Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 21
Capítulo Três




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Draco não podia dizer estar surpreso pelo tanto de gente que se encontrava ali, pelo contrário, já imaginava, assim como imaginava a reação de Hermione, ela tremeu assim que pisaram no gramado do belo clube de campo onde anualmente a partida de polo oficial ocorria, partida essa que introduzia novas pessoas da alta sociedade, permitia que todos se conhecessem e dava início a temporada de festas, até o fim do ano. O tempo começava a esfriar na Inglaterra, mas o dia estava ameno, o sol brilhava alto e Draco estendeu para Hermione um chapéu, que Annelise havia lhe entregue depois das compras com Hermione.

- Se ela for mesmo com você, dê isso para ela – sua irmã havia dito com um sorriso nos lábios finos.

Hermione o encarou um por um instante, logo soltou um pequeno sorriso e pôs o chapéu, que não alterava em nada seu penteado. Draco sorriu em aprovação, e rapidamente um de seus braços se encontrava ao redor da cintura de Hermione.

Respirando fundo ela decidiu que era melhor não dizer nada, afinal estavam em um evento importante e a cena de minutos atrás, no carro, seria esquecida por enquanto, mais tarde sabia que ele retomaria a conversa de forma exaustiva, até tê-la onde queria, ou, pelo menos, um pouco mais próxima.

Sorriu ao se aproximarem de um casal já visivelmente idosos, era o Senhor Cohen, um importante banqueiro – um dos envolvidos com o Bank of England – ou algo assim, Hermione deu de ombros, eram pequenos detalhes que com o passar do tempo começavam a perder a importância.

- Draco – a senhora Cohen falou com uma voz mansa, aproximando-se para cumprimentá-lo. – E essa deve ser a senhorita de quem tanto ouvimos falar – comentou com a mesma voz mansa, fazendo Hermione perceber que, dentre todas as pessoas que conhecera desde o primeiro que fora junto de Draco, aquela era provavelmente a primeira a lhe tratar sem desprezo. Ninguém havia lhe tratado mal diretamente, mas Hermione não era boba e percebia facilmente os olhares hostilizados, a cara de decepção quando Draco a apresentava como sua acompanhante, e maior decepção ainda ao ouvi-la pronunciar o sobrenome Granger.

Toda a alta sociedade londrina sabia o que havia acontecido a família Granger, de modo que todos acreditavam que não tardaria para Hermione aplicar o famoso golpe da barriga em Draco Malfoy, conquistando assim parte do dinheiro de uma família consolidada e tão respeitada naquela sociedade.

Por isso havia tomado extremo cuidado quando começara a ter relações com Draco. A última coisa que queria era que lhe apontassem, também, como golpista. Narcisa Malfoy já parecia infeliz o bastante por tê-la como nora, se logo surgisse um herdeiro, Hermione poderia se considerar banida daquela sociedade para sempre, e junto com ela, iria Draco. Ou não. O que era o seu maior medo, e se ele acreditasse também que era tudo um golpe? Algo armado desde o princípio.

Maneando a cabeça ela sorriu docemente para a senhora Cohen, não havia porque ficar remoendo questões que não aconteceram, nem aconteceriam – porque ela iria se manter o mais distante possível de Draco Malfoy!

- Você é muito bonita, minha jovem – a senhora lhe sorriu cumplice e Hermione retribuiu o sorriso, agradecida.

Quando o simpático casal se afastou, Draco voltou a abraçá-la, guiando-a pelo lugar enquanto mais e mais pessoas se aproximavam para cumprimentá-los, outras pessoas era Draco quem tinha de aproximar e cumprimentar, a fim de garantir pelo menos um ponto positivo em sua ida para o parlamento, aquela partida de certa forma já o apresentava como novo representante da família Malfoy no parlamento.

- Então de repente você se tornou popular entre eles? – Hermione perguntou soltando um baixo riso, e seu sorriso se abriu quando viu que Draco maneava a cabeça rindo.

