Apesar de estarem na primavera, as madrugadas e manhãs sempre eram geladas, mas naquele dia, em especial, a manhã estava quente e agradável... Estava muito mais agradável do que estivera durante longas semanas.

                A consciência de Hermione demorou a entender o que estava acontecendo. Não havia mais nenhuma barreira de travesseiro entre ela e Draco, e pelo que parecia, durante a noite, ela havia se aconchegado em Draco, enquanto ele havia lhe oferecido proteção entre os seus braços. O cheiro de Draco era característico, poderia reconhecê-lo em qualquer lugar. Não queria sair dali, dos braços dele, mas seu bem estar dependia disso, sua sanidade dependia total e exclusivamente de seu autocontrole.

- Draco... – chamou Hermione baixinho. – Você poderia me soltar?

                Hermione não pode conter um sorriso ao ver Draco resmungar baixinho, enquanto aproximava mais seu rosto ao da castanha.

- Draco, por favor...

- Mais cinco minutinhos, Hermione... Mal amanheceu – reclamou ele de olhos fechados.

                Draco se aproximou o máximo que pode, e enterrou seu rosto nas belas madeixas de Hermione.

- Temos que ir tomar o café da manhã – disse a castanha firme. – Precisamos levantar, Draco – Hermione tentou desvencilhar-se dos braços de Draco, que não cedeu nem por um instante. – Por favor, Draco.

- O que custa, Hermione? – Draco agora olhava a castanha nos olhos. – Mais alguns instantes.

- Temos um acordo, certo?!

Abruptamente, Draco se levantou de uma vez só, sentando-se na beirada da cama. Passou as mãos pelos cabelos loiros que naquela hora da manhã estavam totalmente revoltos. Hermione ouviu-o suspirar pesadamente.

                Sem dizer uma única palavra, Draco escolheu algumas peças de roupa e entrou no banheiro, batendo a porta com força. Por mais que tivesse um plano traçado, era complicado lidar com o gênio difícil de Hermione. Abriu o chuveiro e deixou a água gelada escorrer por seu corpo. Tinha as ideias no lugar, só precisava arranjar paciência para prosseguir.

- Draco? – a voz de Hermione chegou abafada aos ouvidos do loiro.

- O que foi? – respondeu ele sem emoção, ainda de baixo do chuveiro.

- Você está bem?

- E o que isso lhe importa? – respondeu sem pensar, logo após arrependeu-se. – Hermione... – murmurou ele baixo.

                Derrotada, Hermione saiu de perto da porta. Ele havia sido grosso, mas o que ela poderia esperar? Havia sido seca com ele, nada mais justo que ele estivesse magoado com sua atitude. Sentou-se na cama, quieta, e sem perceber, deitou-se no travesseiro que a instantes atrás havia pertencido a Draco. O cheiro do loiro invadiu as narinas de Hermione, lhe trazendo doces lembranças dos momentos de paixão que havia vivido nos braços dele. 

                Draco saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e encontrou Hermione aparentemente adormecida, agarrada a seu travesseiro. Ele sorriu internamente, pegou a roupa que havia separado e se trocou ali mesmo. Precisava por seu plano em prática o quanto antes, mas suas investidas ainda estavam surtindo muito pouco efeito, e negava-se a levar uma Hermione bêbada para cama. Queria que ela fosse para cama com ele de livre espontânea vontade.

- Hermione, acho melhor você ir tomar banho – Draco sussurrou docemente no ouvido de Hermione. – Não podemos nos atrasar para o café da manhã.

- Huuum, eu já vou... – resmungou ela.

- Hermi, você precisa levantar agora – disse ele um pouco mais alto. – Detesto te acordar, mas preciso que você se levante.

                Com muita dificuldade, Hermione levantou-se e encontrou um Draco já devidamente vestido e engomado. Sua camisa polo preta e seu jeans escuro mostraram a castanha que tipo de ambiente ela iria encontrar. Abriu a mala que havia levado e tirou um vestido branco, um trench coat na cor gelo, um pouco mais comprido que o vestido e com um cinto da mesma cor para marcar sua cintura, meia calça preta, e um sapato preto. Naquela época do ano, apesar da primavera, o tempo só começava a esquentar depois do meio dia.

