Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Notas finais.



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- Mike? – Estendeu a mão pra ele, enquanto o marido e outro homem carregavam-na até o carro.

- Quieta, não fale nada. – O rosto dele estava cinza pálido, suado.

- Podem me soltar, eu estou bem.

- Nada disso. – Agradeceu ao homem que ajudara a levá-la até o carro, e que mais uma vez explicou como se chegava ao hospital.

- O quê? Está maluco, só desmaiei porque estava muito quente.

- Não estava quente, e não vou discutir o assunto. – Bateu a porta do lado dela, e entrou atrás do volante.

- Mike, eu não vou para o hospital. – Pousou a mão no braço dele. Os olhos de Marie imploravam, mas ele sacudiu a cabeça, e deu partida no carro.

- Não quero saber o que você “não” vai fazer. – A fisionomia dele estava fechada. Não queria ir para um hospital de novo, não queria escutar aqueles sons, ou sentir aqueles odores à sua volta. Nunca... Nunca mais. Sentiu o coração disparar. E se fosse sério? E se Marie estivesse muito doente? E se... Olhou pra ela de novo, tentando disfarçar o seu medo, mas ela estava olhando pra fora, para a paisagem. Ele suspirou, e isso a fez tirar os olhos da estrada.

- Não seja bobo, Mike. Eu estou bem.

- Veremos.

- Prefere voltar à Paris? – A mão dela tremia enquanto pousava na dele, e Mike olhou vivamente pra ela de novo. Paris... E Clarisse. Sim, ele queria voltar, mas primeiro tinha que saber se Marie estava bem.

- Vamos voltar assim que você for no médico.

Ela ia protestar de novo, mas uma onda de tontura a percorreu. Recostou a cabeça no assento. Ele olhou nervosamente pra ela, e pisou no acelerador. Ela não discutiu, não tinha forças.  Dali a mais dez minutos pararam diante do hospital. Mike saiu com rapidez do carro e foi para o lado dela, mas quando abriu a porta, Marie não fez nenhum gesto pra sair.

- Pode andar? – Havia terror nos olhos dele, de novo.

E se isso fosse o começo de um derrame? Então, o que faria? Ela ficaria paralisada e ele teria que ficar com ela pra sempre. Mas isso era uma loucura, ele queria ficar com Marie, não queria? Ela já estava prestes a lhe dizer de novo que estava bem, mas a essa altura, ambos sabiam que não estava. Ela inspirou fundo e se levantou, com um sorrisinho. Queria provar pra ele que conseguiria, que era apenas o sistema nervoso. Por um momento, enquanto entravam no hospital, ela se sentiu melhor, e se perguntou por que tinham vindo. Por um minuto chegou a caminhar com as suas passadas de costume, elegantes e tranqüilas. Então, quando já ia se vangloriar para Mike, passou por eles um velho idoso e enrugado, que cheirava mal; a boca aberta, o rosto flácido. Marie estendeu a mão pra Mike, parado a um canto, horrorizado.

- Desculpe, mas aquele homem...

- Agora chega. – Mike aproximou-se lentamente, erguendo a mão. – Não foi o velho, ou a temperatura na igreja. – Ficou parado ao lado dela, muito alto, muito severo, e repentinamente muito velho. – Vamos descobrir o que foi... O que é. Doutor?

Ela não respondeu enquanto o médico fazia um gesto de cabeça pra ele, que saiu do quarto. Ficou rondando o corredor, estranhamente deslocado, e olhando para o telefone. Devia ligar pra Clarisse? E por que não? Que diferença faria? Quem iria ver? Mas agora não estava com vontade, seus pensamentos estavam com Marie, sua mulher à 5 anos. Ele tinha acabado de perder a sua mãe, e agora, talvez... Não pôde suportar a idéia. Passou mais uma vez pelo telefone, só que dessa vez sem parar. Pareceu levar horas até que uma jovem médica viesse procurá-lo. E então ele soube. E soube que podia contar a verdade a Marie, ou podia contar-lhe uma mentira... Uma mentirinha. Perguntou-se se devia isso a ela, contar-lhe que sabia – ou, se, ao contrário, era Marie quem lhe devia algo.

