Behind Your Soul escrita por Bia_Felix


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oie gente. saudade de vcs!!
*aperta*
ahh eu estou tão feliz por estar postando esse cap!!*-*
ele está extremamente grande e muito emocionante...
muito obrigada a todas as pessoas de bom coração que me mandaram reviews do cap passado. *abraça todos vcs!
nos vemos lá embaixo.
bjuus



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Capítulo 3

Era quarta-feira e eu havia tido a oportunidade de conhecer Edward muito bem – A cebola dourada que havíamos ganhado na segunda estava sobre a minha mesa de cabeceira. Estava saindo para a escola e percebi que a névoa estava tão densa que era quase impossível visualizar a minha picape há cinco metros de distância, parada na calçada. Parecia que o noticiário havia acertado dessa vez: Neve em breve. Suspirei forte. Pelo menos seria breve – Duraria até sexta, segundo a moça da meteorologia. 

Dirigi extremamente lenta para a escola, tomando cuidados desnecessários. Ainda bem que meu tempo era o suficiente. Cheguei à escola estacionando na vaga de sempre. A névoa estava menos densa ali do que em casa – Devia ser o calor corporal.

Consegui ver do outro lado do estacionamento o Volvo prata polido de Edward, e sorri.

“Buu!” Sua voz aveludada surgiu atrás de mim, dando-me um susto que fez a chave da picape cair em direção a uma poça de lama. Mas uma mão pálida e grande chegou primeiro.       

            Eu pulei e me virei em sua direção. Ele sorria torto, me deixando tonta e desnorteada por um instante, a chave balançando entre seus dedos.

            “Eu te assustei?” ele perguntou ainda sorrindo.

            “Não. Apenas me pegou de surpresa. Como fez isso? Ah, esquece!” eu disse vendo seu sorriso se alargar. 

De repente o seu sorriso murchou e se transformou em um grito sufocado. “ELA NÃO!” foi que ele pareceu gritar, sem voz, ao olhar para o lado. Seus olhos estavam em pânico e eu entrei em pânico ao vê-lo desse jeito. O QUÊ?, eu queria gritar, mas apenas acompanhei seu olhar, indo para o meu lado. O barulho da van do Tyler caindo e vindo exatamente em nossa de direção me despertou. Mas que merda! Não dava tempo nem de fugir.

Fechei meus olhos, esperando que alguma coisa não deixasse Edward se ferir. Mas a dor não veio. Senti meus cabelos se levantarem, como se uma breve brisa tivesse passado por ali. E senti que braços gélidos rodeavam-me pela cintura e me vi há quase dois metros de onde estava antes. No entanto, o perigo não havia passado. A van bateu no Peugeot caramelo que estava entre nós e na picape com tal força que iria nos esmagar. Virei meu corpo de forma que a última coisa que eu visse fosse o rosto de Edward. Em seus olhos, que eu juraria estar dourados e quentes há dois minutos, agora estavam em um negro profundo, uma determinação obstinada em seu rosto. 

Encolhi-me junto ao seu peito esperando a morte chegar, mas senti seu braço se estender por debaixo da minha cintura e barulho de ferro sendo amassado. O som do carro vindo em nossa direção havia parado.

Ele ficou ereto e, com o canto do olho, pude ver no carro caramelo a marca inconfundível da palma da sua mão.  Ao levantar o olhar, alguns segundos depois, vi que seus olhos voltavam à cor normal, tom por tom, me encarando, despejando todo o seu poder sobre mim.

Senti que uma de suas mãos que estavam na minha cintura foi para o meu rosto e, embora sua mão fosse gélida, senti-me quente de imediato.  Ele se inclinou em minha direção enquanto eu ficava na ponta dos pés – Nossos lábios há centímetros de distância... Fechei os olhos, esperando pelo beijo que me levaria aos céus e me traria de volta...

“Tem alguém ferido?!” A voz da senhora Cope, da secretaria, nos deu um susto e todo o clima se foi pelo ralo. Edward tirou as mãos do meu rosto e da minha cintura, olhando para baixo, embora um sorriso brincasse no canto de seus lábios.

Nossa! Como eu queria matar a Senhora Cope agora! Porque ela não podia gritar daqui uns cinco minutos? Que droga!

Olhei para Edward que agora estava do meu lado e vi que seu sorriso era mais pronunciado.

“Eu já chamei a ambulância!” Senhora Cope gritou de novo.

Respirei fundo, tentando me recompor de minha raiva.

“Edward. Cara. Vocês estão bem?” Uma voz grossa, de dar medo, surgiu entre os carros.

“Está tudo bem, Emmett!” Edward disse, olhando para o irmão, assentindo uma vez, como se respondesse uma pergunta muda de Emmett. Edward murmurou alguma coisa que me pareceu um ‘obrigado’ mas foi tão baixo que eu não pude ter certeza.

Ao longe pude ouvir o som de uma ambulância. 

“Edward? Você está bem? A sua mão está doendo?”

“Está tudo bem, Bella. Minha mão está em ótimo estado.” Ele falou, girando o pulso. “Você está bem?” Perguntou, olhando nos meus olhos de novo.  A sirene da ambulância estava bem mais perto agora.

Assenti. “Eu estou bem. Apenas um pouco confusa, só isso.”

Olhando para a van, conseguia ver os paramédicos retirando Tyler do veículo – Ele parecia machucado.  Amarraram-no em uma maca, colocando-a na ambulância em seguida. 

“Edward, por favor, não me deixe ser amarrada naquela maca, por favor.” Supliquei, agarrando seu braço com força, como uma criança no escuro. Ele riu baixinho.

“Está tudo bem, não deixarei amarrarem você a uma maca. Eu vou falar com o motorista.” Terminou, andando em direção a ambulância, mas eu não larguei seu braço de jeito algum.

