Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 1
Capitulo Um


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a nossa mais nova fic!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/152333/chapter/1

Monótono. Era assim que Hermione Jane Granger podia descrever a sua vida. Com um longo suspiro, borrifou o álcool na mesa, em seguida, de maneira quase mecânica passou o pano pela superfície. Olhou o relógio que havia na parede logo a sua frente. Quinze minutos para o fim do seu expediente...

                Precisava de um descanso, e um sorriso quase alegre brotou nos lábios da morena ao lembrar-se que o dia seguinte seria sábado.

                Fazia exatos dois anos que havia terminado o colegial, mas infelizmente não tivera tempo e nem dinheiro o suficiente para fazer a faculdade dos seus sonhos. Desde então, todas as noites Hermione sonhava em ser uma grande advogada especializada em direito internacional, queria se formar em Cambridge com todos os méritos e terminar o curso como oradora da turma... Eram apenas sonhos.

De relance, Hermione pôde ver a porta do pub abrindo, ao mesmo tempo em que seus ouvidos registravam o barulho da campainha que tocava sempre que um cliente chegava.

- Hermione, você pode atender?

A voz veio de dentro da cozinha, Tina era uma mulher de meia idade, cabelos castanhos e de corpo rechonchudo, seus olhos quase pretos eram sofridos. Havia perdido um filho há muito pouco tempo, vitima das drogas e de péssimas amizades, apesar de tudo, era naquela mulher simples e sofrida que Hermione havia encontrado o apoio que precisava quando chegara a cidade. De acordo com Tina, trabalhar durante as férias escolares era a maior perda de tempo que existia, tudo ali ficava parado e praticamente deserto, já que todos os moradores viviam direta ou indiretamente da renda dos universitários.

- Já estou indo, Tina – respondeu a castanha educadamente.

Entrou por baixo do balcão, deixou o álcool e o pano em seus devidos lugares, passou as mãos no cabelo para conferir se estavam bem presos como Tina gostava. Tudo em ordem. Com os olhos, procurou o cliente que havia acabado de chegar, era bem provável que por causa dele teria de ficar além do seu expediente. De soslaio olhou para o relógio... Míseros 10 minutos para o seu horário acabar. Finalmente achou o cliente que seria responsável pelos longos minutos a mais que teria que fazer. Arfou. Ela sabia muito bem quem era aquele homem, o conhecia através dos famosos tablóides ingleses. Seu nome... Seu nome não lembrava, mas seu rosto era inesquecível. Sempre estava envolvido em algum tipo de escândalo envolvendo mulheres... Muitas mulheres. E que diferença fazia aquilo? Hermione negou veemente com a cabeça e seguiu em direção ao homem que olhava atentamente para o quadro pendurado a sua frente.

- Em que posso ser útil? – perguntou Hermione de maneira polida.

- Eu gostaria de uma dose dupla de Balkan – disse o homem encarando Hermione com seus incríveis olhos cinzas.

- Desculpe?

- Balkan ou a bebida mais forte que você tiver – disse o homem em um tom levemente áspero. – Quero-a pura.

Hermione deu as costas para o cliente e suspirou pesadamente. Não iria sair dali tão cedo pelo que pôde perceber. Seguiu até o balcão onde ficavam as bebidas, nos rótulos procurou a bebida com a maior teor alcoólico.

- Eu só não quero ter que limpar um banheiro sujo de vômito – murmurou para si mesma quando pegou a terceira garrafa para olhar o teor alcoólico.

Hermione finalmente achou o que o cliente pedira. A garrafa era extremamente simples, e emulava o estilo das garrafas de bebidas antigas. Algo lhe chamou atenção no rótulo, seu teor alcoólico era de 88% e havia vários alertas para as pessoas que estavam prestes a consumir a tal Balkan.

- Já atendeu o cliente? – perguntou Tina surgindo ao lado de Hermione, a mulher olhou para a mão da castanha que segurava a garrafa com firmeza. – O que você está fazendo?

- O cliente pediu uma dose dupla desse negócio aqui – disse de maneira ingênua.

- Se ele pediu é por que tem consciência do que está fazendo – disse a mulher um tanto chocada. – Dê a ele o que ele pediu.

