobre isso! Apenas ouça o que eu tenho a dizer e eu juro que você nunca mais vai me ver na sua frente.

- Não acredito em uma palavra que sai dessa sua boca suja, Fernanda! Vá embora e me deixe em paz!

- Você precisa sair daqui – Começo, sem me importar com seus pedidos – Uma alma muito perigosa está atras de mim. O nome dele é Lucas.

- Vejo que arranjou mais uma alma companheira. A solidão acabou com seu cérebro? Ou foi o remorso?

- Ele pode me pegar a qualquer momento – Finjo que não a ouço – E se algo acontecer comigo, quero ter certeza de que ficará bem. Mas antes precisa sair daqui. Se ele colocar uma alma em meu corpo, terá livre acesso a qualquer uma de minhas lembranças. Toma – estico um papel a ela – você ficará segura neste lugar.

- O que é isso? – Krista pergunta.

- Um mapa. Pegue-o. Está tudo escrito em detalhes sobre esse lugar. Fica em um deserto, um pouco longe daqui. Mas você pode ter certeza de que outros humanos a acolherão.

- Humanos? Há mais deles espalhados por aí?

- Muitos deles. Mas não se esqueça: a qualquer sinal de perigo, livre-se dele. Não coloque outras vidas em risco.

- Eu não vou repetir seus erros – Rebate, observando o mapa. – O que são essas linhas?

- Contornos. Você entenderá quando chegar la...

- Eu não vou – interrompe.

- Como? – Pergunto, sem entender.

- Eu não vou sair daqui, Fernanda. Sei que você vai ficar com este lugar se eu partir. Como posso saber se não é uma emboscada?

- Krista, não é hora para sentimentalismo. Eu sei que eu cometi muitos erros, mas estou tentando redimi-los te protegendo. E você está jogando meu esforço fora.

Ela me encarou em silencio.

- Por favor, saia daqui.

- Aquela sua outra amiga alma. O que aconteceu com ela.

Suspirei.

- Depois de todo esse tempo, Krista, é de se surpreender que você não tenha entendido o que realmente aconteceu.

- O que? – Pergunta, confusa.

- Eu fui refém daquela mulher. Ela era uma buscadora, Krista! Eu tive de desempenhar o papel de Buscadora a força, porque sabe-se la como, ela sabia de sua existência! Todos os dias ela me ameaçava, falando que se eu não a obedecesse e

encontrasse uma tal de Peregrina, ela roubaria minha mente! Quando eu fugi pensei que finalmente estava livre, mas foi aí que encontrei Lucas. Ele me acolheu, e pensei que fosse diferente das demais almas. Nós vivíamos juntos, e em um certo dia, quando eu estava roubando comida para nós em uma casa encontrei um grupo de humanos, que se ofereceram para me dar abrigo. Eu aceitei, querendo ver se era realmente seguro antes de levar Lucas comigo. Mas eles já tinha uma alma consigo, então foi fácil fazem com que aceitassem-no. Mas eu me iludi, porque ele é a pior pessoa que existe nesse mundo. Quando ele começou a demonstrar sinais de raiva, não me importei, pois eu já estava apaixonada. Mas Lucas não me amava. E então encontramos um outro grupo resistente, maior que o nosso. Para minha infelicidade, a humana dona do corpo da a buscadora que me ameaçou durante tanto tempo residia ali. Para piorar, Peregrina também. Eu a odiava, pois se não fosse por sua rebeldia em seguir os humanos que Melanie amava, a Buscadora provavelmente nunca teria me recrutado como ajudante. Eu invejava sua capacidade de amar um humano e ser feliz com ele, pois eu nunca consegui ter Lucas para mim. Comecei então, a trabalhar contra ela junto com Lucas. Mas a coisa perdeu o controle. Eu descobri da pior forma a pessoa que ele realmente é.

Eu pude ver a surpresa, indignação e remorso no rosto de Krista. Ela estava dizendo alguma coisa, mas meus ouvidos ficaram surdos. A imagem começou a escurecer, indo e voltando, até ficar totalmente preta.

Então eu acordei.

Fora tudo tão real, tão nítido, que minha reação inicial foi de surpresa ao constatar que eu estava deitada em uma cama branca. Minha mente recém desperta começa a trabalhar devagar, mas um terror tão profundo me assola de repente que sinto todos os meus músculos se contraírem.

“Linda história, não? Realmente muito profundo, comovente”, zomba a voz na minha cabeça “Pode me chamar de Cristais Flamejantes, ouviu querida? Eu ficaria profundamente agradecida.”

“O que você viu?” Pergunto em desespero.

“Tudo, apenas. O suficiente para contar a Lucas. Ah, como ele ficará agradecido.”

“Por favor, não. Não conte a ele.” Imploro.

“Esse é meu trabalho, querida. Devo exercê-lo como mandam as regras.”

“Sua piranha! Como pode fazer algo assim?”

