Em Busca da Musa Perdida escrita por lpersonal


Capítulo 6
Eu preparo Cup Noodles


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas cheguei! Falo com vocês lá embaixo.



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- Alguma ideia de por onde começar? – perguntou Percy.

- Bem, - começou Annabeth – a profecia diz para seguirmos ao sul...

- Nova Orleans! – eu falei, de repente.

- O quê?

- É a capital do jazz, não é? E ouvi dizer que há lugares dedicados às musas. Acho que é um bom lugar pra começar a começar a procurar.

- Tem razão – Annabeth concordou – então temos que ver como chegar lá.

- Será que o Acampamento não pode arcar com as despesas? Talvez algumas passagens de avião resolvam.

- Hum, acho melhor não – disse Percy.

- Por que não? Qual é o problema?

- Zeus é o problema. Eu sou o filho do deus do mar, e de um jeito que eu não posso entender uma ameaça a ele. Entrando em seu território ele não perderia a chance de me transformar em churrasquinho de alga.

- Entendi. Então, nada de avião?

- Nada de avião.

- Nós vamos ter um longo caminho pela frente...

Compramos três passagens de ônibus em Nova York, que nos levaria até Ohio. Talvez não ficássemos nele nem até a metade do caminho, disse Annabeth, mas tínhamos que começar de algum jeito.

Eu me sentei no meio do ônibus, encostada na janela, enquanto Percy e Annabeth ocuparam os dois bancos da frente. Eu adoraria tirar nem que fosse um cochilo, mas ao meu lado sentou uma senhora usando uma roupa colorida e um chapéu de tricô, além de um perfume horrível, e não parava de falar no seu cachorro.

Ou eram gatos, eu não sei direito. Aí ela se levantou para ir ao banheiro (não sem antes distribuir balas de alga marinha), e eu me debrucei sobre os assentos da frente.

- Alguém quer trocar de lugar comigo? Ou me matar, tanto faz... Percy, você não vai realmente comer isso, vai? – indaguei quando o vi abrir a embalagem do doce.

- O quê? Qual o problema?

- A minha mãe me ensinou que não se deve aceitar doce de estranhos. Ainda mais se o estranho possivelmente for um monstro. A sua não?

- Na verdade a minha mãe está envolvida na máfia dos doces, ela trabalha na Grand Central Station. E aquela velhinha não me parece uma ameaça, a não ser que ela seja a deusa do tédio.

- Que seja – bufei. – Annabeth, sabe onde estamos?

Annabeth tinha virado uma espécie de GPS, prestava atenção em todas as placas, apesar de ler um livro de arquitetura, que tinha levado pra “se distrair”.

- Quase chegando à Pensilvânia. Aí vamos poder fazer uma parada e você vai poder se desintoxicar desse cheiro de... ração de gato sabor naftalina?

Justo quando estava ficando divertido falar mal da pobre velhinha, ela voltou e se sentou ao meu lado outra vez. Um homem com um uniforme azul-marinho, que eu deduzi ser um cobrador ou algo do tipo, passou conferindo os bilhetes dos passageiros, e ao pegar o meu, sorriu de um jeito sinistro.

- O que acham dele? – sussurrei depois que ele havia se afastado.

- O que tem ele? – perguntou Annabeth.

- Eu não sei. Só me senti esquisita quando ele chegou perto. Acho melhor ficarmos de olho.

Três horas de viagem. Pode não parecer muito, mas quando se é um meio-sangue é mais que uma tortura. Todo aquele negócio de hiperatividade não é brincadeira, eu não fui feita pra ficar tanto tempo parada. Quando o ônibus finalmente parou eu saí quase atropelando quem estava na frente, mas parei assim que percebi que meu iPod não estava no bolso da calça.

- Droga! Tenho que voltar lá.

- Nós vamos com você.

- Não precisa. Só vou buscar meu iPod, deve ter caído no banco. Volto rápido.

Subi encontrando o ônibus vazio, peguei o iPod que tinha mesmo caído no banco e me virei pra sair, mas parei quando vi o cara de uniforme parado perto de onde eu estava, e um arrepio percorreu minha espinha.

- Oi, eu só vim pegar... Já estou saindo, com licença...

- Acho que não, gracinha – ele respondeu com uma voz que parecia um grunhido, e eu percebi que seus dentes eram afiados como facas. Tentei correr, mas ele me agarrou pelo pescoço e me ergueu do chão. Eu tentei lutar, me debati, e tentei soltar sua mão, que me sufocava.

- Mas o que... – ele falou. Senti minha pele esquentar como se estivesse com febre, e fui arremessada contra a parede do ônibus.

Enquanto eu tossia, tentando respirar de novo, o homem se aproximou devagar, mas soltou um tipo de rugido e parou, tentando alcançar algo nas costas. Quando conseguiu, vi que era um tipo de adaga. Ele se voltou na direção que a adaga veio, e vi a senhora que estava sentada ao meu lado. Quer dizer, ela não era mais a velhinha que cheirava a naftalina, mas sim uma mulher jovem vestida com uma armadura e que segurava mais adagas, que jogou, acertando no peito do cara, que eu percebi agora ter cicatrizes profundas no rosto. Isso não pareceu machucá-lo, só irritar mais um pouco. Ele retirou a adaga, jogando-a no chão, e partiu pra cima da mulher. Os dois se atracaram, e ela tinha um força impressionante, porque o homem quase não conseguiu imobilizá-la, e mesmo quando conseguiu, teve que fazer um tremendo esforço pra continuar segurando.

Isso durou poucos segundos, e eu me levantei pra reagir. Coloquei a mão direita nas costas e puxei uma flecha da aljava que apareceu ali magicamente e a encaixei no arco.

