Equalize escrita por Anny Taisho


Capítulo 4
Dinner


Notas iniciais do capítulo

Eu amo OlieXMiles, mas sou uma royai assumida, por isso teremos uma participação especial nesse cap. Pobre Roy, mal sabia ele o que o jantar lhe agardava...
hohohohohohoo



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Cap. IV – Dinner

Olivier estava sentada confortavelmente a mesa reservada do bistrô mais badalado da Central, tinha convidado o casal prestes a casar para um jantar. O casamento seria dali um dia e meio... E claro que para completar seu dia tinha que irritar o companheiro de carreira.

Usava um vestido preto com mangas ¾ que deixava seus ombros de fora e descia folgado até quatro dedos acima do joelho, a peça era composta de dois tecidos, um preto cintilante como forro e um preto transparente por cima, extremamente elegante e que não marcava nenhuma parte de seu corpo. Os cabelos estavam presos por uma trança de lado e a loura usava um par de ostentosos brincos de brilhantes, a maçã não costuma cair muito longe da árvore, a ostentação estava no sangue.

Na taça de vinho tinto havia suco de uva concentrado, não podia mais beber, mas não podia dar muita bandeira. Já tinha chegado a cerca de vinte minutos, mas Roy e Riza não estavam atrasados, ela tinha se adiantado, queria se situar para poder melhor aproveitar o momento de tormento.

***

Cinco minutos após o horário combinado o casal apareceu.

Riza usava um vestido transpassado no pescoço vinho de saia até o joelho preguiada e provavelmente usava antes dali uma estola, os cabelos estavam presos em um coque simples com uma presilha e usava uma maquiagem muito leve. Roy caminhava ao seu lado vestido ao padrão de elegância da época. Olivier não sabia o que tantas mulheres viam em Roy... Tinha gosto/mau-gosto para tudo nessa vida.

Sorriu e levantou a taça em direção ao casal, e nesse instante viu Roy cochichar algo para Riza, provavelmente se preparando para bomba que viria.

- Boa noite, casal feliz. – a loira levantou-se abraçou Riza e deixou Roy no vácuo com a mão estendida: 1X0 –

- Boa noite, Olivier, fiquei surpresa com seu convite. – Riza sentou-se depois de Roy cavalheiramente puxar a cadeira –

- Por quê? Eu não poderia deixá-la se casar sem antes lhe dar o meu presente... – a loira olha para os lado – Eu devo ter deixado no carro, depois mando entregar, mas então... Preparada para subir ao altar?

- Claro que sim, não foi uma decisão tomada sem antes muito pensar, não é Roy?

- Claro...

- Oh... Eu imagino, os articuladores de carreira devem tê-lo intimado a casar, afinal, um chefe de estado não pode sair por aí galinhando e você não podia perder aquela que faz sua papelada.

- Imagine, eu estou me casando por livre espontânea vontade. – Roy sorriu sem jeito, aquela criatura tinha o dom de ser irritante –

- Yare, yare... Mas então Riza, chamou o Gregg para o casamento ou será que ele está de luto por você abandoná-lo? Sabe, todo mundo sempre achou que você casaria com ele.

Riza corou.

- Olie... O Gregg está em missão, não vai poder comparecer, mas mandou cumprimentos.

- Uma pena, seria realmente interessante ver a clássica cena “stop it”... – Olivier levou os olhos até Roy – Apesar de que quem sabe não aparece alguma moça desavisada do passado... – a mulher leva a taça de cristal aos lábios – Não, melhor não, ou acabaríamos perdendo nosso novo Marechal poucas semanas antes da posse.

Roy sentiu uma súbita vontade responder as provocações da Major General, mas não podia criar desentendimentos com a mulher com o status que a Armstrong tinha dentro do exercito, sem contar que bater boca com ela não dava lucro e ainda corria o risco de perder, aquela ali tinha uma língua afiada.

Tudo o que podia era respirar fundo e sorrir demagogicamente, por que mesmo que Riza tinha que ser amiga dessa criatura maligna?

- Pois então... – Riza tentava aliviar a tensão que sentia em Roy – Como estão as coisas no Norte agora que estamos em um período mais calmo?

- Muito bem, como sempre esteve, Briggs não baixa a guarda por nada. Mas não quero falar de trabalho, Riza, afinal, você me fez descer as montanhas para vir vê-la assinar sua sentença.

