-Ta bom. – ele se levantou, sorriu, e passou sua mão por cima da minha, e foi à fila do cinema. Sorrindo sem parar, me levantei e fui a fila da pipoca enquanto ele comprava os ingressos. Ele comprou primeiro que eu, então me encontrou na fila.

            -Você tem dinheiro? Ou quer que eu pague?

            -Eu pago. Você já comprou os ingressos.

            -Ta. – Ele disse dando de ombros.

            Comprei as pipocas e fomos para a sala de cinema.

            Depois do filme, saímos e fomos caminhando pelo shopping até a saída.- Acho que vai chover. É melhor irmos embora. – Ele disse

            -É também acho. Então... Tchau.

            -É... Eu estava precisando de uma matéria de português, será que podia me emprestar? Já que provavelmente você não vai para a escola amanhã.

            Eu sabia que não tínhamos aula de português juntos, e provavelmente não estávamos aprendendo a mesma coisa. Eu poderia dizer isso à ele, mas percebi que isso tudo era uma desculpa e disse:

            -Claro, te empresto sim. –Fomos para o ônibus e ficamos escutando música no celular dele pelo fone de ouvido, o caminho todo. Chegamos à minha casa.

            -Quer entrar ou vai esperar aqui?

            -Eu espero aqui. – Disse ele sutilmente.

            -Ok. – E entrei.

            -Quem ta na porta? – perguntou minha mãe

            -O Johnny Mãe. Ele veio pegar um caderno emprestado.

            -Vocês estão na mesma sala?

            -Não. – E subo para o meu quarto. E quando desço encontro minha mãe e Johnny batendo papo na sala. Pigarreio

            -O caderno. – Digo entregando à ele.

            -Valeu Tiffy. Tchau Dona Ângela.

            -Por favor, só Ângela.

            -Ah, claro. Tchau Ângela. – e fomos até a porta

            -Tchau Tiffany. Sua mãe é hilária. – e ele se foi. Entro furiosa na sala.

            -O que foi que você disse pra ele?

            -Nada filha, só estávamos conversando, por que?

            -Mãe, você não conhece ele. Se você disse qualquer coisa ao meu respeito, já me avisa que eu nunca mais apareço na escola.

            -Por que filha? Ele é fofoqueiro?

            -Não mãe, ele adora me ferrar mesmo.

            -Ué? Então por que é que você fala com ele.

            -Você não entenderia. –Ela olhou como se acabasse de ter tido uma ideia.

            -Ah! Ele é o Johnny que estudou com você no fundamental. Você gosta dele.

            -Claro que não mãe, fica quieta. Até parece. Ele é muito estúpido.

            -Claro que gosta. Vou falar pro seu pai que você fica saindo com esse garoto e você ta apaixonada por ele. – Ela disse rindo – Vou contar, vou contar.

            -MÃE!

            -Vou contar, vou contar, vou contar!

            -Ah! Você é muito irritante para com isso!

            -Vou contar! – Ela realmente conseguia me irritar como ninguém

            -Ah da licença vai. – E subi me trancando no quarto. Olhei para os meus braços, não estavam mais machucados. Havia só cicatrizes bem feias. Elas coçavam, e coçavam muito. De repente comecei a me sentir agoniada, ansiosa, angustiada, não havia razões para isso. Eu comecei a ficar inquieta, e olhei para dentro do banheiro vendo o reflexo da lamina, que estava na minha pia, brilhar.