# Bella Swan #

- Eu acho que ela está acordando... – eu ouvi a voz distante de Emmet.

- É, ela piscou...eu acho.

- Bella...você pode me ouvir? – Edward falou, fazendo sombra em mim, eu pude sentir suas mãos apertarem levemente as minhas.

- Eu to bem. – murmurei, me sentindo ainda um pouco enjoada. Com a ajuda dele eu consegui ficar de pé.

- Viu seu brutamontes? Assustou a menina! – Emmet comentou brincando e eu tive que sorrir, um pouco.

- Fique quieto!

- Eu preciso deitar. – reclamei, sentindo minha cabeça doer um pouco.

- Vamos para casa. – Edward disse e eu assenti. Nos despedimos de Mike e Emmet e entramos no Eclipse rumo ao palácio.

- Você já está melhor?

Eu balancei a cabeça e fiquei vendo a vista ao nosso redor.

A Austria era bem estranha, era um país desenvolvido com cidades grandes e industrializadas, mas ao mesmo tempo, na maioria das vezes, nós víamos uma paisagem repleta de cadeias de montanhas e florestas, e vastos pastos verdes com algumas vaquinhas aqui e ali.

E claro, o palácio de Armstein ficava bem escondido entre os Alpes, nenhum humano era capaz de chegar até la pelos meios comuns.

Sentir as mãos de Edward em volta de mim e instantes depois eu estava em seu colo.

- Vai virar hábito pegação na parte de trás do carro?

Ele riu em meu ouvido.

- Sabe Edward, a única vez que você dirigiu de verdade um carro foi a quatro dias atrás.

- Você gostou da experiência?

- Ta brincando? Era um conversível que fazia meus cabelos voarem ao vento. É claro que eu gostei!

Ele riu.

- Certo, vamos repetir a dose outras vezes...

- Ah...eu quero um milkshake de ovomaltine.

- Eca Bella, eu não sei como você consegue gostar disso.

- Conseguindo oras...

[...]

Naquela noite eu tive aquele segundo sonho. Ele surgiu para mim na mesma forma que antes e eu fiquei me perguntando se Edward não era capaz de senti-lo.

- Olá Isabella. – Minha consciência disse.

- Você nunca me dirá quem é você?

- Você não desconfia?

Eu olhei ao meu redor, estávamos numa sala que eu identifiquei fazer parte do palácio. Ele andava lentamente passando a ponta dos dedos em todos os móveis.

- Jacob. Você é Jacob Black

Ele riu e olhou intensamente para mim. Seus olhos eram frios e sem vida, muito diferente do Jacob que Leah havia falado.

- Eu preciso saber uma coisa de você. – ele falou, andando em volta de mim, mas nunca se aproximando.

- E o que é?

- Você se encontraria comigo?

Aquilo foi estranho. Mas já existiam coisas estranhas demais na minha vida para que eu me importasse. Mas eu me importava e aquilo deixava tudo mais estranho ainda. Eu poderia dizer não, mas eu desperdiçaria a chance de saber sobre meus pais, como eles eram e o que aconteceu no passado. Eu poderia dizer sim, e isso acabaria com toda a relação complicada que eu tinha com Edward. Ele tinha planos comigo, planos de se casar. E por mais que aquilo tivesse me pego de surpresa, eu não fiquei infeliz com aquilo ou no mínimo desconfortável.

- Quando? – eu perguntei, minha voz soando nervosa demais.

- Leah irá lhe dizer a hora e o local. E não se preocupe com a segurança, eles são dispensáveis.

- Espere... – mas ele já havia ido e com isso, eu acordei sentindo minha respiração difícil. Eu estava suada e rapidamente me livrei das cobertas.

Edward estava de bruços, com o rosto meio virado e ressonava baixinho. Eu não o acordaria agora. Olhei para o relógio e vi que eram 3 da manhã. Coloquei um roupão e calcei minhas pantufas, saí do quarto com todo o cuidado do mundo e fui até uma sala social do palácio, peguei o celular e disquei o número.

- Alô...? – eu escutei a voz meio grogue do outro lado da linha.

- Rose sou eu, me desculpe por te acordar agora, mas é que eu preciso muito de alguém do meu lado.

Ela demorou um pouco para responder e eu até imaginei que ela havia desligado na minha cara, mas então ela voltou a falar comigo e com uma voz melhor.