Draco apoiou as duas mãos em sua cintura, puxando-a para mais perto e ela sorriu, se tinha de fingir ser feliz ao lado de Draco, pelo menos que pudesse aproveitar então. E assim o fez, quando ele lhe beijou suavemente os lábios, Hermione o beijou de volta.

O odiava pelo que havia feito. Mas não podia negar que a atração entre eles era intensa.

Voltar a sentir os lábios de Draco sobre os seus a fez suspirar, mas logo maneou a cabeça quando o viu franzir o cenho arqueando levemente a cabeça, Draco se perguntava se o que ela fizera era real ou apenas parte da encenação que estavam fazendo naquele dia, rindo Hermione maneou a cabeça, ele morreria sem saber.

- Viu? – ele perguntou com seu melhor sorriso presunçoso. – Não é tão ruim ficar em minha companhia.

- Você que pensa – ela respondeu afastando-o levemente com a palma de uma mão, sabendo que não tinha força o suficiente para afastá-lo se Draco realmente quisesse se manter bem próximo a ela.

Os olhares ao seu redor que se dirigiam para os dois, fez Hermione se dar conta do porque de Draco ter aceitado se afastar mesmo que só um pouco.

- Estamos em público – ela maneou a cabeça sentindo suas bochechas corarem.

- Casais se beijam – ele respondeu voltando a passar um braço por sua cintura, guiando-a novamente pelo lugar.

- Não aqui! – ela disse baixinho vendo-o sorrir.

Mas Draco não se importava com isso, estava disposto a aproveitar todos os momentos possíveis junto dela, e sabia que só em público ela cederia sem fazer escândalo. Hermione podia ser bem geniosa quando queria, e ele sabia disso, assim que não preferia arriscar.

Sabia que assim que estivessem em quatro paredes – o que, claro, ela ainda não sabia – voltaria a tratá-lo com descaso.

- Não vão nos cumprimentar? – a voz hostil de Narcisa Malfoy rapidamente tirou dos lábios de Hermione o sorriso que vinha carregando desde que pisara naquele lugar, nem fingindo conseguia sorrir para aquela mulher. Não quando o olhar tão duro e frio de Narcisa parecia analisar cada poro em seu corpo, mostrando visivelmente o seu desagrado por ela estar ali.

- Estávamos indo agora mesmo – disse Draco de forma tranquila, o aperto mais firme na cintura de Hermione.

Farsa ou não, tinha de ser bom o suficiente para impressionar sua mãe, para fazer com que Narcisa Malfoy realmente acreditasse que a relação deles seguia as mil maravilhas – e não que Hermione sentia vontade de fugir sem nunca mais olhar para trás.

- Boa tarde – a voz autoritária de Lucius Malfoy fez Hermione se sentir intimidada.

Mesmo tendo estado acamado recentemente, Lucius Malfoy seguia sendo um homem que sabia como impor sua presença, e certamente não parecia nem um pouco debilitado por doença nenhuma, sua voz sempre forte e rouca a fazia estremecer, e não de um jeito bom.

- Boa tarde, senhor Malfoy – Hermione respondeu simplesmente, não havia maiores cumprimentos entre eles, sempre havia sido assim, desde o primeiro jantar na casa da família Malfoy a qual ela havia sido convidada.

E não podia dizer que sentia muito por isso, pelo contrário, pensava que quanto mais distante ficasse daquela família, melhor.

O que novamente a fazia se questionar sobre a doce personalidade de Annelise, que sempre tão sorridente fazia um contraste enorme com sua família sempre tão séria e rígida.

- Olá – foi só pensar em Annelise que sua ex-cunhada se aproximou, abraçando Hermione de forma calorosa. – Pensei que não viriam!

- Demoramos um pouco na estrada – Draco respondeu, dando o assunto por encerrado. Porque era simplesmente assim que funcionava com a família Malfoy, o homem decidia tudo.

Obviamente Hermione não concordava com isso, mas nunca discutiria com Draco Malfoy na frente dos pais dele, a menos que quisesse ser odiada eternamente – ainda mais.

