Meu Presente é Você escrita por Machene


Capítulo 1
Capítulo 1




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Cap. 1


Sempre achei o amor um sentimento incrível, lindo desde criança! Eu nasci na clareira de uma floresta, com a ajuda de um médico da cidade mais próxima onde morava com meus pais. Quando saía para pescar com meu pai, um caçador, eu pedia que me falasse a mesma história de sempre: como viu a mamãe. Eu amava escutar aquela história!

Eles se conheceram por acaso, quando ela estava andando pelas ruas da cidade observando algumas bijuterias caras. Foi de imediato: eles logo que se viram se apaixonaram. Não vivi no luxo, mas não me faltava carinho também. Infelizmente agora estou órfã, mas nem por isso melancólica! Aí resolvi me mudar, para conhecer gente nova.

Eu tinha apenas dezesseis anos quando resolvi vir para a Ilha Garage, uma cidade vizinha, e comecei a me dedicar nos estudos depois que ganhei uma bolsa para minha faculdade enquanto pagava a escola e todo o resto com o dinheiro dos bicos que fazia. Felizmente, agora, arranjei um emprego e já comecei a trabalhar aos vinte e dois anos.

Uma casa modestamente pequena não é o que se espera do salário fixo de uma ajudante de bancário, mas dá! O que importa é que eu sei como é o amor; uma bela emoção única, totalmente incondicional, imprevisível, inesperada... São os muitos "ins" impossíveis de se contar. E do mesmo jeito que é o amor, também são aqueles que amam de maneiras diferentes.

Existem os correspondidos, os que têm o medo de se declarar, os que amam sem saber e até os que não querem admitir nem a si mesmos. Só que... Por que comigo tinha que ser assim, um cruel? Estou outra vez aqui, vendo quieta "ele" sendo beijado por outra mulher. Durante muitos anos eu sofro em silêncio, vendo cenas parecidas se repetindo.

õ õ E realmente, quem mandou me apaixonar por um homem que nunca será meu? - - Pensando bem, Haru Glory não era existencialmente muito importante para mim antes... Foi depois de alguns meses que me toquei que estava de um modo quase estranho me aproximando mais e mais dele. Nossa amizade foi crescendo sem que eu notasse, talvez por seu sorriso, as piadas...

¬¬ Até a maneira como me acalmou pelo tempo em que estava em crise com os prazos de entregas. Ainda sim, ser uma simples secretária me faz ter mil vezes menos importância na sua vida que a noiva que foi proposta pelo seu pai na semana passada. Em questão de uns dias meus sonhos de poder ficar ao seu lado foram por água abaixo.

E o pior é que ele nem tem idéia do quanto o amo!

- Elie? Elie! – a voz insistente dele me acorda.

- Ah... Sim Haru? – ele olha para baixo e logo percebo que derramei café na mesa – o o Ai meu Deus, desculpa! – começo a tentar limpar com um pano disponível na bandeja que carrego na outra mão – Eu me distraí, sinto muito!

- Não, tudo bem. – ajuda a limpar com uma flanela sobre a mesa. Suspiro; vou recolher o pires todo melado.

- Eu vou trazer outra xícara de café, certo?

- Não, pode deixar. – põe a sua mão entre a minha e a xícara no meio do caminho – Eu tomo sem problema.

- Então está bem. – procuro sorrir o mais natural que dá, só então notando que a noiva dele já saiu da sala desde que entrei com a bandeja – Eu vou continuar o serviço.

- Espera um pouco Elie. – levanta da cadeira importada e passa do meu lado para me barrar – O que você tem?

- ~ ~ Na... Nada! Por que acha que tenho alguma coisa? – ele parece querer perguntar alguma coisa que, provavelmente, eu não vou saber responder – Ah, olha, que espada é essa?

- Esta aqui com o crucifixo azul no centro? – ele se volta para o canto de uma das paredes pra onde eu vim.

- É. Ela é tão... e e Grande, hé hé! – ai não; distraio ele e agora falo besteira?

- É... Eu gosto de colecionar coisas antigas, sabe.

- Que demais! ^^' Bom, então eu já vou indo.

- Ah, ei, espera um pouco! – mais que droga; tava no papo – É sério Elie, você não parece mais a mesma de sempre esses dias.