- Bella, eu estou morando na casa da minha avó. Não, ela não é mãe de nossas mães, ela é minha vó por parte de pai. A propósito, ela jamais deixaria que eu saísse de casa a essa hora da madrugada, a única forma é você vir até aqui.

- Jura que você está com medo de uma velha senhora Rose?

- Ah minha querida, você não sabe o que essa “velha senhora” é capaz de fazer. Então, você vem ou não?

Eu parei para refletir por algum tempo, eu não daria motivos para Edward ter mais desconfiança de mim, mas eu precisava ir.

- Tudo bem. Eu estou indo.

- Okay, vou preparar algo para a gente beliscar, anota aí o endereço....

Me olhei rapidamente no espelho e revirei os olhos. Eu ainda estava com a camisola, mas havia posto um sobretudo por cima e calçado sapatilhas, o meu cabelo estava preso de qualquer jeito e eu pus o bilhete do meu lado da cama. Assim quando Edward acordasse e eu ainda não tivesse em casa, ele saberia onde eu estava.

Desci as escadas e cheguei até o pátio, onde rapidamente me vi cercada de mustash. É, meu Zarir não estava de brincadeira...

- Edward já está a par para o local aonde irei. Preciso que me levem até um local por favor. – eu disse com a voz controlada, mas a verdade era que aqueles homens me davam medo.

Eles se olharam, como que se estivesse conversando internamente, querendo saber o que eu estava tramando.

- É sério, vocês podem ficar de olho em mim o tempo inteiro, tanto na ida quanto na volta!

- Tudo bem. – um deles disse e foi até a garagem pegar o carro.

- Vá avisar ao príncipe! – o outro falou e um deles já ia entrando no palácio quando eu tentei impedi-lo.

- Por favor, seja coerente. Edward está dormindo agora, você vai realmente querer acordar o seu príncipe por conta de uma besteirinha dessas? Afinal, vocês são vários e eu só apenas uma simples humana, eu prometo me comportar!

- Caramba, como você conseguiu convencê-los? – Rose perguntou, assim que eu cheguei.

Seis mustash vieram comigo, todos haviam se posicionado em volta da pequena casa, de vigilância a todo tempo.

- Acredite, não foi fácil. Que casa legal...

- Não seja irônica...vem, vamos entrar, está frio aqui fora. – ela falou e eu entrei.

Por experiência própria, eu sabia que eles eram altamente treinados, então um friozinho de 18° graus não iriam incomodá-los. O interior da casa era arrumadinho e bem humilde, eu e Rose fomos até a pequena cozinha e sentamos na mesa, ela havia preparado chocolate quente para nós.

- Então...o que aconteceu?

- Eu tive outro sonho...e descobri quem é que estava se fazendo passar por minha “consciência”.

Ela se interessou, ajeitando-se melhor na cadeira.

- E quem é?

- Jacob Black. Ele pediu para marcarmos um encontro...

- Huum que romântico...

- Sem piadas Rose, isso é muito sério. Eu estou morrendo de medo. Ele disse que os mustash não são problemas, e que vai entrar em contato dizendo a hora e o local.

- Não se preocupe Bella, eu irei com você.

- Eu tenho tanto medo Rose...medo que Edward descubra e faça uma grande besteira...eu já te contei que ele tem intenções de se casar comigo?

Rose arregalou os olhos e quase se engasgou com o chocolate quente.

- Ele te pediu em casamento?

- Não exatamente, mas deu a entender que na hora certa, irá pedir formalmente, e incrivelmente, eu não estou me sentindo mal com isso.

- Mas está feliz?

- Também não. Eu não consigo sentir esse tipo de coisa quando todo esse mistério me atormenta. Eu era pra pertencer a Jacob Black? E sou um simples objeto nas mãos desses dois? O que meus pais tem a ver com tudo isso?

- Ah então...eu fui atrás das Escolhidas, fui recebida de forma pouco elegante, diga-se de passagem, mas isso eu já esperava, a questão é, a Escolhida que me atendeu disse algo...

- O que?

- Que a guerra está próxima?

- Ah Rose, todos digam isso, que a qualquer momento Lobisomens e Vampiros vão se enfrentar pra batalha do século, mas é apenas especulação...