“Eu disse que mais cedo ou mais tarde eu iria conseguir arrancar alguma coisa de você. Foi só ficar em silencio e vasculhar as suas lembranças que seu cérebro logo começou a reviver uma delas. Fácil demais.”

“Eu te odeio.”

Como resposta, ganho o silencio.

POV CAL

No momento em que passei pelas portas do hospital a recepcionista chamou uma equipe medica para atender Peg. Ela foi levada numa maca para ser examinada enquanto a enfermeira me fazia perguntas. Respondi sobre os sintomas, o tempo em que ela está doente, quando os sinais de manchas começaram a aparecer e o porquê da demora em traze-la ao hospital. Falei que ela tinha viajado a trabalho e voltara com a doença já desenvolvida. Graças a sua recusa em visitar um hospital, alegando estar com uma simples gripe, resolvemos esperar para ver se mais algum sintoma estranho se manifestaria. Quando percebi que ela estava realmente doente, decidi traze-la para o hospital, mas no caminho ela perdeu a consciência.

Eu sabia que essa era uma das piores histórias que eu já inventei, mas se tratando de curadores bondosos e almas que visam apenas o bem, não é preciso muito.

Embora soubesse que Peg estava em boas mãos não deixei de ficar ansioso por noticias suas. Sentei-me em uma das poltronas bege que ficavam junto à parede e esperei.

Tempos depois, aparece uma mulher alta e loira, com um estetoscópio pendurado no pescoço. Ela se posta a minha frente e sorri carinhosamente. Eu rapidamente me levanto.

- O senhor é parente de Peregrina?

- Não. Quer dizer, sim. Sou namorado dela – Inventei - Como ela está?

- Ah, ela ficará bem. Sem duvida deverá passar dias internada, e seu caso não é um dos mais simples e fáceis de lidar, mas ultimamente estamos recebendo muitos pacientes em casos parecidos. Menos graves, devo acrescentar. Mas fique tranquilo, Peregrina será muito bem assistida.

- Obrigado, fico mais tranquilo assim. Mas o que ela tem, doutora?

- É uma espécie de mutação em alto grau do vírus da gripe. É normal isso acontecer, mas nunca tivemos casos de tão alta escala.

Então Doc estava certo, pensei.

- Compreendo. Eu posso vê-la?

- Nesse momento nossa equipe medica está realizando uma serie de exames em Peregrina, e não é muito aconselhável ter contato direto com pacientes infectados. Mas acho que consigo abrir uma exceção – Ela acrescentou sorrindo ao ver minha decepção – Contanto é claro, que o senhor siga as normas corretamente, ou poderá ficar doente.

- Sim, sim, prometo que farei o que me pedirem. Essa doença é altamente contagiosa? – Perguntei, temendo ter mais algum caso na caverna.

- Felizmente não. É contagiosa, mas não tanto quanto outras doenças de tal porte. É uma sorte para nós, ou então já teríamos uma pandemia. Conseguimos desenvolver um remédio especial para casos principiantes, estamos sobre controle.

Expirei aliviado.

- Mais uma vez, obrigado, doutora. Qualquer noticia me avise.

- Pode deixar. – Ela mostra uma fileira de dentes brancos. Seus olhos azuis claros e profundos se mesclam com o prateado das almas. – Há propósito, o senhor tem aonde ficar? Digo, para dormir.

- Ah... – Coço a cabeça. Não havia pensado nisso – Na verdade não, mas eu posso ficar no meu carro durante os dias em que Peg passará aqui.

- Ah não, por favor! O hospital pode lhe oferecer um quarto nesse meio tempo. Há alguns anos nosso centro medico ampliou seu espaço, construindo dormitórios para os parentes dos hospitalizados. Veio muito bem a calhar, devo dizer. Por que não se hospeda em um? Posso ver se há vagas.

- Ah, eu gostaria muito! – Respondi.

- Certo então. Assim que tiver uma resposta confirmo com o senhor.

- O.k. – Sorri. A medica saiu andando e fui em direção ao caminhão, querendo contar as novidades a Ian.

POV CRISTAIS FLAMEJANTES

Nunca pensei que compartilhar um corpo com uma humana – ainda que eu estivesse no controle – pudesse ser tão irritante. A minha nova companheira de quarto – Fernanda – foi a humana que mais me tirou do serio até agora. Em todos os corpos em que fui inserida meu trabalho foi breve e conceituado. Agora, depois de ter conseguido

extrair lembranças importantes da mente de Fernanda, ela parece estar guardando suas memórias a sete chaves. Sem contar no falatório horrivelmente longo para me distrair de minhas obrigações.

Lucas estava desconfiado. Ele sabia que Fernanda estava aprontando alguma coisa, e queria saber o que. Por um momento achei que tivesse concluído meu trabalho ao saber da querida Krista, mas depois do comportamento excessivamente protetor de Fernanda em relação a mim, comecei a duvidar.

Há algo mais.

E eu vou conseguir essa lembrança hoje.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? (: Deixem seus lindos reviews *-*