“Jonhan?!” Edward perguntou para o motorista. Ele conhecia todo o mundo daquela cidade?

“Edward?” E o melhor, todo mundo conhecia ele também? “Você estava envolvido nesse acidente também cara?!” O homem perguntou, parecendo preocupado.

“Mais ou menos. Não estamos feridos, mas temos que ir.” Ele indicou com a cabeça a Sra. Cope. “Insistência dela. Será que poderíamos ir ai na frente?”.

“Claro, cara. Entra aí!” Edward me conduziu até a porta de carona da ambulância, entrando primeiro e me deixando perto da janela. Agradeci mentalmente por isso – Minha mente ainda estava um pouco tonta com o seu cheiro. Minha consciência voltava há alguns minutos, o que teria acontecido se a Sra. Cope não tivesse nos interrompido.

“Edward...” Eu sussurrei perto dele, ainda abraçada em seu braço como uma criança. “Você conhece todo mundo por aqui?”

Ele riu e balançou negativamente a cabeça. “Ele trabalha com meu pai no hospital!”

“Seu pai é médico?” Perguntei. Ele assentiu uma vez e eu suspirei. “Você vai me explicar tudo depois, não vai?” Inquiri, olhando em seu rosto de anjo. A ambulância chegava perto do que eu julgava ser o hospital.

Ele assentiu. “Tudo que estiver ao meu alcance.” Respondeu, olhando em meus olhos, e não pude duvidar da sua sinceridade.

“Ok.” Eu disse. Deveria ser o suficiente.

A ambulância parou na entrada do hospital e eu desci com Edward logo atrás. Ele me levou até um consultório que tinha na porta um letreiro dourado com o nome Dr.Cullen e logo fiz um quadro mental de um senhor barbudo e alegre.

É claro que o quadro mental se desfez no momento em que Edward abriu a porta e chamou por um homem que lia um livro sentado na cadeira. Carlisle.  Uau! Ele era jovem e loiro... E muito mais bonito do que qualquer estrela de cinema que eu já tenha visto! No entanto, ele era pálido e parecia cansado, com círculos embaixo dos olhos.

            “Pois não? Oi, filho!” O Dr. Cullen disse com a voz notavelmente atraente. Seu sorriso era tão claro quanto o sol, caridoso e alegre.

            “Oi, pai. Essa é Bella Swan. Bella, esse é Carlisle, meu pai.” Ele sorria. Dr. Cullen se aproximou com o mesmo sorriso. “Olá, Bella. É um prazer conhecê-la!” Disse sorrindo, porém sem tocar em mim.

            “O prazer é todo meu, Dr. Cullen!”

            “Carlisle. Só Carlisle!”

            “Carlisle.” Concordei, sorrindo. Ele sorriu de volta e seu bip em cima da mesa tocou, o chamando para a sala 7.

            “Perdoem-me, terei de ir agora. Parece que é o garoto da van que está na sala 7. O dever me chama.” Ele tocou o ombro de Edward e o meu. “Foi um prazer Bella. Com licença.” E depois ele saiu da sala.

Não pude deixar de perceber que era a primeira vez que ficávamos sozinhos depois da interrupção da Sra. Cope. Meu coração já disparava e o sangue inundava minhas bochechas.

            “Bem, eu acho que te devo algumas explicações...” ele disse olhando para os pés.

            Assenti olhando para os pés também.

            “O que acha de irmos para a lanchonete?” Perguntou, e senti seus olhos me perfurarem, embora eu continuasse olhando para baixo. Tinha medo do que veria ao olhar em seus olhos – raiva, arrependimento... Tinha medo de que seus sentimentos me tirassem da minha fantasia feliz onde ele queria me beijar.

            “Seria legal.” Eu disse baixinho. E então, sem qualquer barulho, ele estava ali. Seu dedo gélido levantou meu queixo, forçando meu olhar encontrar o dele. Minhas bochechas coraram de novo.

            “Bella, o que foi?” Perguntou em um sussurro, depositando todo seu poder nos meus olhos. “Fiz alguma coisa errada?”

            “Não, você não fez nada errado! Eu só estou com uma raiva imensa da Sra. Cope.” Eu disse emburrada.

            Ele riu. “É, eu percebi!” E eu levantei o olhar para ele – Seu rosto perto demais. Inclinei-me em sua direção e ele se curvou outra vez...

            Dr. Cullen, favor comparecer a sala 7.  A porcaria do Bip nos atrapalhou e ele se afastou. De novo.

            Suspirei. Não tinha como matar o bip, então, fiz uma careta e segurei sua mão, puxando-o para fora da sala.

            “Vamos para a lanchonete.” Eu disse obstinada, fazendo-o rir do meu tom de voz.

            Edward me puxou na direção certa e fomos para o balcão da cantina do hospital. Ele pediu duas cocas e me guiou para uma mesa.

            “Devo-lhe algumas respostas.” Ele disse olhando em meus olhos, depois de servir um copo de coca para mim. “Pergunte.” Ele disse suavemente.

            “O que aconteceu?” Inquiri, e admito que esperava qualquer coisa, menos que ele realmente me respondesse.

            “Bem, a maior parte é interpretação, ok? Tyler perdeu o controle da van, que veio em nossa direção, e empurrou o Peugeot em cima de nós. ” Respondeu rapidamente. Precisei de um minuto.

            “Por que não estamos mortos?” Olhei para ele e vi a dor vincar a sua testa. “Não estou morta, estou?” eu perguntei assustada. Faria sentido. Ele querendo me beijar duas vezes. Faria mais sentido do que o que estava acontecendo agora.

