Em Busca da Musa Perdida escrita por lpersonal


Capítulo 2
A mágica começa agora




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- Ela tá acordando!
- Fica quieto Cabeça de Alga! Com você gritando desse jeito é capaz de acordar os mortos também!
Recobrei a consciência aos poucos, e abrindo um pouco os olhos, pude ver uma garota loira, de olhos cinzentos que me olhava como se eu fosse algum objeto estranho.
- Percy? – chamei ao vê-lo ao lado da cama onde eu estava.
- Você está bem? – perguntou ele.
- Eu acho que sim... O que aconteceu afinal? E que lugar é esse?
- Ela ainda está um pouco confusa. Tome, beba um pouco mais disso aqui – disse a garota, me entregando um copo com um canudo. Era uma bebida maravilhosa, e tinha gosto dos biscoitos que a minha mãe costumava fazer, na hora do chá.
- Isso é bom... O que era?
- Néctar.
- Hã?
- Néctar dos deuses – respondeu a menina, como se fosse a coisa mais normal a se dizer.
- Ok... Será que vocês podem me explicar?
- Esse é o Acampamento Meio-Sangue.
- Você caiu desacordada quando bateu na árvore, lembra? O Percy trouxe você aqui pra dentro, há alguns dias.
- Dias?! Quantos?
- Uns três – respondeu ela calmamente.
- Três dias?! Olha me desculpem, eu adoraria ficar, mas eu tenho que ir, eu...
- Você não pode ir – disse a menina, quando eu coloquei os pés pra fora da cama.
- O quê? Claro que posso! Eu...
- Opa, vai com calma! – disse Percy, me segurando pelos braços quando eu não consegui me por de pé.
- Não, você não pode. Você precisa ficar aqui. Caso contrário, será caçada e morta.
- Caçada pelo quê exatamente?
- Você viu do que se salvou: uma das Benevolentes, e um cão infernal. Ele era só um filhote, mas mesmo assim, você teve sorte.

E então eles voltaram durante a tarde, quando eu já estava forte o suficiente pra dar uma volta, e me levaram pra conhecer o Acampamento.
Tinha doze chalés posicionados em forma de U, alguns deles tinham alguns campistas em volta, mas outros estavam completamente vazios.
- É aqui que você fica: chalé 11, de Hermes.
- Por quê?
- Bom, ele é o deus dos viajantes, então acolhe todos que chegam e não foram reclamados ainda.
- Então vocês não têm mesmo idéia de quem seja meu pai, né? – os dois sacudiram a cabeça, e não posso negar que eu fiquei um pouco desapontada.

Quase um mês se passou, e ainda nada. O chalé de Hermes estava ficando quase insuportável pra mim, por algum motivo eu me sentia sufocada. Acho que um deles é que aquele lugar não foi feito pra suportar tanta gente. Não havia beliches suficientes, então eu e muitos dos campistas dormíamos em sacos de dormir, que não eram nada confortáveis.
Os Stoll me tratavam quase como uma irmã mais nova, talvez por que foram com a minha cara, porque eu não os via sendo legais com muitas outras pessoas, e me passavam um pouco do seu “conhecimento”, e um pouco dos itens que eles pegavam na loja do Acampamento.
Mas eu morria de medo de me tornar uma daquelas crianças que nunca é reclamada, como algumas q1ue eu via por lá. Elas não pareciam muito amigáveis. Ou felizes.
Quer dizer, será que é tão difícil para o meu pai, seja quem for, tirar cinco minutos do seu precioso tempo eterno pra me dar um sinal? Mas mesmo assim eu nunca perdia as esperanças, e na hora das refeições, quando fazíamos as oferendas, sempre rezava, pra ninguém em especial, para acabar logo com isso.
Ellie e eu às vezes nos sentávamos juntas e no meio da conversa o assunto surgia. Pena que eu não poderia ser sua irmã, ela é filha de Afrodite.
- Você não pode ser filha de nenhum dos três grandes, sabe, por causa do juramento e tudo o mais. E podemos descartar as deusas femininas, então sobram cinco: Ares, Hermes, Hefesto, Apolo e Dioniso. Em quem você aposta? – ela riu quando viu a careta que acabei fazendo involuntariamente.
- É só que eu não consigo me ver trabalhando nas forjas, você consegue?