- Vou tomar um banho rápido – disse Hermione pegando uma toalha. – Não irei demorar.

- Tudo bem, vou ficar aqui, te esperando.

Draco pegou seu tablet de dentro de sua bolsa, e o ligou. Precisava checar seus e-mails, as notícias. Nada poderia sair de seu controle. Ainda mais coisas que poderiam ter a ver com ele e com Hermione. Durante esse tempo todo que estiveram juntos, e separados, muitas manchetes sobre eles haviam saído. E por várias semanas haviam sido a principal fonte de fofoca para os principais tabloides ingleses. Os ingleses mostravam-se mais interessado na vida deles do que na vida do futuro rei e rainha da Inglaterra.

Os jornais comentavam sobre a partida de polo, e sobre as mulheres e seus vestidos magníficos. E como sempre, Hermione havia sido considerada uma das mais elegantes, e o principal, parecia ser mais elogiada do que a queridinha da Inglaterra, Kate Middleton. O boato de uma possível separação deles parecia não existir mais, e a maior parte das pessoas parecia fazer votos para que o romance deles ganhasse um final feliz. Esse não era apenas o desejo do povo, mas sim de Draco.

- Draco – a cabeça de Hermione apareceu através da porta semiaberta. A morena tomava cuidado para que apenas o seu rosto aparecesse. – Você poderia me passar minha roupa?

- Você irá se trocar dentro do banheiro?

- Não irei me trocar com você no quarto – disse resoluta.

- Eu...

- Não termine a frase, sei o que você vai dizer.

- Certo – ele desligou o tablet, colocando-o dentro da pasta. – O que sugere?

- Esse quarto não tem um closet ou algo assim?

                Draco vasculhou o quarto rapidamente, achando uma porta aparentemente disfarçada ao lado da janela. Com um gesto simples, Draco abriu a porta, revelando um closet com cheiro de mofo e muita poeira.

- Eu não irei entrar ai  – disse o loiro com cara de nojo.

- Já que você não vai entrar ai, porque está com nojinho... – disse Hermione rindo, debochada. – Então, ao menos, me passe minhas coisas, irei me arrumar aqui dentro. Só não precisa me passar o casaco.

                Draco fechou a porta do velho closet numa única pancada. Com os movimentos quase ensaiados, o loiro levou o vestido e os sapatos para a porta do banheiro.

- Muito obrigada. – respondeu Hermione depois de pegar as peças de roupa.

- Não demore.

- Farei o que puder para não lhe deixar esperando por muito tempo.

                Com um estalido fraco, Hermione fechou a porta. Draco abriu sua bolsa novamente e pegou seu tablet. Entrou em um dos tablóides e começou a fuçar com real interesse.

“Draco e Hermione vão a partida oficial de pólo oferecida pela Rainha.

Na tarde de ontem, Draco Malfoy e Hermione Granger foram flagrados chegando a partida de polo oficial que a Rainha Elizabeth II oferece todos os anos. Os pombinhos pareciam mais felizes do que nunca, e deixaram-se fotografar. A Srta Granger, como sempre, chamou atenção por sua visual impecável, acenando cortesmente a todos os curiosos.

                Há algumas semanas atrás, a jovem Granger chamou a atenção de todos ao ser vista diversas vezes acompanhada do herdeiro Malfoy, e isso só aumentou ao estar presente no casamento real. O casal que parece apaixonado ficou distante dos holofotes por algumas semanas, por motivos que não foram confirmados, até um boato de um possível rompimento foi espalhado, mas no dia de ontem ficou claro que o casal está firme como nunca, com direito a pontos marcados por Draco Malfoy que foram dedicados a sua acompanhante, e muitos comentários sobre um casamento que não deve demorar a ser anunciado”.

- Você vai gostar de ver isso – Draco comentou com humor ao vê-la sair do banheiro, minutos depois.

                A imprensa sempre exagerava ao divulgar suas notícias, principalmente ao se tratar de pessoas tão importantes como a família Malfoy, e pela primeira vez Draco estava contente com isso, todo esse papo sobre um casamento que deve ser anunciado em breve certamente já começaria a enlouquecer sua mãe, por outro lado, não podia dizer que ela não estaria preparada para o momento quando ele chegasse.

