Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por não ter postado ontem, eu esqueci KKKKK.



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Marie estacionou o Jaguar azul escuro do lado oposto à galeria e atravessou a rua lentamente. Ainda não tinha certeza se devia ir, se era sensato, se fazia sentido. E se Kim estivesse lá? Ela se sentiria uma tola. E se... mas, então, pensou nos olhos dele e empurrou a pesada porta de vidro. Havia dois barmen de jaqueta preta parados ali perto, servindo alternadamente champanha e uísque, e uma jovem bonita estava recebendo os convidados, que pareciam todos cheios de grana ou artistas. Marie viu rapidamente que era a exposição do trabalho de um homem mais velho. Ele estava cercado pelos amigos, parecendo vitorioso e orgulhoso. Os quadros estavam bem dispostos e tinham um toque de Van Gogh. E então ela viu Justin. Estava parado no extremo oposto da sala, parecendo muito bonitão num terno azul-marinho riscado. Os olhos dele acompanharam a sua entrada. Ela o viu sorrir e pedir licença delicadamente, retirando-se do grupo em que se encontrava. Dali a um momento estava parado ao lado dela.

- Então você veio, hein? Que bom! – Ficaram parados ali por um momento, olhando um para o outro, e ela se sentiu sorrir. Era um sorriso que não podia ser reprimido, estava feliz por vê-lo de novo. – Champanha?

- Obrigada. – Aceitou uma taça da mão estendida do barmen, e Justin segurou-a suavemente pelo cotovelo.

- Quero te mostrar uma coisa no meu escritório.

- Esboços? – Sentiu-se ruborizar. – Que coisa horrível, não devia ter dito isso.

- Por que não? – Ele estava rindo também. – Mas não, é um minúsculo Reinor que comprei ontem à noite.

- Meu Deus, onde o conseguiu? – Ela o acompanhou por um longo corredor acarpetado de bege.

- Comprei de uma coleção particular. Um velhinho maravilhoso. Disse que jamais gostou dele. Graças a Deus! Comprei por um preço incrível. – Destrancou a porta do escritório e entrou rapidamente. Ali, encostado na parede oposta, estava um nu lindo e delicado, naquele estilo característico que dispensava o olhar para a assinatura. – Não é bonita? – Olhava o quadro como se fosse um filho novo do qual estivesse muito orgulhoso, e Marie sorriu à luz nos seus olhos.

- É maravilhosa.

- Obrigado. – Olhou para Marie fixamente, então, como se houvesse mais alguma coisa que quisesse dizer, mas não disse. Ao invés disso, olhou ao seu redor, com um sorriso que a convidada a fazer o mesmo.

Havia um outro Andrew Wyeth acima da sua mesa de trabalho, esse bem conhecido.

- Também gosto desse, mas não tanto quanto do outro.

- Eu também. – Os pensamentos deles voltaram instantaneamente para Carmel. O silêncio foi interrompido por uma batidinha à porta. A moça que estivera recebendo os convidados na entrada estava chamando Justin do corredor. – Oi, Meg, o que há? Ah, essa é Marie Walters. Vai ser uma das nossas novas artistas.

Os olhos de Meg instantaneamente se dilataram. Aproximou-se com um aperto de mão e um sorriso.

- Mas que boa notícia!

- Espere aí! – Marie lançou um olhar a Justin com um sorriso encabulado. – Nunca disse isso.

- Não, mas estou torcendo pra que diga. Meg, diga a ela como somos maravilhosos, como nunca passamos a perna nos nossos artistas, nunca penduramos quadros de cabeça pra baixo, nunca pintamos bigodes nos nus.

Marie agora estava rindo e sacudindo a cabeça.

- Nesse caso, essa não é a galeria pra mim. Sempre tive vontade de ver um bigode num dos meus nus, e nunca tive coragem de botá-lo eu mesma.

- Então deixe que o façamos por você.

Justin ainda sorria enquanto as levava de volta para o corredor e começava a interrogar Meg. Já tinha havido três compradores na exposição, e ela viera discutir o preço de um dos quadros com ele, o artista queria mais.

- Direi a ele que compensaremos em outra obra. Ele já concordou com o preço dessa. Deus abençoe August... é o responsável por todos os meus cabelos em pé.

- Sem falar nos meus. – Meg apontou pra uma cabeleira loura sem nenhum fio em pé, e desapareceu no meio da multidão.

Justin apresentava Marie aos convidados. Ela se sentia surpreendentemente à vontade enquanto percorria a galeria, conhecendo artistas e colecionadores. E ficou surpresa por não ver Kim. Mencionou isso à Justin quando ele veio reunir-se a ela.

- Ela não está aqui? Pensei que estaria.

- Não. Aparentemente, está arrancando os cabelos por causa de um novo anúncio de iogurte. Francamente, prefiro que ela não nos confunda. É melhor tirar o iogurte da cabeça antes de começar com a arte, não acha? – Marie riu enquanto ele lhe entregava uma nova taça de champanha. – Sabe, - Continuou – gostei muito de ontem. O seu trabalho é extraordinariamente bom, e não vou parar de insistir até que você diga sim.

Marie sorriu pra ele, enquanto bebia o champanha. Antes de poder protestar, foram interrompidos por vários outros colecionadores que queriam conversar com Justin. Esteve atarefado com eles até quase 21:00.

Marie percorria lentamente a galeria, observando os compradores em perspectiva e admirando o trabalho de August. Tinha parado diante de um dos seus quadros quando ouviu uma voz familiar. Virou-se para vê-lo.

