Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Tá aqui mais um, espero que gostem! Boa leitura. :)



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- Justin?

Sorriu consigo mesmo ao ouvir a voz de Marie, vinda do quarto ao lado. Era tarde da noite de domingo, e eles tinham acabado de voltar de mais um fim de semana em Carmel.

- O que é? Precisa de ajuda?

Só o que escutou foi um grito e uma gargalhada abafada. Ela estava lá dentro a mais de uma hora. Ele saiu da cama e foi ver o que estava acontecendo. Quando abriu a porta do quarto extra, no qual costumava trabalhar, ela estava cambaleando e tentando segurar uma pilha de telas empilhadas que haviam começado a deslizar de cima de uma montanha de caixas encostadas à parede.

- Socorro! É uma avalanche! – Olhou pra ele, um pequeno pincel preso entre os dentes, os dois braços estendidos, tentando impedir a pilha de quadros de desabar no chão. – Vim aqui assinar alguns que notei que tinha esquecido de assinar, e... – Ela empurrou as telas para o lado enquanto ele as retirava dos seus braços. Então, com as mãos ainda cheias da montanha de trabalhos dela, ele se inclinou e beijou a ponta do nariz de Marie.

- Tire o pincel da boca.

- O quê? – Olhou para ele com uma expressão de prazer distraído, ainda estava pensando em dois quadros que sabia que tinha que assinar.

- Eu falei... – Largou com cuidado os quadros e pegou o pincel com uma das mãos. – Tire essa coisa da boca.

- Por quê? Assim fico com as mãos livres pra procurar...

Mas ele a silenciou quase imediatamente com um beijo.

- Por isso. E aí, vem pra cama? – Puxou-a para perto de si, e ela se aninhou nele com um sorriso.

- Daqui a pouco, posso terminar isso?

- Não vejo porque não. – Sentou-se na velha cadeira confortável à escrivaninha e ficou vendo enquanto ela remexia na pilha de novo, procurando telas sem assinatura. – Está tão entusiasmada quanto eu, com a exposição?

Faltavam apenas quatro dias, quinta-feira. Ele ia finalmente lançá-la no mundo da arte. À anos que já devia estar expondo. Olhou para Marie com orgulho e prazer, quando ela enfiou o cabo do pincel nos cabelos pra deixar as mãos livres de novo. Havia um imenso sorriso no rosto dela. Não apenas brincava com a sua boca, mas dançava nos seus olhos.

- Entusiasmada? Está brincando! Estou meio maluca, não durmo a dias.

Ele desconfiava que fosse verdade. Todas as noites, quando iam pra cama, olhava sonolento nos olhos dela, depois de terem passado horas fazendo amor, e a última coisa de que se lembrava era sempre aquele sorriso. E, subitamente, agora estava muito desperta pela manhã. Levantava da cama e ia preparar o café, depois desaparecia no quarto extra onde colocara todo o seu trabalho. Tinha trazido os seus tesouros pra ele, pra guardar até a exposição. Nem os queria na galeria até a véspera da inauguração. Agora, terminou de assinar o último e se virou para ele com um amplo sorriso.

- Não sei se vou agüentar até quinta à noite.

- Vai, sim.

Ele resplandecia enquanto olhava para ela. Que mulher mais linda. Parecia ainda mais bonita, ultimamente, o rosto tinha uma beleza suave e luminosa, e os olhos uma espécie de fogo apaixonado. Havia ternura e ardor nela, a um só tempo, como uma chama de veludo. E o tempo que passavam juntos tinha magia, como ele jamais conhecera antes. O pequeno chalé em Carmel quase cantarolava com a sua presença, enchendo os quartos de flores, trazendo grandes pedaços de madeira da beira da areia, nos quais se encostavam enquanto tostavam os pés perto da fogueira armada na duna “deles”, em frente à casa. Ela enchia os sonhos e os dias dele. Já não podia imaginar uma vida sem ela.

- No que está pensando? – Inclinou a cabeça para o lado e se apoiou na pilha de quadros.

- No quanto eu te amo.

- Ah. – Ela sorriu, e seus olhos ficaram meigos, enquanto fitavam os dele. – Eu penso muito nisso.

- No quanto eu te amo? – Sorriu, e ela também.

