Nightmare escrita por slymiranda


Capítulo 2
Capítulo 2 - Weird Boy


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ainda é bem tranquilo comparado aos próximos. Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/152551/chapter/2

No instante em que abri a porta da cozinha senti o cheiro da minha casa, um cheiro horrível. Imagina a mistura de ovos podres sendo fritos, chulé, vômito, e cadáveres. Pois é. Era assim que cheirava a minha casa.

Minha mãe estava abaixada em algum lugar perto da pia, limpando alguma coisa nojenta no chão. Talvez fosse o vômito. Haha, brincadeira. Minha casa era nojenta, mas ainda não chegara a ponto de ter vômito no chão. Pelo menos, assim eu espero. 

Josh passou correndo por mim, e foi direto para o seu quarto. 

-Oi... ér, mãe. -eu ainda achava estranho chamar a minha mãe de mãe. Deixa eu explicar, a minha vida inteira eu a chamei pelo nome, Alison, mas de uns tempos para cá eu reparei que ela não gostava muito disso. Então agora é mãe. Argh. 

-Se lava e vem me ajudar com o almoço. –ela disse, sem nem levantar os olhos.

-Também te amo –resmunguei.

Estava indo para o meu quarto quando vi Lily, minha irmã de quatro anos, debaixo da mesinha da sala. A mesinha era inha mesmo. Era totalmente precária e poderia cair em cima dela a qualquer momento. 

-Lily! –exclamei, correndo e pegando a menina no colo. 

Lily era muito pequena para a idade. Era extremamente fraca, e, desculpa, burra. Obviamente, não era culpa dela. Mas mesmo assim, Alison podia tentar dar um pouco de atenção para o bebê.

Lily me olhou com uma cara brava, que se transformou em feliz ao ver que era eu.

-Imy! 

Ah é. Esqueci de comentar que Lily ainda não falava. Pelo menos não de um jeito que alguém conseguisse entender. Ela mudava todas as vogais pra “i”. Era uma coisa bem chata, e realmente difícil de entender algumas vezes. Enfim, graças a isso, meu nome passava de Amy para “Imy”.

-É, sou eu. –eu disse, com uma voz entediada.

Levei ela até a cozinha, onde a coloquei no berço. Sim, o berço dela ficava na cozinha. Era onde ela dormia, não tinha espaço em nenhum outro lugar.

-Ótimo, já se lavou. Vai até o quintal e pega três tomates. Rápido.

Nem me dei ao trabalho de explicar a minha mamãe que não, eu não tinha nem sequer lavado as mãos ainda. Abri a porta e fui saindo, para o que Alison chamava de quintal, que não passava de um minúsculo terreno, quase menor que meu quarto, onde plantávamos repolhos, tomates, e outra coisa desse tipo, todos de péssima qualidade, pois não tínhamos água nem pra gente direito, íamos ter para regar uma “horta”. 

Abaixei para pegar os tomates (que, só pra constar, estavam moles e cheios de vermes), e vi uma coisa que me fez parar. Da janelinha que dava para o porão –onde Josh dormia- vinha um barulho estranho. Guinchos, algo parecido com alguém sendo machucado –ou alguém se masturbando. Eu ri baixinho, e me agachei um pouco mais pra olhar pela janela e ver o que aquele pirralho estava fazendo.

Para minha surpresa, ele não estava com o “brinquedinho” dele. E muito menos emitindo guinchos. Ele estava de pé, em frente a pia do pequeno banheirinho que tínhamos colocado no quarto dele. Estava segurando uma faca e cutucando alguma coisa com ela. Franzi a testa e cheguei mais perto para ver melhor. A coisa era pequenininha e parecida com... Eu parei. Estava em choque. Parecida com um rato! O que ele estava fazendo com o pobre animal? 

Josh sorriu de um jeito estranho para o animalzinho.

-Agora... Você vai para um lugar melhor. Você tem sorte. Você é um ratinho sortudo –Josh disse tudo isso de uma vez só e com uma voz rouca, segundos antes de levantar faca e enfia-la com tudo na garganta do bichinho, que guinchou de dor.

Eu queria sair dali, ir pra casa, mas estava presa ao chão, presa pelo choque em frente a janela encardida do porão escuro onde meu irmãozinho de doze anos torturava um animal inocente. Ele não tirou a faca da garganta do rato (que continuava vivo), ao invés disso, foi puxando a faca de encontro ao rabo do rato, abrindo a barriga do bicho. Quando o intestino do animal nojento estava completamente à mostra, Josh passou um dedo pelas tripas do animal e o levou a boca, chupando o sangue junto com todas as nojeiras que tem na barriga de um rato de esgoto. E então Josh riu. Muito, Josh riu tão alto, que eu levei um susto e derrubei o vaso de plantas que estava ali do lado. Josh pulou e olhou para a janela, eu me levantei e saí correndo com lágrimas escorrendo furiosamente dos  meus olhos. Josh correu até a janela com o rato na mão e gritou:

-Se você contar, eu faço a mesma coisa com a Lily! –sua voz demonstrava medo, mas eu sabia, simplesmente sabia, que ele não estava blefando. 

Eu corria, corria, mas o vulto continuava atrás de mim. 

-Socorro!! – eu gritei, mas sabia que naquela floresta ninguém ia me ouvir. Ninguém ia me salvar. Eu ia morrer. 

Olhei pra trás, e o vulto preto continuava correndo atrás de mim, com uma faca na mão. Eu tropecei em uma pedra, e bati a cabeça com força no chão. 

-AAAAAAHHH! –gritei de dor.

Então o vulto parou na minha frente e tirou o capuz. Eu arfei. O vulto era Josh. 

-NÃAAAAAAAAAAAAOOO! –eu acordei com o meu grito.

Olhei em volta. Eu estava no chão do meu quarto. Tinha sido só um pesadelo. Só um pesadelo, Amy, se acalma. Respirei fundo e, rezando para não ter acordado ninguém, olhei que horas eram. 

3:33am. Fui para minha cama, e tentei me acalmar pensando que garotos são assim mesmo, esquisitos. Estava tudo bem. Todos os garotos são assim. Fechei os olhos. “Mas eu não conheço nenhum garoto que se divirta matando ratos de esgoto. E lambendo as tripas dele”, pensei, segundos antes de pegar no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!