Hermione assentiu com a cabeça e foi atender ao desejo do cliente. Pegou um copo simples e colocou uma dose dupla. Tina olhou a castanha se afastar, mas não deu importância, aquele homem provavelmente queria ter uma ressaca na manhã seguinte, ou até mesmo entrar em coma alcoólico.

Com o cenho franzido, Hermione o viu observar o copo com minúcia, como quem esnoba, e logo entornar o líquido em um único gole. Sentiu-se arrepiar só de imaginar como aquela bebida deveria descer, no mínimo deixava a sensação de estar queimando tudo, mas aquele homem de cabelo incrivelmente claro e olhos tão diferentes do que ela estava acostumada a ver mal fez uma careta, e logo bateu o copo no balcão novamente, como quem pede mais.

- Você não deveria beber assim – ela comentou ingenuamente, com a intenção de ajudá-lo, mas o olhar ríspido que ele lhe dedicou a deixou ciente de que aquele homem não queria ajuda, poderia até precisar, mas no momento não aceitaria nada.            

Sentindo-se irritar pelo desdenho daquele homem, Hermione encheu o pequeno copo novamente e virou-se para observar o relógio, já estava dando seu horário e aquele esnobe parecia que não sairia dali tão cedo.

Desta vez ele tomou apenas um gole, deixando um pouco ainda no copo, e ergueu o rosto para encará-la. Não podia negar que era uma mulher atraente, mulher não, na sua concepção ela era apenas uma garota, não devia nem ter chego aos vinte anos ainda, mas ainda assim, era atraente e tinha olhos que despertavam o seu interesse.

- Quem é você? – ele perguntou, apenas porque o silêncio estava se tornando desconfortável.

- Granger – ela respondeu. – Hermione Granger.

Era Hermione Granger e não tinha nada de tola, assim que ela pôde claramente perceber que aquele homem não se interessava em realmente saber o nome dela. Ele devia estar apenas desconfortável com o silêncio, e ela se sentia igual, mas então ele que houvesse procurado um pub em outra cidade, pois ali sem os universitários tudo estava deserto.

- Sou Draco Malfoy – ele falou com o rosto erguido, mas por seu olhar ela percebeu que, para ele, era óbvio que ela já sabia. Ledo engano.

Quando Hermione ouviu Draco pronunciar o próprio nome, um arrepio lhe percorreu interiormente, sentindo-se de repente afetada pela voz rouca e firme. De onde aquele homem havia saído afinal? Estavam em plenas férias de verão, na rua o calor se fazia insuportável e a cidade parecia abandonada, silenciosa. E claramente um homem vestido como ele, emanando esse ar de superioridade não precisava ficar em casa durante as férias, ela poderia apostar que se Draco Malfoy quisesse, até no inferno ele poderia chegar.

O olhar dele sobre Hermione a fez corar, ele parecia investigá-la com os aquele par de olhos cinza tão belos. Sentindo-se uma garotinha por corar ao olhar de um homem, Hermione se virou e decidiu que ligar a TV poderia quebrar aquele silêncio, talvez até distraísse a atenção daquele homem.

Mas não obteve muito sucesso na tentativa, por poucos minutos Draco Malfoy até foi atraído pelas notícias que passavam na televisão, mas Hermione pôde perceber que de soslaio ele ainda a observava, e os minutos nunca pareceram se estender tanto.

Ao encher o copo para Draco pela terceira vez, Hermione ganhou sua atenção – não que tivesse a intenção, mas ele fixou o olhar sobre seu rosto e ela não conseguiu se afastar, mesmo sabendo que era o certo a se fazer.

- O que você faz aqui enquanto todos os outros universitários estão viajando? – ele perguntou com uma sobrancelha arqueada, e novamente Hermione sentiu as bochechas corarem. Mas desta vez decidiu que não sentiria vergonha por não poder pagar a faculdade, ainda mais perante um homem que esbanjava riqueza.

- Não vou a faculdade – ela respondeu, simplesmente.

- Não? – ele franziu o cenho. – Já se graduou? – Não era possível que ela aparentasse ser tão mais jovem assim.

- Não pude ir para a faculdade, simples assim – ela respondeu novamente.