- É, e no quanto eu te amo. O que eu fazia na vida antes de você aparecer?

- Vivia excessivamente bem, e nunca fazia o próprio café da manhã.

- Parece horrível. – Caminhou pra junto dele, que a puxou para o colo.

- Isso é só porque você está entusiasmada com a exposição e não consegue dormir. Espere mais um mês ou dois... – Parou, dolorosamente; estava prestes a dizer “um ano”, mas não contavam com um ano. Apenas mais umas cinco ou seis semanas. – Vai ficar cansada de fazer o café, você vai ver.

Ela queria ver, queria ver pela vida toda, não por um mês.

- Nunca vou cansar disso. – Enterrou o rosto no peito dele, sentindo-se aquecida e protegida, feito uma criança. Estavam ambos queimados do seu fim de semana em Carmel, e os pés dela ainda estavam cheios de areia, enquanto roçavam o chão. – Sabe o que penso?

- O quê? – Fechou os olhos e sentiu o aroma fresco dos cabelos dela.

- Que temos muita sorte, o que mais podíamos ter?

Um futuro, mas não disse. Abriu os olhos e olhou pra ela, sentada no seu colo.

- Não tem vontade de ter filhos?

- Com 23 anos? – Estava espantada.

- E o que isso tem a ver?

- Não posso ter um filho agora, só tenho 23 anos, e nem tenho uma carreira, não levo a minha própria vida. É uma loucura.

- Não é novo demais para um homem, por que seria para uma mulher?

- Há uma grande diferença, e você está sabendo.

- Não, não estou. Adoraria ter o nosso filho, até dois. E não acho que você seja muito nova.

Um bebê? Agora? Olhou pra ele, atônita, mas ele falava sério. Ainda a estava abraçando.

- Está falando sério?

- Estou. – Por um longo momento observou os olhos dela, e não teve muita certeza do que via. Confuso, assombro, e também tristeza e dor. – Ou será que não pode mais ter filhos, Marie? – Nunca perguntara isso antes, não havia porquê. Ela sacudiu a cabeça.

- Não, não há motivo pra eu não ter, mas... Não creio que pudesse passar por tudo aquilo de novo. Não creio que quisesse repetir tudo aquilo, como nas vezes com os dois meninos.

- Os médicos sabem por que aquelas coisas aconteceram? (Quem não lembra, volta no capítulo 5).

- Simples azar, disseram. Duas tragédias inexplicáveis. As chances de acontecer aquilo duas vezes na mesma família são mínimas, mas aconteceu.

- Então não aconteceria de novo. – Ele parecia seguro, e Marie se afastou.

- Está tentando me convencer a ter um bebê? – Os olhos dela estavam dilatados, o rosto móvel.

- Não sei, pode ser. É o que parece, não é? – Sorriu e baixou a cabeça, depois ergueu os olhos. – Acha que é o que eu  estava fazendo?

Ela assentiu, subitamente muito séria.

- Não o faça.

- Por quê?

- Eu já disse. – Eu tenho um marido.  

- Esse é o único motivo que não aceito, é bobagem! – Parecia quase zangado, agora, e ela se perguntava porquê. O que importava se ela tinha ou não idade pra ter filhos?

- Me sinto como uma garotinha de 15 anos, e não uma mulher de 23.

- E o que isso tem de errado? – Olhou-a nos olhos, e ela se rendeu.

- Nada, estou adorando.

- Ótimo, então, venha pra cama. – Tomou-a nos braços e a colocou no quarto ao lado, na cama grande e confortável.

O edredom estava amassado onde eles haviam se deitado ao voltar de Carmel, e havia apenas uma pequena lâmpada acesa no quarto. As cores suaves pareciam bonitas, e o grande vaso de margaridas que ela colhera na sexta à tarde no terraço dava ao quarto um toque campestre. Ela fazia algo especial com a casa dele, dava-lhe um sabor pelo qual ele ansiava à anos. Nunca soubera direito o que estava faltando, mas agora que a tinha, sabia. O que estivera faltando era Marie, com seus olhos verdes e cabelos escuros empilhados no alto da cabeça, as pernas nuas aparecendo por entre as cobertas na sua cama, ou sentada de pernas cruzadas com seus blocos de desenho no seu terraço, cercada de flores. Marie, com a sua pilha de quadros e os pincéis enfiados em todas as xícaras de café dele, com as camisas que ela “pegava emprestado” e respingava de tinta, e com os inúmeros gestos cheios de consideração – as gravatas que limpava, os ternos que guardava, os presentinhos que comprava, os livros que trazia pra ele, que sabia que ele gostaria, os risos e as caçoadas e os olhos meigos que sempre compreendiam. Entrara na vida dele como um sonho. E ele não queria acordar nunca mais. Não sem Marie ao seu lado.

