Sala oeste, segundo andar. Portas fechadas, cortinas fechadas. Luzes claras demais. Vermelho. Vermelho. Vermelho. Vermelho. Dor. Sangue.

“Papai, por favor”

“Já vai acabar, meu amor. Fica calma”

“Você disse isso há duas horas”

“Faça alguma coisa, doutor!”

“Eu estou tentando, Jacob. Fique calmo”

“Mamãe”

“Estou aqui meu amor, não chore”

“Desculpe por fazer isso com você”

“Oh meu amor. Com você foi muito mais rápido”

“Argh, me mata! Me mata, mas tira essa coisa de dentro de mim!”

Urros de dor. Dor. Dor. Muita dor. Que dor dos infernos! Sangue.

“Renesmee!”

Os três me repreenderam.

“Eu estou tentando fazer essa coisa sair por duas horas, não me censurem agora, ok?”

Sem paciência alguma.

“Ele só é grande demais, meu amor”

“Isso é culpa sua, Jacob, seu imbecil! Se você não tivesse insistido pra eu ficar com essa coisa... Depois disso você nunca mais me ver na sua vida”

“Ela só está muito cansada” Mamãe tentava explicar meu comportamento lunático psicótico ou sei lá o que.

“Eu sei” Jacob suspirou, seus olhos preocupados, sua mão ainda segurando a minha.

“Eu nunca mais vou conseguir fechar as pernas, não é?”

“Ok, Renesmee. Está na hora de fazer força de novo”

“Eu não quero”

“Renesmee, você quer que acabe logo ou não?”

“Vovô, você não pode simplesmente puxá-lo daí?”

“Não é assim que funciona, querida. Eu sinto muito”

“Ok”

Olhos fechados. Escuridão. Um. Dois. Três. Força. Força. Muita força. Dor. Muito mais dor.

Agudo. Agudo, muito agudo. Olhos abertos. Sangue, placenta, cordão umbilical. Ainda assim ele era a coisinha mais linda do mundo. Agudo, mais agudo. Que choro mais alto e forte! Meu bebê.

“É um extremamente grande e forte garotão” Carlisle sorriu, evidentemente emocionado, enrolando-o entre panos brancos.

Ele o levou para uma mesa, recolheu material pra exames e pesquisas, verificou os sinais vitais. E então ele o trouxe pra mim, ainda um pouco sujo de sangue. Mas ele era lindo. Carlisle o colocou em meu braço, perto de meu rosto.

“Hey, meu amor” Eu só conseguia sorrir. Sorrir, sorrir e sorrir. Oh, eu podia ficar mais uma semana sentindo aquela dor, valeria a pena só por ver esse rostinho lindo.

“Ele é tão lindo, filha” Minha mãe analisava o rostinho dele com um sorriso tão bobo quanto o meu em seu rosto.

“Claro que ele é. É um Cullen!” Meu pai exclamou, nos fazendo rir em seguida. Nunca o vi tão emocionado.

Jacob. Oh, meu Jacob. Ele não conseguia ao menos falar. Ele só analisava o pequeno garotinho, calmo por estar ouvindo minha freqüência cardíaca tão perto, reconhecendo-me como sua mãe. De seus olhos caíam rios de lágrimas e eu nunca o vi olhar algo com tanto amor e admiração.

“Parabéns, minha filha” Carlisle aproximou-se com um sorriso no rosto, beijando minha testa.

“Obrigada, vovô” Eu sorri e olhei pra Jacob em seguida. Ele sorriu de volta, limpando minhas lágrimas com as mãos grandes.

“E o nome? Qual vai ser o nome?” Minha mãe soava animada.

“Estou trabalhando em como juntar Edward com Billy de um modo que fique tão patético quanto meu nome” Eu ri e todos me acompanharam.

“Você não tem ideia, não é?”

“Não, não tenho. Por enquanto ele vai ser chamar bebê”

“Tudo bem. Bem vindo ao mundo, Bebê Black” Papai sorriu e depositou um beijinho na testa dele e na minha em seguida.

“Meu amor, precisamos dar um banho nele. E você também precisa de um. Você terá a eternidade pra admirá-lo”

“Tudo bem, mãe” Relutante, eu o entreguei a ela.

“Bella” Jacob falou pela primeira vez. “Antes de você... Eu posso?” Ele esticou os braços.

“Não precisa pedir, Jake. É seu filho” Ela sorriu, entregando-o a Jacob. Suas mãos grandes demais seguraram desajeitadamente a pequena criatura. Ele o aninhava de uma forma que me fez querer ser a Sra. Black pra sempre, me fez desejar ter uma casa, uma família com Jacob. Eu não diria nada pra não dar o braço a torcer. Não agora. Ri internamente com esse pensamento.

“Hey, garotão. Sou eu, seu papai”

Não pude deixar de sorrir. Eu nunca me cansaria de sorrir.