- Ei, feioso! – gritei pra chamar a atenção dele, e disparei a flecha quando ele olhou, desintegrando-o imediatamente. Olhei para a mulher enquanto ela se levantava.

- Tudo bem? – ela assentiu. – O que era aquilo? – perguntei, mas quando me virei, não havia mais ninguém lá.

Nem apareceu pelo resto da viagem. Quando contei para Percy e Annabeth o que aconteceu, eles também não souberam dizer o que era, mas Annabeth tinha uma ideia de quem a mulher poderia ser, pude ver pela expressão em seu rosto quando a descrevi, mas não quis me dizer nada.

Até Ohio seriam mais cinco horas de estrada, e agora eu não me sentia mais tão confortável em não ter alguém ao meu lado. Eu tinha muitas perguntas, e muitas delas ficariam sem resposta por muito tempo, mas uma delas eu poderia obter agora. Percy se levantou e eu logo deslizei para o lado de Annabeth.

- É possível que você esteja pensando o mesmo que eu?

- Talvez.

- Ela é uma Amazona, não é? Eu já ouvi falar delas, mas achei que tivessem sumido há muito tempo atrás.

- E é verdade. Mas é possível que essa que salvou você tenha ganhado o direito de se tornar imortal. E para isso ela devia ser muito importante.

- E você já sabe quem é...

- Hipólita, a rainha Amazona.

- De quem o Hércules roubou o cinturão?
- Exatamente. Mas o que mais me intriga é o porquê dela estar disfarçada aqui...

- A gente tem que dar o fora daqui – Percy falou, alarmado.

- O que foi? – perguntei.

- Fumaça. Saindo de debaixo do ônibus. E onde tem fumaça...

- Tem fogo.

- Fogo grego?! – exclamou Annabeth. – Temos que tirar todo mundo daqui!

- Mas como?

- Pensa bem, como fazer um local ser esvaziado rapidamente nos Estados Unidos?

- Bomba! Tem uma bomba no ônibus!

Foi preciso a maior encenação pra convencer o motorista de que não era uma brincadeira, e ele parou o ônibus no acostamento e quis checar o que estava acontecendo, e pediu que os passageiros não entrassem em pânico. Mas eles começaram a correr e fizemos eles ficarem a uma distância considerável, porque podia explodir o mundo, mas ninguém ia querer deixar de ver.

Mas o motorista era teimoso e não queria sair de perto.

- Não temos tempo pra isso... – Percy sussurrou perto de mim enquanto eu tentava convencer o homem a sair de perto.

Ele se abaixou e olhou embaixo do ônibus.

- Mas que diabos... – murmurou, e eu só tive tempo de puxá-lo pelo braço com toda a minha força quando tudo explodiu e nós dois fomos pelos ares.

Eu me levantei tossindo enquanto alguns destroços queimando com a chama verde ainda caíam.

- Vem, vamos sair daqui antes que comecem a fazer perguntas – disse Annabeth, e nós fomos.

- Vai ficar tudo bem? Quer dizer, o fogo não vai se espalhar?

- Eu falei pra eles chamarem os bombeiros e saírem de lá. Eles vão se virar – disse Percy, e continuamos andando. A minha preocupação era que os bombeiros não dessem conta de apagar o fogo, já que fogo grego queima mesmo na água. Mas de qualquer jeito, não havia nada que nós pudéssemos fazer.

O local da explosão não ficava muito longe de uma cidade pequena, quase vazia. Descobrimos que ela era apenas uma parada para trens de carga, e os poucos habitantes eram os funcionários. Essa informação foi realmente muito útil. Esperamos anoitecer e deslizamos para dentro de um vagão aberto de trem que já estava saindo.

- Eu estou faminta, e vocês? – eu fui a primeira a reclamar quando nos ajustamos no vagão. E não estava nem aí, a última refeição decente que tinha tido acontecera no dia anterior, no almoço.

- Bem, eu também. Quem preparou a sua mochila? – perguntou Percy.

- Michael. Ele me garantiu que saberia melhor o que colocar... – parei de falar ao tirar um pote de Cup Noodles da mochila. – Cup Noodles? Cup Noodles? O que ele tava pensando, que eu ia acampar? Com tanta coisa no mundo e ele me manda Cup Noodles? Eu vou matar aquele garoto!

- Hm, Kate?

- O que?

- Olha pra água!

Eu baixei os olhos para o pote em minha mão e notei que a água estava borbulhando.

- A água tá... fervendo?

- A sua pele esquentou enquanto você estava com raiva – explicou Annabeth, colocando a mão na minha testa pra medir a temperatura, e tirando rapidamente.

- Isso é muito legal – disse Percy, pegando o macarrão da minha mão.

- Ah, é. Ei gente, alguém precisa assar biscoitos? Eu posso ajudar!

Consegui fazer mais dois potes de macarrão, pensando que qualquer hora tentaria controlar a temperatura do meu corpo. Annabeth achou alguns Oreos na mochila dela, e depois de fazer uma refeição que não chegou nem perto de decente, Percy se ofereceu pra ficar de guarda no primeiro turno. Eu não protestei, e dormi rapidamente embalada pelo ritmo do trem.


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Notas finais do capítulo

Eu até entendo se alguém quiser me bater por ter demorado tanto pra atualizar, mas eu fiquei empacada na metade desse capítulo, e realmente precisei de bastante tempo pra colocar tudo o que eu queria em palavras -q
Enfim, as reviews de vocês são muito importantes pra mim, quando eu recebo um email dizendo que "Em Busca da Musa Perdida" recebeu uma nova review, eu começo a correr em círculos LOL

/love, Lizzie