- Você também vai acabar assinando sua ‘sentença’ um dia, Olie... Ninguém passa a vida sozinho.

- Você sabe minha opinião sobre casamentos, mas nunca diga “Nunca”, afinal, posso pagar língua no futuro.

O garçom serviu o primeiro prato e vinho para o casal, para a anfitriã serviu o suco puro de uva, o que fez Olivier franzir o cenho, não tinha pedido para que não a servissem de suco assim tão na cara??? Tinha que contornar os olhares curiosos da melhor maneira possível.

- Não bebe conosco, Olivier? – Roy perguntou –

- Eu me machuquei num treinamento e estou tomando remédios, não posso beber, mas não se importem comigo... Estou bem assim.

- Machucou? – Riza ficou preocupada – Como assim?

- Nada demais, caí do cavalo de mau jeito. Meu corsel se assustou com uma sequência de tiros de canhão e me derrubou.

- Quem diria que a general Armstrong caí de seu corsel... Está ai uma coisa que eu pagaria para ver.

- Nem em seus sonhos mais lindos, Mustang, tire seu cavalinho da chuva porque nela você é inútil e sua mulher tem que te proteger.

Roy respirou fundo fazendo uma cara de poucos amigos e bebeu o vinho de sua taça tentando se acalmar, Riza teve que se segurar para não cair no riso, Roy estava tremendo de raiva, porque se tinha uma coisa que o irritava profundamente era a famosa citação sobre sua utilidade em dias chuvosos... Olivier era realmente uma criatura irritante, queria morrer amiga da loura, afinal, se ela quase matava os amigos e aliados de raiva, não queria nem sonhar o que ela fazia com os inimigos.

Olivier apenas sorriu de maneira que fez o moreno querer estrangulá-la e chamou o garçom para que pudessem fazer os pedidos de sobremesa. Apenas mais uma hora daquela tortura para Roy...

Os pedidos foram feitos e convenhamos... O da jovem major general foi bem extravagante: Torta de chocolate acompanhada de doce de kiwi e goiaba tudo coberto com mel de abelha silvestre. Roy pediu torta de amêndoas. E Riza, torta de maçã. Quando os pedidos chegaram, a Hawkeye não pôde deixar de expressar sua consternação.

- Uau Olie... Você sempre gostou de uma comida diferente, mas isso parece... Sei lá...

- Você não sabe o que está perdendo, querida. – A palavra ‘querida’ saída da boca da Armstrong soava extremamente sínica –

- Eu nem sabia que existia um doce de kiwi, tem certeza de que vai comer isso? Não é perigoso dar uma congestão?

- Sinceramente, eu também não sabia que existia doce de kiwi, mas gosto de experiências novas e não se preocupe comigo. Gostando da sua torta?

- Oh sim, é muito boa... Deveria experimentar, mas sozinha, sem condimentos.

- E você, Mustang, não abriu mais a boca, aconteceu algo? Pensei que esse jantar estivesse tão agradável? Lhe fiz alguma coisa? – a loira sorriu sínica –

- Não se ofenda, Sho sho, está sendo uma noite agradabilíssima, eu apenas não tenho nada para dizer. – Roy sorriu demagogicamente, Riza estava lhe devendo uma muito grande –

- Pessoas que não conseguem manter uma conversa são tão irritantes, mas não me leve a mal, eu sei que isso é uma dificuldade difícil de driblar. Ainda bem que tem pessoas competentíssimas para fazer seus discursos. – ela levou seu doce a boca  sorrindo sem mostrar os dentes –

Roy mordeu os dentes e olhou para Riza silabando: Isso vai te custar muito, muito caro, querida. E ela apenas sorriu concordando com a cabeça, esperava nunca mais ter que jantar assim, gostava muito da amiga, mas ela era irritante demais e isso lhe custaria três séculos ouvindo Roy reclamar e cobrar por essa noite.

                                                             ***

Cerca de quarenta e cinco minutos depois de mais algumas implicâncias, finalmente o trio de despedia findando aquela terrível noite, pelo menos para Roy.

- Estarei te esperando na Igreja, Olivier, foi ótimo jantar com você. – Riza abraçou a amiga e sussurrou – Você me paga por ter que me fazer agüentá-lo reclamar por meses.