- Vejo que está de volta a nossa família – Narcisa fez o comentário mordaz, observando a roupa que Hermione usava, vendo cada detalhe.

- Ela nunca saiu – Draco respondeu rapidamente, e Hermione se sentiu irritada por ele não deixar com que ela falasse.

- Estive apenas ocupada demais com a faculdade – respondeu ela, somente para sentir o gostinho de ter a última palavra.

- Não foi isso que nós ouvimos – Narcisa continuou alfinetando, e Hermione conteve a vontade de revirar os olhos. Aquela mulher sabia ser tão insuportável de um jeito único.

- Pois creio que ouviram errado – respondeu simplesmente, sustentando o duro olhar de Narcisa.

- Vocês vão ficar por aqui? – perguntou Annelise, sempre sorridente.

- Claro – Draco se apressou em responder, e Hermione o encarou com o cenho franzido. – Mas soube que nem todos irão ficar – isso significava que seus pais não ficariam, Draco quis dizer, mas não falaria em voz alta.

- Bem... – antes que pudesse continuar, o olhar cortante de seu irmão a fez fechar a boca, e a astuta Annelise logo entendeu qual era o ponto de seu irmão. – Acho que a maioria deve ficar, a rainha só chega amanhã, então todo mundo deve esperar por ela – completou sem receio de parecer entediada.

Uma buzina foi ouvida, seguida de risos e pequenos gritos, todos muito comedidos, enquanto uma pequena movimentação começava.

- O que houve? – Hermione perguntou em voz baixa, para que só Draco ouvisse.

- A partida vai começar em instantes – ele respondeu e lhe deu um leve selinho. – Nos encontramos depois!

Antes que pudesse se dar conta do que acontecia, o braço de Annelise estava enganchado ao seu e ela a guiava para uma área sobre grandes tendas, seguindo logo atrás de Narcisa e Lucius. Durante o percurso, Annelise pegou duas taças de champanhe da bandeja de um dos garçons, e logo estendeu uma para Hermione.

Ainda não era nem quatro da tarde, e todos já tinham taças de champanhe, vinho, uísque e conhaque em mãos, não parecendo nem um pouco incomodados por começarem a beber tão cedo. Dando de ombros ela sorveu um gole do champanhe, sentindo a bebida descer de forma gostosa por sua garganta, e sorriu para Annelise enquanto seguiam seu caminho.

- Bem vinda a área VIP da família Malfoy – disse Annelise disfarçando a voz, de forma divertida, e apontando para as poucas cadeiras presentes naquela área.

Era uma área de tamanho considerável para as quatro pessoas que ali se encontravam, havia balde com champanhe a disposição deles, e o cercado não muito alto mantinha as demais famílias do lado de fora, mas sem impedir que pudessem conversar ou trocar cumprimentos.

- Aquele é Draco? – perguntou Hermione cutucando Annelise levemente, que sorriu em aprovação.

Ali ia, montado sobre um cavalo preto de crina muito brilhante, Draco estava vestido adequadamente para a partida que começaria em minutos. A cabeleira loira tão clara não deixava dúvidas de que era ele, e quando se aproximou montado sobre o cavalo, Hermione se viu sorrindo para ele de forma espontânea.

- Vê se ganha – ela murmurou ao se aproximar, ele riu a certa distância, pois a grade que encerrava as tendas ficava alguns passos distante da cerca que circundava o campo onde a partida ocorreria.

- Vou fazer um ponto para você – ele respondeu dando uma piscadela.

Pelo canto do olho, pôde ver como Narcisa revirava os olhos de maneira displicente – e podia apostar que nada elegante – e logo bebia todo o conteúdo de sua taça de champanhe. Pelo menos o sentimento era recíproco.

- Eu não sabia que ele jogava – Hermione murmurou quando sentou ao lado de Annelise, há poucos passos de distância dos pais de Draco, todos virados na direção do campo onde, sobre os cavalos, diversos homens jogavam, sendo eles em sua maioria da idade de Draco.

