A Cidade das Sombras escrita por srt-K


Capítulo 1
a cidade das sombras




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Até os 14 anos de idade, tive o que a maioria das pessoas consideraria uma vida nada excepcional. Minhas atividades em um dia normal podiam ser resumidas a um mingau insosso: eu ia para a escola, voltava para casa, tomava um banho e ia dormir. Embora eu tenha certeza de não ter percebido na época, eu devo ter sido terrivelmente chata.

Um dia, no início de uma manhã de sábado, olhei por acaso pela janela do meu quarto. Do outro lado da rua, um pequeno parque tinha sido sugado por um buraco enorme. Com uns 3 metros de diâmetro e aparentemente sem fundo, a cratera engolira duas árvores-dos-pagodes japonesas, um antigo chafariz de mármore para pássaros e uma estátua de Washington Irving. O banco do parque, onde me sentara no dia anterior, oscilava na boca lamacenta do buraco.

Esse tipo de buraco é raro em Nova York, onde o chão é selado por uma camada de asfalto e a gente pode passar anos sem ver um grão de terra que seja. Em geral um espetáculo desses teria atraído uma multidão. Mas era um dia escuro de novembro e as ruas estavam desertas. Nuvens negras surgiam acima dos telhados e uma névoa de arrepiar os ossos cobria tudo. Nos prédios do outro lado do parque, as janelas formavam um tabuleiro de xadrez de persianas arriadas e cortinas fechadas. No nível da rua, o buraco estava escondido da vista por uma cerca de hera que teimava em circundar o que restava do parque. Uma van de entregas, com um dragão vesgo pintado na lateral, passou disparado sem sequer reduzir, seguindo para as ruas estreitas de Chinatown.

Apoiada em minha janela do terceiro andar, percebi uma protuberância peculiar na parte da cerca mais próxima do buraco. Uma corda laranja tinha sido amarrada em uma das estacas, e eu a segui com os olhos a partir de sua ponta, através de uma fila de arbustos de juníperos mutilados e passando pela lateral do buraco. Enquanto eu observava, a corda começou a sacudir com violência e depois apareceram duas mãos e uma cabeça suja de terra. A criatura à qual pertenciam levou pouco tempo para se içar por sobre a borda do buraco. À distância, não parecia ser humana. Todo o seu corpo estava empastado de sujeira e o cabelo colado na cabeça. Quando ficou de pé, pude ver que era alto, sem nada para me orientar a não ser minha imaginação, concluí que podia ser um macaco muito inteligente ou uma espécie de troll.


Por um momento, a coisa espiou do buraco, aparentemente hesitando em sair. Depois olhou para mim, como se soubesse o tempo todo que eu estaria vendo da janela. Mesmo agora, seis anos depois, ainda posso ver seus olhos, de uma cor azul profundo sem expressão .Tudo parecia muito sinistro até que a criatura deu um pequeno aceno, a mão meio em concha, no estilo singular da realeza britânica. Ela pulou de volta para o buraco e reapareceu alguns segundos depois. Antes de pular a cerca e sumir na névoa, eu podia jurar que a vi sorrindo.


Pensando nisso agora, é difícil imaginar como teria sido minha vida se eu não tivesse vestido um casaco velho por cima da minha camisola, calçado botas de neve de pele-cor-de-rosa e corrido para olhar mais de perto. Eu achava que oportunidades como essa eram poucas e quase nunca aconteciam. Se você as perde - ou, como a maioria das pessoas, simplesmente não reconhece sua existência - não há garantias de que vá acontecer outra em toda a sua vida.



* * *

Na beira do buraco, fiquei de quatro e espiei o abismo. A névoa se transformara em uma chuva gelada que entrou pelo forro de minhas botas e gotejou nos dedos dos meus pés. A lama escorria entre meus dedos e, em um apartamento, entre as centenas que faziam vista grossa para a cena embaixo, um cão ladrou um alerta abafado. A corda laranja ainda estava pendurada para dentro do buraco, a ponta com nó entrando lentamente pela lama do fundo.

