Emily Van Dame - os Grilhões de Prometeu escrita por emilydefarias


Capítulo 16
Na Praia


Notas iniciais do capítulo

Ps.: Vejam o primeiro capítulo (NOVO).Sei que demorei e tentei compensar nesse capítulo.



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Conversamos por um bom tempo, até que outro garoto loiro, bem parecido com John veio até nós carregando uma prancheta.

- Com licença? – ele disse – Percy, Annabeth estava te procurando na ultima vez que a vi. – ele olhou para mim e sorriu. – Que bom que você já acordou. Como está se sentindo?

- Faminta. – respondi.

- Um pouco mais de ambrosia não te fara mal. – ele deu meia volta.

- Então, você não vai atrás de Annabeth? – perguntei.

- Ela vai querer saber onde eu estava esse tempo todo e Annabeth raramente acredita nas minhas mentiras. – Percy respondeu. – Não quero conhecer o Tártaro tão cedo. – rimos novamente.

- Quantas horas eu fiquei desacordada?

- Cinco ou seis horas. – ele deu de ombros.

- COMO? Por que diabos ninguém me acordou? – olhei pela janela, se eu estivesse certa, já deveria ser por volta do meio dia.

- Ninguém quis incomodar você.

Neste momento, o garoto loiro que ficara de ir pegar algo chamado “ambrosia” para que eu comece se aproximou na minha maca e colocou ai uma bandeja com um prato de pudim.

- Você consegue comer sozinha? – ele perguntou.

- Claro que sim, - me imaginei sendo tratada na boca como um bebê. – eu pareço tão mal assim?

- Sinceramente? Você parece que não pega sol a algumas semanas. – foi minha vez de dar de ombros.

- É, é mais ou menos isso. – respondi, eu não costumava sair de casa e fazia questão de não colocar o pé pra fora da casa de Sra. Madalena.

- Quando terminar de comer, você esta liberada. – disse o garoto e depois foi embora.

- Ele é filho de Apolo? – perguntei para o Percy.

- É.

- E todos os filhos de Apolo são responsáveis pela enfermaria?

- Nem todos, mas quase todos responsáveis pela enfermaria são filhos de Apolo.

- Não que isso que você falou faça muito sentido. – argumentei.

- Eu quis dizer que... - levantei a mão para que ele parasse.

- Não precisa explicar. – dei de ombros.

Peguei o pudim e comecei a comer, que não era doce como eu pensava. Tinha um gosto de pipoca amanteigada. Estranhei mas continuei comendo.

- Você já almoçou? – perguntei para ele.

- Já.

Terminei de comer, coloquei o prato novamente em cima da bandeja e levantei da cama. Coloquei meu All Star velho que estava aos pés da cama.

- Ótimo. Vamos conhecer o acampamento. – minha voz estava impregnada de falso entusiasmo e ele riu. – Annabeth não vai meio que, odiar ver você me mostrando o acampamento?

            - Vai, mas ela que não quis fazer o serviço. – o modo como ele falou parecia que isso fosse algo tedioso.

            - Não precisa fazer isso se não quiser. Eu me viro. – falei e Percy foi andando até uma porta dupla de madeira cor de caramelo.

            - Eu quero fazer. Vamos? – ele abriu a porta para que eu fosse na frente.

            Passei pela soleira da porta e parei. Não, nada daquilo tudo foi um sonho e um desespero enorme escureceu meu coração. Estava tudo lá, os chalés, a plantação de morangos, a arena e todo o resto.

            - Então, meu pai não é meu pai de verdade? – perguntei.

            - Não. Eu sei que é complicado. Acredite, todos aqui já passaram por isso. – ele respondeu e soltei um suspiro pesado.

            - Vamos então.

            Percy me mostrou tudo e tinha muita coisa pra se mostrar ali. Cada chalé era designado para os filhos de um deus. Todas as refeições eram feitas no pavilhão ou como ele chamou, o refeitório. Ali não chovia, havia um campo de proteção em volta do acampamento que protegia contra mortais, monstros e qualquer outra coisa que fosse oferecer risco aos campistas.

            Uma menininha de pele morena e olhos negros que deveria ter uns oito anos veio nos entregar um pergaminho com o horário das refeições, das competições (corridas de bigas, por exemplo) e os benefícios para os vencedores, das atividades dali e, além disso, um mini mapa do acampamento.

            - Então, em que chalé eu vou ficar? – perguntei, estávamos, eu e Percy, tomando limonada sentados na praia, à sombra de uma rocha de modo que quem olhasse não nos veria (e para os idiotas que devem ter achado isso romântico, não era, eu estava exausta e ele era só meu amigo).

            - Você não foi reclamada, foi?

            - Eu reclamo muito, - ele gargalhou, não entendi muito bem a graça e ri mesmo assim, era difícil não acompanhar as risadas dele, tornava tudo mais engraçado - mas “reclamada”? – fiz aspas no ar – O que quer dizer?