- Todos os filhos dos parlamentares jogam – Annelise deu de ombros. – É a tradição. Não que eu ache que Draco gosta muito, mas ele até que joga bem – voltou a dar de ombros.

- Seu irmão não para de me surpreender – Hermione comentou, dizendo isso mais para si mesma que para a loira sentada ao seu lado.

- E você parece gostar muito disso – Annelise comentou de forma divertida, um sorriso brincando em seus lábios.

Não era questão de gostar, era o fato de saber que Draco não lhe era um livro aberto, o que, pela primeira vez, a fez pensar que no carro ele poderia ter dito a verdade, ele poderia realmente sentir muito, e chantagem poderia mesmo ter sido o único modo para conversar com ela – porque tinha de reconhecer que não conversaria com Draco Malfoy sobre qualquer assunto, havia demorado a atender as chamadas dele, mesmo depois de já terem combinado de vir a essa partida, se Draco ainda não a houvesse intimidado a comparecer, provavelmente seguiria ignorando veemente cada ligação que ele lhe fazia.

Suspirou voltando a beber mais uma taça de champanhe, pelo visto seria um longo dia. E pelo que Annelise dera a entender, não acabaria tão cedo.

- Que história é essa de ficarmos aqui? – perguntou discretamente à Annelise.

- Draco não lhe contou? – questionou ela e riu quando Hermione negou. – É melhor ele te contar!

Antes que pudesse exigir que Annelise Malfoy lhe dissesse mais alguma coisa, o barulho das famílias torcendo por seus herdeiros se tornou mais alto, os cavalos corriam a toda velocidade e Draco parecia dominar o jogo, fazendo Hermione concentrar sua atenção apenas nele e na jogada que fazia. Logo viu-se de pé, vibrando com todos os demais, quando Draco fez um ponto.

Riu ao se sentar. Aquilo era tudo uma farsa, mas ela estava parecendo uma namorada bobinha. Maneando a cabeça decidiu que iria se comportar de forma mais condizente com sua própria personalidade, mas quando Draco marcou outro ponto, ali estava ela novamente comemorando. Nem ela própria sabia que era uma torcedora tão convicta de que daria certo, e nos próximos minutos, enquanto torcia pelo time de Draco, Hermione riu ao se dar conta de onde estava.

Voltou a manear a cabeça e sorver mais um pouco de champanhe, porque parecia simplesmente irreal o que lhe acontecia. Rindo sozinha pegou o aparelho celular em sua pequena bolsa de mão e mandou uma mensagem para sua melhor amiga, estava visivelmente animada e já não sabia dizer se era pela farsa, pelo que realmente sentia ou se deveria culpar as várias taças de champanhe que já havia bebido sem nem se dar conta.

Provavelmente a última opção, considerou enviando para amiga uma mensagem sobre o jogo de polo, e um ps dizendo que mais tarde ligaria para Gina e lhe contaria tudo.

Uma pequena movimentação assim que o primeiro tempo da partida terminou, chamou a atenção de grande parte dos presentes, fazendo-nos virarem para ver o que acontecia. No entanto Lucius e Narcisa Malfoy permaneceram sentados com suas taças em mãos, bebericando o champanhe aos poucos, exatamente ao contrário do que Hermione gostaria de fazer, quanto mais tempo passava com seus falsos sogros, maior sua vontade de virar a garrafa de uma vez só.

- O que houve? – pôde ouvir Annelise perguntou a uma jovem que passava, provavelmente princesa de algum país pequeno e distante, Hermione deu de ombros, a garota usava uma delicada coroa, que mesmo bonita parecia demais. Todos ali só queriam saber de se exibir, revirou os olhos voltando a encher sua taça, era bom que essa partida terminasse logo, caso contrário estaria bêbada demais muito rapidamente.