- Bom, é que eu estou um pouco ocupada com as fichas dos que estão pagando os empréstimos, foram muitos. õ õ

- Está trabalhando demais, então eu te dou uma folga!

- Não Haru... Digo... – repreendo-me mentalmente por ter dito isso – Estou ótima, eu agüento o serviço!

- Tem certeza? Eu não quero ver você passando mal.

- * * Não quer?... – quase sussurro, mas depois me lembro da noiva – Mas se acalme. Sou forte, posso me virar...

- Que bom. – sorri – Então eu vou voltar ao trabalho.

- Eu também. Obrigada por se preocupar.

- Não precisa me agradecer. – antes que tenha um ataque de nervos com seu estonteante sorriso maroto, saio correndo.

Minha mesa está centrada bem na frente da dele, em uma sala própria em que o senhor Glory me pôs assim que fui promovida... Ou melhor, depois que Haru foi promovido! Ele e eu sempre estivemos juntos no banco, então era normal que ao menor sinal de promoção subíssemos juntos também. Neste momento ele é candidato a assumir o maior cargo da empresa.

Ele já devia estar nele por ser o filho do chefe, mas não quis por preferir passar com o próprio esforço para ter direito ao nível superior. * * Que tudo!... - - Fora isso, minha sala é um pouco longe da sua, estando no outro corredor. Assim tenho a sorte de vê-lo andando pela sua sala sem que perceba. Entro nela e largo a bandeja encima do balcão ao lado da mesa.

As fotos de proteção de tela no meu lap top insistem em me lembrar que adorei sair para todas as festas da empresa com ele, mesmo que não estivesse feliz em ir. Respiro profundamente, levando uma mão na frente dos olhos, e depois olho a janela aberta e a paisagem de fora. O ar fresquinho da primavera pelo menos tá me acalmando...

Logo, logo eu me recupero e vou observar minhas fotos emolduradas e penduradas na parede ao lado da janela, a maioria com ele.

- "Ele"... É sempre "ele"... – sorrio e sento na cadeira, me balançando de um lado para o outro – Por que eu não pude me apaixonar por alguém mais fácil de ter? ç ç

Mais tarde, quando posso sair do trabalho e consigo me livrar do atormentado aglomerado de gente nas calçadas, vou bem a tempo na minha lanchonete favorita encontrar minha melhor amiga, Melodia. Por algum motivo ela me mandou ir com urgência até lá pelo telefone, e parecia animada.

- Elie! – acena, sentada no nosso "canto marcado" – Oi.

- Oi. Desculpa o atraso, mas eu não consegui um táxi.

- Já falei que seria melhor você comprar um carro logo.

- E eu já disse que não é uma boa idéia! Eu não tenho a paciência de ficar dirigindo no meio dessa multidão...

- Que seja... Eu tenho uma novidade para contar.

- E qual é? – largo as pastas com os papéis do banco e seguro o cardápio, já esperando pelo que vem a seguir.

- Você conhece o Musica, aquele astro do rock, não é?

- Sim, o que tem ele? – continuo alheia a qualquer coisa que não seja a variada lista de sorvetes; estou a fim de comer tanto doce quanto os meus quadris agüentarem!

- Eu encontrei com ele lá no shopping, na loja de CDs!

- Sério? – desvio finalmente os olhos – Que demais!

- Não é? Nós íamos pegar o mesmo cd de outro cantor que eu gosto de ouvir, então nossas mãos se encontraram.

- E o que ele fez? O que você fez? – começo a me animar.

- Ah, a princípio ele queria pegar o cd e tentou jogar o típico ar masculino pra cima de mim sorrindo, mas eu não deixei tão mole e disse que ele ia ter que me pagar um almoço para tirar o cd das minhas mãos! Foi o que ele fez. – ela comemora.

- Então vocês vão sair? Que sorte Melodia! – sigo a onda.

- Também acho. Andei tão ocupada com as encomendas de vestidos de noiva que estou esgotada!

- Mas você é uma grande estilista, e agora vai namorar um astro do rock? Sua safada!...

- Não estamos namorando, se bem que vontade não me falta mesmo! – rimos – Mas então, não vai pedir nada?

- Idem. Até agora não te vi escolher um item do cardápio.

- É que estou tentando manter minha dieta nova.

- Pois eu, pelo contrário, quero me entupir de doces!

- O que aconteceu? Foi o Haru outra vez, não é?

