Em Busca da Musa Perdida escrita por lpersonal


Capítulo 5
Uma múmia me diz pra onde ir




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- Oi – eu falei quando cheguei à arena de esgrima, terminando de prender a armadura. John estava de costas, e quando virou e me viu, sorriu.
- Achei que você não viesse mais. Sabe, depois de ontem.
Eu ri.
- Para com isso, aquilo foi só um golpe de sorte.
- Sei. Pronta?
Não precisou perguntar duas vezes. Ataquei, e ele se desviou, contra-atacando. Interceptei seu golpe e girei o corpo pra diminuir o impacto.
- John? – ele fez um barulho com a boca para indicar que estava ouvindo. - Você acha que eu estou pronta?
- Pronta pra quê? – perguntou, parando.
- Pra sair em uma missão – tomei coragem e falei assim, na lata. Achei que ele fosse se engasgar ou começar a rir de mim, mas ele ficou calado, mudando sua expressão para uma cara mais concentrada, como se me analisasse.
- Você tem algo em mente?
- Não, só tive um pressentimento, acho que alguém poderia precisar de mim a qualquer hora.
Ele girou a espada e me atacou novamente, e eu pulei pro lado, e quando as espadas se tocaram de novo eu senti uma dor no pulso, e a força que John exercia fez eu soltar a minha, um erro fatal, e ele apontou sua espada pro meu pescoço.
Eu não me movi, ofegante, e então percebi que estávamos tão próximos que conseguia ver todos os poros de seu rosto, e que uma gota de suor escorria de seu cabelo loiro.
- Ei dupla dinâmica! – Clarisse apareceu na arena e nós nos afastamos rápido. – Quíron quer todo mundo reunido no pavilhão.

Saímos os três em direção ao pavilhão, onde fomos os últimos a chegar. Clarisse me empurrou, me deixando à frente de todos. Todo mundo ficou em silêncio e Quíron começou.
- Bom, já que estamos todos aqui, então eu posso começar dizendo que há uma missão em aberto. – Um burburinho de excitação percorreu os campistas. – Mas, desta vez, alguém em especial foi requisitado para ela – e nessa parte todo mundo prendeu a respiração. Eu poderia ter achado graça, se aquela sensação esquisita não tivesse aparecido de novo – Katherine Anderson.
- Uh-oh.

E foi tudo o que eu consegui dizer enquanto meu estômago parecia estar em queda livre, e a minha pele formigava, porque todo mundo olhava pra mim.
- Katherine, Calíope está desaparecida, e o seu pai quer a sua ajuda para encontrá-la.
- Hã... ok.
- Você aceita a missão?
Olhei para John agora, a pergunta feita mais cedo ainda não tinha sido respondida, mas ele acenava com a cabeça, concordando.
- E-eu – pigarreei – aceito.
- Muito bem, - Quíron continuou – agora você precisa ir consultar o Oráculo para se guiar, e depois voltar para escolher quem irá acompanhá-la. Estaremos esperando aqui.
Me virei pra sair dali e todos que estavam juntos atrás de mim saíram do caminho. Caminhei em direção à Casa Grande e respirei fundo antes de subir as escadas que levavam ao sótão. Entrei e logo senti uma lufada de ar com cheiro de mofo.
Segundo me disseram, o espírito do Oráculo habitava uma múmia, a múmia de sua última hospedeira, mas fiquei um tempo olhando pra ela e nada aconteceu. Como não achei nenhum interruptor mágico ou um lugar de “deposite aqui 50¢”, eu resolvi esperar o espírito acordar.
Enquanto isso fiquei olhando alguns “souvenires” deixados ali por heróis, e encontrei várias coisas interessantes, e outras bem esquisitas, trazidas de missões. Me distraí com um escudo, e mal percebi que a sala tinha ficado iluminada por uma luz esverdeada, olhei para trás e vi que os olhos da múmia estavam acesos.

Caminhei de volta ao pavilhão, todos estavam reunidos em volta da fogueira, e pararam de conversar quando me viram chegar.
- E então? – perguntou Quíron.
Respirei fundo e repeti o que tinha acabado de ouvir:

“Três ao sul devem seguir
E as nove musas reunir
Com a rainha espectral devem ter cuidado
E um poderá ser aprisionado
Mas com sabedoria devem trabalhar
E assim, mais de uma vida irão salvar”


Houve um silêncio tenso, e eu resolvi falar.

- Olha, eu não sou muito boa em interpretar textos comuns, e muito menos profecias, mas eu já sei quem deve me acompanhar. É só um pressentimento, mas sei que devo estar certa. Annabeth, Percy, vou precisar da ajuda de vocês. Posso contar com isso? – os dois se entreolharam e assentiram, e por pouco tempo parecia que eu poderia respirar aliviada.

Os amigos que eu tinha feito no pouco tempo passado no acampamento vieram se despedir na manhã seguinte, e me desejar sorte também. Afinal, queriam que eu voltasse viva pra contar a história.
Abracei Ellie e ela caiu no choro.
- Ei, calma! Eu vou voltar, ok?
- Promete?
Eu balancei a cabeça e sorri em resposta, tentando passar uma confiança que nem eu mesma tinha.
- Tenho certeza que vai – John apareceu. – Tome, isso é pra você. – Ele me estendeu um anel de bronze com um brilhante minúsculo incrustado nele.
Olhei para ele confusa, que me mostrou o que realmente era.
- Lembra da espada que te serviu perfeitamente? Essa daqui é igual, mas bem mais simples de carregar. – John girou o brilhante para a palma da minha mão e me disse para apertá-lo. Quando o fiz, vi que agora segurava uma espada de bronze celestial. Mas esta era diferente, e tinha uma palavra gravada em grego.
- Liakáda? – perguntei.
- Quer dizer “raio de sol”. Achei que combinaria com você. – Eu fiquei sem fala e acabei abraçando-o mesmo. Alguém pigarreou e eu o soltei, corando. – Então... Boa sorte.
- Obrigada.
- E tente voltar inteira! – alguém disse lá atrás.
- Pode deixar – falei, sorrindo.
- Pronta? – Percy perguntou quando cheguei ao alto da colina, onde ele e Annabeth estavam me esperando. Acenei com a cabeça, respirando fundo. – Com medo?
- Um pouco, é.
- Mas é um medo bom, não é?
- Hã... claro! Quando o medo não é bom?
- Ah, vamos lá “raio de sol”! – provocou ele.
- Ah, cala a boca.


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Notas finais do capítulo

Não riam, ok?
Eu tinha que dar um nome pra espada, e foi a única coisa que veio na minha cabeça.
“Liakáda” é realmente a palavra grega pra “sunshine”, que quer dizer raio de sol, luz do sol, etc.
MAS, fiquei orgulhosa de mim mesma por ter conseguido escrever essa profecia, que me custou dois dias, mesmo com um dicionário de rimas. Falando na profecia, e aí, o que acharam?
E obrigada aos meninos do chat da Colina Meio-Sangue pela ideia do anel, vocês são demais!

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