Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 15
Capítulo 14 - Círculos opostos




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Eu estava com Jules e os padres resolvendo os preparativos pra viagem à Israel. Independente do que tinha acontecido, nós precisávamos continuar. As peças da Igreja que vendemos no mercado negro nos renderam um bom dinheiro, então decidimos repartir um bom punhado para cada um dos grupos de trabalho. Calabriel e os outros iriam se dividir em grupos para lutar nos lugares mais afetados pelas aparições demoníacas e Jules, eu e Miguel – este estava indefinido ainda – partiríamos em poucas horas para tentar desvendar o que o profeta Enoque deixou.

Os guerreiros estavam se preparando para partir e eu fiz uma nota mental de comprar algumas roupas no caminho para o aeroporto. Jules estava com Calabriel discutindo algumas teorias sobre a possível porta que foi aberta, mas eles estavam tão cegos quanto eu.

- Bom, eu não sei se é uma boa idéia levar Miguel com vocês, ele ainda está muito ferido pra isso. – Calabriel disse a Jules, quando tocaram no assunto.

- Eu não vou viajar com vocês.

Olhamos pra trás. Miguel estava parado encostado na soleira da porta. As calças escuras manchadas de sangue, o peito nu enfaixado, expondo o corpo perfeito. A voz que sempre foi tão altiva e forte, demonstrava uma dor disfarçada. Mas seus olhos dourados, estavam mais determinados que nunca.

Todos o encaramos. Mesmo debilitado, ele impunha um respeito imenso.

- Vou atrás de Melanie. Jules, você e Harper vão à Israel, tentar desvendar alguma coisa. Os outros mantenham seus cursos.

Silêncio. Miguel se virou e foi até a cadeira, onde estava seu sobretudo negro. Com dificuldade, ele o vestiu e vi a atadura branca ficar avermelhada no centro do peito, onde havia o ferimento. Ele não se abalou, apenas andou na direção de Jules e disse:

- Preciso de dinheiro.

...

As mãos grandes e habilidosas de Lucius percorriam meu corpo com urgência. Seu toque me instigava a querer cada vez mais. Era meio bruto e selvagem, mas era exatamente o que meu desejo pedia.

Ele me jogou sobre a cama de cetim macio na cor marfim e vi seus olhos vermelhos cintilando. Eu não sabia o que fazer ou o que pensar, eu só agia. Era como se uma força além de mim estivesse me guiando, a mesma força incontrolável que me atraía pra ele.

Os beijos cada vez mais famintos se misturavam às carícias ousadas e sem pudores que ele me fazia. Rapidamente, ele retirou minha blusa, sem parar de me beijar, e eu o despi também. O fogo que queimava em mim era inexplicavelmente forte, me consumia rapidamente e eu sentia como se apenas os toques e beijos dele pudessem apagar essa ardência latejante.

Quando estávamos completamente nus, senti o peso de seu corpo forte e musculoso sobre o meu. Era quente e duro e ansiava por mim. Lucius prendeu minhas mãos sobre a cabeça e começou um caminho perigoso de mordidas sobre a sensível pele do meu pescoço, que se arrepiava a cada toque seu.

Eu não sabia quem eu era, ou o que eu estava fazendo. Apenas meu corpo agia e se deixava levar por essa onda avassaladora.

- Eu quero você... – Lucius sussurrou em meu ouvido, enquanto eu sentia uma investida de sua masculinidade contra mim.

Gemi, sentindo a agonia luxuriante da antecipação.

- De corpo e alma, eu quero você...

A voz rouca em meu ouvido me desnorteou. Eu o queria também, meu corpo gritava desesperado por ele. Naquele momento eu não era ninguém, não era anjo, humana ou qualquer outra coisa. Eu apenas era a outra metade de um ímã. Não havia certo e errado, luz e trevas, ontem e amanhã. Só o que existia era a minha necessidade de saciá-lo de todas as maneiras, a minha vontade insana e desesperada de me unir a escuridão que era Lucius.

