Os Filhos da Aurora. escrita por Dan Rodrigues


Capítulo 1
A garota do corredor.




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A garota do corredor.

Eram quase quatro horas da madrugada, quando ainda estava em um sono profundo, o loirinho não percebeu os primeiros barulhos no corredor. Seus pais dormiam tranqüilos, tinham uma vida feliz, e gostosa, a qual todos invejavam. Ricoh não sonhava com as aventuras que estavam prestes a chegar. O barulho continuou ainda maior. Ricoh se assustou, e deu um grande salto da cama.

Algo andava pelo corredor. Ricoh pegou seu bastão de beisebol, - garoto corajoso -, e abriu lentamente a porta do seu quarto. Um perigo andava por sua casa. “se forem assaltantes vou botá-los pra correr”, pensou o garoto. Começou a caminhar pelo corredor, esperando encontrar homenzarrões fortes, e musculosos, e dar uma tacada bem forte neles. Uma criança sonhadora era Ricoh.

Seus pais trabalhavam com ossos de dinossauros. Eram ótimos paleontólogos, e tinham muito dinheiro. Costumavam dar ao filho tudo que ele queria, o interessante é que ele não era tão mal criado como os outros meninos mimados que conhecia. Os pais lhe davam de tudo, mas também sabiam educá-lo, e sabiam corrigir perfeitamente os erros do garoto. Algo raro era a família de Ricoh. Ele era um garoto gentil e educado, mas um sonhador, e corajoso, eu diria um garoto valente, quanto ao perigo. Sonhava em seguir o mesmo ofício que os pais, e estudava muito para isso. Cursava a oitava série ainda, quando isto aconteceu. Você devia ver a cara de Ricoh, quando viu o que estava a caminhar pelos corredores escuros da casa.  

Ele viu um vulto, algo se mexendo em sua frente, e quando ia se preparar para rebater a coisa com o taco de beisebol, a coisa soltou um grito.

- Ah, por favor, não me bata! – Parecia a voz de uma garota.

Ricoh espremeu os olhos para tentar enxergar o que era, e sussurrou.

- Um ladrão!

- Aiiii, ladrão, onde? – Perguntou o vulto com voz de menina.

- Você, é o ladrão! – Respondeu Ricoh.

- Eu? E o que eu roubei, garoto, um chuveiro elétrico? Se manca, se eu fosse uma ladroa, não acha que estaria com uma arma? – A garota parecia assustada, mas falou com voz grossa, tentando ser mais corajosa que Ricoh.

O menino correu para ascender à lâmpada do corredor, e torceu para que os pais não tivessem acordados, no momento.

Logo conseguiu enxergar os olhos verdes, lindos, da menina que se punha em sua frente. Ela tinha uma expressão de medo/coragem em seu rosto, e segurava um usinho de pelúcia. Parecia ter doze anos, e tinha lindos cabelos ruivos, que pareciam flutuar na frente do seu rosto, escondendo as sardas das bochechas.

- O que faz aqui? – Perguntou Ricoh.

- Eu me pergunto o mesmo, disse a garota, quase chorando. - Estava sonhando e vim parar aqui. Espera ai, isso aqui ainda é um sonho, daqui a pouco vou voltar para minha cama.

- Claro que não é um sonho, eu sou real! – Cortou Ricoh.

A garota ficou ainda mais assustada. Ficou pálida, e surda, achou Ricoh, porque ele começou a lhe contar a história de como ele acordou com o grande barulho que ela tinha feito no corredor, e “eu não fiquei assustado, nem um pouquinho”, pensava o garoto, “mas espera!”, sussurrou levantando o braço.

- Como você veio parar aqui? Nós temos grades enormes, e um muro bem alto, todo pintando – gabou-se o garoto, como se aquilo fizesse alguma diferença. -...e temos seguranças noturnos e tudo mais.

Ele fitou o rosto da ruivinha, ela parecia ainda mais assustada, pensando que aquilo era um sonho, um sonho que não acabava nunca, ficou pálida só de pensar nisso.

- E-eu-e-e-eu não sei -, murmurou a garota. – espera, eu não devia falar com estranhos, minha mãe me disse que se eu falar com um estranho ele pode me seqüestrar e, mesmo em um sonho eu não vou desobedecer minha mãe. – Ela colocou seu dedo duro bem no meio do peito de garoto e encheu os pulmões, mostrando-se corajosa. – Você é um sonho, garoto! Não sonho do tipo, muito bonito, sonho do tipo... Ah!, Esquece.

A ruivinha de cabelos esvoaçantes correu para o canto do corredor, e deitou-se em posição fetal, abraçando seu ursinho de pelúcia, e sussurrando. “É só um simples sonho, logo eu vou acordar, e vou estar na minha cama, com meu lindo cobertor cor de rosa”.

Fêz-se silêncio, e por um segundo Ricoh pensou que na verdade até que poderia ser um simples sonho, mas a garota logo se levantou e foi em direção ao loirinho, ela parecia uma fúria em pessoa.

- Garoto do sonho, faz com que esse sonho acabe logo, eu quero minha casa de volta! – Disse a menina, tentando não gritar.