                Com um sorriso maroto observou o corpo de Hermione, ao vê-la com um conjunto discreto, mas que realçava a curva de sua cintura e acentuava seus seios, era feminino e respeitoso. Se continuassem assim, não demoraria para alcançar seu objetivo.

- O que é isso? – perguntou ela de olhos arregalados. – Estão falando em casamento, Draco! – disse ela acertando-lhe um tapa no braço. – Eu falei que você estava falando demais – ele riu ao vê-la se confundir com as palavras.

- Você sabia quais eram as minhas intenções – ele deu de ombros fazendo-se de bom moço. – Agora só precisa dizer sim!

- Nos seus sonhos – ela bufou. – Em pensar que nós estávamos nos dando bem essa manhã...

- E vamos continuar assim – Draco resmungou. – Nem que seja só para manter as aparências, como você parece querer...

                A acusação não lhe passou despercebida, Hermione franziu o cenho ao encará-lo e suspirou. Tinha de admitir que estava mesmo pegando pesado com Draco, mas nos minutos em que esteve no banho pôde refletir, e havia chegado a conclusão de que tinha de se manter distante, nem que fosse preciso ser fria, mas precisava afastá-lo para o seu próprio bem. Havia dito uma vez que se manteria longe, e dera exatamente ao contrário. Não queria que isso se repetisse...

                Mas ao pensar em quão bom havia sido acordar nos braços dele, um leve arrepio lhe percorreu a espinha enquanto o desejo de voltar a estar entre os braços dele, de maneira íntima mas não sexual, voltava a atingi-la.

                Era desses momentos que mais sentia falta. Não podia negar que o sexo era incrível, Draco era másculo e um ótimo amante quando estavam na cama, mas os momentos de ternura eram os que mais lhe faziam falta.

- Você vai desmentir isso, certo? – questionou ela.

- Eu deveria? – provocou.

- É claro!

                Pondo-se de pé, Draco a observou sem os saltos e sorriu, a diferença entre eles era notável e a fazia parecer ainda mais inocente, o que despertava nele um curioso sentimento de proteção, queria abraçá-la e mantê-la junto a si de uma forma que nunca sentira antes.

- Nós temos um acordo, Draco – ela o lembrou, mas desta vez falou de forma sutil, sem ser seca.

                Ainda assim, Draco odiava ser lembrado disso.

                Sabia que era isso que os manteria unidos nos próximos meses, pelo menos enquanto seu plano não entrasse em ação, e em alguns momentos mesmo sendo um homem implacável nos negócios, frio ante outras pessoas, sentia-se incomodado por mantê-la junto a si apenas por esse acordo, o que lhe despertava outro curioso sentimento, queria esquecer-se do acordo, mesmo que por alguns instantes e retornar aos dias em que tudo entre eles estava bem. Haviam divido uma intimidade e momentos bons, como se fossem um casal de verdade.

                Ainda que não houvesse um sentimento mais forte entre eles, pois estavam ligados basicamente pelo desejo e atração, sentia-se bem na presença dela e não queria que isso mudasse.

                Mas cada vez que esse acordo era mencionado, não podia evitar que um sentimento de irritação crescesse em seu interior. Era como se Hermione precisasse estar lembrando-o disso a cada instante, frisando que se não fosse por esse acordo, ela jamais estaria próxima de alguém como ele.

                Mesmo que isso fosse verdade, era, no mínimo, frustrante saber disso.

                Principalmente quando a via assim, tão bem vestida e adequada por fora, mas cheia de energia e atitude por dentro, Draco só conseguia pensar que não poderia ter escolhido melhor

                Mesmo que não houvesse um sentimento intenso como o amor entre eles, cada vez tinha mais certeza de que Hermione era a mulher exata para estar ao seu lado.

- Como se fosse possível esquecer isso – ironizou ele. – O que é engraçado, já que você não me deixa esquecer disso... Quando deveria ser ao contrário, não? Nas histórias sempre que fica se lembrando do acordo é quem o propôs, e não quem o aceitou.

- Um acordo desse tamanho não tem como esquecer, Draco – ela suspirou. – Você sabe que está realizando o meu sonho...