O buraco em si era bem maior do que eu imaginara e havia pouco para se ver onde a terra havia cedido. Mas o buraco se abria para uma câmara subterrânea que se estendia para o lado, o solo acima dela ainda solidamente no lugar. Em um gesto estranhamente generoso, a criatura deixara uma lanterna, que estava de pé sobre uma mesa e lançava uma coluna de luz que iluminava um pequeno cômodo, meio destruído por Washington Irving, a outra metade ainda perfeitamente intacta.


Para aqueles de vocês que prezam a segurança e tratam a vida com a cautela de apicultores amadores, não tenho desculpas para dar pelo que fiz depois. Vou admitir que um ser humano mais maduro nunca teria deixado que sua curiosidade assumisse o controle.


Felizmente eu tenha 14 anos, e estava plenamente preparada para enfrentar o desafio que tinha à minha frente.



* * *

Sem estar acostumada a descer de rapel em um clima horrível, escorreguei e caí em uma poça ao lado de Washington Irving, que estava de cara para baixo na lama, preso por uma árvore-dos-pagodes. Estremecendo de dor, usei a orelha direita dele para me levantar e depois me virei para olhar a luz.


De muitas formas, a sala era extraordinariamente limpa. Uma vassourada e estaria pronta para receber visitas. Só alguns montinhos de terra e um ou dois arbustos espalhados pelo chão. Quatro mesas bambas postavam-se estranhamente no meio, cercadas por cadeiras desiguais. Espelhos com molduras douradas, a tinta espalhando pilhas de lascas, estavam pendurados nas paredes de tijolos esfareladas. Do outro lado havia uma espécie de bar - nada mais do que um balcão de madeira com três prateleiras por trás, cada uma contendo uma fila de garrafas estranhas. Tive certeza de que nada neste cômodo tinha visto o século XXI - nem o XX, a propósito. Eu sabia que havia entrado em um mundo antigo.


Peguei a lanterna e segui uma trilha de minúsculas pegadas na lama atrás do bar. Na prateleira mais alta, um livro solitário estava apoiado em uma garrafa. Subi no balcão e fiz uma manobra acrobática, esticando-me para pegá-lo. Mas no momento em que meus dedos roçaram a lombada do livro, a lanterna escorregou de minha mão, quebrou uma garrafa com um líquido de cheiro estranho e caiu no chão. Enfiei o livro no bolso e pulei do bar para pegar a lanterna.


A lanterna tinha parado de rolar onde o chão do cômodo parecia torto e uma das tábuas de madeira se projetava na porta. Eu me abaixei para dar uma olhada e em minha inspeção vi que várias tábuas do piso tinham sido feitas de madeira diferentes. Ao lado da tábua virada, que agora eu percebia que era uma maçaneta engenhosamente disfarçada, havia um recado escrito na lama: "Abra-me", exigia sem rodeios, então eu abri. Segurando a ponta da tábua, eu a puxei com toda a força que pude e a tábua torta se ergueu com relutância e revelou outro buraco.

Grande o bastante para acomodar a cintura de um homem barrigudo, o segundo buraco tinha uma escada de metal, presa de um lado, que estalou quando a usei. Desci por uns 5 metros de rocha e terra bem compactada antes de chegar a uma porta que dava para a lateral de um túnel muito maior - um túnel que corria paralelamente à rua da cidade, acima. Ao passar pela porta, uma onda de eletricidade percorreu meu corpo como se eu tivesse pulado no terceiro trilho do metrô. Senti um frio na espinha, meus dedos tremeram, minha boca secou e meu cabelo ficou em pé. Eu não sabia se ria de prazer ou caía no choro.


O que eu vi, por baixo das ruas de Nova York, era uma espécie de estrutura - não muito diferente do Empire State Building, das pirâmides do Egito ou da Grande Muralha da China - que deixa as pessoas sem fala, de boca escancarada. Com cerca de 3,5 metros de cima a baixo, paredes de tijolos e um teto de vigas sólidas de madeira, o túnel seguia em suas direções até que suas extremidades faziam uma curva e desapareciam na escuridão. Contei pelo menos 12 portas alinhadas nas paredes, cada porta de uma cor e um estilo diferente.