Senti uma dor forte e ao mesmo tempo, deliciosa, quando ele me invadiu de maneira selvagem, e gritei. Lucius me encarou nos olhos, sorrindo, extasiado. Instantaneamente, um lampejo de arrependimento cruzou meu peito e senti um pesar que não cabia em mim. Naquele ínfimo momento, que não durou uma batida de coração, me veio uma imagem, uma imagem linda: um par de belos olhos dourados e benevolentes.

...

Pedi para que todos me deixassem a sós. Os bancos do salão principal da igreja estavam afastados. Minhas roupas, inclusive ataduras, estavam em um dos bancos. Sentia o sangue escorrer do peito, da feriada ainda recente. Mas nenhuma dor era importante pra mim.

Convoquei minha Gladius e com ela, fiz um círculo no chão, riscando o piso. Iniciei os intrincados símbolos sagrados, dispostos na posição e quantidade certas, enquanto entoava as palavras na língua antiga. Eu sabia dos riscos de se fazer isso, mas Melanie era a única coisa que me importava.

Então ele surgiu. Uma luz branca tão forte e quente, que me fez fechar os olhos. Ajoelhei-me, diante de sua presença.

- Miguel, meu filho – ele dizia na língua antiga, diretamente em meu coração – Por que me chamas?

- Preciso de ajuda, meu Senhor. Peço perdão por meu chamado inoportuno, mas meu coração está desesperado.

- Vejo isso em você, mas não posso dar o que me pedes, filho.

- Senhor?...

- O respeito ao Livre Arbítrio deve ser mantido. Sinto sua dor e me compadeço de ti, mas Melanie escolheu seu próprio caminho.

- Senhor, ela não sabe o que faz, é pura, não sabe controlar o chamado de sua alma.

- Siga firme, Miguel, Àquele como Deus, O Pai sempre estará ao seu lado.

Senti o calor de sua divina presença ir embora e deixei meu corpo cair. Minhas esperanças estavam se esgotando a cada minuto. Agora, eu não fazia idéia de como encontra-la, nem mesmo sabia se ainda estava viva. O mundo estava um caos, o destino das almas humanas estava em jogo e eu estava perdido, me sentindo completamente impotente. Eu já sabia que minha prioridade havia mudado inconscientemente desde o momento em que a conheci, agora, eu tinha plena certeza disso.

Tomei a decisão. Se o filho de Deus não pode me ajudar a encontra-la, então eu teria que recorrer a outros meios pra isso. Certo, errado, livre arbítrio... nada disso fazia mais sentido pra mim, pois tudo o que eu queria era ter a certeza de que Melanie estava bem.

Levantei devagar, o peito ainda doía pelo ferimento. Novamente com minha Gladius em punho, comecei a refazer o círculo sagrado, acrescentando o sinal de Lúcifer em cada símbolo que fiz no chão. Meu círculo agora não invocaria mais a luz.

Senti um vento gelado como a morte surgir devagar, rodeando o círculo, ao meu chamado. Eu sabia que as trevas atendiam a qualquer um, não importando quem fosse, contanto que recebesse o pagamento devido. Demônios geralmente sacrificavam humanos pra tal. Eu não faria isso, mas teria que oferecer algo bem valioso em troca da informação e só uma coisa seria capaz de satisfazer as trevas além do sangue humano.

Entoando as palavras na língua antiga, ofereci meu sangue à força que me rodeava. Fiz um corte profundo no pulso esquerdo e deixei meu próprio sangue preencher o círculo.

- Encontre Melanie, agora. – ordenei enquanto fechava os olhos, concentrando-me nela, e sentia o sangue escorrer de meu braço.

Imediatamente, o vento gélido se agitou ao meu redor e senti a euforia que meu sangue lhe proporcionava. Eu sabia que meu pedido seria atendido e não me importava o quanto eu teria que sangrar.


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Notas finais do capítulo

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