            Ele riu e balançou negativamente a cabeça. “Não, Bella, você não está morta. Eu nunca deixaria que algo te fizesse mal.” Ele sorriu o sorriso torto perfeito, deslumbrando-me de novo. “A sorte estava do nosso lado.” E, então, ele fez uma careta adorável e continuou. “Bem, pelo menos uma parte dela – Você atrai acidentes de uma forma extremamente insana sabia?!”

            “Como você fez aquilo?” Perguntei, ignorando sua resposta sobre a minha sorte.

            “Você viu.” Não era uma pergunta.

            “Como está a sua mão?” Questionei, olhando para ela, que estava estendida sobre a mesa. Não estava roxa, nem parecia menos perfeita do que antes.

            “Está ótima. Nunca esteve melhor.” Falou, encarando a mesa.

            “Edward?” Chamei-o e esperei seus olhos focarem os meus. “O que está acontecendo?” Olhei em seus olhos dourados. Ele fez uma careta antes de responder.

            “Seria idiotice se dissesse que pessoas fazem isso o tempo todo... Eu não sou... Normal.”

            “Explique.” Pedi, sabendo que estávamos chegando perto.

            “Bem, eu parei o carro, você viu. Não tem como dizer que não o fiz. Mas eu não me machuquei nem nada parecido. Eu sou... diferente.” ele tentava explicar, lutando com as palavras de uma forma tão adorável...

            “Especial.” Corrigi, arrancando-lhe um sorriso angelical que me deixou boba.

            “A maneira que me considera é absurda!” Sorriu docemente. Seus olhos tinham um brilho especial, um brilho que eu nunca, em todos os meus 17 anos, tinha visto. Era um brilho feliz, que automaticamente me fazia sorrir também.

            “O que você é?” eu perguntei, sabendo que qualquer resposta não mudaria o que eu estava sentindo por ele.

            Seu sorriso mudou e se tornou um pedido de desculpas mudo. Seus olhos expressavam que realmente sentia muito.

            “Essa é uma das respostas que não estão ao seu alcance, não é?” Conjeturei. Ele assentiu uma vez, o sorriso de desculpas ainda lá em seu rosto de anjo.

            “Sinto muito.” Edward disse, fitando-me.

            “Tudo bem, acho que posso entender.” Suspirei, encostando as costas na cadeira. “Você não se importaria se eu tentasse descobrir, certo?”

            “Gostaria que não tentasse.” Ele disse, suspirando também.

            “Por quê?” Olhei em seu rosto

            “Por que eu posso não ser bom... Lembra?” Perguntou, referindo àquela conversa no colégio.

            “Ah... Perigoso, não mal.” Falei, e ele revirou os olhos. Eu já disse o quanto eu adoro quando ele fazia isso?!

            E, em um impulso de coragem, coloquei minha mão sobre a dele, afagando as costas de sua mão gélida. Seus olhos me olhavam arregalados, mas ele não se afastou.

            “Sabe que pode confiar em mim, não é?”

            Ele sorriu docemente e assentiu.

            “Eu sei... Mas, o segredo não é só meu. Eu sinto muito.” Desculpou-se novamente, com a mesma sinceridade de antes.

            “Tudo bem, eu entendo.” Eu sorri, ainda afagando sua mão, adorando tê-la ali, embaixo da minha. “E, Edward... Obrigada. Por tudo. Pelo salvamento e pelas respostas – Era mais do que eu merecia.” Murmurei com a maior sinceridade que meu coração foi capaz de produzir.

            E ele deu o meu sorriso, deixando-me tonta como de costume.

            “Disponha.” O sorriso torto de matar ainda estava ali. “Emmett, meu irmão, está ali esperando. Ele trouxe o meu carro. Posso deixá-la em casa, se você aceitar.” Ele estava me dando à opção de ficar longe dele, o que, enquanto eu estivesse lúcida, nunca faria.

            “Eu adoraria, mas acho que temos que voltar para a escola...”.

            Edward sorriu docemente antes de responder. “Na verdade não. Todo o corpo docente e metade dos estudantes estão aqui hoje.”

            Acho que ele percebeu que estava à beira de um ataque de pânico, pois sua mão que estava livre foi para cima da minha, que ainda acariciava a sua, e a apertou. Não de maneira forte, apenas para mostrar apoio, que estava ali.

            Meu coração disparou, e fiquei absorvida por seus lindos olhos dourados por alguns segundos.  Depois ele sorriu e retirou as mãos de cima da mesa, encostando-se à cadeira.

            “Relaxa. Hoje não somos o alvo da fofoca.” Seu sorriso brincalhão brotou de novo e quase senti pena de Tyler. Quase.

            “Bem, de qualquer jeito tenho que voltar para a escola. Minha picape ainda está lá.” Dei de ombros. O caminho pareceu-me bem curto quando estava na ambulância, embora o lado sensato da minha mente me dissesse que isso tinha mais a ver com quem estava do meu lado do que qualquer outra coisa.

            “Tudo bem, nós deixamos você lá. É claro que eu não deixaria você ir para casa sozinha!” ele revirou os olhos, descartando a idéia. “Com a sua sorte, provavelmente não conseguiria atravessar a rua.”.

            Estreitei os olhos em sua direção e ele sorriu torto, me desarmando. Não era justo! Fiz uma careta.

            “Tudo bem, mas não quero atrapalhar.”

            “Você não irá atrapalhar nada. Emmett já está nos esperando. Vamos?”

            “Claro.” Eu levantei e caminhamos para fora do hospital, sem que ninguém nos parasse ou encarasse. Era quase um milagre. Andávamos perto o suficiente para que eu sentisse a sua pele gélida roçando em meu braço direito de vez em quando e gostei da sensação.

            Do lado do Volvo de Edward estava o irmão gigante dele, Emmett, que ainda me dava medo, embora soubesse que era uma boa pessoa.