Assim que coloquei a mão em uma maçaneta de cristal, ouvi vozes ecoando no cômodo acima e o barulho surdo de botas de trabalho no piso de madeira. Acho que uma reação comum seria me esconder, mas alguma coisa me disse que o alçapão pelo qual eu passara não devia ser descoberto. Subia a escada de volta ao andar de cima, fechei o alçapão depois de passar e apaguei o recado escrito na lama.


Olhando pela beirada do balcão, vi dois trabalhadores da prefeitura com trajes de segurança laranja fosforescente parados e espantados no meio do cômodo.


- Já viu uma coisa dessas? - perguntou o maior dos dois homens.

- Nunca - disse o outro depois de uma pausa. - Eu não, mas quando eu era criança e meu pai trabalhava para a prefeitura, ele me contou uma história que nunca me saiu da cabeça. Ele disse que tinha uns caras colocando encanamento em um dos arranha-céus construídos perto de Chinatown há uns vinte anos. Que estavam cavando um túnel de uns 5 metros quando de repente deram num espaço aberto. Dá para acreditar nisso? Um espaço aberto 5 metros abaixo da terra?


- Era um túnel do metrô?


- Não, era mais fundo do que o metrô. Não devia havia nada tão abaixo de Chinatown.


- Bom, e era o quê?


- Era uma sala como esta aqui... Só que maior, muito maior. E parecia uma espécie de quarto chinês todo decorado, com tapetes de palha no chão e almofadas por toda a parte. Meu pai disse que tinha umas telas de seda estranhas com uns dragõezinhos pintados.


- Era o esconderijo de alguém, então?


- Não. Essa foi a parte esquisita. Eles nunca descobriam uma entrada para o lugar.


- Quer dizer que não encontraram a entrada?


- Quero dizer que não tinha porta, nenhum jeito de uma pessoa entrar. Era só um quarto, 5 metros abaixo da terra, sem porta nenhuma.


- Ah - grunhiu o outro, sem se impressionar. - E o que aconteceu com o quarto?


- Nada. Tinham de instalar os canos por ali. Acho que ainda está por lá em algum lugar. Quando eu era criança, tentei convencer meu pai a me levar para ver.


- O que você acha que vão fazer com esse aqui?


- Encher, isso sim. É perigoso demais. Vai que uma criança boba esteja brincando, caia nele e acabe se matando.


- Bom, se eles só vão encher, é melhor pegar uma lembrança - disse o gordo.


O outro homem riu.


- O que você quer, uma cadeira?


- Não, fico satisfeito com uma daquelas garrafas - anunciou o grandalhão, indo para o bar, as tábuas do piso rangendo com seu peso.

Eu me agachei no canto do bar, sabendo que seria descoberta. E então o gordo cercou o balcão e pegou uma garrafa azul. Eu me levantei e disse oi. Não acho que tenha percebido como estava suja de terra ou como meu aparecimento era incomum, porque a última coisa que eu esperava era ouvir o homem guinchar feito um leitão ferido. Ele largou a garrafa e correu pela sala em direção à abertura do buraco. O parceiro recuou chocado enquanto o gordo tentava içar o corpo de mamute pela abertura.


- O que pensa que está fazendo? - perguntou o parceiro como se ficasse ridiculamente claro que o amigo nunca chegaria à segurança da rua.


- Acabei de ver o demônio! - arfou o gordo.


- Você ficou doido? - perguntou o homem mais magro, agora completamente irritado.


- Vá olhar, se não acredita em mim - insistiu o outro. Novamente ouvi passos na minha direção, e logo uma lanterna estava brilhando nos meus olhos. Um olhar de terror retorceu o rosto do homem magro.


- Se importaria de apontar isso para outro lugar? - perguntei educadamente.


