Capítulo 13

You could take a picture of something you see

Você poderia tirar uma foto de algo que você vê

In the future where will I be?

No futuro, onde estarei?

You could climb a ladder up to the sun

Você poderia subir uma escada até o sol

Or write a song nobody had sung or do

Ou escrever uma música que nunca ninguém fez ou cantou

Something that's never been done

Algo que nunca foi feito

Talk - Coldplay

-Tem certeza de que não fiquei gorda? – perguntei para Emmett mais uma vez. Estava experimentando roupas para usar no encontro que nós dois teríamos com Edward e Bella, mas nada parecia servir direito em meu corpo. Estava desacostumada com tantas curvas.

-Está perfeita, amor. – Emmett repetiu a mesma resposta dos últimos cinco vestidos anteriores. Agora ele nem mesmo prestava muita atenção. Estava, naquele momento, deitado de barriga para cima e olhos fechados, claramente cansado de esperar.

Fiz uma careta em frente ao espelho, mas decidi manter aquele vestido preto. Não era justo demais, nem curto demais; perfeito para o fim de outono. Além do mais, minha barriga de seis meses aparecia bastante discretamente.

Com certa pressa, fiz uma maquiagem simples e peguei uma bolsa.

-Estou pronta. – anunciei, depois de dar mais uma olhada no espelho para checar se estava tudo certo.

Emmett abriu os olhos.

-Até que enfim. – ele comemorou, já coçando os olhos. Trinta segundos que eu demorasse a mais e ele já estaria dormindo.

-Está bom? – perguntei. Emmett revirou os olhos e me deu um selinho, saindo do quarto logo em seguida.

-Estou tirando o carro. – ele gritou já do corredor.

-Tchau mãe. Tchau Emm! – Ella se despediu quando Susan abriu a porta. Pude ver quando ela cumprimentou Bree, atrás de sua mãe, que sorria sem timidez para Travis. Arqueei uma sobrancelha quando percebi aquilo.

-Muito obrigada por cuidar deles hoje, Sue. – agradeci. – Qualquer coisa que precisar é só ligar no meu celular. Se eles fizerem alguma coisa errada, não hesite em fazer isso.

-Fique tranquila. – Susan sorriu para mim. – Eles nunca me dão trabalho.

-Tem certeza que pode levá-los para a escola amanhã? – perguntei.

-Não custa nada. – ela assentiu, dando de ombros. – Bree estuda no mesmo lugar. Pode ir, Rose. Eles vão ficar bem.

-Sinto-me culpada por ter que deixá-los aqui hoje. – confessei para Emmett. – É segunda-feira... Não acha que estou abusando da boa vontade de Susan?

-Pelo pouco contato que tive com ela, ela gosta muito da presença das crianças ali – Emmett respondeu. – Ela parece meio sozinha.

-É uma história difícil. – concordei. – Ela teve Bree quando era adolescente e o cara foi embora.

Emmett fez uma careta, a qual eu prontamente identifiquei. Não precisava ler seus pensamentos para saber que ele não aprovara a atitude do pai de Bree.

-E desde então elas são sozinhas? – ele perguntou após respirar fundo.

-Sim. – respondi tristemente. – Quero ajudar Susan um dia. Ela já me ajudou muito com Travis e Ella.

Ele sorriu mais uma vez, mas não parecia realmente interessado no assunto atual de nossa conversa.

-Vai ficar tudo bem, amor. – coloquei uma mão em seu ombro, tentando tranquilizá-lo. Talvez ele estivesse aéreo daquele jeito por causa do julgamento. – Marcus é muito competente.

-Não é com isso exatamente com que eu estou preocupado agora. – ele parou o carro no sinal vermelho e aproveitou para olhar para mim. – Histórias de famílias conturbadas não são encorajadoras.

-Nossa família não é conturbada, Emmett. – revirei os olhos. – Meu pai vai se acostumar com você.

-Ele só me compara ao Royce. – ele confessou, retomando a atenção para o caminho assim que o sinal ficou verde.

-O quê? – perguntei confusa.

-Quando você não está perto, ele sempre dirige o assunto da conversa para seu ex-marido. – ele pareceu um tanto irritado. – Sempre joga na minha cara o quanto Royce foi bom pra você e que não entende porque vocês se separaram.

 Suspirei. Aquilo era a coisa mais estúpida que eu já ouvira em toda a minha vida.

-No que está pensando? – Emmett perguntou com curiosidade ao notar minha expressão.

Dei de ombros.

-Em quanto tempo vai demorar para que todos nós tenhamos paz. – sorri fracamente. Emmett me fitou por dois segundos, sorrindo também.

-As coisas vão mudar quando o bebê nascer. – ele prometeu. Foi aí que me lembrei de um assunto que já queria ter discutido com ele antes:

-Falando nisso – comecei com um tom de voz mais animado, tentando esquecer aquele nosso último assunto. - Faltam menos de três meses, Emm. Não acha que devíamos parar de chamá-lo de bebê?

Emmett riu sonoramente.

-Já tem algum nome? – ele se interessou.

-Gosto de Sophia. E de Nicole. – respondi prontamente.

-Nada de meninos? – ele riu outra vez.

-É uma menina. – respondi com convicção. – Posso apostar minha vida nisso, se quiser.

-Sempre exagerada. – ele revirou os olhos, divertido. – Mas ainda acho que é um menino. Travis merece alguma companhia, coitado do garoto.

Ri um pouco.

-Não que vá fazer grande diferença. – sorri, pensando na possibilidade de gerar um menino mais uma vez. – Quando este bebê tiver a idade de Travis, ele já vai ser um homem.

-Imagine só como estarão as coisas daqui a onze anos, Rose... – Emmett viajou em pensamento. – Ella vai dar muito trabalho para nós.

Sorri ao ouvir o pronome. “Nós” soava tão bem... Era uma sensação indescritível que eu tinha quando Emmett me incluía em seu futuro e se sentia incluído no meu.

Com um sorriso no rosto, continuamos nosso caminho conversando sobre qualquer assunto banal. A vida conturbada de Susan e Bree, meu pai e suas comparações, assim como o fatídico julgamento tinham sido descartados por hora, felizmente.