Sob a Máscara, a Paixão escrita por luisalanajacs


Capítulo 2
Capítulo 2- Minha cinderela


Notas iniciais do capítulo

Pois é... Fiquei muito feliz com os reviews que recebi, afinal... Muito obrigada!
Eu pensei bastante na ideia de transformar essa two shot numa long fic, mas achei que ficaria melhor só as duas partes mesmo. Afinal, eu já tinha ela toda escrita antes de postar, e acho que não daria certo eu tentar estendê-la...
Enfim, aí está a segunda parte, espero que gostem!



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_Gina, onde você estava? Procuramos você por toda parte!_ a Sra. Weasley perguntou-lhe.

_Estava sentada num canto atrás do palco._ mentiu. _Não queria dançar._

_Gina, o que aconteceu com sua boca? Está sangrando?_ o Sr Weasley perguntou.

Gina tentou se lembrar em que momento do beijo aquilo acontecera enquanto formulava rapidamente uma mentira convincente.

_Ah, teve uma confusão e quebraram o meu copo na minha boca. É gente demais._

Todos pareceram satisfeitos com a resposta, menos Hermione, que lhe mirava com olhos cerrados. Sabia que teria que enfrentá-la pela manhã, mas Gina não se importava.  Estava entrando num estado de dormência semelhante ao de quem está com uma ressaca, e as pontadas de dor de cabeça já apareciam.

_Vamos embora._ disse Rony.

Na manhã seguinte, quando Gina acordou, a dor de cabeça parecia mais forte do que nunca. As lembranças da noite anterior inundaram-lhe a mente, e ela passou a língua pelos lábios; como se ainda pudesse sentir ali o gosto daquele beijo.

Tomou um banho e lavou com capricho os cabelos, deixando-os presos no rabo de cavalo de sempre. Vestiu a jardineira que geralmente usava para ajudar a mãe nos serviços da casa e se encarou no espelho. Apesar das olheiras, estava parecendo normal.

Desceu as escadas e ofegou. Ali, na sala de estar, estava sentado Harry Potter, desta vez, sem a máscara. Ela constatou que ele realmente ficara muito mais belo, como deduzira na noite anterior.  Tinha o corpo musculoso de quem jogava futebol desde sempre, além dos lábios finos e olhos verdes, características que nunca deixariam de encantar a jovem Weasley.

_Gin! Há quanto tempo!_ disse ele, abrindo um lindo sorriso.

_Harry!_ disse ela, fingindo surpresa.

Os dois se abraçaram, e as lembranças da noite anterior voltaram à abordá-la, com mais intensidade dessa vez.

Ela se sentou no sofá, juntamente com Hermione e Rony, e começou a ouvir o relato de Harry sobre a América e tudo o que ela proporcionava.  Observava-o com discrição, se lembrando do modo como ele a beijara, mesmo sem saber quem ela era. Suspirou baixinho.

_Você está estranho, Harry! O que houve?_ perguntou Hermione, quando Harry terminou o seu relato.

Ela não notara nada de estranho nele; era como se a noite anterior nunca existisse. Mas seu conhecimento sobre ele não chegava nem aos pés do de Hermione, amiga de Harry desde os cinco anos.

_Ah, ontem à noite aconteceu uma coisa estranha. Eu comecei a dançar com uma mulher e fiquei simplesmente encantado com ela. A gente se sentou e conversou, e tudo mais, e eu fui ficando cada vez mais interessado nela.  Até estava começando a achar que estava ficando apaixonado por ela..._

Gina começou a sentir o rubor lamber suas faces. Hermione a fitava, os olhos novamente cerrados, como quem acusa alguém.

_No final ela começou a fugir, e eu a prensei contra a parede. Eu perguntei por que ela fugia, e ela dizia que era tentação demais... Disse que era um erro, e que depois ia se arrepender, mas mesmo assim eu a beijei e ela retribuiu. Depois ela disse que tinha que ir e foi embora, sem dizer o nome._ ele suspirou. _Ela me lembrava você, Gin. Não sei por que, mas ela me lembrava você._

O rubor se intensificou, e um olhar de entendimento passou pelo rosto de Hermione. Ela mirou-a, como se dissesse: “Você vai me contar tudo.”

_Tinham umas trezentas pessoas naquela festa. Como você vai saber quem é a sua cinderela?_ perguntou Rony, pensativo.

_Eu estou pior que o príncipe encantado. Ele pelo menos tinha um sapatinho de cristal para experimentar. Eu estou de mãos atadas._

Hermione parecia ansiosa para arrancar algo de Gina e se levantou, impaciente, pegando a Weasley pela mão.