            “Hey, Edward!” Ele acenou.

            “Oi, Emm. Essa é Bella Swan.” Ele chegou mais perto, e, meu Deus, como aquele garoto era grande!

            “Eu sei que é Bella Swan. O colégio todo estava falando dela!” Emmett sorriu para mim, envolvendo-me em um abraço de urso.

            Fiquei sem reação. Primeiro, porque não conseguia me mover e, depois, quando ele me colocou no chão, o máximo que eu consegui fazer foi corar fortemente.

            “Oi, Bella! Meu irmão aqui anda pensando muito em você sabia?” Eu corei mais forte ainda e não tive tempo para responder.

            Entramos no carro de Edward, eu no banco de trás, Emmett dirigindo e Edward no banco do carona.

            “É sério! Antes era normal vê-lo parado, encarando o nada, mas agora ele faz isso” Emmett teve de dar uma pausa para desviar de um tapa na cabeça do irmão, mas sem oscilar o carro nem por meio centímetro. “Às vezes tenho que dar uns cutucões nele porque senão ele baba. Está quase escrito na testa dele: ‘Pensando na Bella’!” Ele disse rindo e sem conseguir desviar do tapa dessa vez, que o acertou em cheio. Ele continuou gargalhando. 

            Quando percebi já estávamos na frente do colégio.

            “Vamos logo, Edward. Vá deixar a Bella no carro dela, mas tenta não babar... Eu ainda quero jogar vídeo game hoje.” Falou, sem parar de rir.

            Edward revirou os olhos e desceu do carro – Era a minha deixa! Tirei o cinto e sai do carro, parando perto da janela de Emmett.

            “Obrigada pela carona, Emmett.”

            “De nada, Bella. Estou fazendo minha obrigação para a nação, afinal você não parece ser capaz de atravessar a rua sem que alguma coisa tente te acerte... Eu gosto de você. E é divertido quando você cora!” Enrubesci de novo e ele riu. Virei, acenando para ela, que retribuiu o gesto.

            Edward me acompanhou até a picape, que estava um pouco longe de onde Emmett havia parado. O estacionamento estava completamente vazio.

            “Desculpe-me pelo Emm. Às vezes eu acho que ele ainda não cresceu, mas a maioria do tempo, como agora, eu tenho certeza.” Ele disse sorrindo e eu ri.

            “Eu gosto dele. Lembra-me a minha mãe.. Uma criança que cresceu demais.” Falei sorrindo.

            “É, eu também gosto dele, mas às vezes ele me irrita. Muito!” Riu e eu o acompanhei. Estávamos do lado da picape agora.

            “É verdade... O que Emmett disse? É verdade?” Perguntei subitamente olhando para baixo. Ele não respondeu, então, finalmente olhei para cima, encarando seus olhos dourados.

            “Eu não babo.” Ele disse simplesmente. Meu coração disparou e ele sorriu torto, me deixando tonta. Abriu a porta da picape para mim e eu entrei.

            “Eu te vejo depois?” Ele ainda estava me deixando opções...

            “Te vejo depois.” Confirmei sorrindo. Ele sorriu igualmente e depois pareceu lembrar-se de alguma coisa, pois fez uma careta e olhou para mim de novo.           

            “Bella... Por favor, tente não ser atropelada por uma van ou atingida por um meteoro nesse meio tempo, ok? Eu não sei se conseguiria fazer alguma coisa...”.

            Revirei os olhos, mas sorri internamente, feliz com a sua preocupação expressa com a minha saúde.

            “Farei o meu máximo.” Eu disse sorrindo, sendo retribuída.

            Fechei a porta enquanto ele caminhava até o Volvo, dei partida na picape, e, mesmo assim, pude ouvir a risada estrondosa de Emmett enquanto o Volvo desaparecia em alta velocidade.

            Nem preciso comentar o quanto demorei a conseguir chegar em casa sem criar nenhum acidente no caminho, não é? Quando cheguei, o telefone tocava, obrigando-me a sair correndo para atendê-lo – Meu coração disparado, imaginando quem poderia ser do outro lado da linha, embora soubesse que, se ele quisesse falar comigo, provavelmente viria até aqui.

            “Alô?”

            “Oi, Bella!”

            “Oi, Char... Pai!” Eu disse, me embolando com as palavras.

            “Fiquei sabendo do acidente...” É claro que ficou. “E fiquei preocupado, embora tenha acabado de sair do hospital – Tive que fazer o teste de alcoolismo no sangue do tal Tyler.” Ele disse.

            “Ah, pai, a culpa não foi dele. Foi a neve que fez o carro escorregar. Eu estou bem.”

            “Eu sei disso; o teste deu negativo, mas ele deveria ter tomado mais cuidado... Ele poderia ter matado você.” Soou preocupado – Agora não era mais Charlie e sim o Chefe de Polícia Swan.

            “Sim, pai, mas não matou.”

            “Por pouco pelo que soube. Acho que devo isso de um dos Cullen, não?” Nossa, que cidade mais fofoqueira. O acidente foi a menos de duas horas e até meu pai já sabia.

            “É, pai, é verdade. Edward Cullen me tirou da frente. Teria sido bem pior se ele não estivesse por perto.”

            “É... Foi o que eu disse. E a picape? Qual o nível de estrago?”

            “Na verdade, a única coisa que realmente quebrou foi o farol traseiro esquerdo. Nada que eu não consiga pagar para um mecânico trocar.”

            “Graças a Deus! Estava realmente preocupado com essa parte.”

            “Está tudo bem, pai.” Tranquilizei-o, revirando os olhos.

            “Bem... Então eu acho que devo desligar agora, preciso fazer o acompanhamento do caso. Parece que o garoto quebrou o braço. E o Cullen... Edwin, não é? Como ele está?”