- Justin? – A sua voz era muito fraca, no escuro ao seu lado.

- O que é, amor?

- E se as críticas forem ruins? – Parecia uma criança assustada, e ele teve vontade de rir, mas não riu. Sabia como o medo dela era grande.

- Não serão. – Abraçou-a de novo, por baixo do edredom. – As críticas serão maravilhosas, prometo.

- Como você sabe?

- Sei porque você é muito boa. – Beijou-lhe o pescoço e tremeu ao contato da sua carne nua contra as pernas. – E porque eu te amo muito.

- Você é um bobo.

- Como disse? – Olhou pra ela, sorrindo. – Digo que te amo, e você me chama de bobo. Escute aqui, sua... – Puxou-a mais pra junto de si e cobriu-lhe a boca com a sua, enquanto desapareciam em uníssono sob o edredom.

                                        ***

Ela acordou às seis da manhã seguinte e desapareceu instantaneamente no quarto extra. Lembrara-se de um quadro que não devia estar ali. Depois, lembrou-se de outro que provavelmente não estava na moldura certa. Depois do café, lembrou-se de mais dois sem assinatura, e assim continuou a coisa pelos quatro dias restantes. Estava num frenesi de nervosismo por causa da exposição. E o tempo todo sorria, amava-a e adulava-a. Levou-a para jantar, arrastou-a a um cinema, fez com que ela lhe fizesse companhia na praia; forçava-a a ir nadar, mantinha-a acordada até tarde fazendo amor. Na quinta-feira, levou-a para almoçar.

- Não quero escutar. – Falou ele, levantando a mão.

- Mas Justin, e se...

- Não, nem uma palavra sobre a exposição até amanhã.

- Mas...

- Não! – Levou o dedo aos lábios dela, que o empurrou para o lado com nova explosão de preocupação. Mas ele apenas riu. – Como está o vinho?

- Que vinho? – Olhou à sua volta, distraída, e ele apontou para o copo.

- O vinho que você não está tomando. Como está?

- Não sei, e o que quero te perguntar é... – Ele enfiou dois dedos nos ouvidos e ela começou a rir. – Justin, pare com isso!

- O quê? – Sorria contente pra ela, do outro lado da mesa. Ela estava rindo.

- Presta atenção! Quero te perguntar uma coisa sobre hoje à noite! - Ele começou a cantarolar suavemente, os dedos ainda nos ouvidos. Marie não conseguia parar de rir. – Você é horrível, e eu te odeio!

- Não odeia, não. Mal pode manter as mãos longe de mim, e está querendo me arrastar com você pra poder me atacar, certo?

- Bem, já que você tocou no assunto...

Ela sorriu e tomou um gole do seu vinho, e eles passaram o almoço brincando. Ele tirara a tarde de folga. Os quadros estavam todos pendurados, à perfeição, para a exposição de Marie. Meg estava no controle na galeria, e ele achou que seria uma boa idéia ficar com Marie antes que ela mudasse de idéia ou desmontasse tudo. E tinha uma surpresa pra ela, à tarde. Olhou para o relógio enquanto voltavam para o carro, depois do almoço.

- Marie, você se importa se eu der uma parada no Saks?

- Agora? – Parecia surpresa. – Não, tudo bem.

- Não vou demorar. – Estacionou diante da loja, com um sorriso absorto. - Quer entrar?

- Não, eu espero.

- Tem certeza? – Não forçou a barra; sabia que ela não queria ficar sozinha, nem por pouco tempo.

- Está certo, eu vou. – Fora fácil convencê-la, e ele entrou satisfeito com ela na loja. – O que você tem que fazer? – Falou com absoluta confiança e completa descontração.

