-O QUÊ?! –Kelly exclamou e saiu apenas de sutiã. –Essa porra de saia não tá querendo entrar direito!

-Merda Kelly, você andou comendo demais ultimamente. –Disse Meggie, tentando fechar o zíper da saia de Kelly.

-Vá à merda, Meggie! Eu não comi nada desde que a gente chegou aqui. Fora que eu to de dieta! –Bufou Kelly, prendendo a respiração e fechando o zíper.

-Merda, só se for a dieta da gordura, sua anta! –Meggie bufou e resmungou um pouco, fechando o botão da saia de Kelly. Era uma saia comprida com um short em baixo. Bonita, admito, gostei muito.

-AH, VOCÊS DUAS SÃO BURRAS OU O QUE?! VOCÊ ESQUECEU QUE A SUA MÃE FEZ O SISTEMA DE COLCHETES, É SÓ SOLTAR E A SAIA FICA BOA! –Disse, encostando na saia de Kelly e soltando os colchetes que prendiam as laterais da saia. Logo, Kelly deu uma respirada profunda, recuperando o ar que perdera.

-Ai, obrigada May! –Ofegou ela.

-De nada. Agora, eu tenho que fazer a maquiagem e... Ei, o que foi?! –Fui interrompida pelos olhares atentos de ambas. Elas tinham os olhos brilhando e me olhavam de cima a baixo. –Ah, qual é, desembuchem!

-M-May... Você parece uma princesa! Minha mãe caprichou mesmo no vestido, sabia que Lolita combinava com você! –Disse Meggie com os olhos brilhando de admiração. Meu vestido era rosa com estrelinhas pretas, gola parecida com a de uma camisa e com rendas pretas, mangas bufantes e luvinhas. A meia-calça que eu estava usando era minha, não arriscaria a deixar as pernas tão a mostra, fora que ficaria combinando melhor. Na cabeça, estava indecisa sobre amarrar um lacinho ou a cartolinha.

-Ah, não exagerem, não estou tão bonita assim. Mas esse vestido é lindo, adorei. Ele é confortável e me deixa fresquinha. –Disse, dando um sorriso sem graça e desviando o assunto para o vestido, antes que elas me elogiassem mais.

-Pare de ser modesta, você está perfeita! Agora, termine logo, segundo meu relógio, temos só dez minutos para poder terminar. –Disse Meggie olhando para o relógio de pulso enquanto ajudava Kelly a vestir a blusa. Meggie usava um vestido azul que começava curto do lado esquerdo, mas terminava comprido do lado direito, batendo na altura do joelho. Usava meia-calça arrastão, sapatos de salto e o cabelo estava preso com uma presilha de lacinho. Ela só estava de batom, mas estava linda. Já Kelly usava saia na altura do joelho e uma camiseta cheia de morango que tinha rendas saindo pela manga. Ela estava sem nada na cabeça, ela disse que prefere naturalidade, mas estava de sombra e luvas que deixavam a ponta dos dedos a mostra.

Todas arrumamos os detalhes finais. O vestido foi difícil de vestir, mas agora, eu estava perfeita e resolvi amarrar o lacinho com cabelo, dando um ar meigo. Meiga... Pra quem você quer parecer meiga? Logo, saímos todas juntas, caminhando devagar para não levarmos nenhum tropeção. Entramos pelo fundo do pátio e atrás da cortina, eu podia ver Rafe e Drew. Rafe usava jeans e uma camiseta da banda Incubus e Drew usava jeans, tênis e uma camisa de manga na altura dos cotovelos e uma gravata vermelha. Eu confesso, eu quis suspirar, mas me mantive quieta, suspirar por ele não valia a pena.

-Então meninos, está na hora? –Perguntou Meggie, parecendo sussurrar mais para Rafe do que para Drew. As vozes do teatro do Ginásio pareciam dizer coisas como se anunciassem um final, mas eu estava incerta disso.

-Falta pouco, Brianna veio me avisar agora pouco. Ela perguntou onde estava a banda, mas eu disse que eles chegariam faltando menos tempo pro final da peça. Agora, é melhor fazermos as verificações finais. May, Rafe, vozes aquecidas?

-Sim! –Respondemos em coro.

-Kelly, você verificou se a bateria foi bem montada?

-Sim, chequei. Eu acertei o que foi montado errado e agora está certo.

-Ótimo!

-Meggie, a fiação dos amplificadores está correta, ninguém desplugou nada?

-Não, eu verifiquei tudo e só liguei melhor o amplificador da May, que estava mal regulado, acho que alguém que mexeu desregulou.

-Perfeito! Bem pessoal, segundo relógio da torre, a apresentação acaba daqui a pouco, então, melhor nos arrumarmos nas posições, a Brianna vai anunciar a banda lá na frente e... –Antes que Drew concluísse, um coro de palmas pode ser ouvido vindo de trás da cortina. A peça de teatro havia terminado, estava na hora.

-Certo, nas posições! –Sussurrou Rafe.

Peguei minha guitarra e pluguei o fio do amplificador na entrada. Drew e Rafe arrumaram seus instrumentos. Kelly se sentou no banquinho e arrumou as baquetas, Meggie ajeitou o microfone na base que estava no teclado. O show iria começar.