            “É Edward, pai. Ele está bem, nenhum dano.”

            “Ótimo. Esses Cullens são boas pessoas. Eu tenho que ir, Mark está me chamando. Se cuida, Bella.”

            “Ok, pai, obrigada. Você também. Tchau.”

            “Tchau.” O telefone ficou mudo.

            Suspirei enquanto jogava a minha mochila em cima da minha cama, e desci para adiantar o almoço, para não ter que fazer janta. Minha cabeça estava zonza. Era muita informação para um dia só, mas era impossível ignorar que Edward havia confirmado o que Emmett havia dito, de uma forma misteriosa, mas havia confirmado. E meu coração quase não cabia no peito de tanta felicidade.

            Eu estava tão feliz pelo que ele havia dito e, embora fosse meio piegas, eu já estava sentindo a falta dele perto de mim. Era como se ele tivesse levado consigo a melhor parte do meu ser – Uma parte que eu precisava e só conseguia juntar quando ele estava por perto, com a sua voz aveludada, seu rosto de anjo e corpo de um Deus pagão da beleza. E seu sorriso mais lindo do mundo.

            O toque do telefone me tirou da minha fantasia.

            “Alô?”

            “Bella? Sou eu, a Ang.”

            “Oi, Ang? Como está? Nem consegui falar com você hoje.”

            “Pois é... Eu estou quase explodindo! Queria falar com você ontem, mas não teve como e eu me esqueci de te ligar... E hoje aconteceu aquele acidente e eu nem vi você. Preciso muito falar, estou quase enlouquecendo!” Ela disse, praticamente sem respirar.

            “Percebe-se! Respire, Ang!” Brinquei com ela, fazendo-a rir.

            “Certo, mas, primeiro, o que aconteceu?”

            “Ah, o Edward me tirou do caminho evitando que a van me esmagasse.” Respondi apaticamente.

            “Jura?! Disso todo mundo sabe, né Bella! Eu estou perguntando depois!”

Ela murmurou e eu conseguia até ver sua sobrancelha direita arqueada.

            “Nós tivemos que ir ao hospital e eu conheci o pai de Edward, e ele me pagou um refrigerante. Ele achava que eu estava precisando.”

            “Isso é bem... gentil. E depois você foi para casa?”

            “É.”

            “Bem... Você não acredita o que aconteceu comigo ontem!” Fez um ar misterioso ao dizer.

            “O quê?” Perguntei.

            “Convidaram-me para o baile!” ela disse, sua voz irradiando alegria. Parecia uma criança feliz.

            “Meu Deus, Ang! Que ótimo! Quem foi o felizardo?”

            “Ben. Ben Cheney!”

            “Caramba! Agora entendi porque está tão feliz! Você estava afim dele há séculos!”

            “Ai credo, Bella! Até parece que eu sou assim... Ah, eu estou tão feliz! Você estava coberta de razão. Graças a Deus ele percebeu.”

            Eu ri e ela me acompanhou.

            “Mas...” Continuou, seu tom de voz era diferente.

            “Mas? Ainda tem mais?” Eu perguntei desconfiada.

            “Sim. Bella eu preciso de você!” Agora sua voz era desesperada. “Só você pode me ajudar!”

            “Vixi, Ang. Estou ficando com medo.”

            “Ah, Bella, juro que não tem perigo... Não muito.”

            “Tudo bem. Fale. O máximo que pode acontecer é eu desligar na sua cara.” Eu disse sorrindo e ela riu nervosa.

            “Tudo bem... É o seguinte. O baile é domingo e hoje já é quarta. A Jéssica vai à Port Angeles sexta para comprar o vestido. Eu tenho que ir também porque eu não tenho vestido para ir ao baile. O problema é que a Lauren vai também e você sabe como a Jess fica quando a Lauren está perto. O que eu queria te pedir é para você ir também!”

            “Wow! Mas, Ang, eu nem vou ao baile.”

            “Não é por falta de convite, né?”

            “Não, Ang, mas eu não sei nem gosto de dançar. Eu não vou ao baile.”

            “Eu sei, Bella, mas, por favor, eu preciso que você vá. Eu não quero ficar sozinha com a Jess e com a Lauren juntas! Você não faria isso comigo, não é? Vamos! Você vai e, então, me faz companhia. A gente podia até passar na livraria! Por favor, Bella!”

            “Tudo bem, Ang. Eu vou falar com Charlie, ok? Não prometo nada!”

            “Obrigada, Bella! Eu sabia que você não iria me deixar na mão! Agora eu tenho que ir... Terminar o almoço para os gêmeos. Obrigada!”

            “De nada. É para isso que servem os amigos... eu acho!” Murmurei sorrindo.

            “Obrigada mesmo assim! Até amanha.”

            “Até!” A linha ficou muda outra vez. Suspirei de novo.

            Agora mais essa. Como se não bastasse ter que ir ao shopping, a Jess e a Lauren iriam também. Suspirei mais pesadamente, quase grunhindo. Angela ficaria me devendo.

            Almocei, meus pensamentos voltando à certo ruivo de olhos dourados. No final, a comida já estava fria, então, lavei a louça rapidamente. Guardei o que restou da comida na geladeira, já garantido o jantar meu e de Charlie.

            À tarde, sem nada para fazer – nenhum dever de casa e nenhum email de Renée para responder –, acabei deitando na minha cama e devo ter adormecido, pois quando acordei estava a noite e Charlie já estava lá embaixo – o som da TV ligada. Percebi que um cobertor que não estava ali antes me cobria. Deveria ter sido o Charlie, e eu achei ótimo, pois estava realmente muito frio.