- Hora de pisar no gramado – ouviu alguém entoar com animação, a pequena agitação pelo fato desconhecido já havia passado, e agora todos saiam de seus pequenos espaços VIP’S e se dirigiam ao gramado onde, até então, ocorria o primeiro tempo da partida de polo.

- O que é isso? – perguntou a Annelise ao deixar sua taça de lado. Precisava se concentrar em se portar bem, e embebedar-se certamente não era o melhor caminho.

- É para dar sorte – Annelise disse com um sorriso – eu acho – deu de ombros e as duas riram.

A verdade era que grande parte dos costumes que regiam toda aquela sociedade não possuía nenhuma lógica ou sentido, eram apenas tradições criações de anos atrás, de seus antepassados, que alguns britânicos davam muito valor. Com um pequeno sorriso, Hermione acompanhou Annelise até o gramado, onde Draco as esperava com um pequeno sorriso no rosto.

Não parecia falso, Hermione pensou, mas já o havia visto dar sorrisos mais sinceros.

- Você se saiu bem – ela comentou e ele riu maneando a cabeça.

- E você andou bebendo – ele riu negando com a cabeça, isso o fez lembrar da noite do casamento real, a única outra ocasião em que vira Hermione bebendo mais do que devia, e agora se encontrava tão surpreso quanto daquela vez.

- Sua mãe me odeia – respondeu ela em seu ouvido, como se isso justificasse o porque de estar bebendo.

A questão era que nem ela própria poderia se explicar, não costumava beber dessa maneira, muito menos estando em público, ainda mais em um evento importante como aquele. Mas ficar ali de canto, tendo de suportar os olhares desagradáveis de Narcisa Malfoy, os comentários maldosos e tudo sabendo que era apenas por uma farsa, que Draco nem sequer estava apaixonado por ela – assim como ela não estava apaixonada por ele – e que não se casariam tão cedo, e mesmo que por alguma insanidade ele a convencesse disso, não seria um casamento feliz nem repleto de amor, como um dia ela pensara que poderia vivenciar.

Não era o tipo de garota que fica sonhando com príncipes encantados, certamente, mas como toda garota ela também já havia imaginado como seria seu casamento, e ao longo dos anos, quanto mais independente se tornava, mais certeza Hermione tinha de que só se casaria se ele fosse o homem certo, um homem que ela amasse e que pudesse amá-la de tal forma que não conseguiriam viver afastados um do outro. Por um homem assim valeria a pena deixar de lado seus ideias que tendiam tanto para o feminismo, mas esse homem não era Draco Malfoy.

Assim que já se encontrava se embebedando por um futuro que parecia cada vez mais próximo, pronto para atingi-la sem a menor piedade.

- Não só ela – resmungou Hermione vendo como várias pessoas ao seu redor os observavam, mesmo que de maneira furtiva.

- Você sabia que era assim – ele murmurou a segurando pela cintura, fazendo muito bem seu papel de namorado, pensou Hermione, Draco sabia realmente como encenar para fazer toda sua família e membros do parlamento acreditarem naquela farsa. Isso a fazia sentir vontade de gargalhar.

- Eu sei – ela deu de ombros. – Só pensei que com o tempo eles se acostumariam!

- Se você fosse minha noiva eles já estariam acostumados – comentou rapidamente, dando uma piscadinha enquanto ela revirava os olhos. Essa era a Hermione que ele conhecia, sempre fugindo da proposta, mas mal sabia ela que, se os seus planos funcionassem, não demoraria muito para estarem juntos para sempre. E aquele era o Draco que ela conhecia, nunca perdendo a chance de alfinetá-la.

- Mas eu não sou sua noiva – ela disse com a voz irônica e ele riu.

- Por enquanto – respondeu Draco rindo.

A melhor parte dessa farsa, pensou Draco, era que com Hermione se sentia genuinamente bem. Ela realmente o fazia rir, até o fazia desejar, em alguns momentos que não fosse tudo uma mentira. Nos últimos meses havia se acostumado a presença dela, e as semanas que passaram separados foram de certa forma solitárias demais, afinal tinha de cumprir com sua promessa, havia acabado seus dias de boemia.