- Está com uma cara um bocado séria, Marie. Pensando em assinar com a gente? – Havia um tom de provocação nos sussurros de Justin, e ela lhe lançou um sorriso. Não tinha percebido a sua chegada.

- Não, mas estava pensando que está na hora de ir pra casa.

- Já? Não seja boba. Além disso, você não jantou. – Olhou para ela por um momento. – Posso levá-la pra jantar comigo, ou será que seu marido faria objeção?

- Absolutamente. Ele está passando o verão na Grécia. – Seus olhos se encontraram e não se largaram. – E o jantar é uma ótima idéia.

Por que não? Justin fez sinal a Meg de que ia sair, e sem serem notados pelos últimos retardatários, atravessaram a porta de vidro e entraram na fresca neblina de verão.

- Às vezes isso me faz lembrar Londres. – Falou. – Costumava visitar meu avô lá, quando era criança. Ele era inglês.

Ela riu do anonimato que ele imaginava ter.

- É, eu sei.

- Trouxe o seu carro? – Perguntou Justin. Ela indicou o Jaguar azul escuro. – Puxa vida! Estou impressionado! Dirijo um carrinho alemão que ninguém conhece por aqui, praticamente não bebe gasolina e me leva aonde quero ir. Você se sentiria envergonhada de ser vista numa coisa tão simples, ou devemos levar o seu?

Por um momento ela ficou embaraçada por ter vindo no carro de Mike, mas sempre o guiava quando saía à noite, era uma questão de hábito.

- Prefiro ir no seu.

- Ao L’Étoile? – Perguntou hesitante, sondando as águas.

- Acho que prefiro um lugar mais parecido com o seu carro. Quieto e simples. – Ele sorriu em aprovação, e ela riu.

Levou-a a um pequeno restaurante italiano enfiado numa rua lateral, perto da baía, e falaram sobre arte a maior parte da noite. Ela lhe contou dos seus anos de borboletear pela Europa e os Estados Unidos com o pai, devorando os museus onde quer que fossem, e ele lhe contou que aprendera sobre arte com o avô, e depois com o pai, assistindo a grandes leilões em Londres, Paris e Nova York.

- Mas nunca pensei em entrar no negócio.

- Por que não?

- Queria fazer algo mais interessante, como cavalgar em rodeios ou ser espião. Planejava ser espião pelo menos até os 9 anos, mas meu avô insistia que não era respeitável. Às vezes tenho as minhas dúvidas se a nossa profissão é. Na verdade, quando fui para a faculdade, queria ser um daqueles homens que detectam falsificações em arte. Estudei por algum tempo, mas as falsificações sempre me enganavam. Espero estar me saindo melhor agora.

Marie sorriu. Pelo jeito da galeria e da casa em Carmel, estava certa que sim.

- Diga-me, - Falou abruptamente. – à quanto tempo está casada?

Ela ficou surpresa ante a pergunta subitamente pessoal. Até então, não tinha lhe feito nenhuma.

- 5 anos. Eu tinha 18 quando me casei.

- Isso quer dizer que tem...

Ficou contando nos dedos, e ela riu.

- Vou fazer 103, em novembro.

- Não. – Franziu a testa. – Não é 102?

- No mínimo. – Ambos riram, e ela continuou. – E quanto a você? Já foi casado?

- Uma vez, brevemente. – Os seus olhos fugiram dos dela, por um momento. – Infelizmente também não fui muito bom em detectar falsificações nesse setor. Ela me fez de palhaço, e eu me diverti muito. E depois acabou.

Sorriu e olhou-o nos olhos de novo.

- Filhos?

- Não, é a única coisa que lamento. Gostaria de ter tido um filho.

- Eu também. Tive dois meninos, mas ambos morreram logo após o nascimento.

Era uma informação pesada para se transmitir a um relativo estranho, numa mesa de restaurante, mas Justin apenas observou os olhos dela. Viu ali o que precisava saber.

- Sinto muito.

- Eu também.

A conversa voltou de novo a se concentrar em arte. Justin se manteve afastado dos assuntos pessoais e dolorosos, mas às vezes ela se perguntava se ele estava escutando. Parecia estar a observá-la o tempo todo, e dizendo outras coisas com os olhos. Era meia-noite quando foram finalmente encorajados a se retirar.

- Tive uma noite maravilhosa. – Sorriu pra ele, toda feliz, quando encostaram ao lado do Jaguar estacionado.

- Eu também. – Ele não disse mais nada. Enquanto ela dava partida no carro, ele recuou com um aceno. Viu-o pelo espelho retrovisor, voltando para o seu carro, as mãos no bolso, a cabeça baixa, pensativo.

                                          ***

Ela já estava na cama, com as luzes apagadas, quando o telefone tocou. O rápido zumbido das linhas disse-lhe que era interurbano.

- Marie Elizabeth? - Era Mike.

- Alô, querido. Onde está?

- Em Roma. No Hassler, se você precisar de mim. Você está bem?

Mas a ligação estava ruim, não se escutava direito.

- Estou ótima. Por que você está em Roma?

- Estou aqui a negócios. Está precisando de dinheiro?

- Não, tudo bem. Eu te amo. – Por algum motivo precisava dizer-lhe e isso e ouvi-lo dizer o mesmo. Precisava de um elo com ele, mas Mike parecia a uma distância interminável. E sem entender o motivo, percebeu que tinha lágrimas nos olhos. Queria que ele a ouvisse, queria ouvir a si mesma.

- O quê?

E então a ligação foi interrompida. Ela ficou deitada no escuro, pensando na sua noite com Justin.


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Notas finais do capítulo

Sem reviews, sem história. (:
Obrigada por tudo, amo vocês.



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