            Passei a mão no cabelo, me lembrando do meu sonho. Nele, a Sra. Cope não aparecia, mas deveria ser um carma porque nem no sonho eu consegui chegar mais perto daquele rosto de anjo de Edward. Eu acordei quando estávamos há menos de 2 centímetros...

            Fui tomar banho e agradeci ao Charlie pelo cobertor. Ele pareceu meio confuso, dizendo que não sabia de cobertor nenhum, mas acabou deixando para lá, voltando a assistir o jogo. Ele achou uma ótima idéia uma ida ao shopping com as garotas – Quem não gostou muito disso fui eu, já que me tirou a única chance de não ter que aturar Lauren mais que o necessário.  Voltei para o quarto e dormi rapidamente, sem sonhos dessa vez.

            No dia seguinte, o foco das fofocas era Tyler, assim como Edward havia previsto. O que nos deu certa privacidade para conversar na mesa durante o almoço, sem que metade da escola nos encarasse.

            Tyler veio pedir desculpas e eu depois de dizer 5587818751897 vezes que estava tudo bem ele finalmente foi embora para ser adulado pela Lauren.                  

            “Então... Foi um dia quase normal hoje...” Edward murmurou. Estava na hora de ir embora e eu e ele estávamos a caminho da picape.

            “É verdade. Quase valeu a pena o acidente. E ninguém tentou me matar hoje!” Eu disse, sorrindo. Ele estava de bom humor, mas seus olhos estavam mais escuros e as olheiras embaixo dos olhos em um tom arroxeado.

            “Ainda.” Sorriu torto. Meu coração tendo o acesso de sempre.

            “Ainda.” Concordei.

            “Você tem que ir...”.

            “É, eu sei. Charlie disse que chegaria mais cedo hoje.” Falei, sem conseguir reprimir por completo a careta que se seguiu.

            “Bom... Não quero que seu pai pense que eu sou uma má influência para você. Mas eu queria que você me prometesse uma coisa antes.”

            “O que quiser.” Eu disse sem pensar.

            “Bella, eu gostaria que você me prometesse que irá se cuidar. Sabe, olhar para o lado antes de atravessar a rua, não entrar na floresta à noite, olhar para o céu de vez em quando para ver se não tem nenhum meteoro caindo em sua direção... Essas coisas.” Ele disse sorrindo torto. Eu abri um meio sorriso.

            “Prometo tentar me manter viva até amanha.” Levantei minha mão direita. “Palavra de escoteiro.”

            “Você já foi escoteira?” Perguntou com o cenho franzido. Eu ri.   

            “Não, mas sempre quis dizer isso.”

            Ele riu.

            “Bella, não é só até amanhã.”

            “Por que não?”

            “Porque eu vou começar meu final de semana mais cedo. Não vou para a escola amanhã.”

            Pisquei sem entender.

            “Como assim?”

            “Eu vou sair para acampar com Emm e Jasper. Só volto no sábado.” Falou, seus olhos me sondando. Demorei um pouco para responder.

            “Merda. Acho que estou com raiva de Emmett agora.”

            “Eu também!” ele disse, sorrindo docemente para mim.

            Fiquei sem falar nada e senti seus olhos me sondando novamente, tentando ler meu rosto.

            “Parece que até segunda-feira é muito tempo para você.” Edward murmurou suavemente.

            “É muito tempo para mim!” eu disse amuada.

            “É muito tempo para mim também! Acho que deveria saber.” Ele falou, e olhei para seu rosto de anjo, não podendo deixar de sorrir.

            “Eu prometo tentar me manter viva até segunda-feira.” Repeti o gesto, erguendo a mão direita de novo. “Palavra de uma não-escoteira. Se...”

            “Se...?”

            “É... Se você prometer para mim que estará aqui na segunda.”

            “Eu, Edward Cullen, prometo que estarei aqui segunda-feira.” Concordou, sorrindo torto.

            “Então, eu prometo que tentarei ficar viva até lá.” Ele sorriu e quase me tirou a sanidade quando levou sua mão para o meu rosto, as costas de mão acariciando minha bochecha, o sangue preenchendo toda a região... Seus dedos gélidos afagaram suavemente minha pele, deixando um rastro de fogo por onde seus dedos passavam.

            “É sério. Eu preciso ter certeza que você irá ficar bem!”

            “Então, fique por perto!” eu disse com o que restou da minha voz.

            “Eu gostaria muito. De verdade, mas não posso.”

            “Não tem nada que eu possa fazer?” Questionei, seus dedos ainda afagavam meu rosto.

            “Não, eu sinto muito.” Sussurrou docemente.

            “Tudo bem. Te vejo segunda!”

            “Te vejo segunda!” Ele afastou delicadamente sua mão e fechou a porta da picape para mim, acenando com um sorriso enquanto eu saía do estacionamento.

            Ao virar a esquina para chegar em casa percebi que tinha um carro a mais na calçada. Era uma caminhonete marrom escura. A placa era de La Push, uma reserva indígena perto de Forks.

            “Pai?” Chamei-o da porta da cozinha. Charlie estava sentado no sofá com um homem cadeirante do lado, ele era moreno avermelhado e tinha os cabelos longos e negros soltos do lado do rosto, formando uma cortina em volta de seu rosto. Ambos assistiam vigorosamente a um jogo de beisebol.

            “Bella, oi! Esse é Billy, Billy Black. Lembra-se dele? Ele ia pescar com a gente... Meu amigo há muito tempo.” Ele perguntou, sem realmente prestar atenção.

            “Oi, Billy, como vai?” Tentei ser educada, mas sem lembrar realmente dele. Apenas seu sobre nome me parecia familiar.                                                    

            “Olá, Bella! Seu pai estava muito ansioso para ter você de volta... Você está linda.” Ele disse com uma voz de trovão.