- É sobre isso que você quer conversar então? – questionou ele olhando-a nos olhos. – Mas saiba que nós só sairemos desse quarto na hora que estiver tudo em panos limpos!

- Do que você está falando? – questionou ela com o cenho franzido.

- Desse seu comportamento – retrucou ele sem erguer a voz. – Desde que eu a procurei querendo tomar de onde paramos você tem se comportado assim, é seca e fria cada vez que eu tento me aproximar... Nosso acordo não acaba amanhã Hermione, pelo contrário, ainda temos muito tempo pela frente, e tudo que eu tenho tentado fazer é tornar essa situação aceitável, suportável pelo menos. Mas cada vez que você menciona esse acordo, parece que está pronta para fugir na primeira oportunidade.

- É isso que você pensa? Pois fale o que pensa Draco, mas depois se cale para me ouvir! – disse ela com as bochechas coradas por uma irritação crescente.

- É isso que eu penso! – esbravejou ele. – É tão difícil assim ficar na minha companhia? Sinceramente achei que já tínhamos superado isso, o modo como acordamos lado a lado me fez pensar nisso, mas depois você vem cheia de pedras na mão...

- Você quer que eu confie em você – apontou ela. – Como se isso fosse a coisa mais simples do mundo.

- Vamos voltar a isso? A Kate novamente, sério? – ele revirou os olhos.

- Não é a Kate, Draco. É a mulher que você amava e que claramente não está disposta a te deixar livre tão facilmente...

- Cada um seguiu com a sua vida, Hermione. Você mesma parecia certa disso quando a enfrentou naquele campo.

- Eu a enfrentei porque não vou me mostrar fraca a frente dela, Draco, mas o que Kate disse é verdade, estamos com problemas no paraíso – disse fazendo aspas com os dedos – e mesmo querendo tornar essa situação suportável, como você mesmo disse, não é tão simples assim.

- Se você se esforçasse um pouco mais – acusou Draco – ao invés de só ficar me vendo como um traidor, a situação toda seria mais fácil.

- Se você fizesse por merecer, pelo menos.

                Com os olhos brilhantes Draco a encarou fixamente. O que mais ele precisaria fazer?

- Do que você está falando?

- Você quer que eu confie em você, mas não sei nada sobre você... – apontou.

- Nós já superamos isso, você já sabe sobre mim!

- Não – gritou ela. – Não sei seus gostos, não sei suas manias... Uma vez você me chamou ao seu apartamento para saber tudo sobre mim, desde então eu venho aceitando ser um livro aberto para você, mas você não é sincero comigo. Nem o nome do seu perfume você me disse, tive que sair procurando. Sua cor preferida foi por dedução. Não vê?

                Ela maneou a cabeça sentindo-se cansada, mesmo tendo acabado de acordar. Sentou-se na beirada da cama e viu como Draco a seguia, no entanto ele permaneceu de pé a sua frente, e ela se sentiu ainda menor ao erguer o pescoço para poder encará-lo.

- Você quer que eu confie em você, quando você não confia em mim.

- Você sabe sobre mim muito mais que qualquer outra pessoa...

- Ainda assim não sei tudo – ela logo retrucou. – Por um lado você está certo, eu superei sua traição com Catherine, eu a acho desprezível, eu acredito que você não vai ceder ante ela novamente... Mas e as outras? Você sempre foi mulherengo, Draco. Como posso ter certeza de que amanhã não vai ser alguma loira de pernas longas que estará parada a minha porta, me dizendo que eu estou com o homem dela ou algo assim.

- Pansy – Draco suspirou. Mesmo Hermione não a descrevendo exatamente, sabia a quem ele se referia.

- Você nunca me contou tudo sobre ela, só para começar.

- É isso que você quer, então? Isso que falta para você confiar em mim, saber dos meus relacionamentos anteriores? Pois bem, vamos.

                Ele a puxou pela mão, ergueu as malas já feitas e foram em direção a porta.

- Você mesmo disse que só sairíamos daqui com essa história tirada a limpo!

- Eu vou levá-la a outro lugar – Draco resmungou abrindo a porta. – Ou é nesse quarto que você quer perder o dia?