_Podem ficar discutindo os contos de fadas, aí._ela disse, ansiosa._Eu tenho que falar uma coisa com a Gina. Não é?_

_Ah..._os olhos de Hermione se tornaram fendas._É claro._

_Tudo bem..._murmurou Harry, a voz soando desanimada.

Mesmo assim, essa resposta parecia ter contentado Hermione, que, com um grunhido, começou a arrastá-la pela casa até o seu quarto.

Assim que se viu lá dentro, jogou-se na cama, fechando os olhos, agoniada.

_Era você, não era?_ perguntou Hermione, sentando-se na cama ao seu lado.

_Era._as lágrimas se acumularam. _Eu nunca deveria ter concedido à ele aquela dança. Mas eu concedi._

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto, e ela não tentou controlá-las.

_Sabe, enquanto a gente conversava, ele falou sobre mim. Disse que eu era a irmãzinha do melhor amigo dele, e que ele se preocupava comigo. É assim que ele me considera:  sua quase irmãzinha ._

_Gina..._

_Eu quis fugir quando percebi o que ele queria, mas Harry é tão determinado. Eu disse que eu ia me arrepender hoje, mas ele disse que eu tinha me preocupar só com o agora, e que com o depois eu lidava... Aí ele me beijou e eu fiquei desarmada._

_Foi por isso que você apareceu com a boca inchada ontem._

_Sim._

_Ah, Gina, eu nem posso dizer que você deveria tê-lo afastado... Agora, diante das circunstâncias, você deveria ir lá conversar com ele e dizer a verdade._

_Não sei se devo... Ele mesmo deixou bem claro que eu sou a irmãzinha do melhor amigo dele._

_Vá lá e converse com ele. Isso é tudo o que digo._ Hermione sorriu, mexendo nos cabelos ruivos da amiga.  

Elas ficaram ali, em silêncio, até que Gina sentiu suas pálpebras pesarem e a escuridão engolfá-la.

Quando acordou, ainda estava deitada no mesmo lugar, só que Hermione não estava ali com ela. Gina ouviu que ela conversava (ou discutia) com Rony no andar de baixo. Parecia mais uma discussão, a julgar pelos gritos. Resignadamente, ela se levantou da cama, arrumando seus cabelos com os dedos. Depois saiu do quarto e percebeu, pra sua surpresa, que o sol já estava se pondo.

Desceu as escadas pensando no sermão de sua mãe, mas ela cantarolava alegre na cozinha e Gina resolveu não incomodá-la.  Harry continuava sentado no sofá, uma expressão cansada e triste no rosto. Suspirando, lembrando-se do conselho de Hermione, ela foi até ele e se sentou ao seu lado,  forçando um sorriso—habilidade que adquiria ao longo dos anos.

_Você está horrível._disse.

_Ah, oi, Gin._

_Você só a viu uma vez, Harry. Como pode estar assim por causa dela?_

_Eu sinto como se tivesse a conhecido pela vida inteira, Gin. Sabe o que é isso? Rony não entende. Ele acha que estou louco. Hermione, bem, Hermione só acha que existe o que está escrito num livro. Eu não sei o que eu tenho que dizer pra fazer alguém acreditar que eu realmente me apaixonei por aquela garota._

A vermelhidão subiu ao rosto de Gina, e ela amaldiçoou-se por corar tão facilmente. Forçou-se a dizer:

_Eu acredito em você. Mas tem certeza de que realmente quer descobrir quem ela é? Você pode não gostar do que encontrar._

_Não importa quem ela seja. Eu só quero conversar com ela. Ela me contou que gostava de um cara desde sempre, e que esse cara nunca lhe deu atenção. Pois é, eu daria pra ela toda a atenção do mundo se ela quisesse. E ela era tão parecida com você, Gin... Tão parecida..._ ele afundou o rosto nas mãos.

_Você não daria toda esta atenção do mundo pra ela, Harry. Ela sabia disso._ disse Gina, gaguejando._Ela sabia que você não a enxergava do jeito que deveria. Foi por isso que ela tentou fugir. Ela sabia que se arrependeria amargamente no dia seguinte._

_Como assim? Eu não a conhecia. Não sei quem ela é._

_Não, Harry._ ele levantou a cabeça para fitá-la nos olhos, e Gina pode ver o desespero que as íris verdes emanavam. Aquilo pareceu desarmá-la, mas ela tinha que continuar—sabia que tinha. Suspirou fundo e, tomando coragem, começou a falar:

_Você a conhecia sim. Você a conhece. Ela sempre esteve perto de você. Mas ela era tão tímida... Ela fugia de você quando a via, e, quando era mais velho, você nunca lhe deu a atenção que ela gostaria. Porque, pra você, ela sempre foi e nunca deixará de ser a irmãzinha do seu melhor amigo, ou melhor, em outras palavras, sua quase irmãzinha._

Os olhos verdes se arregalaram, e ela se levantou, sentindo vontade de chorar, mas segurando esse impulso com maestria.