            “Obrigada, Billy, você também não está nada mal.” Elogiei, rindo, e ele acompanhou – Sua voz de trovão fazendo a cadeira de rodas balançar.

“Posso saber do que está rindo, hein velho?” Uma voz mais nova apareceu.

Entregando uma cerveja para Charlie e outra para Billy, tomando em seguida um pouco de guaraná, o jovem parecia ter catorze, talvez quinze anos, e tinha um cabelo longo e brilhante amarrado atrás da cabeça com um elástico de borracha perto da nuca. Sua pele era linda, sedosa e com uma cor saudável; seus olhos escuros, bem posicionados no alto das maçãs bem feitas do seu rosto.

Ele tinha só um pouco de infantilidade que havia permanecido no seu queixo. No geral, um rosto bonito. E ele tinha um sorriso brilhante também, era bonito. Parecia estar brincando com Billy?!

            “Bella, esse é Jacob, meu filho mais novo.” Billy disse, apontando para o garoto.

            “Oi, Bella! Charlie estava uma pilha de nervos com a sua volta!”

            “Tudo bem, podem parar com isso agora. Jake, porque você não vai ver se a pizza tá chegando, hein?” Charlie interrompeu as risadas dos dois e já despachou o coitado do Jacob, que foi para a cozinha.

Fui deixar minha mochila no quarto e quando voltei os três já devoravam a pizza de calabresa. Revirei os olhos e peguei uma fatia, tomando guaraná também.  Segui para a cozinha, a fim de arrumar alguma coisa mais saudável para comer, e acabei engolindo uma barrinha de cereal.

            “Oi! Quer ajuda?” Jacob perguntou, despachando o que sobrou da cerveja no ralo da pia.

            “Na verdade, estou bem, a não ser que você queira lavar a louça.” Eu disse sorrindo.

            “Tudo bem, você lava e eu enxáguo e seco.”

            “Ok!”

            “Acho que você costumava brincar com as minhas irmãs mais velhas...” Ele puxou assunto.

            “Rachel e Rebecca... Como elas estão?” Perguntei. As gêmeas eram apenas alguns anos mais velhas que eu.

            “Bem, Rachel recebeu uma bolsa de estudos no estado de Washington e Rebecca casou com um surfista de Samoa – agora ela vive no Havaí.”

            “Uau!” Exclamei sorrindo.    

            “E você comprou a picape do meu pai...” Ele continuou.

            “É mesmo! Esqueci desse detalhe.” Eu disse, pegando um prato.

            “Partindo do princípio que meu pai nunca me deixaria construir outro carro se tínhamos um em perfeito estado na garagem, estou em dívida com você.” Sorriu, enxaguando o prato rapidamente.

            “Ah, é? Mas eu gosto muito da picape... Se sai bem em acidentes.” Falei sorrindo.

            “Claro, claro. Acho que um tanque não seria capaz de destruir aquele monstro velho. Mas é muito lenta!”

            “Não acho...” Indaguei, defendendo a picape.

            “Já tentou passar dos 80?”

            “Não...”

            “Ótimo. Não tente!” ele disse rindo. Eu ri também. Jacob era um tipo de pessoa fácil de conversar, simples. “Bem, chegou aos meus ouvidos que sua lanterna traseira estava quebrada.”

            “É verdade. Charlie fofoqueiro!” Eu disse um pouco mais alto. “Mas não foi culpa minha.”

            “Eu fiquei sabendo dessa parte também. Bom... Eu tinha umas lanternas de Chevy lá em casa, eu trouxe. Posso trocá-las se você quiser.”

            “Wow, Jake! Eu posso te pagar.”

            “Não, eu estou em dívida com você.” Ele terminou de enxaguar o último copo e secou as mãos na toalha. “Está lá fora, podemos trocar agora mesmo?!”

            “Seria incrível! Mas você me parece meio novo para essas coisas.” Murmurei sem querer ofender.

            Ele pegou uma caixa gigante de ferramentas e fomos para a picape. Ele tirou de um saco uma lanterna traseira grande novinha em folha.

            “Sou bom com essas coisas. Estou montando um Volkswagen Rabbit 1986. Quando eu puder dirigir ele estará pronto, se Deus quiser.” Ele disse sorrindo enquanto tirava eficientemente os restos do farol com uma chave de fenda.

            “Legal! Não vi você na escola esse tempo...”.

            “É porque eu não estudo na mesma escola que você. Prefiro a seletividade da Reserva. Deixam qualquer um entrar aqui.”

            Fiz uma careta para ele, que sorriu. “Então vocês da Reserva são reservados? Não vem até aqui?” Perguntei curiosa, percebendo que não tinha visto muitos índios nas redondezas.
            “Na verdade, não precisamos muito vir por aqui, embora podemos. E muitos estudantes podem ir para lá também.”

            “Podem?” perguntei olhando para ele. O modo como ele falou me deu a impressão de ter algo por trás disso.

            “É... Digamos que algumas pessoas que vivem por aqui não ‘podem’ ir a Reserva.” Ele fez as aspas no ar.

            “Algumas pessoas?” Inquiri, olhando em seu rosto, sondando-o. Ele olhou para o lado, como se procurasse por alguém que não deveria estar ali.

            “Sim... Acho que você está viva graças a um deles.” Falou com um ar de mistério.

            “Edward? Os Cullens?” Perguntei assustada. “O que eles fizeram?”

            “Na verdade, Bella, não tenho permissão para falar sobre isso...” Ele me olhou, suas mãos já instalavam a lanterna nova.

            “Vamos Jake. Sabe que eu não irei falar para ninguém. Pode confiar em mim.”

            “Sei que posso... você gosta de histórias de terror?” ele perguntou, a voz mais rouca que o normal, deixando o clima de mistério.