Percy também estava por perto às vezes, e me dava algumas aulas de esgrima, de onde eu sempre saía com um corte ou um hematoma. Mas nada que não sarasse em alguns minutos.
- A sua guarda continua baixa – ele dizia. Vamos começar de novo.
Eu não era nenhum espadachim, sempre soube disso, mas gostava de ficar em sua companhia. Eu era boa mesmo no arco e flecha, e nisso eu dava uma surra nele, que nem conseguia segurar o arco direito. E a mira dele era pior do que uma das parcas sem o olho.

A praia é um lugar que eu adoro ir pra pensar. Quase ninguém vai lá, o que é ótimo.
- Um dracma pelos seus pensamentos – falou alguém atrás de mim.
- Guarde seu ouro, Cabeça de Alga – chamei-o pelo apelido que eu sabia que ele detestava, pela cara engraçada que ele fazia. – Não há nada de interessante por aqui.
- Mas aposto que poderia adivinhá-los de graça – disse ele se sentando do meu lado. – Eu não me preocuparia tanto assim. Olha, eu tive que quase ser morto por um cão infernal pra ser reclamado, talvez você não precise de tanto.
- Tanto faz – dei de ombros. – Mas o que você tá fazendo aqui, tão cedo?
- Aqui é a praia, meu território, esqueceu? – respondeu ele, fazendo um movimento exagerado com os braços e depois rindo. – Eu faço a mesma pergunta.
- Eu só gosto de tomar um pouco de sol pela manhã, sempre fiz isso. Percy?
- O que?
- Apolo realmente puxa o sol numa carruagem?
- Bom, sim... e não. Hoje em dia ele deve andar em uma Ferrari ou algo do tipo.

Era mais um dia comum, eu e Ellie estávamos andando perto da colina, e então ouvimos um grito e corremos na direção dele. Quando chegamos ao pinheiro vimos que duas crianças corriam e tentavam se livrar de um monstro, e então vi o garoto tropeçar em uma raiz e cair, e então a coisa atirou um tipo de espinho ou sei lá o quê, que o acertou na perna. Eu gritei para a menina correr e peguei uma flecha da aljava às minhas costas e atirei no monstro.
Bom, o que eu depois descobri ser um manticore tinha uma carapaça bem resistente, então ele não se desintegrou como eu esperava. Ellie tinha corrido, eu espero que pra pedir ajuda, enquanto eu atirava mais flechas tentando encontrar uma brecha e desviava dos espinhos que ele jogava em minha direção. O que eles causavam eu não sei, nem estava afim descobrir dessa maneira. Minhas flechas estavam acabando e eu estava tentando arrumar um jeito de apenas fugir dali e passar para o outro lado da fronteira mágica, o que me protegeria dele, quando ele fez um som parecido com um grito e desapareceu, e então eu pude ver quem tinha transformado ele em pó: Annabeth.
Eu digo que pude ver literalmente, porque o ar tremulou em volta dela e ela apareceu, segurando um boné de beisebol.
- Você tá legal? – ela perguntou.
- Estou... ótima. Puxa, obrigada! Como você fez isso?
- Ficar invisível? Foi um presente da minha mãe.
- O que aconteceu com o garoto que estava aqui?
- Foi levado pra enfermaria. Mas vai ficar bem logo, só torceu o tornozelo.
- E a menina? É irmã dele, não é?
- É sim, mas ela não sofreu nada.
Resolvi ir à enfermaria para ver como estava o garoto.


E então eu fui reclamada. Foi isso o que me disseram. Todos que chegaram lá pararam e ficaram olhando pra mim, ou o que estava em cima da minha cabeça. Ellie deu um gritinho, e quando eu olhei pra cima e vi o simbolozinho dourado, não pude deixar de sorrir.
Meu pai finalmente tinha tirado um tempinho pra mim.


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Notas finais do capítulo

Suspense no final!
Quem você acha que pode ser o pai dela?