_Ela não se parecia muito comigo, Harry. Ela era eu. Eu. Meu rosto sob uma máscara negra. Foi pra mim que você disse que eu sempre seria a irmãzinha do seu melhor amigo. E nada mais do que isso._

Ele não disse nada. Ficou fitando-a por longos minutos, os quais ela esperou pacientemente.

_Mas, você é a minha irmãzinha, Gin... Rony me mataria se fosse algo diferente._ conseguiu murmurar ele, a voz sumida.

_Pois é, Harry, é isso que eu sou agora, não é? Porque enquanto você não sabia que era eu sob aquela máscara, você se dizia apaixonado. Mudou de idéia agora? É isso?_

Ele ainda a encarava, atônito.

_Eu não poderia esperar nada diferente de você, Harry. Beleza. Esqueça que ontem aconteceu, tudo bem? Esqueça que você me beijou, esqueça de tudo. Mas lembre-se de que foi você me disse que nós tínhamos que aproveitar o momento, e que, com o depois, depois a gente lidava. Pois é. Lide com o depois. Sozinho._

E com essas palavras ela subiu as escadas, já chorando, passou por um Rony e Hermione numa cena extremamente obscena e trancou-se no quarto, caindo na cama para chorar.

Alguém bateu à porta, mas ela não atendeu. Depois bateu novamente, e, depois de alguns segundos, recomeçou a bater.  Passados alguns minutos, as batidas retornaram, juntamente com a voz de Hermione:

_Poxa Gina, sou eu, Hermione, você não vai me deixar entrar?_

_Já vou abrir, Hermione._

Quando ela girou a chave a abriu a porta, só viu Harry ali, parado, fitando-a.

_O que você está fazendo aqui? Cadê a Hermione?_ sua voz tinha uma frieza que ela desconhecia.

 Essas palavras não afetaram Harry; pelo contrário, ele deu um passo à frente e a agarrou, pressionando seus lábios nos dela.  Gina não queria cair na mesma armadilha e empurrou com força, fazendo-o se afastar.

Resistente, Harry se aproximou novamente, apenas o suficiente para olhá-la firmemente nos olhos. Como naquela noite, ele sabia que poderia desarmá-la desse modo. E, como naquela noite, ela desde o começo já travava uma batalha perdida. Nunca pode com aqueles olhos.

_Não me faça sofrer de novo, Harry._ murmurou ela, sabendo que em breve cederia e que não poderia proferi-las.

_Eu nunca faria isso com você, Gin._ ele não quebrou o contato visual enquanto se aproximava. _Afinal de contas, eu me apaixonei por você, não é? Você não é a minha quase irmãzinha. Você é a garota que em apenas uma noite me fez ver o quanto era especial._

Ele tentou beijá-la novamente, mas ela segurou-o, ainda insegura.

_Você promete que isso é verdade? Promete que não vai se arrepender e fugir de mim?_

_Tudo o que eu disse é verdade. Cada palavra._

E beijou-a novamente,  não encontrando nenhuma resistência desta vez. Ele colou seu corpo ao dela enquanto a conduzia pra cama, sem nem sequer romper o beijo.  E, ainda se beijando, ele se deitou por cima dela, deslizando suavemente os dedos por suas costas.

_Que obscenidade é essa?_ berrou Rony da porta, fazendo os dois se separarem num tempo recorde de segundos.

_Estamos nos beijando._ Gina respondeu, ofegante e irritada por ter sido interrompida.

_Harry, como pode? Ela é a minha irmã!_

_Mas nas horas vagas, sua irmã é uma garota muito bonita que usa máscaras negras cobrindo o rosto e aprisiona garotos como eu no seu encanto._

Gina sufocou um riso com a cara irritadíssima de Rony.

_E a sua cinderela, Harry? Esqueceu?_

_Ah meu amigo... É uma história longa demais, e eu não estou com paciência para contá-la agora._

Virou-se para a Gina e, sorrindo, voltou a beijá-la com o mesmo entusiasmo de antes. Só se foi ouvido um último grunhido de nojo da parte de Rony antes que a porta batesse, deixando os dois ali completamente à sós.  


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Notas finais do capítulo

Podem me bater se quiserem, mas tinha que terminar desse jeito...
Espero que tenham gostado dessa mini-fic.
Beijos e até a próxima!