            Apenas assenti. Ele sorriu, satisfeito com a minha tensão.

            “Você conhece alguma das nossas antigas histórias, sobre de onde viemos – os Quileutes, eu digo?” ele perguntou obscuramente.

            “Realmente não.” Eu admiti.

            “Uma das lendas principais diz que nós descendemos de lobos. E que até hoje somos irmãos.” Jacob sorriu para mim de modo a mostrar que dava pouco crédito às histórias. “E tem a lenda sobre os Frios.”

            “Os Frios?” eu perguntei interessada.

            “Sim, segundo a lenda, os Frios seriam os únicos inimigos dos lobos, na verdade, dos lobos que se transformam em homens. Lobisomens para os caras-pálidas.” Ele sorriu para mim. “E os Cullens são Frios, segundo a lenda. Mas ele garantiram ser diferentes, pois não se alimentavam de sangue humano, então o último líder, meu tataravô, teria aberto uma exceção, e ele e o líder dos Cullen fizeram um tratado onde os estes eram proibidos de entrar em território Quileute... E nós garantimos que não contaríamos para ninguém o que eles eram realmente.”

            “O que eles eram realmente?” eu repeti, minha voz saindo tremida e o sorriso de Jacob era vitorioso.

            “Sanguessugas. Bebedores de Sangue. Vampiros.” Murmurou com a voz propositalmente obscura.

            Soltei o ar, e pude perceber que estava prendendo-o por muito tempo.     

            “Rá! Você está até arrepiada.” Ele riu, terminando de arrumar a lanterna traseira, deixando a picape em perfeito estado novamente. Bom, o mais perfeito que ela conseguia estar.            

            “É. Você sabe contar uma história. Foi incrível! Obrigada, Jacob.”

            “De nada, Bella. Mas fique sabendo que eu não levo isso à sério. Billy sim, mas eu não. Acho que eles são boas pessoas... Quer dizer, foi graças a um deles que você está viva, então não levo muito ao pé da letra essas lendas.” Ele disse sorrindo de lado para mim.

            “Tudo bem, Jake. E você tem razão, quem iria acreditar que eles eram isso? É apenas uma lenda.” eu tagarelei sem emoção. “Mas foi uma boa história.” Eu completei e seu sorriso se alargou.

            “De nada. Acabei com a lanterna também.” Ele terminou dando tapinhas no farol novo.

            “Obrigada. Estamos quites?” Sorri para ele.

            “Sim. Acho que sim.” Ele sorriu de volta.

            “Bella, Jake, o jogo já terminou.” A voz de trovão de Billy nos chamou a atenção.

            “Ok! Tchau, Bella, achei muito legal lavar a louça para você.” ele disse, sorrindo.

            “Tchau, Jake. Foi realmente muito legal. Apareça aqui mais vezes. Tenho preguiça de lavar louça de vez em quando.” Eu disse rindo. Jake me abraçou, e percebi que ele era apenas alguns centímetros menor que eu.

            “Tchau, Billy.” Despedi, abraçando-o também. E, logo, eles partiram com promessas de voltar no próximo jogo.

            Charlie foi ver um jogo de futebol americano e o relembrei que amanhã iria ao shopping com as meninas e eu fui para meu quarto, ligando o computador. Minha pesquisa continha uma só palavra: Vampiro. Pelo jeito era uma palavra muito comum. Os resultados eram em sua maioria testes ridículos para descobrir seu tipo sanguíneo e histórias mal contadas, onde pessoas apareciam mortas em cemitérios, jogos e filmes, bandas de metal e companhias de cosméticos góticas. Até, é claro, que achei um site promissor: Vampiros de A à Z.

No site, um infinito de lendas. A que mais me chamou atenção era a do Stregoni benefici: Um vampiro italiano, destinado a ser do lado do bem, e inimigo mortal dos vampiros maus. O que me chamara atenção também e me trouxe alívio foi um link onde havia a existência de um vampiro que não era mal. As características batiam em sua maioria: Força, beleza, velocidade, pele pálida e fria, olhos que mudam de cor, imortais.

            O clique em minha mente foi quase audível. Sentia que algo mudava. Sim, algo havia mudado. A dúvida que me mantinha sempre na corda bamba agora não existia mais. Só precisava confirmar. E sabia que outra coisa havia mudado. Agora eu sabia exatamente o que se passava em mim... E de três coisas eu estava convicta.

            Primeira, Edward era um vampiro.

            Segunda, tinha uma parte dele – e eu não sabia o quanto poder essa parte teria – que tinha sede do meu sangue.

            E terceira, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.


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Notas finais do capítulo

N/A: Uau... Finalmente as coisas estão andando entre Bella e Edward hoho
E QUE HISTÓRIA É ESSA DE DAR UMA DE EMPATA-BEIJO, HEIN AUTORA? Caramba, eu aqui, comichando pra ler uns pegas e nem selinho vi aqui ¬¬
Mas algo me diz que cap que vem nos aguarda *sorriso malicioso*
Esse Jake é um fofo... Quero levar pra casa *___*
HAUHAUHAUAHUAHUAH
E que tal reviews pra essa autora metida e chata? HAHAHAHA
Ela merece, gente... Foi a maior dureza pra ela escrever esse cap .-.
Até mais e um beijo =*
Toodles honey


Gente a Rapha (fodástica betando esse cap) tem razão.
esse cap quase que não sai!! u.u
quem está afim de matar a Sra. Cope levanta a mão. lol
espero que tenham gostado!!
estou superansiosa para saber o que acharam!!
me mandem reviews pelo amor de Edward Cullen!!
e divulguem ai pq a fic promete!!
bjuuuus
até o proximo cap!!
bjuuus



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