- Só tenho uma resposta. Eu não sou um sonho, garota! – Disse Ricoh, com raiva da ruivinha que teimava em dizer que ele era só um sonho.

- Ah, se você não é um sonho, então como é que eu... – Ela parou, e seu rosto assumiu uma leve expressão de medo. O brilho se esvaui de seus olhos. – Eu não devia ter entrado naquilo... Mas a voz... E-eu-e-eu, não acredito!

Ela sentou-se no chão, e começou a chorar. Ricoh ficou assustado, e não tinha a menor idéia de como aquela garota havia chegado ali. Ele não entendeu o que ela falou, e começou a se preocupar, também.

- E o que exatamente é aquilo, e essa voz, o que é? Qual o seu nome, garota? – sussurrou o loiro, pensando em seus pais.

Ela demorou um pouco, até que finalmente respondeu.

- Eu sonhei com... Com um lugar, um lugar chamado Aurors. Eu estava indo para a cozinha, quando um buraco enorme se abriu na parede, e uma luz verde apareceu de lá. E tinha a voz. Uma linda voz que me chamava para entrar no buraco, e caminhar com ela. Eu acabei entrando no portal, e não me lembro de mais nada depois disso. A não ser, é claro, de acordar, e estar em um corredor escuro e frio, e um louco com taco de beisebol me atacar. Ah... A propósito, me chamo Sarah.

- Sou Ricoh. E não acredito na sua história, garota! Como você entraria em uma parede, e acabaria no meu corredor? Mas que coisa sem sentido! – Exclamou Ricoh. – Vamos, conta logo como foi que realmente, você conseguiu chegar aqui. Ah, se aqueles seguranças não protegem nossa casa de uma garotinha de... Talvez dez anos, como protegerão de ladrões?

- Tenho onze, anos. E eu nem passei por portão, e muito menos vi seguranças. Eu só me lembro de ter acordado nesse seu corredor, pintado de azul turquesa...

- Como você sabe que é azul turquesa? Nem eu que moro aqui sei que é azul turquesa! – Exclamou Ricoh, já impaciente com aquilo tudo.

E enquanto Ricoh discutia com a menina, não percebeu algo de muito estranho acontecendo ali na sua frente. A parede, que fora muito bem feita, muito bem, obrigado, começou e se esfarelar de pouquinho. No começo, era só um pequeno buraco bem no meio, mas o buraquinho foi crescendo, crescendo, e se tornou uma imensa abertura. De dentro da parede, como na casa da garota Sarah, saiu uma luz verde e brilhante, que deixou os garotos boquiabertos. Ricoh ficou paralisado, e percebeu que a história de Sarah era verdadeira. “Eu não disse!”, exclamou a menina, com um tom de vitória na voz. A questão, é que aconteceu algo ainda mais pavoroso. Dois corpos muito estranhos, e com vestes mais esquisitas do que os meninos puderam imaginar, saltaram do portal. A parede irrompeu em chamas, e o portal desapareceu. Eles olharam novamente para a parede, e pareceu que nada de mais tinha acontecido.

- Ah, vocês estão ai... Sim, me desculpem eu ter demorado. – Disse a criatura, com um ótimo humor, para quem acaba de sair de uma parede. – Parece que eles estão com medo de nós, Srta Temosnozes, olha só!

Ricoh e Sarah, que discutiam corajosamente, agora estavam com o medo estampado no rosto. Eles não sabiam o que eram as criaturas, muito menos o que elas queriam. Ricoh queria saber por que o nome de uma das criaturas era Temosnozes. Toda aquela noite começou a ficar muito estranha.

- O-o-o-quê-que... o-quê que vocês querem com a gente?

- Ah, eu sabia que vocês iriam estranhar nossa forma original, pois bem, obviamente nós não somos tão normais para vocês, não é? – Falou a criatura, que parecia ser um homem.

Então, de repente, as criaturas humanóides, só que com escamas estranhas que pareciam pedras coloridas, envolvendo o rosto e todo o contorno do corpo, assumiram a forma de um humano normal, e começaram a se aproximar.

- Desculpe a falta de educação -, disse o sujeito, estendendo o braço para um aperto de mão, mas as crianças se afastaram bruscamente. – Bom, não precisa ter medo, vejam, não queremos atacar vocês.

- É nós só queremos conversar, normalmente, como os humanos fazem. Eu sou a Srta Temosnozes, e este é meu marido, o Salgueiro. – Disse a outra criatura, que só na forma humana, eles perceberam que era uma mulher. Ela estendeu o braço para um aperto de mão como o senhor Salgueiro, e envolvidos pela voz doce a acalente, da criatura, eles se aproximaram, e corresponderam.

- Ah, sei que querem saber quem nós somos, mas nós vamos explicar tudo com calma, se vierem conosco, é claro. – Disse Salgueiro.

- Bom, nós vamos entender se não vierem, mas saibam, meninos, que estamos precisando muito de vocês onde moramos. – A voz doce e serena da criatura, envolveu as crianças de tal forma, que eles acabaram aceitando passar pelo portal para conversar.


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Notas finais do capítulo

Prometo que se vc ler o próximo capítulo não vai se decepcionar.



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