- Olha quem veio – uma voz masculina soando divertida rapidamente chamou a atenção de ambos, Hermione se virou com as bochechas coradas, enquanto Draco sorria amigavelmente.

- William – aproximou-se para cumprimentar o amigo sob o olhar atento de Hermione.

Era visível que a amizade dos dois não era mais a mesma, antes cumprimentavam-se com abraços e tudo parecia engraçado, agora, por mais que tivessem fracos sorrisos nos rostos, o cumprimento não passava de um aperto de mãos formal e perguntas simples no estilo “como você está?”.

Sentia muito por Draco quanto a isso, sabia que ele gostava da presença de William, afinal, por anos foram melhores amigos, William era definitivamente o irmão que Draco nunca teve, e era uma pena que eles não se falassem mais como antigamente, só trocavam breves palavras em eventos públicos, pelo que Hermione soube.

- Pensei que vocês só chegariam amanhã, com a rainha – comentou Draco de forma cordial.

- Já devíamos estar aqui desde cedo, mas nosso jatinho demorou a decolar da base – comentou William dando de ombros, como se falasse com qualquer outro membro do parlamento. – E depois tive que passar no Palácio de Buckingham para resolver algumas pendencias – deu de ombros. – Estar morando na base não tem ajudado nos negócios.

- Achei que suas obrigações só começariam depois que fosse coroado – Draco respondeu, uma mão ao redor da cintura de Hermione, a outra em seu bolso.

- Ainda deve demorar para sair a coroação, vovó Elizabeth não vai desistir tão cedo do seu posto – ambos riram, mas só por um breve instante, como se por um momento voltassem a partilhar algo de sua infância. Mas o momento passou rapidamente, ambos voltando a ficar sérios. – E você, Hermione certo? – ela assentiu – Como tem passado?

- Muito bem, obrigada – ela respondeu com um fraco sorriso.

Era fácil entender porque Draco tinha tanto apego por William, afinal o homem era realmente simpático e cordial, nada ensaiado nem forçado. Seu único defeito era ter se apaixonado por uma mulher como Catherine.

E foi só pensar nela, que logo a bela morena de olhos verdes estava ao lado de William, abraçando-o toda sorridente, como recém-casados verdadeiramente felizes. Era uma pena que fosse tudo encenação.

- Boa tarde – ela disse mantendo-se como seu posto de duquesa mandava, toda sorridente e cordial, sem parecer exagerada.

Não podia negar que Catherine ficava bem naquele posto, afinal, pelo visto tudo que ela mais gostava era ser o centro das atenções.

- Já tiveram tempo para a lua de mel? – Hermione perguntou com um pequeno sorriso, dirigindo-se a William, ignorando veemente a presença da duquesa.

- Em breve – o príncipe riu sendo acompanhado pelos demais.

- Mas já está tudo planejado – Catherine respondeu. – Saímos essa semana mesmo, e William prometeu me recompensar pelo tempo que tivemos de esperar.

Com um sorriso frouxo nos lábios, Hermione assentiu como se concordasse. Mas não pode deixar de notar o brilho naqueles olhos esverdeados, Catherine parecia muito satisfeita em sua posição, mas seus olhos corriam constantemente pelo corpo de Draco, de forma que só William não percebia, pois ela o abraçava por trás de forma carinhosa.

Dissimulada, pensou Hermione sentindo cada vez mais nojo daquela mulher. Mas Catherine não ficaria admirando Draco assim, de forma descarada, pensou Hermione com um pequeno sorriso nos lábios. Não saberia dizer se a culpa era da quantidade de álcool que já havia ingerido, mas sentia-se mais solta para falar.

- Já disse para Draco, que quando chegar a nossa vez é bom que ele escolha um lugar incrível – ela comentou forçando seu sotaque britânico, de forma a parecer que queria mesmo essa lua de mel.