-Bem pessoal, esse foi o encerramento pelos alunos do Ginásio. Agora, está na hora de apresentar o encerramento final, feito por uma banda do Ensino Médio. Com você, a banda Overated! –A cortina abriu lentamente. Eu respirei fundo e procurei não esboçar o nervosismo, mas meu coração acelerado estava a beira de sair pela boca. Então, de repente, todo o público. Os visitantes da feira estavam todos de pé, olhando atentamente para cada um de nós, ali estáticos e como se tivéssemos esquecido a música.

-One, two, three, four! –Disse Kelly, batendo uma baqueta na outra. Era dada a hora. Comece o show!

A batida da guitarra, as cordas suaves, o baixo e seu som grave, a bateria, o teclado com som de saxofone. Aquela batida era a batida perfeita, mais que perfeita, nossa música!

May

A bar in the midnight, the loud music playing on the floor.

Some bitches on the counter like she wolves in the hunt.

And the boobs exploding through the cleavage futile.

And I’m here searchin’ for a bit of fun.

Rafe

Lil’ chicks sticky to the teeth.

Milk smell in the air, but they aren’t innocent.

Stales drunks falling and playing poker

And I’m here searchin’ for a bit of fun.

May and Rafe

The blues’ sound, the screams at the bottom.

Barmaids makin’ sex with your clients.

A glass of gin, anything to lose.

The night is lost, so I’ll jump in the middle of the hurricane.

Everybody (Chorus)

There were six thousand dollars and a glass of gin.

One lady naked on the counter.

And one more fight over here.

The night’s lost, I’m with the reason.

And I’m not havin’ a bit of fun! Yeah!

Logo, o solo de guitarra, a repetição do refrão, a canção que saía espontânea e me alegrava como nunca antes. Agora, me sentia como em um grande palco, eu estava louca com aquela sensação. Então, a nota final dos instrumentos. Silêncio. De repente, as pessoas ao redor abriam sorrisos e aplaudiam e nos tratavam como verdadeira estrelas. Senti as lágrimas quererem escorrem de novo, mas não de tristeza e sim de alegria, mas as contive. Então, fiz gesto para que todos se juntasse. Drew pegou na minha mão. E estremeci, mas sabia que era só para o agradecimento. Sabia bem disso. Agradecemos ao público com uma reverência e então, saímos.

Algumas horas depois...

Agora, o pátio estava vazio. Ninguém mais estava ali para no atrapalhar. Eu estava animada, louca e tomada por aquela emoção ótima. Varria rapidamente as folhas da árvores e a sujeira que alguns mal educados deixaram e colocava na lixeira. Já estava com minha roupa normal, sem maquiagem, o glamour acabou e o trabalho começava. Já havíamos ajudado a limpar a sala. Kelly e Meggie estavam arrumando os instrumentos no depósito para depois levarmos com a ajuda dos pais do Rafe. Eu estava totalmente animada, eu me sentia mais viva do que nunca. Parei de varrer e fechei meus olhos, sentindo o vento bater em meus cabelos.

-A tarde está bonita, não é? –Ouvi uma voz atrás de mim, que parecia estar a certa distância. M,e virei. Quem mais poderia ser? Drew! Eu tentei não olhar para ele, mas foi inevitável.

-P-Pensei que estivesse ajudando o Rafe e as meninas. –Disse, me virando de costas para ele e sentindo minha saia balançar atrás de mim, mas esta era saia-short. Sem problemas.

-Eu estava, mas eles disseram que era melhor eu vi aqui te ajudar a levar o lixo. Mas, se não quiser, eu...

-T-Tudo bem... Pode me ajudar sim. Carregue esses sacos para a lixeira da rua. –Disse, interrompendo-o e apontando para a rua sem olhar para ele.

-Ah May, não diga que ainda está chateada por causa daquilo?

-A-Aquilo? Que aquilo, n-não me lembro de nada, de nada! –Disse, tentando disfarçar que ainda estava sentida com relação ao beijo entre Drew e Brianna. Namorados se beijam, não foi anda de mais, pronto! Só isso.

-Você sabe do que estou falando. –Disse ele, caminhando e sussurrando ao meu ouvido. Ele andou muito silenciosamente, pois quando percebi, ele já estava atrás de mim. Eu soltei a vassoura assim que ele segurou meu pulso direito.

-D-Drew... Pare. A Brianna é sua namorada, ela não vai gostar! –Resmunguei em voz baixa e deixando a franja cair sobre meu rosto corado. É claro que eu queria que ele ficasse e que aquelazinha visse, mas não era o certo, eu não queria que eles terminassem por culpa da minha raiva.

-Brianna, minha namorada? May, não brinque comigo. A Brianna nunca significou nada pra mim. –Disse ele, encostando a boca próxima a minha orelha de maneira que me estremeceu por completo e me deu arrepio quando ele sussurrou.

-D-Drew... O que está dizendo? –Eu estava confusa e ele me abraçou por trás. Eu perdi o ar, mas tentei demonstrar que estava calma, apesar de estar perto de ter um ataque cardíaco.

