James Potter era o cara mais inconveniente que o mundo bruxo já havia ouvido falar. Essa afirmação era mais do que um fato para Lily Evans. O rapaz encantara-se por ela desde o primeiro dia que a tinha visto, na Plataforma 9 ¾ e suas investidas inconvenientes só pioraram desde o dia que ela lhe dera o senhor fora. Lily detestava aqueles olhos deliciosamente castanhos traçados de verde e sua terrível mania de bagunçar os cabelos negros e luzidios para fazer todas aquelas menininhas burras e infantis suspirarem de desejo. E odiava também o fato dele estar sempre com aquele pomo idiota, mostrando para quem quisesse ver o quão bom era. Que dizer, a única coisa que realmente era “bom” era o quadribol. E mais nada. Além de ser um completo babaca.

Só que Lily era extremamente cabeça-dura e isso não lhe permitia ver que por trás de todo o sarcasmo e inconveniência, os seus olhos brilhavam quando ela passava perto ou até mesmo quando lhe dirigia os famosos olhares de censura. James também detestava muitas coisas naquele pseudo-relacionamento louco. E uma delas era Severus Snape. O Ranhoso só servia para atrapalhar suas tentativas falhas de se aproximar de sua doce ruiva.

Então, no dia que resolvera zoar só um pouquinho com a cara do Ranhoso, Lily aparecera, furiosa, ordenando para que ele deixasse Snape em paz. E lá se ia mais uma chance de sair com a garota que dominava seus sonhos desde o primeiro dia em Hogwarts. Lógico que Lily esperava ver no rosto de Severus uma expressão aliviada e que ele murmuraria agradecimentos, para então continuarem sua amizade firme e forte; mas não foi o que aconteceu. Evans quase não acreditou no que saíra da boca dele. Lágrimas de dor e mágoa transbordaram dos olhos feitos de esmeralda cuidadosamente lapidada dela ao ouvir as palavras sangue-ruim saírem dos lábios do melhor amigo.

Mais tarde, só mais tarde, Lily pôde ver que James não era assim tão detestável e que o fato de uma criança estar sendo gerada em seu ventre só estreitaria o laço que os envolvia. O destino certamente não lhes era favorável e parecia que não queria deixá-los viver sua vida em paz na pacata Godric’s Hollow.

Ali, cara a cara com a Morte, James remoia cada segundo de sua vida naquela escola; cada momento que zoara com Severus; cada lágrima que muitas garotas que tiveram seu coração partido pelo Potter derramaram; cada tentativa idiota de se conquistar sua Evans; cada momento que passara com Sirius e o resto dos marotos; cada instante que passou tentando convencer Remus de que ser lobisomem não era o fim do mundo. E tudo acabava ali, com o Lorde das Trevas em pessoa, gargalhando de um jeito doentio e gritando para que sua esposa lhe entregasse o filho tão amado.

– Lily, fuja! Fuja que eu o seguro! – ouviu sua própria voz gritar desesperada, enquanto ficava de frente para aquele homem de aspecto horroroso e cruel.

Antes que pudesse fazer alguma coisa, um jorro de luz verde iluminou o cômodo e James sentiu a alma lentamente deixar seu corpo. O baque seco de seu corpo caindo no chão denunciava sua morte. De qualquer forma, lírios sempre foram as flores favoritas de James.