Essa informação ganhou sua atenção, e de repente Draco se sentiu mais desperto que nunca. A bebida de verdade não o afetava, ao menos não tanto quanto deveria. Depois de tantos anos sorvendo doses e doses de Balkan, estava se tornando resistente ao seu efeito, depois só precisaria de uma aspirina.

Enquanto ele parecia interessado, Hermione não via a hora de ir embora. Por que ele não podia simplesmente sair daquele pub?

Mas não, aquele homem permanecia ali, analisando-a de uma maneira desconfortável.

- Precisa de mais alguma coisa? – ela perguntou numa tentativa de desviar a atenção dele.

- Não – ele respondeu sorvendo o último gole da bebida, mas também não se moveu nem deu sinais de que estava indo embora.

Horas mais tarde tudo que Hermione podia fazer era agradecer por finalmente estar em casa, havia ficado muito além do expediente naquele lugar apenas olhando Draco Malfoy beber sem nem ao menos se alterar.

Jogou-se em sua cama, mas diferente do que imaginava, não conseguia pregar o olho, mesmo tendo achado estar tão cansada que mal entraria em casa e já estaria dormindo. Doce ilusão. Minutos depois ela ainda rolava na cama, com os olhos bem abertos e o cansaço a atingindo, pelo menos o dia seguinte seria seu dia de folga – nada mais justo depois de ter ficado até tarde quando não deveria.

Mas a verdade era que não conseguia tirar a imagem de Draco Malfoy de sua cabeça, a sensação de que, de algum modo, já o conhecia ficava incomodando-a a todo instante. Resignada Hermione se levantou lamentando mais uma vez a falta de companhia.

Seus pais não tinham dinheiro suficiente para mantê-la na faculdade, assim que por conta própria ela decidiu deixar o subúrbio de Londres e se mudar para Cambridge, tentando conseguir o que aspirava por conta própria. Mas em momentos como esse, em que se encontrava sozinha e desperta na madrugada, Hermione sempre acabava por lamentar estar sozinha.

Sentou-se na cadeira puída em frente ao computador, uma pesquisa rápida lhe diria quem Draco Malfoy era, e assim poderia logo retornar a cama e finalmente conciliar o sono.

Mas cada matéria que encontrava sobre ele só a deixava ainda mais desperta.

- Droga – ela murmurou batendo na frágil mesa, que balançou um pouco.

As informações eram claras, Draco Malfoy era provavelmente o homem rico mais galinha do sul da Inglaterra, o que para ela era repugnante. Mas como se não bastasse, ele não era apenas rico, era um lorde. Segurando o riso Hermione sentiu vontade de caçoar, nem sequer imaginava que esse título ainda existia, era ridículo, soava tão antiquado que ela quase se perguntou se não estava saindo de algum romance antigo estilo Jane Austen.

Um homem como Draco Malfoy, que passava as noites em companhia de lindas mulheres e boas bebida, iria ser, futuramente um dos parlamentares britânico. Chegava a ser uma piada de muito mau gosto.

Passara apenas poucas horas na companhia daquele homem, mas o momento lhe dera a certeza de saber que Draco Malfoy não era alguém recomendável para um cargo de tal importância.

Ele lhe parecera tão esnobe, aristocrático e cheio de si que sentia vontade de lhe dizer tudo na cara, mas agora, ali estava um motivo a mais para morder sua língua, aquele Malfoy pertencia a um escalão muito superior ao que ela se encontrava naquele momento.

Mas enquanto Hermione pensava que Draco era apenas mais um homem atrás de companhia sexual feminina, para ele a situação era oposta. Novamente chegara cheirando a bebida em casa, um pouco alterado, talvez, e com o cheiro impregnado, despertando novamente a ira de sua mãe.

Para Narcisa Malfoy, uma mulher bela e cheia de classe, criada naquela sociedade aristocrática e luxuosa, o comportamento de seu filho era simplesmente imperdoável. Maneando a cabeça mais uma vez, ela voltou a andar pela biblioteca, ora olhando para o filho largado no sofá ora olhando para o chão, só para não ter de continuar a encarar.

Onde havia errado na educação dele?