                                            ***

Marie sentou-se na cama.

- Está errado! É mentira!

Mike a fitava, com um pequeno sorriso. Estava completamente calmo.

- Mas não é. E daqui a seis meses, você vai ter um trabalhão pra convencer qualquer pessoa disso, pode crer.

- Mas não posso estar.

- E por que não? – Os olhos dele estavam fixos no rosto dela.

- Não posso estar grávida, pelo amor de Deus. – Ela quase gritava, e parecia prestes a desatar em lágrimas.

- Por favor, não seja tola. – Dizia Mike. Ele se levantou e foi para o lado da cama. – Posso me sentar? – Perguntou. Ela concordou e ele se sentou na beirada da cama.

- Mas... Dois meses? – Olhou pra ele com os olhos cheios de desespero. Queria que estivesse grávida de um filho de Justin. Só no que conseguia pensar era em Justin. Não queria que fosse de Mike. Olhava pra ele, agora, cheia de desapontamento e dor. Dois meses de gravidez significavam que era de Mike, não de Justin.

- Deve ter acontecido naquela noite antes da minha partida.

- Não entendo. – As lágrimas dominaram seus olhos. Agora ele compreendia muito mais do que ela sabia. Mas agora ele compreendia que, não apenas havia outro homem, mas que era alguém que ela amava. Não tinha importância, ela o esqueceria. Tinha algo importante pra fazer nos próximos meses.

- Não seja ingênua, Marie.

- Por que agora?

- Às vezes as coisas acontecem assim. Estamos tendo uma nova chance.

- Não quero filhos. – Pelo menos, não seus. Agora ela também sabia a verdade, se o amasse verdadeiramente iria querer o seu filho, e não queria, queria o de Justin.

- É normal se sentir assim, no começo, todas as mulheres se sentem. Mas quando ele chegar...

- Eu sei como é, Mike. Já fiz isso, não vou fazer de novo. Pra quê? Mais desilusão, mais dor? Pra você não estar presente por mais 5 anos? Espera que eu vá criar um filho sozinha? Droga, não vou fazer isso!

- Sem dúvida que vai. – A voz dele era sólida como aço.

- Não preciso! – Agora estava gritando com ele. – Não estamos na Idade Média! Posso fazer um aborto, se quiser!

- Não, não pode!

- Não posso, uma ova!

- Marie, não vou discutir isso com você, está nervosa. – Ela agora estava deitada na cama, chorando no travesseiro. “Nervosa” era insuficiente pra exprimir o que sentia. – Vai se acostumar com a idéia.

- Quer dizer que não tenho escolha, não é? – Olhou com raiva pra ele. – O que fará comigo se eu me livrar dele? Pedirá o divórcio?

- Não fale bobagem.

- Então pare de mandar em mim.

- Não estou mandando em você, só estou feliz. – Olhou pra ela com um sorriso e estendeu os braços, mas havia algo diferente no seu olhar. Marie não veio para os braços dele. Depois de um momento, pegou as mãos dela e levou uma após a outra até os lábios. – Eu te amo, Marie, e quero o nosso filho. Nosso bebê.

Ela fechou os olhos. Já conhecia aquela conversa. Mas ele não disse nada; levantou-se, tomou-a nos braços, alisou-lhe os cabelos rapidamente, depois se afastou. Ela ficou vendo enquanto ele se retirava, pensativo e distraído. Sozinha no escuro, ela chorou por algum tempo, perguntando-se o que devia fazer. Isso mudava tudo. Por que não percebeu? Por que não adivinhou? Já devia ter calculado, mas pensara que era o sistema nervoso... Pensara que eram apenas umas duas semanas, mas dois meses? Como podia ser? E aquilo significava que estava grávida de Mike o tempo todo em que estivera com Justin. Permitir que o bebê continuasse nela era como negar tudo o que tivera com Justin, e arrancar-lhe o coração. Esse bebê era uma confirmação do seu casamento com Mike. Ficou acordada na cama a noite toda. Na manhã seguinte, Mike tirou-a do hospital. Iam voltar direto pra Paris, pra casa da mãe dele, antes de Mike partir no dia seguinte para Atenas.