- Você quem decidiu casar com ele, não eu. – a loira sorriu e soltou a amiga –

Antes de cumprimentar Roy o motorista da Armstrong lhe trouxe o casaco de pele de raposa (N/A: Gente, isso aqui é anos vinte, a moda da época eram os casacos de pele, por mais que isso seja cruel com os animaizinhos.) que ela vestiu e logo depois calçou as luvas. Roy nesse instante estendeu a mão e dessa vez não foi deixado no vácuo. Trocaram um aperto de mão firme e a noite estaria terminada de maneira perfeita, no entanto, todavia, as coisas não saem sempre como a gente espera e os sapatos de couro italiano no Mustang descobriram isso de uma maneira muito ruim.

Quando as mãos se soltaram, uma pequena vertigem atingiu Olivier que apoiou uma das mãos no ombro do Mustang e imediatamente depois aquele maldito enjôo matinal que nunca era só matinal e vomitou tudo o que comeu nos sapatos italianos de Roy.

Foi uma cena cômica e as caras feitas impossíveis de descrever, o motorista acudiu sua patroa assim que se recuperou do susto e a mulher ainda um pouco zonza com tudo olhou para Roy que nada tinha dito ainda, estava em estado de choque.

- Olie!!!! – Riza correu até a amiga que era amparada pelo motorista – Kami-sama, eu sabia que aquela gororoba ia te fazer mal... Você está bem?

- Sem drama, Riza, foi só um mal estar... – a loura estende os olhos para o chocado Mustang – A educação que recebi me manda pedir desculpas, mas realmente isso é hilário e eu não me sinto nem um pouco mal por isso.

- Sua maluca!! – Roy apontou para Olivier – Você vomitou nos meus sapatos italianos!

- Jura? Se você não me conta, eu não ia ficar sabendo!

- E ainda é sínica?? Eu te agüentei a noite inteira, sua sem-noção, e é assim que minha noite termina? Eu adorava esses sapatos!!

- Você sabe que está tornando tudo isso muito mais divertido aos meus olhos, não sabe?

- Argh!! Já chega vocês dois!! – Riza caminhou até o noivo – Boa noite, Olivier, foi um jantar ótimo, vá direto para casa descansar. E você, Roy. – a loura o puxa pelo braço – Pare de escândalo, é só a porcaria de um sapato, você compra outro depois.

- Mas meus sapatos!!! Meus sapatinhos!!! Aposto que ela fez de propósito!

- Oh claro, a Olivier passou mal de propósito só para te irritar, se toca Roy, você não passa de um bobo que cai nas provocações dela!! Eu sei, eu a vi fazer isso a vida inteira com o Kaike!

- Ela é maluca!! Precisa ser internada!! Os meus sapatos, caramba!!

- Roy, se você falar nessa porcaria de sapatos outra vez, eu juro que fico viúva antes de casar!

E assim os dois entraram no carro e foram embora. O motorista auxiliou-a a entrar no carro e com uma sumária ordem de manter a boca fechada em questão do vômito seguiram para a mansão, ela queria chegar em casa logo e escovar os dentes.

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O casamento do Mustang foi um evento formal, onde muitos militares estavam presentes, afinal, ele seria um chefe de Estado. No entanto, a festa foi apenas para os mais próximos, o casal concordou em não tornar aquele acontecimento uma convenção social. No final de todos os problemas que tiveram, queriam aproveitar aquele momento especial.

Olivier claramente não perdeu a chance de implicar Roy mais uma ou duas vezes, não fazendo mais, por ter se retirado cedo. Aquela coisa de estar grávida dava sono demais e toda aquela balburdia não estava agradando muito a loira. Despediu-se de Riza e deixou o Mustang no vácuo mais uma vez e foi para casa.

Assim que chegou, foi para biblioteca, onde retirou os sapatos de salto e colocou os pés sobre um banquinho. Na vitrola tocava uma Ópera Xingueleza que fazia a loura relaxar. Toda essa coisa de viajar tinha mexido muito com sua rotina e sentia-se infinitamente cansada.

Estava quase dormindo quando ouviu a porta se abrir, o que a obrigou a abrir os olhos, era sua irmã Katherinne de pijamas. A garota entrou sorrateira e sentou-se na poltrona a frente da irmã mais velha, onde ficou brincando com as próprias mãos. Tinha uma coisa para falar, mas não sabia como dizer.