- Pegar um vestido.

- Um vestido?

- Pra Meg, ela falou que não ia ter tempo. Falei que o pegaria e o levaria para a galeria hoje à noite, a tempo pra ela mudar de roupa. A propósito, o que você vai vestir? - Ela andara tão ocupada com as assinaturas e as molduras que ele nem tinha muita certeza se tinha pensado no assunto.

- Não sei, pensei em usar o meu vestido preto. – Tinha trazido dois ou três vestidos de noite da casa dela. Estavam pendurados no armário dele, juntamente com os jeans dela, as camisas manchadas de tinta, vários pares de calças de gabardine e meia dúzia de suéteres de cashmere. Justin gostava de ver as roupas dela penduradas ao lado das dele.

- Por que não usa o vestido verde?

- Não. – Estava a dez mil km de distância, quando falou: - Escute, sabe quais os críticos que virão? – Olhou-o nos olhos.

- Não acho que seja ruim o seu vestido verde. – Parecia divertido.

- Ouviu o que eu perguntei? – A voz dela começava a ficar aflita.

- Não, e quanto ao vestido verde?

- Dane-se o vestido verde, quero perguntar... – Beijou-a com força na boca e deixou-a sem fôlego enquanto saltavam do elevador no segundo andar. – Justin! – Mas não havia ninguém por perto pra ver o que ele tinha feito. – Quer prestar atenção?

- Não. – Ele já estava cumprimentando a vendedora, que trouxe o vestido. – Perfeito. – Sorriu pra ela de novo e olhou para Marie. – O que você acha?

- Hã? – Ela estava nas nuvens, mas subitamente o vestido chamou a sua atenção. Era azul-turquesa, com gola alta, mangas compridas e sem costas. E tinha um casaco muito bem talhado para combinar. – Que bonito. É o vestido da Meg? – Deu um passo à frente e tocou no tecido fino. Era tecido francês e desenho também francês e devia ter custado uma fortuna. – Que lindo! – A vendedora e Justin sorriram com os olhos, um para o outro. – Talvez eu deva usar o vestido verde, afinal de contas.

- Não acho, por que não usa esse? – Tinha um ar de inocência que deixou Marie totalmente confusa.

- Usar o vestido da Meg? Não seja bobo!

- Você podia emprestar a ela o seu verde.

- Justin, eu te amo, mas acho que você é maluco. – Sorriu para a vendedora e começou a se afastar, mas Justin a puxou meigamente pelo braço e sussurrou ao seu ouvido:

- Também acho que você é maluquinha, mas agora vai experimentar o seu vestido novo.

Olhou pra ele, atônita.

- Está brincando? – Ele sacudiu a cabeça. – É pra mim?

Ele assentiu, com um sorriso satisfeito.

- Gostou?

- Eu... Ah, Justin, não posso. É maravilhoso! – Virou-se pra olhar para ele de novo, de olhos arregalados. Era fabuloso, mas provavelmente também muito caro. E Justin tinha feito isso por ela? O homem que dirigia um carrinho alemão anônimo, e preferia comer espaguete a caviar? O homem que se orgulhava de não ter empregada, apenas uma faxineira que vinha uma ou duas vezes por semana, quando seu avô vivera cercado por um exército de criados, e o pai se aposentara e fora morar num palazzo perto de Roma? Esse homem lhe comprou esse vestido? – Meu Deus!

- Cala a boca, e vai experimentar, quero ver! – Ela foi, e ele viu. Era perfeito. O corte, o estilo, a cor. Parecia uma rainha, vindo na direção dele, o casaco dobrado no braço. O seu bronzeado realçava o azul-turquesa, e as costas nuas e ombros ficavam perfeitamente esculpidos no vestido. – O que vai usar com ele?

- Brincos de brilhantes e sapatos de seda preta, e o cabelo pra cima.

- Ah, não vou agüentar. – Ele sorriu com tanto prazer que até a vendedora achou graça.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram desse capítulo?
Segunda o Justin chega ao Brasil, lá lá... Eu nem vou dizer meu estado, ok? Vocês iriam se assustar '-'
Reviews são sempre bem-vindas, por favor.
Até o próximo capítulo.
#MUCHLOVE ♥