-Estou dizendo a verdade. Eu nunca tive nada com a Brianna, ela que me agarrou aquele dia, eu não queria que aquilo tivesse acontecido. Me perdoe, May. –Disse ele, me apertando com mais força contra o corpo dele. Eu sentia as batidas rápidas do coração dele nas minhas costas e o meu estava mais acelerado ainda. Eu pude vê a franja dele caindo sobre o rosto dele pelo cantos dos meus olhos.

-Drew... É-É claro que eu te perdôo. Você se lembra do que eu te disse? –Balbuciei palavras um tanto confusas, mas sabia que ele entenderia.

-Sim. Eu lembro que você disse que me ama. Eu me lembro. –Ele sussurrou sedutoramente para mim e eu estremeci mais ainda. Então, apertei os braços dele que estavam envolvidos nos meus ombros e me desvencilhei daquele abraço.

-Então, eu não menti! Eu te amo, me apaixonei desde que te conheci no Primeiro Ensino Médio, eu amo o jeito que você arruma sua franja e seu jeito de ser. E quando me chamou pra fazer parte da Overated, me senti realizada, achei que eu poderia te conquistar. E eu... Eu ainda quero. –Disse, desviando o olhar, que estava fixo nele, para o chão. Estava corada como nunca antes, eu sentia. O silêncio pairou. Eu não tinha coragem de olhar para ele. Não agora!

-Você já me conquistou... –Ele murmurou.

-O-O que?! –Exclamei e olhei para ele completamente corada.

-É isso mesmo que você ouviu! –Ele colocou a mão nos meus ombros e nossos olhos se encontraram. –Você me conquistou. Eu percebi isso quando te vi tímida na primeira fileira no primeiro dia de aula do Médio, mas eu ignorei. Mas esses tempos próximo de você, eu percebi que realmente me importava com você, mais do que com qualquer um e eu percebi... Eu percebi que eu te amo May! –O grito dele fez um eco que percorreu o pátio vazio. Eu olhei atentamente nos olhos, tentando perceber se havia mentira. Não havia, os olhos eram transparentes. Deixei que as lágrimas escorressem.

-Por que está chorando? –Ele me olhou surpreso.

-I-Idiota... Eu te amo! –Gritei e o abracei com força. Eu chorava de felicidade, eu sabia disso e ele também. –Eu te amo, eu te amo, demais, demais!

-Eu também, te amo mais que tudo, mais que qualquer coisa no mundo, eu te amo! –Disse ele, me erguendo e me rodopiando. Rimos feito dois idiotas e depois, ele me colocou no chão, me escorregando lentamente pelo braços dele. Então, nossas faces ficaram próxima e nossos olhos formaram um encaixe perfeito. Então, ele deslizou e mão pelas minhas costas e enrolou o braço na minha cintura, me deixando de ponta de pés e unindo nossas bocas. Aquele era como um momento de conto de fadas, parecia irreal, mas eu sabia que era ver, eu sabia. Era a pura realidade!

[Kelly P.O.V]

-Ai, ai, o amor é lindo não é?! –Suspirei e me apoiei em Meggie.

-Se é... –Ela suspirou. –Pena que somos duas encalhadas! –Ela choramingou.

-É, pelo jeito, vamos morrer solteiras e virgens. –Resmunguei enquanto olhava com atenção outro beijo entre May e Drew.

-Você parecem duas velhas reclamonas! –Bufou Rafe e franziu o cenho.

-Ah, fique quieto Rafe! Você não ajuda em nada aqui! –Bufei e lancei um olhar irritado para ele.

-Claro, eu não ajudo! Não se esqueça que o plano para deixar esses dois sozinhos foi meu e vocês duas ficaram só olhando e resmungando por causa do peso dos amplificadores. –Ele bufou e ficou mais emburrado do que antes.

-É Rafe, esse mau humor me parece falta de sexo... –Provoquei.

-Vá à merda, Kelly, tudo que eu menos preciso agora é de uma mulher pra me encher o saco! –Ele gritou e me deu um peteleco atrás da orelha.

-R-Rafe... Q-Quer dizer que, quer dizer que - Meggie choramingou e depois, começou a chorar de verdade, olhando para Rafe com um misto de raiva e tristeza. -... IDIOTA, EU TE ODEIO SEU FILHO DA PUTA! –E assim dizendo, ela saiu correndo feito louca, empurrando Rafe contra o chão com a força de um tapa que ela desferiu na cara dele.

-M-MEGGIE! VOLTA AQUI, CASSETE! –Disse Rafe, saindo correndo atrás de Meggie, que já estava longe.

-É, parece que o trabalho de cupido vai ter que continuar. –Bufei, fazendo pose de quem estava meio sem opinião sobre o que fazer ao certo. Bem, acho melhor conversar com a Fabi-chan, a autora, ela sabe melhor das coisas. Bem, sendo assim, chegamos ao glorioso...

FIM!

-Esperem vocês dois, assim eu não posso segui-los! Merda. Meggie, Rafe, espereeeem!