- George, volte aqui - gritou o homem. - Não é o demônio, seu bobo. Acho que é uma menina. - Ele se curvou para analisar meu rosto. - Se você é mesmo uma menina, de uma coisa pode ter certeza. Você está numa bela encrenca.


Dois policiais fortões e mal-humorados me puxaram do buraco. Os operários já estavam construindo um tapume alto em volta do parque, escondendo-o do olhar dos curiosos. Na superfície, fui massacrada de perguntas. Qual era o meu nome? Que idéia era aquela de descer ali? Que tipo de menina eu era? Sabia como meus pais ficariam loucos? Qual era o meu telefone?


Anos de seriados policiais na televisão haviam me ensinado a lidar com situações desse tipo e eu me recusei a dar qualquer informação. Em vez disso, me fiz de muda e, por fim, um dos policiais me deu um rolo de toalha de papel e disse para eu me limpar e esperar no banco de trás de sua viatura. Eu só estava piorando as coisas para mim mesma, insistiu ele, mas eu sabia que não era bem assim.

Sempre achei que uma das maiores vantagens de ser uma menina é que a maioria das pessoas se recusa a levar você a sério. Enquanto os meninos devem ser constantemente monitorados e sempre são os primeiros suspeitos quando acontecesse alguma coisa errada, todo mundo esperava que as meninas sejam obedientes. No começo é meio ofensivo, mas as expectativas baixas podem ser uma bênção disfarçada. Se você for inteligente, pode usar a imprudência das pessoas em benefício próprio. É incrível como você pode escapar quando ninguém se incomoda em vigiar.


Assim que comecei a limpar a lama dos braços e das pernas, percebi que a atenção dos policiais estava começando a se dissipar. Alguns minutos depois, um deles foi até a beira do buraco para monitorar o progresso enquanto o outro dirigia o trânsito em volta de uma retroescavadeira, a cerca fraca presa em seus dentes como uma cobra mole e ferida. Eu estava temporariamente longe do olhar de todos. Simplesmente disparei pela rua e subi a escada para meu apartamento.



* * *



Aos sábados, meus pais raras vezes acordavam antes do meio-dia. Acostumada a acordar cedo, eu usava essas horas preciosas para inventar minhas diversões. Depois de um café-da-manhã balanceado de mingau ou torta, eu me acomodava para ver filmes pornôs em um aparelho de televisão temperamental que veio ao mundo antes de mim. De vez em quando, só para rir um pouco, eu arrastava os móveis e jogava uma partida de handebol rápida com as paredes da sala.

Eu tinha testado os limites e decidido que nada a não ser fogos de artifício e uma banda marcial fariam com que meus pais saíssem do quarto antes do meio-dia. Assim, enquanto abria a porta do meu apartamento, uma fugitiva suja da justiça, tive total confiança de que eu estava livre. Tirei as roupas lamacentas na porta e segui na ponta dos pés até o banheiro. Ali, enfiei as roupas em uma fronha, pretendendo levá-las à lavanderia do porão assim que eu tivesse tomado banho. Larguei a fronha no cesto, onde ela pousou no fundo com um baque pesado incomum. Foi aí que me lembrei do livro.


Ao folhear as páginas, vi que não era um livro qualquer. Intitulado Vislumbres de Gotham, parecia a princípio um guia da cidade de Nova York de 1866. Mas em vez de relacionar os lugares históricos ou restaurantes quatro estrelas, guiava seus leitores pelo "lado mais sombrio" da cidade. O autor, um homem chamado Pearcy Leake III, não poupou esforços para visitar cada favela, bar e casa de opostas na Baixa Manhattan.


Ele descrevia em detalhes emocionantes os enormes buracos de "rinha" cavados nos porões dos bares à beira-rio, em que ursos e cães brigariam até um final sangrento, incitados por todo tipo de patife e fora-da-lei que se podia imaginar. Ele escreveu sobre os esconderijos de ópio em Chinatown, onde homens e mulheres passavam dias em tapetes sujos, perdidos em seus comas narcóticos. Ele até falava de uma noite que passara preso no cassino do segundo andar de uma mansão em ruínas depois que um bando de porcos raivosos tinha se apoderado do primeiro andar do prédio.