            - Os deuses fizeram uma promessa, - Percy ainda controlava o riso – eles reconheceriam seus filhos quando estivessem prestes há fazer treze anos. Então logo logo você vai ver como é. – ele queria fazer suspense, revirei os olhos.

            - Mas se, digamos que meu pai não me reclame. – eu não queria saber quem era meu pai verdadeiro, lá no fundo eu ainda queria que o Sr. D. estivesse errado e que eu fosse uma garota normal, mas como ele era mesmo um deus, não cometeria erros. - Onde eu vou dormir?

            - De principio, no chalé de Hermes. Só que atualmente, os deuses continuam cumprindo suas promessas.

            - Como que eles, tipo. Chegaram a prometer? Eles são deuses, imortais e todo o resto. Por quê eles cumprem? – perguntei.

            - Eles prometeram pelo Rio Styx. – Percy respondeu como se esclarecesse tudo e um trovão ribombou longe mesmo tendo apenas nuvens ralas no céu.

            - E eles sempre cumprem as promessas pelo Rio Styx?

            - Não. Eu nasci porque meu pai quebrou a promessa. – ele disse.

            - Bem reconfortante. Desculpe a pergunta, mas quem é o seu pai? – perguntei.

            - Poseidon.

            - Deve ser legal ser filho de um dos Três Grandes. – eu havia descoberto que era assim que Zeus, Hades e Poseidon eram chamados ali.

            - Eu quase morri várias vezes por isso. – ele falou; quase me engasguei com a limonada e ele riu.

            - Não tem graça. Eu poderia ter me afogado. – fiz cara de quem tinha se ofendido, não adiantou nada. Caímos na gargalhada. – Mas, no geral, seu pai é um bom pai? – perguntei, receosa de parecer metida.

            - No geral? – ele riu. – É, ele é um bom pai a pesar de viver ocupado e tal. – bufei.

            - Ele é um deus não é?

            - E o mortal que te criou? – ele perguntou depois de um tempo. - Ele era um bom pai?

            - Ok, essa eu mereci. No geral, sim. Ele era o único que estava lá quando eu precisava, ele sempre me criou sozinho com o salário de professor. Nunca me faltou nada e com ele nunca precisei de mais ninguém. – eu estava tentando não chorar. - Nós não tínhamos muita intimidade, só que ele sempre foi o mais próximo de família que eu tive. – me dei conta que várias lagrimas rolavam pelo meu rosto e as sequei com a manga o mais rápido possível. Era incrível como doía ficar lembrando dele.

            Percy colocou o braço sobre meus ombros.

            - Eu pensei ter perdido minha mãe uma vez. Sei o que você passou, só não sei como seria se descobrisse que ela me amou do modo como me amou sem que eu fosse filho dela. – ele disse. – Pode contar comigo pro que precisar. – terminei de secar todas as lagrimas do meu rosto, suspirei lancei um sorriso fraco e maquiavelico pra ele.

            - Eu vou cobrar. – rimos mais uma vez.

Terminamos de tomar nossas limonadas, mas não tínhamos a menor vontade de sair dali. A vista era linda.

            Depois dessa conversa toda, Percy resolveu que ia me animar. Sem muito sucesso é claro. Ele contou sobre as missões que ele tinha participado nos anos anteriores; contou como ele impediu uma guerra entre os Três Grandes devolvendo o raio roubado de Zeus, como ele viajou pelo Mar de Monstros (o qual os mortais chamam de Triangulo das Bermudas) para salvar o acampamento, como foi sua viajem pelo labirinto subterrâneo de Dédalo para tentar salvar o acampamento novamente, como ele impediu que Atlas (o titã que segurava o peso do céu nas costas) ajudasse Cronos, como ele impediu o mesmo de destruir o Olimpo e praticamente salvar o mundo.

Claro que eu fiquei maravilhada com tudo, mas a tristeza se instalara tão profundamente no meu coração que ela não sumia, só ficava de segundo plano.

            Eu olhei as listas de atividades do acampamento.

            - Que horas são? – perguntei.

            Percy olhou no seu relógio de pulso (com um mostrador prata e uma pulseira de couro preta).

            - Três horas e vinte e seis minutos. – ele respondeu.

            - Quíron por acaso, lhe deu o dia livre só pra me mostrar o acampamento? – minha voz soou irritada.

            - Não. – ele estava confuso.

            - Então vá fazer qualquer coisa, vou até o chalé 11, tomar um banho e você trate de falar com a Annabeth.

            - Você tá parecendo minha mãe. – ele bagunçou o cabelo impaciente.

            - Obrigada. – me levante, tirei a areia da minha calça com as mão, juntei o como de limonada que já estava vazio e fui rumo aos chalés.

            Percy me alcançou correndo quando eu já estava no meio do caminho rumo à relva.

            - O que você acha de treinar esgrima depois? Posso lhe ensinar uns truques! –ele parecia bem animado.