                Antes que Hermione pudesse voltar a protestar Draco a puxava pela escada, de forma discreta ela logo se recompôs, esquecendo inclusive que saia sem os sapatos calçados. Mas o trajeto foi tão rápido que duvidava que alguém houvesse reparado.

                Em silêncio Draco deu a partida no carro, e a boca de Hermione se abriu ao pararem na frente da propriedade Malfoy. Draco considerava aquele o lugar ideal para a conversa que teriam? Mesmo? Mesmo sabendo que Pansy sempre rondava por ali, assim como Narcisa Malfoy que não perderia a oportunidade de importuná-los.

- Não entendo – ela resmungou.

- Meu quarto – Draco retrucou puxando-a para dentro da casa, deixando as malas para trás.

                A porta se abriu para um quarto onde o preto predominava, o que Hermione já considerava ser uma característica de Draco, mas detalhes em verde e prateado também se encontravam por todas as partes, fazendo um contraste bonito.

- Nesse quarto só três mulheres entraram, Kate, porque eu estava apaixonado por ela, Pansy, porque ela mesma invadia esse lugar para me incomodar, e agora você.

- O que isso significa? – questionou ela ainda sem entender.

- Significa que você ainda se sente insegura quanto a Catherine, mesmo que não diga, e significa que você está tomando os lugares que ela ocupou na minha vida – deu de ombros. – Não estou falando de amor, principalmente porque não me julgo capaz de amar alguém atualmente, mas o que quero dizer, Hermione, é que você pensa que não sabe nada de mim, mas no final você sabe tudo. Não lhe disse meu perfume porque você é detalhista e rapidamente soube qual era, minha cor preferida é bem óbvia, e da minha infância não tem nada marcante a ser dito. Mas você sabe muito, mais que Catherine soube, muito mais que Pansy.

- Draco...

- Pronto Hermione. Eu estou aqui, disposto a fazer esse acordo funcionar, disposto a passar esse anos ao seu lado porque, mesmo que você não enxergue isso, você é a melhor escolha para o que eu preciso, e no momento só eu posso ajudá-la com Cambridge. É isso que eu lhe ofereço. Você já sabe muito sobre mim, e certamente ao longo dos dias vai descobrir mais e mais, mas não vou passar um dia todo lhe contando sobre toda a minha vida. Só pare de mencionar esse acordo a cada instante!

- Você acha que é simples... – ela resmungou olhando o quarto ao seu redor. – Mas não é com palavras bonitas que tudo vai simplesmente se acertar.

- Mas é assim que as coisas vão começar a se ajeitar. Nós conseguimos uma vez, e você mesma disse que não se arrependia – apontou ele.

- Nós vamos seguir em frente, mas sem mentiras, Draco. Quando eu lhe perguntar algo, é porque eu quero mesmo saber, não quero respostas evasivas, quero saber sobre você, mesmo que seja dia após dia.

                Ele deu de ombros ao concordar e Hermione suspirou. Estava realmente surpresa pelas palavras de Draco, e ainda não se sentia cem por cento segura, mas tinha de confessar, por mais que dissesse que as coisas não se acertam só com palavras bonitas, Draco havia começado muito bem, e aquelas palavras certamente fizeram a diferença.

                Ele a havia impressionado, e isso já lhe contava pontos.

                Mas ainda não estava pronta para voltar a se entregar a ele, certamente não. Não se sentia a vontade o suficiente para ter relações com Draco novamente. Mas quanto a deitar-se junto dele, como na noite anterior, disso ela sentia muita falta.

- Tudo bem – ela suspirou aproximando-se dele. – Eu quero que isso dê certo, Draco, mesmo que você pense que não. Serão cinco anos da minha vida também, o mínimo é que consigamos nos dar bem... Só entenda que isso não vai ser da noite pro dia.

- Eu não achei que seria – respondeu ele.

                E não achava mesmo, na realidade já achava um grande progresso toda essa conversa, e a resposta que Hermione lhe deu o motivou ainda mais a ser paciente. Havia sido verdadeiro ao dizer cada uma daquelas palavras.

                Agora bastava esperar o momento certo chegar, e seu plano estaria em ação.