- O que quer, Katherinne? – disse de olhos fechados – Se não vai falar logo, saia, sabe que me irrita essa mania de ficar rodiando sem fazer nada no fim.

- Aneue... – a garota olhava para o chão – Sabe quando disse que o papai e a mamãe deveriam se preocupar comigo, ao invés do Alex?

- Hum... – respondeu a loira já imaginando onde aquilo iria parar –

- Eu realmente estou namorando... – a garota ficou vermelha quase se engasgando com sua própria saliva –

- Já estava na hora, já tem vinte e cinco anos. Nossos pais já sabem?

- I... Iie!! Eu não tive coragem de contar!

Olivier suspirou e abriu os grandes olhos azuis para poder olhar a irmã mais nova, estava na cara que aquela criatura queria um conselho, apesar de não entender muito bem o motivo dela a procurar. Mas fazer o que? Esse era o preço a se pagar por ser a mais velha.

- E exatamente porque está falando isso para mim? Eu não tenho que permitir nada, na verdade, nem nossos pais, você já é maior de idade.

- É... É que... – ela batia dos dedos – É que eu não sou você, não consigo bater de frente com eles e sei que não vou conseguir manter meu namoro se eles disserem não.

- E por que eles não aprovariam? Apesar de bastante tradicionais, a falta de posses, se for o caso, não influenciará se ele for um homem honrado. – a loura cruzou os braços, estava quase ficando curiosa –

- Iie... Iie, não é esse o problema, ele vem de uma família com estabilidade financeira, o problema é que são descentes de um clã Xingueles, ele comentou que há uns sessenta anos seu bisavô resolveu abandonar a vida difícil em Xing para viver aqui... São donos de uma rede de restaurantes de comida tradicional.

- E o que tem isso?

- Como assim, o que tem, aneue? Nossa família sempre gostou de encher a boca para falar que nosso sangue é puro e eu nunca soube de um caso de casamento com estrangeiros.

- Você não é mais uma criança, Katherinne, tem que assumir as conseqüências de suas escolhas. Se é com esse rapaz que quer ficar, mostre que não é uma pirralha filhinha de papai e o apresente de cabeça erguida. Se nossos pais disserem alguma coisa contra, mostre que respeita a opinião deles, mas que isso não vai mudar nada.

- Eu não sei se consigo... Eu nunca fui como você, nenhum de nós é, você foi a única de nós que saiu de casa, que bateu de frente com eles dizendo que não faria o que queriam, que viveu fora desse mundo.

- Não vai poder ficar para sempre nesse mundo, Katherinne, e se não consegue enfrentar nossos pais, talvez não goste tanto desse rapaz.

A loira levantou-se e pegou os sapatos para depois sair deixando a mais nova pensado na própria vida. Olivier sabia que era a única dos cinco que tinha autonomia, que conseguiu se livrar da superproteção  dos pais e imaginava o quanto deveria ser difícil se soltar das amarras depois de uma vida toda, mas uma hora eles tinham que crescer e parece que Katherinne seria a segunda a conseguir isso.

Chegou ao quarto e depois de trocar de roupa deitou-se e dormiu rapidamente, gravidez dava muito sono, além de outros inconvenientes.

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Olivier tomou seu trem de volta para casa mesmo sob os protestos de toda a família que queria que ela ficasse para as festas. Mas a loira sabia que se ficasse correria muitos riscos que não estava preparada para correr. Não sabia exatamente quando jogaria a bomba no colo dos pais, nem se imaginava contando uma coisa dessas, talvez mandasse uma carta ou já aparecesse com o bebê no colo.

Novamente ficou enjoada no trem e isso lhe deixou extremamente irritada. Quando chegou na estação de trem, saiu caminhando arrastando sua mala de rodas. Estava bastante frio mesmo, aquela época do ano era terrível naquela região. Ainda bem que estava preparada. Não demorou muito para conseguir um táxi e ir para seu apartamento.

Faltavam cerca de três dias para o natal e Nancy não estaria no apartamento, ficaria de folga até o segundo dia do ano que entraria. Passaria as festas sozinha, bem... Talvez não sozinha, sabia que seu casal de melhores amigos Georgina e Kaike estavam vindo para o Norte lhe atazanar as idéias, de algum jeito estranho eles ficaram sabendo que ela estava em casa, mais dois para esconder aquilo.

