O Filho de Netuno escrita por Calina


Capítulo 4
Capítulo IV: Grover


Notas iniciais do capítulo

Sei que depois de todo esse tempo vocês esperavam um capitulo enorme, mas esse é bem pequeno mas essencial, vou postar o próximo o mais rápido possível, espero mesmo que gostem!!!



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Só quem mora na cidade dos ventos sabe que existem duas Chicagos, uma é grande e imponente, a cidade que é cinza até no verão, mas que no inverno até chega a ser triste de tanto concreto. Já a outra é bem menor e foi criada pra fugir da primeira.

Situado bem as margens do lago Michigan o Grant Park sempre foi conhecido como um lugar de parada, onde as pessoas se esquecem do todo o resto e simplesmente se sentem em paz, mas assim que Grover chegou correndo ao centro do parque, e olhou a fonte, tudo no que ele pensava realmente deixou sua mente, dando lugar a um único sentimento bem menos tranquilo: medo. 

A Fonte da Coroa é constituída de dois monólitos de cinco andares que projetavam imagens em seus paredões, grandes rostos que convenientemente tinham na altura da boca o esguicho da fonte criando a ilusão de que o rosto cuspia água no tanque espelhado. 

A fonte jorrava apenas um fio fraco de água, o que nem deveria acontecer tão perto do inverno, mas Grover nem se deteve nisso, não havia como se deter em mais nada diante do rosto mostrado pelo projetor. Era um rosto de mulher, com traços fortes bem marcados, olhos grandes e semi-abertos e uma boca larga que parecia pronta tanto para sorrir quanto gritar. Tinha longos cabelos que Grover acreditava irem muito além de onde a tela poderia mostrar, e principalmente tudo, o rosto, os cabelos, tudo era escuro e vermelhado, a tela da fonte mostrava uma mulher semi-acordada feita de barro.

Gaia, a senhora do mundo, mãe de todos estava agora em alta definição na sua frente. Grover não sabia o que fazer nem o que sentir, de repente resgatar Hedge ficara em segundo plano, tudo ficara para depois, era verdade, ela estava acordando.

"Eu o esperava filho da natureza" - Grover ouviu a voz ressoar no fundo de sua mente e teve que se ajoelhar sobre a grama a beira do tanque da fonte.

"Gaia?" - ele pensou.

"Sim, filho de meus filhos, sou eu a mãe do mundo".

"Senhora, digo minha deusa, ah...o que a senhora quer, desculpe, não que seja da minha conta, mas bem... quero dizer, no que posso ajudar...bem... - ele não conseguia articular os pensamentos, já que ela estava dentro de sua mente - por que a senhora me esperava.

"Os deuses julgaram que eu dormia por todo esse tempo, mas criaturas tão pequenas não conseguem entender bem o que lhe é superior, sou vasta demais para estar totalmente dormindo, como também não posso ser totalmente acordada, no entanto, por esse piscar de olhos em que me ausentei estive observando."

"A senhora me observou" - ele estava perplexo.

"Vigiei tudo o que estava sobre mim, nada me escapa filho de meus filhos, e o que vejo em você muito me agrada, tens muito de um dos deste tempo que eu mais bem quis, o teu antecessor, Pã."

"O deus Pã me abençoou minha deusa, mas eu não sou seu sucessor" - Grover pensou meio envergonhado.

"Para mim você é, pois tudo que era útil em Pã ele passou-lhe jovem sátiro, a missão que Pã lhe deu, é ela que quero que cumpra."

"Mas Pã me pediu para..."

"Para salvar o mundo" - ela completou -"para convencer a todos que o caminho que estão traçando só leva a destruição, e que o mundo precisa que cada um faça sua parte para continuar existindo"

"Bem, não foi exatamente isso que Pã me disse senhora".

"Sim filho de meus filhos, foi isso o que ele disse, mas cabe a você decidir se foi isso o que você quis ouvir". - Grover sentiu que aquelas palavras pesavam mais que todas as outras até agora.

"Mas senhora, como eu poderia fazer isso, sou só um sátiro, posso fazer minha pequena parte e tratar para que cada sátiro também faça a sua, mas além disso eu não..."

"Duvidas de ti, de seu próprio poder e também do poder que Pã lhe deu, isso eu posso aceitar, mas não duvides de mim sátiro" - havia tanta força naquelas palavras que Grover teve a impressão que sua cabeça poderia estourar a qualquer momento - "eu sou a mãe do mundo, e através de mim você poderá tudo, será capaz de cumprir a missão que Pã lhe deu e pra isso eu cobro um preço muito pequeno".

"Preço?" - ele já pressentia que estavam chegando a isso - "que tipo de preço senhora.”

"Apenas sua lealdade, quero que abandone os deuses e passe a servir a mim, e então eu o transformarei em um instrumento para a construção de um novo mundo pós-Olimpo".

"Mundo pós-Olimpo?" -ele perguntou.

"Sim filho de meus filhos, o tempo dos deuses está prestes a acabar".

"Mas senhora, por que..."

"Por que assim eu decidi!" - Grover teve de baixar a cabeça para suportar a pressão - "Uma era chega ao fim quando tem de chegar, os deuses provocaram sua própria ruína e agora terão de sofrer as conseqüências.

"Mas eu não entendo senhora...o que os deuses fizeram de tão grave?". - ele nunca temeu tanto por sua vida quanto durante aquela pergunta, mas a resposta de Gaia era fundamental".

"Muito me espanta que seja você o primeiro a fazer tal pergunta, nem tanto pela coragem, afinal tens muitos defeitos, mas sabe agir sabiamente quando é a hora, mas você dentre todos deveria entender o Caos em que o mundo está se transformando, eu me obriguei a acordar, antes que Ele retornasse."

Grover estava ajoelhado sobre a grama, com a cabeça baixa presa com as mãos e o corpo comprimido, e ainda assim, ele se obrigou a encolher quando alcançou o entendimento.

"Ele pode voltar?" - Grover nunca tremera tanto.

"Ele é o principio e o fim de tudo, e se o mundo continuar por esse caminho, não é uma questão de poder, ele se torna mais forte a cada dia, e então sim, ele vai ressurgir".

Era tudo o que Grover precisava saber, ele se sentia horrível, mas não havia escolha, certas coisas são maiores que outras e algumas são tão grandes que não vale apena lutar contra, e nesses casos só havia mesmo uma saída.

"Mãe do mundo, estou sofre suas ordens, o que quer que eu faça".

"Excelente" - Grover sentiu um ribombar dentro de sua mente e percebeu que Gaia estava bem satisfeita - começaremos pelo básico filho de meus filhos, como em qualquer plantação, a forma de salvar a colheita é destruindo a principal praga que a está infectando".

"Como senhora?" - ele esperava mesmo que houvesse entendido errado.

"Prepare-se jovem sátiro, há um grande enxame de pragas que teremos de destruir".


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Notas finais do capítulo

Por favor me digam se gostaram ou odiaram, preciso mesmo desses reviews pra ver qual caminho seguir!