- Estarei fora por cinco ou seis dias. Vou acertar tudo na Grécia. Daqui a uma semana, voltamos pra São Francisco e ficamos lá.

- O que quer dizer com isso? Eu fico lá e você viaja?

- Não, quero dizer que eu fico lá o máximo que puder.

- Cinco dias por mês? Por ano? Ou qualquer coisa assim? – Olhava pela janela enquanto falava. Sentia como se tivesse sido condenada a uma repetição do seus primeiros 5 anos como mulher dele. – Quando vou te ver, Mike? Duas vezes por mês pra jantar, quando você estiver na cidade, e não tiver que ir jantar em outra parte?

- Não será assim, Marie, eu prometo.

- Por que não? Sempre foi assim antes.

- Era diferente, agora aprendi uma coisa.

- Verdade? O quê? – Parecia amargurada, enquanto o observava dirigir, mas a voz dele era baixa e triste, quando falou, manteve os olhos fixos na estrada.

- Aprendi como a vida pode ser curta, como pode se apagar rapidamente. Nós tínhamos aprendido isso juntos, anteriormente, duas vezes, mas eu tinha esquecido. Agora eu sei, me lembraram de novo. – Marie deixou pender a cabeça e ficou calada, mas ele sabia que tinha acertado o alvo. – Depois dos outros, você acha mesmo que podia abortar esse?

- Não tenho certeza.

- Eu tenho certeza absoluta. Isso iria destruir você. – O tom da voz dele a deixou assustada, talvez ele soubesse. – A culpa, a dor emocional, você estaria acabada. Jamais seria capaz de pensar, viver ou amar, ou até mesmo pintar de novo. – A simples idéia deixou-a aterrorizada, e ele provavelmente tinha razão. – Você não tem temperamento pra agir com sangue-frio.

- Em outras palavras, não tenho escolha. – Ela suspirou, e ele não respondeu.

Estavam na cama às nove e meia daquela noite, e nada mais foi dito. Ele a beijou na testa ao deixá-la no quarto deles. Ia pegar um táxi para o aeroporto.

- Ligo todas as noites. – Repetiu a frase, mas ela desviou o olhar.

- E ela vai deixar? – Ele tentou ignorar o comentário, mas Marie olhou pra ele da cama. – Você me ouviu, Mike. Acho que ela vai junto com você, certo?

- Não seja ridícula, é uma viagem de negócios.

- E a última não era?

- Você está nervosa, por que não paramos? Não quero brigar com você antes de ir.

- Por que não? Tem medo que eu perca o bebê? – Teve vontade de lhe dizer que o bebê não era dele, mas o pior era que, se estava grávida de dois meses, ele era.

- Marie, quero que descanse enquanto eu estiver fora. – Olhou pra ela com um ar de ternura paternal, jogou-lhe um beijo, e fechou mansamente a porta.

Ela ficou ali deitada, durante algum tempo, escutando os sons da casa da sogra. Até agora ninguém sabia, era o “segredo deles” segundo Mike.


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Notas finais do capítulo

Descobriram o que a Marie tem, pois é. Um bebê muda tudo, não? Um filho do Mike logo agora estragou as coisas, ou quem sabe não é... Já chega. Muahahahaha. O próximo vai tá muito melhor (:
Quero dizer que tô bem desanimada. Não tenho mais ânimo pra escrever, apesar de tudo. Não recebo reviews, nem MPs, vocês não me dizem se tão gostando, o que estão achando da fic e o que acham que vai acontecer. Vocês não me animam. Não me refiro a todas, porque tem umas 3, 4 leitoras que me mandam reviews enormes em TODOS os capítulos. E é por elas que eu ainda escrevo.
Me desculpem por isso. Até a próxima.