O que daria bastante trabalho, visto que eram muito amigos, contavam tudo um para o outro. Sem contar que toda vez que se encontravam bebiam até não poder mais e agora estava impossibilitada de fazê-lo. Chegou ao seu prédio, cumprimentou com a cabeça o porteiro e foi diretamente para o elevador.

Entrou em casa deixando seu casaco num armário perto da porta, juntamente com sua bolsa. O lugar estava bem frio e por isso foi diretamente para onde estava o termostato do aquecedor para colocá-lo em uma temperatura mais agradável. Depois disso, foi para o quarto, deixou sua mala em um canto e sentou-se sobre a beirada da cama para retirar as botas pretas.

Deitou as costas na cama e ficou alguns minutos olhando para cima, seus longos e lindos cabelos dourados se espalhavam sobre o edredom escuro. No caminho até ali, notou que Nancy já tinha começado a encaixotar algumas coisas, como seus livros. Se mudaria no final de janeiro. Já estaria bem instalada no final da gestação que seria em meados de abril e maio... O que era muito bom, seria péssimo a chegada de um bebê em meio a uma mudança.

A chegada de um bebê por si já era algo muito tumultuado, pelo menos imaginava isso, afinal uma criança recém-nascida precisa de muitos cuidados e atenção. O primeiro ano deveria ser o pior para mulheres como ela que nunca pensaram em ter um filho.

Estava no quarto mês, mas não estava tão evidente assim, na verdade, tinha até se preocupado um pouco com isso no inicio. Mas o médico garantiu que não tinha nada de errado, algumas mulheres realmente pouco engordavam na gestação e que dali mais um ou dois meses já estaria bem mais “grávida” por assim dizer. Pelo menos isso lhe deixava um pouco mais confortável em relação ao futuro, afinal, imaginava que uma barriga de nove meses não deveria ser moleza.

Nesse momento, já tinha se aninhado mais no meio da cama e estava deitada sobre um travesseiro e abraçada em um. Estava quase adormecendo quando ouviu seu telefone tocar. Abriu um dos lindos olhos azuis e fitou seu criado mudo, alguém tinha um puta senso de incomodar pessoas, ela mal chegara em casa e seu telefone já tocando?

Pensou seriamente em não atender, mas o telefone insistia em tocar, muito a contra gosto esticou um dos braços e pegou telefone lançando um ‘mochi mochi’ muito ameaçador.

- Mochi mochi. – muito ameaçador –

[- E ai, Loira!! Nancy disse que estaria em casa hoje, só não pensei que seria tão pontual... – ela conhecia aquela voz irritante do outro lado da linha –

- Kaike. – rosnou –

[- Eita, tá ficando mais esperta, pintou o cabelo de preto por acaso? – ele riu do outro lado da linha –

- Eu não tenho que te lembrar que você também é loiro e que de nós dois você sempre foi o mais idiota? – respondeu dando um tirão no rapaz –

[- Olivier e sua língua ferina, senti saudades! Mas então, eu e a Georgi podemos ficar ai? Ou vai nos deixar no hotel?

- Vocês estão na cidade desde quando? – disse um pouco mais calma –

[- Chegamos há uns três dias, Georgi não quis ir no casamento da Riza, sabe que ela não gosta muito do marido dela... Bem, chegamos ai em um minuto.

- Yare, yare... Peguem a chave reserva debaixo do vaso no corredor, eu vou dormir.

[- Minha nossa, eu tô achando que vou perder a aposta... – Olivier não entendeu o que ele tinha para dizer – Bem, depois a gente conversa, a maluca aqui tá mandando um beijo e uma mordida.

- Okay, não ousem me acordar! Tchau.

Desligou o telefone sem esperar resposta e virou para dormir. Não tinha tido uma boa noite de sono naquele maldito trem que saculejava.

***

Olivier acordou e se sentou na cama, estava um pouco confusa, não sabia quanto tempo tinha dormido. Suspirou e passou a mão sobre os longos fios loiros, ouviu barulho vindo da sala e se lembrou que os amigos deveriam ter chegado. Com calma levantou-se e foi até o guarda-roupa, pegou um vestido de mangas longas e mais solto e dando um nós nos cabelos saiu do quarto. Ainda bem que o apartamento tinha um ótimo sistema de aquecimento.