- Ah Melodia, o que eu faço? Haru não é qualquer cara, é meu chefe! E para completar, um chefe comprometido.

- Como assim? Ele está saindo com alguém?

- Não exatamente. Ele está é NOIVO de alguém.

- o o Noivo? – ela eleva a voz. Ponho um dedo nos lábios na intenção de fazê-la falar mais baixo – Por que não contou?

- Eu esqueci! – falo como se fosse óbvio – Mas agora é que as minhas esperanças se explodiram de vez!

- Ah Elie, não fica assim. Eu sei que você vai achar um cara legal que te mereça e logo você esquece o Haru.

- Mas aí é que está Melodia, eu não quero!

- Então, já que você vai ficar de porre, eu acompanho! – chama com a mão a garçonete.

- Mas e toda a sua dieta? Vai mandar pro espaço?

- Quem precisa de ajuda agora é você, eu me viro depois!

- Obrigada Melodia, você é uma grande amiga!

- Eu sei. E o que tem de mais gorduroso no cardápio?

Pelo fim da tarde, quando está perto mesmo de escurecer, consigo voltar sã e salva para casa depois de mais um dia difícil. De tão deprimida, eu acho que entreguei mais do que devia para o taxista, mas nem ligo! Não vai ser por causa disso que eu vou me afogar em outro pote de sorvete. A casa está numa pintura nova e cheirando ao perfume do aromatizante que joguei.

Em contraste, do lado de dentro, a sala, os quartos (um de hóspedes), a cozinha e até os dois banheiros (um também reserva), tudo tá um caos de tão sujo! Jogo as pastas e a chave no sofá, ou em qualquer canto que achei ser o sofá, e deito logo de barriga pra baixo na cama. Amanhã é um domingo. A secretária eletrônica está apitando.

Estico o braço mole para tentar apertar o botão sem olhar direito na direção, mas não é por já saber onde tá o botão.

"- Elie? Sou eu, a Melodia. Sei que nos falamos faz pouco tempo, mas me esqueci de te avisar que amanhã vou visitar os meus pais e não posso te ajudar com a faxina. Desculpe. Fica para a próxima, ok? Beijos, e vê se levanta seu astral, gata, tem homem demais nesse mar!"

- Exatamente como ela quer que eu faça isso? – suspiro – E até parece que tá chovendo homem assim...

"- Oi Elie, é o Let. Eu só queria te lembrar da minha festa de noivado depois de amanhã. Julia me pediu pra avisar que não se esquecesse de falar com a Melodia para pegar o vestido de noiva e para agradecer por estar nos ajudando, então estou enviando a mensagem por nós dois! Até."

- O Let ia sair correndo nervoso se a gente não ajudasse mesmo. – rio.

Já estou me revirando na cama, pronta a dormir. Ainda tem mais uma última mensagem da noite, mas como todas as outras não deve ser nada de mais. As únicas pessoas que me procuram pra algo tão urgente são os caras que vêm cobrar contas atrasadas!

"- Elie, tudo bem? – eu conheço essa voz! – É o Haru. – é ele sim! – Eu quero te pedir um favor, se puder... – faria até mil se ele pedisse – Será que eu posso ficar na sua casa amanhã?"

Meu cérebro parou. oo Minha casa, amanhã? Paro a mensagem e começo a juntar as palavras. Haru/minha casa/amanhã/sozinhos. Fico de joelhos bem rápido encima da cama e sem saber o que fazer; ou eu comemoro ou inicio uma sessão de choro de desespero. Não sei o que é que eu vou fazer! Ele é meu chefe, mas também o cara de quem eu gosto.

Ele é independente, gentil, tem um sorriso lindo e caloroso e também um corpo maravilhoso!... òó Elie, que tipo de pensamento é esse? Vou acabar me transformando em uma tarada e minha primeira vítima vai ser ele! Tudo bem, momento pra respirar... Talvez ele até venha com a noiva. oo Ai não, isso não! Ceder meu amado lar pra um casal de pombinhos que não me inclui?

Se bem que ia ser meio ridículo ele vir até a minha casa com a noiva só com a intenção de ficar namorando. Mas... Não, é melhor eu parar de pensar no talvez que a paranóia passa! Começo a olhar em volta. A bagunça é tanta que nem meu reflexo no espelho eu consigo ver! Vou ter muito trabalho...

Continua...


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