            - Eu nunca ao menos coloquei a mão em uma espada, mas tudo bem. – dei de ombros. – Depois que eu tomar um banho, estou me sentindo um bife à milanesa de tanta areia que eu tenho na roupa.

            - Ok! Te encontro na arena de esgrima! – ele foi correndo na minha frente.

Revirei os olhos, ele era legal a não ser o fato de que a “namorada” dele iria querer me matar se ficasse sabendo que ele passou quase a tarde toda comigo. Ninguém nunca sentiu ciúmes por minha causa.

Tive a sensação que não seria legal ter ela como inimiga. Marcella tinha a falta de cérebro a meu favor, mas Annabeth definitivamente parecia ter um cérebro.

Reconheci a cabeleira loira (N/A: sei que a Alexandra Daddario é morena e isso ficou confuso, mas vou seguir nas características do Tio Rick) de Annabeth assim que passei pelo chalé prata com uma coruja entalhada na porta. Mesmo de longe vi que ela me fitava. Eu não sabia dizer se ela me vira vir da praia com Percy. Segui rumo ao Chalé 11 como se não tivesse acontecido nada.

Coruja. O símbolo de Atena era uma coruja. É, eu estava ferrada. Annabeth não só tinha um cérebro, mas tinha um cérebro descendente da deusa da sabedoria. Ela provavelmente iria formar um plano extremamente complicado se quisesse acabar comigo, e conseguiria.

Eu estava bem próxima do Chalé 11, o chalé dos filhos de Hermes. Ele era bem comum e parecia bastante frequentado, a pintura marrom estava meio desbotada e descascando. Acima do vão da porta tinha um caduceu (aquele símbolo de médicos e farmácias, com duas cobrar envoltas num cajado com asinhas). A porta estava entreaberta e eu entrei.

O interior estava ainda mais desgastado, ali tinha vários beliches.

Vi minhas malas próximas de um dos vários beliches, só as reconheci porque minha nécessaire vermelha estava lá, em cima de uma cama. Foi um presente de Rafael. Uma mão de gelo apertou meu coração.

Fui até lá, peguei o que precisava: uma calça jeans, roupas intimas, uma toalha e uma regata branca. Ao lado das minha nécessaire, tinha uma pilha de camisetas laranjas que deviam ser do meu tamanho. As ignorei completamente. Todos ali usavam uma, mas eu não ia vesti-las hoje.

Eu não sabia onde era o banheiro. Ótimo.

Eu já estava perto da porta para perguntar pra alguém onde eu poderia tomar um banho quando uma menina franzina que devia ter uns 10 anos, cheia de sardas, de orelhas levemente pontudas e cabelos cacheados cor de caramelo entrou. Nós quase trombamos de frente, ela olhava para o chão e quando me viu e deu um gritinho.

- Eu estava te procurando! – ela não parecia ter certeza. – Você é nova aqui né? – não parecia uma pergunta. – Nunca tinha te visto aqui no acampamento, então deve ser mesmo. – ela falava sem para, se ela tinha respirado esse tempo todo, eu não saberia dizer. – Eu vim pra lhe mostrar o chalé 11, mas provavelmente não vais ficar aqui por muito tempo, uma noite já seria um longo tempo, na minha opinião. Quase um recorde nos últimos meses. – ela me analisou com seus olhinhos inteligentes – Pelo visto você já achou o seu beliche e as suas malas. Elas não têm cadeados, têm? Seria uma boa ideia, nada está seguro aqui nesse chalé. – ela deu um risinho nervoso. – Aquele é o banheiro! – ela apontou para uma porta na parede oposta da porta de entrada. – Não recomendo que você deixe nada pessoal ou de valor lá.

- Obrigada. – sorri.

- Meu nome é Tamires Gartanes. – ela esticou a mão e a apertei.

- Emily Van Dame.

- Prazer. Eu estou indo para o lago de canoagem, qualquer coisa que você precise é só ir até lá. – ela sorriu, deu meia volta e saiu.

Dei um suspiro. Tamires falava bastante, mas era uma menininha legal pra se conversar. Ela conseguia sozinha falar por uma multidão sozinha.

Achei curioso o fato de ela sendo tão nova ter ficado responsável por me mostrar o chalé.

Fui até o banheiro que parecia um banheiro comum. Tomei meu banho, vesti minha roupa, estava me sentindo outra pessoa, tomar banho sempre melhorou meu humor e antes de sair dei mais uma olhada para ver se não tinha esquecido nada. O modo como a menininha falou, parecia mesmo que qualquer coisa poderia ser alvo de furto. Filhos de Hermes. Estava tudo explicado.

Lembrei que tinha combinado com Percy de ir treinar esgrima. Ou melhor, eu iria aprender esgrima. Se eu entrasse em qualquer luta, até mesmo com a Barbie do Chalé de Afrodite seria massacrada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, mandem Reviews e me deixem feliz.

Ps.: O garoto com a prancheta que levou ambrosia para Emily se chama Dean Parker.



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