Chegando na sala, encontrou Georgina com seus longos cabelos ruivos e levemente cacheados, grandes olhos verdes e toda beleza que arrancava suspiros da comunidade masculina, ela sorriu mostrando todos os dentes brancos e impecavelmente perfeitos.

- Olie!!! Já acordou dorminhoca!! – ela se levantou e foi até a loira envolvê-la num abraço de urso –

- Eu já disse que odeio ser chamada de Olie!! – retribuiu o abraço –

- Você fala isso a vida toda e eu finjo que não escuto! – ela olhou para loira – Nossa, como tá bonita!! Seu cabelo loiro está ainda mais loiro... Pele branca ainda mais branca, oh kami... Que inveja!

- E aí, loira maníaca! – Kaike abraçou a amiga – Tá bonita mesmo, o que foi? Se namorado voltou do deserto?

- Er... Não, vocês estão loucos... – Olivier foi caminhando para cozinha – Vão passar o natal por aqui?

- Viemos te ver, não sabíamos direito se passaria em Briggs ou não, mas não me parece que vai voltar... Por que mesmo que desceu a muralha?

A loira mexia nos armários a procura de biscoitos.

- Eu resolvi tirar umas férias, estou um pouco cansada, trabalhei muito nos últimos cinco anos. – disse abrindo a geladeira com um copo na mão –

- Você ficando longe de sua adorada muralha assim, de uma hora para outra? – falou Kaike entrando na cozinha – Faça-me rir, o que tá acontecendo?

Kaike tinha quase um e noventa de altura, cabelos louro acinzentados, porte atlético e uma leve pretensão a ser engraçadinho. O trio era amigo desde a mais tenra infância e atualmente Kaike e Georgina estava juntos em uma espécie de relacionamento não explicado.

- Não tem nada acontecendo, eu amo meu trabalho e meu castelo me é muito precioso, mas eu também preciso e mereço descanso. – colocou o leite no copo e pegou os biscoitos –

- Olivier, você pode enganar todo mundo, menos eu e a Georgi... Tem coisa acontecendo sim, mas se não quer contar, paciência. – disse suspirando – Qual é a das caixas? Vai se mudar?

- Biscoitos? – ofereceu ao casal que negou – Vou para um apartamento maior, eu e Miles decidimos morar juntos quando ele voltar, por mim não me mudava, mas ele quer ajudar a comprar o apartamento também... Vou vender esse e pagar minha parte com o dinheiro.

- Uou... Quanta mudança, você chutou cada infeliz com quem se envolveu a vida toda, sempre encheu a boca falando que não se casaria e agora tá ai quase casada. – kaike riu – Eu pagaria para ver a cara dos seus pais quando descobrirem que a filhinha rebelde finalmente tomou juízo.

- Kaike, você sabe que apanha de mim e que eu não tenho medo de te bater... E quem falou em casamento? Eu não vou casar!

- Oficialmente não, mas morou junto é casado. – falou Georgina – E por favor, Kike, não irrite a Olivier, eu pretendo ficar grávida e preciso de você até lá, provoque sua morte depois de fazer o serviço.

Olivier arregalou os grandes olhos azuis e quase cuspiu o leite que estava dentro de sua boca. Ela realmente tinha ouvido o que tinha achado ter ouvido? Kaike e Georgina viviam no mesmo prédio, mas em apartamentos separados, às vezes ficavam quase meses sem ter tempo um para o outro devido suas carreiras, sem contar que tinham um relacionamento quase aberto... Como assim teriam um filho?

- Nani? Vocês vão casar e normalizar a situação de vocês?? – disse meio incrédula –

- Normal? – Georgina falou – Seu relacionamento também não é exatamente convencional e a gente não fica te falando que você é anormal, até porque todos sabemos disso... – a ruiva riu – E vamos ter um bebê sim, eu já tenho 35 anos, logo não seria mais viável engravidar, seria perigoso para mim e para o feto, o Kaike também acha que é hora de ter um filho. Não vamos casar nem nada, só vamos ter um filho juntos.

- Só ter um filho? – perguntou levantando uma das sobrancelhas –

- Não olhe a gente assim, loira, sabemos que não é brincadeira, só decidimos fazer isso de uma maneira não tão convencional. Tipo, se um dia não tivermos mais nada, sabemos que poderemos manter uma boa relação para cuidar dessa criança, temos pensamentos bem parecidos sobre o assunto...