A principio Draco arregalou levemente os olhos, mas logo se deu conta do que Hermione estava fazendo, de forma não tão direta ela estava disposta a confrontar a duquesa, deixando explicito que sua relação – mesmo que sendo falsa, ninguém precisava saber de tal detalhe – ia muito bem, obrigada, e que continuaria assim até o momento de subirem ao altar.

- Eu já a convenci de se casar comigo – comentou dando de ombros.

Não era exatamente o que tinha planejado, mas quando se quer que todos saibam de seus planos e intenções, nada melhor que comentar em um evento como aquele, onde toda a sociedade estava reunida e não deixaria espaço para dúvidas posteriores.

- Não tão cedo, querido – comentou com um riso fazendo Draco revirar os olhos.

- Catherine também não cedeu assim tão fácil – comentou William dando um tapinha nas costas de Draco.

Draco sabia que não havia sido bem assim, Catherine havia lhe jogado na cara, com muito prazer, quando William fez o primeiro comentário sobre casamento, deixando bem claro que facilmente aceitaria a proposta dele.

Maneando a cabeça, Draco afastou aquele pensamento de sua mente, Catherine fazia parte de seu passado, ponto final.

- Logo eu a convenço – comentou com um sorriso presunçoso, sabendo que era verdade, bastava que seus planos dessem certo. E dariam, ele podia sentir.

- Vocês também irão dormir aqui? – perguntou Catherine com sua melhor expressão de ingenuidade, dando um passo para ficar ao lado de William, fazendo com que ele a abraçasse do mesmo modo que Draco abraçava Hermione.

- Claro – disse Draco e sorriu para Hermione, que, para sua sorte, não lhe perguntou o que isso significava, apesar de estar bem claro.

Um novo apito voltou a soar, e Draco beijou-as nos lábios levemente.

- Hora de deixar o gramado – ele disse guiando-a de volta para a área destinada a família Malfoy.

- Nós vamos dormir aqui? – ela perguntou quando ninguém podia ouvi-los.

A empolgação pela volta do jogo fazia o barulho ser alto demais para que pudesse se ouvir qualquer outra conversa.

- Não é a toa que esse clube de campo tem uma casa tão grande – disse Draco com um pequeno sorriso, fazendo-a se virar para admirar a bela e imensa construção, toda de pedra com grandes janelas e uma enorme bandeira do Reino Unido erguida. – Não se preocupe, é só por uma noite.

- Eu já lhe disse que não voltaria a me deitar com você – disse entredentes.

- Só vamos dormir, Hermione – ele disse com um sorrisinho sarcástico.

- E veja onde isso nos levou da última vez – ela revirou os olhos lembrando-se do casamento real, quando eles só dividiriam o quarto de maneira ingênua e casta, isso a fazia sentir vontade de rir, porque o que fizeram entre aquelas paredes certamente estava longe de ser definido como casto.

Um novo apito fez Draco se virar e sorrir, acenando para outros que vestiam um uniforme de polo igual ao seu. Era hora de voltar a montar em seu cavalo.

- Não se preocupe – ele sorriu – não vou fazer nada que você não queira. E nossas bagagens já devem estar no quarto – estreitando os olhos Hermione logo se deu conta.

- Annelise! – ele riu confirmando, a irmã de Draco havia ajudado a planejar tudo isso, certamente, haviam saído juntas para fazer compras, agora podia apostar que a mala que a esperava só continha roupas novas, nada de seu guarda roupa.

- Nos falamos depois – ele disse lhe beijando os lábios novamente.

Draco não havia se afastado nem dois passos quando Hermione pôde notar a presença atrás de si, e não se surpreendeu ao dar de cara com Catherine, cujos olhos verdes brilhavam certamente não de alegria pelo belo dia.

- Problemas no paraíso? – ela perguntou com descaso, aproximando-se ainda mais de Hermione. Seus olhos pareciam cruéis, e suas unhas compridas e bem pintadas eram como garras prontas para atacá-la.