Sentada no chão do banheiro, passei horas lendo Vislumbres de Gotham. Os antigos donos do livro devem ter ficado igualmente intrigados, porque as margens estavam cheias de marcas de várias canetas e lápis. Nem as ilustrações - desenhos caprichados de piratas de rio, salões de dança e bandos errantes de delinqüentes juvenis - escaparam dos comentários.

Mas foi só quando cheguei a uma curta passagem com o título "A Cidade das Sombras" que meu coração começou a bater feito louco.


As batidas policiais são comuns nas partes mais pitorescas das cidade, e cavalheiros exploradores podem ser confundidos com criminosos comuns. Porém, se no meio de suas aventuras você se vir em uma situação um tanto difícil, não se desespere. Simplesmente pergunte o caminho para a Cidade das Sombras. Quase todo palácio de má fama da ilha de Manhattan terá uma entrada para a cidade , uma rede de túneis que serve de rota de fuga rápida quando as coisas ficam pretas. E se você não se incomodar com a idéia de incontáveis criminosos que fazem dali seu lar, a Cidade das Sombras também é um excelente lugar para espairecer quando o clima na superfície está desagradável.

Seja precavido. Os túneis da Cidade das Sombras são um território inexplorado e qualquer um que esteja disposto a dar orientações provavelmente lhe dará informações erradas. Muitos ficaram vagando por dias sem encontrar uma saída para o mundo na superfície. Outros jamais escaparam.


Quando tirei os olhos da página, de uma coisa eu tinha certeza. Eu descobrira a Cidade das Sombras. E se ela tivesse a metade do tamanho sugerido por Vislumbres de Gotham, então eu tinha visto só uma pequena parte dos túneis que estão embaixo de Nova York. Um mundo oculto de ladrões, assassinos e piratas estava para ser explorado pela primeira vez em um século - não por cientistas ou engenheiros, mas por mim.



* * *



Ao acordar na manhã seguinte, o buraco tinha sido tapado e o parque parecia ter sido reformado no meio da noite por um zelador com insônia. Washington Irving saudava de um lado diferente da rua, novos arbustos tinham sido plantados e as árvores-dos-pagodes não estavam mais ali. Mas, por outro lado, pouca coisa sugeria que o parque fora consumido por uma cratera apenas 24 horas antes. Minha única entrada para a Cidade das Sombras tinha desaparecido para sempre.

Comprei exemplares de cada jornal de Nova York, esperando encontrar uma matéria sobre a salinha e talvez até uma curta menção à menina misteriosa que fugira da polícia.

Misturados com reportagens sobre o árido mercado de ações e a cobertura das sessões da Câmera de Vereadores da cidade, eu encontrei:


1. Um relato fascinante de um homem-macaco de quase meio metro de altura com presas de aço que aterrorizava a Índia;

2. Uma história emocionante do choroso encontro de uma família do Brooklyn com um garotinho que tinha caído em um bueiro;

3. Uma reportagem investigativa sobre embarques secretos de carne de cavalo classe "C" (de comestível), que em geral eram entregues em cantinas de escolas no Queens.


Mas não havia menção ao buraco que engolira todo o parque. E embora estivesse decepcionada por não ter sido imortalizada nos jornais, eu sabia que isso significava que a Cidade das Sombras estava segura. Só a salinha tinha sido exposta e, embora pudesse viver muito tempo na memória dos operários de Nova York, isso não era suficiente para interessar ao New York Times. A criatura e eu ainda éramos as únicas duas pessoas que sabiam da existência dos túneis.

Posso imaginar o que você está pensando. O que uma menina de 14 anos pode fazer com uma informação dessas? Embora eu deva alertar você para não subestimar a capacidade de meninas de 14 anos, devo admitir que não posso dizer com certeza o que teria acontecido se eu não tivesse encontrado a pessoa que o mundo passaria a conhecer como tsukyomi ikuto.


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