- Eu não sei não Bella...me faz sentido. Antes eu não conseguia, mas agora eu me lembro perfeitamente. Naquela noite do jantar la no palácio, que aconteceu aquele problema todo com o lance da tal da Tanya, eu estava indo embora para casa quando escutei duas mulheres discutindo dentro de uma das salas. Elas falaram algo como: “Fazer o laço se romper e iniciar tudo.” Enfim, eu tentei escutar mais, mas então eu fui pega e aí só me lembro de eu acordando num hotel.

- Num hotel?

- É, la em Viena, um hotel de luxo por sinal, a conta já estava paga, mas a mulher da recepção não quis me dizer em nome de quem.

- Isso só está piorando Rose, eu estou ficando cada vez mais confusa!

- Calma baby, relaxa! Você vai ver como no final tudo irá se resolver. Pelo menos é assim que eu penso...

Eu assenti e tomei o ultimo gole do meu chocolate quente, me levantando e indo até a pia lavar a xícara.

- A propósito, eu preciso lhe contar algo. – Rose disse atrás de mim.

- Sou todo ouvidos...

- Eu...eu tenho um filho Bella.

- Ele é a cara do Emmet! – eu disse chocada, enquanto olhava para o menino dormir em sua cama.

- Eu sei, e isso me deixa maluca. Se Emmet descobrir eu estou muito ferrada.

- Rose...isso é impossível! Quero dizer...eu estou vendo ele na minha frente, ele é o Emmet todinho mas...você jamais poderia engravidar do Emmet, você é humana!

- Você precisa ver os olhos dele, são azuis como os meus. Pelo menos isso. E também sei que isso é loucura Bella, acredite, eu pirei quando descobri que estava grávida. Eu queria tanto lhe contar, mas você já havia ido, eu queria contar a Emmet, mas foi nessa época que ele começou a ficar estranho e a se afastar de mim.

- O que faremos agora? – eu perguntei, me encostando na parede, não conseguindo parar de olhar para o menino.

- Não tem essa. Não se envolva nisso Bella.

- Como não? Agora eu já sei, e eu não vou te deixar sozinha nessa Rose.

Ela me olhou com os olhos marejados e eu tive que abraça-la.

- Eu sei que o mundo está explodindo a nossa volta, e que os problemas só fazem aparecer mais e mais, mas saiba que eu não serei negligente como fui antes Rose, não mais. Eu vou sempre estar aqui, por você.

E isso foi o que bastou para que minha prima e melhor amiga começasse a chorar mais ainda.

[...]

Eu subi as escadas bem devagar e parei em frente a porta de nosso quarto, respirei fundo e pus a mão na maçaneta, mas a porta se abriu antes, revelando um Edward bem agitado.

Ele simplesmente me olhou por alguns segundos, mas logo me puxou para dentro e fechou a porta atrás de nós.

- Você está bem? – eu perguntei, olhando a expressão dele.

- Você desaparece no meio da noite, e ainda pergunta se eu estou bem ? Bella não seja absurda!

- Hey, eu deixei um bilhete! E eu estou aqui não estou?

Ele suspirou e passou a mão no cabelo.

- Você é tão....ARGh!

Eu tirei o sobretudo e o larguei em cima da poltrona que tinha no quarto, me apoiei na parede e tirei as sapatilhas. Soltei o meu cabelo e voltei para cama, encontrando o bilhete que eu tinha deixado, embolado e jogado no chão.

- São 4 da manhã! – ele resmungou, com as mãos pra cima. – O que você estava fazendo na casa da sua prima a essa hora?

- Conversando. Eu tive um pesadelo e precisava de alguém pra conversar.

- E custava muito me acordar, que estava a centímetros de distancia de você?

- Claro que custa. Você fica com um péssimo humor quando acorda, olha o exemplo! E são coisas de mulheres Edward, você não entenderia!

Ele bufou e ficou zanzando pelo quarto.

- Hey, não fique assim. Eu sei que você se preocupou comigo, mas eu já estou aqui, e preciso de um corpo pra abraçar enquanto estiver dormindo.

- Não comece...

- Edward...ja faz dois dias...

Ele parou de andar pelo quarto e num piscar de olhos, já estava em cima de mim.

- Você é impossível! – eu ri e o beijei.