- Eu e o Kaike somos meio maluquinhos, mas a gente se gosta muito e eu não poderia ter um filho com qualquer um. Se for para ter que seja com ele, temos uma vida de histórias juntos e uma amizade além de qualquer relação homem-mulher.

- Nossa... Isso é estranho. Vocês dois com uma criança para criar, eu pago para ver. – Olivier riu –

- E você vai pagar, vai ser madrinha e não aceito recusa da minha melhor amiga! Mas e você, vai morar junto... Não pensa em ter um bebezinho, Olie?

- Pare de me chamar assim! – resmungou –

- Não vai responder, loira? – perguntou o loiro zombeteiro –

- Eu? Tendo um filho? – a mulher gargalhou – Realmente, seria uma coisa digna de estudo para revistas científicas! Eu não tenho essa coisa de ter um bebê nos braços.

- Ah qual é? Você é durona e a rainha do gelo, mas não é como se já tivesse pensado nisso antes! Não pode falar que não quer isso já que nunca pensou no assunto...

- E vocês me imaginam com um filho? Acham que eu poderia ser mãe? – perguntou os olhando nos olhos –

- Você não é nenhuma maluca de pedra ou tem alguma doença, por que não? Tem ovários e um útero, só precisa deixar a natureza fazer seu trabalho. – a ruiva riu – Mas falando sério, não pensa nisso, Olie? Sei lá, pelo que falou e já notamos do Thomas-san ele é um cara todo certinho, casou cedo, teve filha... Ele parece o tipo de cara que quer uma família completa.

- Ele já tem uma filha e nunca falamos sobre isso... Afinal, estamos juntos a quase dez anos e essa ultima década não foi exatamente a mais calma.

- E se ele te pedisse um filho agora? – indagou Kaike –

- Sei lá, ele não me pediria algo assim... Não sei responder isso! Sei lá... Não é porque vocês resolveram dar a luz que todo mundo tem que pensar nisso agora!

Disse levemente irritada.

- Hn... Tá bom, não precisa ficar chata, eu só andei pensando... Os anos são cruéis com as mulheres, se deixar isso muito para lá vai chegar uma hora que não vai dar mais.

Olivier suspirou e sorriu para a velha amiga de infância.

- Eu prometo pensar nisso qualquer hora, mas não espere demais... Eu não acho que sirvo para isso.

- Todo mundo consegue, só precisa de um pouco de esforço e boa vontade, do resto a natureza cuida... Pelo menos é o que eu acho! – deu os ombros – Então, vamos fazer compras de Natal? Eu quero uma torta feita por ti, Olie!

- Para de me chamar de Olie! – disse mordendo os dentes e lançando um olhar assassino – Eu não cozinho!

- Oh claro, conta outra... Você finge para sua família inteira que coloca fogo na cozinha, mas EU sei que aquelas aulas de economia doméstica não foram perdidas apesar de você as odiar! Vai Olie, eu estou quase grávida, não seja má...

A ruiva fez biquinho arrancando risadas de Kaike, aquelas duas eram uma comédia e tanto.

- Ninguém está quase grávida. Ou se está, ou não.

- Se o Kaike trabalhou direitinho, daqui alguns meses eu terei um bebê! – ela gargalhou espalhafatosa –

- Nós dois temos 35, mas é só para você que faz diferença na hora de procriar, Georgi.

- E eu lá sou uma vaca para procriar, seu idiota, me respeita! Eu vou te dar um filho! – ela fez cara de raiva fingida –

- Eu sei, maluca, eu te amo, você sabe disso! – ele deu um beijo na testa dela –

- Fala que eu vou procriar de novo que eu quebro esse seu narizinho de moça! – ela riu e se levantou –

- Vou me trocar. – Olivier se levantou – Tentem não se matar na minha sala, eu quero vender esse apartamento por um bom preço e assassinato não ajuda.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Meus amores, desculpe a demora, juro que não foi intencional, mas tentem compreender, os caps dessa fic tem sempre pelo menos dez páginas do word, então, dá um trabalho escrevê-los e corrigi-los, até porque essa autora não tem um Beta...
Enfim, espero que gostem e que comente, pois eu não posso saber o que estão achando se não me contarem!!
u.u
PS: Entrem para a campanha, review por capítulo, assim todos nós ficamos felizes! *-*
Kiss kiiss
~puuuuuuuuuuuuuuu