- Longe disso – Hermione respondeu dando seu melhor sorriso dissimulado.

- Pois foi o que pareceu – deu de ombros – ele continua não lhe contando tudo, não é? – maneou a cabeça num falso gesto, como se sentisse muito, o que de fato não sentia.

- Você deveria estar contente com o seu casamento – Hermione lhe disse, sua voz séria e o corpo bem ereto, numa tentativa vã de tentar se aproximar da altura da duquesa.

- Eu estou – ela deu de ombros com um falso sorrisinho. – Acontece que com William tudo é sempre igual.

- Acontece que Draco não está mais disponível para fazer o que você quer de diferente – respondeu com todo seu orgulho. – E se você pensa que pode nos separar, está muito enganada. Primeiro, as fotos que você mandou não fizeram o estrago que você previa, segundo, aceite de uma vez por todas que Draco a odeia.

- Ele sempre me disse isso – respondeu rindo baixinho – e olha onde nós acabamos? Na cama!

- Ele tem a mim agora – retrucou. – Você foi só um passatempo medíocre para ele – deu de ombros, o álcool se dissipando de seu organismo conforme seu corpo se acelerava cada vez mais pelo confronto com a duquesa. Nunca havia imaginado que seria capaz de retrucá-la desta forma, mas agora que havia começado não pretendia parar. – Faça um favor para si mesma, Catherine. Esqueça que Draco algum dia esteve em sua vida, ou na sua cama.

- Você se acha tão prepotente cheia de posa para cima de mim, mas quem é você mesmo Hermione Granger?

- Alguém superior a você – respondeu rapidamente – e não venha me dizer de classes, você veio de uma ainda mais abaixo da minha.

- Olha olha olha – comentou com sarcasmo – a pequena plebeia ingênua está mostrando as suas garras.

- Só estou defendendo o que é meu. E pode anotar, Catherine, Draco agora é meu homem e não há nada dele que eu aceite dividir com quem quer que seja, muito menos com você.

- Isso é o que veremos.

- Pode tentar – deu de ombros. – Depois de tudo que você fez, da criança que você se livrou só para encobrir suas traições, você realmente pensa que Draco poderia querer alguma coisa novamente com você? Aquela vez foi apenas sexo, uma fraqueza tenho de reconhecer. Mas que não acontecerá novamente.

- Do que você está falando? – perguntou ela surpresa pelas acusações.

- Draco não tem segredos comigo – retrucou Hermione. – Assim como eu não tenho segredos com outras tantas pessoas, assim que, para essa pequena historinha de como a duquesa se livra de seus problemas vaze para alguém que possa realmente espalhá-la, não demora nada. Sendo que um dos tópicos que William mais defende é contra o aborto, que irônico, não é mesmo?

O olhar de ódio de Catherine lhe dizia que a situação não ficaria assim, mas por hora sabia que teria um bom tempo para se preparar para um novo confronto, afinal a lua de mel do casal real finalmente aconteceria, semanas ouvindo apenas como eles se divertiam provavelmente em algum lugar paradisíaco, nada de se preocupar com essa mulher estando por perto.

Quando Catherine se afastou, Hermione sentiu suas pernas fraquejarem e respirou fundo, aquela mulher havia acabado com todas as suas energias, e agora que toda a adrenalina pelo momento havia passado, sentia-se cansada.

- O que foi isso? – a voz de Draco soou rouca em seus ouvidos.

- Estávamos conversando – Hermione deu de ombros virando-se para encará-lo.

A conversa havia durado tanto assim que o jogo já acabara? Perguntou-se surpresa. Pareceram apenas poucos minutos.

- Eu a quero longe de nossas vidas – comentou Hermione aproximando-se dele. – Seja isso de verdade ou não, ela não pode ficar entre nós novamente, não se for para isso dar certo mesmo que tenha um prazo de validade.

- Eu não poderia concordar mais – ele respondeu a abraçando suavemente.


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Notas finais do capítulo

n/a: comentem hein?
:D
beijos.