- Quando isso vai parar, Draco? – ela perguntou enlaçando uma mão com a outra, tudo para conter a vontade de acariciá-lo até entender o que se passava com seu filho. Mas já o havia mimado demais, era hora de passar a reprimi-lo, caso contrário essa situação nunca mudaria. – Seu pai deve chegar amanhã e é isso que você quer que ele encontre? Um filho bêbado! Você é o próximo a entrar para o parlamento, pelo amor de Deus Draco Malfoy!

- Foi ele próprio que me disse para aproveitar as companhias femininas enquanto o dever não me chama – Draco respondeu com sarcasmo, mas diversão na voz.

- Isso quando você era um adolescente! – ela gritou exasperada. – Mas a situação hoje em dia é outra, meu filho. Seu pai não é mais o homem jovem que era quando entrou para o parlamento, a qualquer momento ele pode desistir do cargo e o que acontecerá? Você vai levar o nome da família Malfoy a ruína no primeiro momento em que estiver lá! Você não é mais um adolescente Draco Malfoy, está na hora de passar a agir como tal.

E dito isso ela deixou a biblioteca, irritada demais para encarar o filho mais uma vez. Fechou a porta de seu quarto com força, mesmo sabendo que não deveria, e com o coração apertado encostou-se a mesma. Se ao menos Deus houvesse permitido que ela tivesse outro filho homem, como Lucius diversas vezes desejara, mas não, Draco havia sido o único menino a sobreviver, depois de tantas gestações interrompidas, e agora ele era o único que carregaria consigo o sobrenome da família Malfoy.

Havia também sua pequena Annelise, Narcisa se lembrou com o coração apertado, mas como uma lady que ela deveria ser, não estava sendo criada na casa dos pais, mas sim em Londres, junto a outras tantas lady’s que em breve se casariam.

Maneou a cabeça não querendo pensar nisso, se ao menos seu filho aceitasse se casar com uma dessas lady’s a situação se resolveria, em parte, a credibilidade da família Malfoy aumentaria e assim Draco, quando chegasse ao parlamento, talvez não fosse recebido por outros homens com as mãos carregadas de pedras, prontos para acertá-lo.

Jogando-se na cama grande e fria, pela primeira vez Narcisa considerou que, se no próximo mês Draco não arranjasse uma companhia séria, um casamento deveria ser imposto – e mesmo sendo terminantemente contra essa situação, era unicamente para o bem de seu filho.

Ainda jogado no sofá da biblioteca Draco sentiu vontade de rir, ainda não podia acreditar que ouvira sua mãe falando num tom tão sério, não ela, uma mulher que mesmo se mostrando inabalável na frente dos outros, havia sido provavelmente uma das mais zelosas com seus filhos. Ele e Annelise haviam sido extremamente mimados, e agora ali estava a consequência disso.

Massageou as têmporas sentindo uma dor de cabeça incômoda, e se ajeitou melhor no sofá espaçoso, sua mente divagando até horas antes, quando se encontrava bebendo de frente para aquela bela e jovem mulher.

Podia agir como tal, mas Draco não era tolo, ele sabia bem ao que sua mãe se referia cada vez que lhe dava um sermão sobre responsabilidades e seu futuro cargo no parlamento: família. Não sendo um tolo, Draco já havia observado em várias de suas visitas ao trabalho do “papai” como aqueles homens, todos muitos anos mais velho do que ele atualmente, só conseguiam aceitar de bom grado um homem com família, um pai de família.

Era como se esse fosse um pré-requisito para aceitação no parlamento, ser casado, talvez ter filhos, como se esse status mostrasse a responsabilidade que tal homem carrega nas costas. E não era de hoje que Draco vinha avaliando tal situação, não mesmo. Há meses vinha saindo com as mais diversas mulheres em busca daquela que seria a escolhida, havia começado com as damas criadas em Londres, no mesmo lugar que sua irmã agora se encontrava, mas todas haviam sido uma total decepção para seu espírito livre e seu gênio forte. Eram adestradas demais, certas demais, jamais lhe ergueriam a voz ou o desafiariam, e isso só mostrava como em pouco tempo o casamento se converteria em um tédio total. Não, certamente não era nenhuma dessas lady’s educadas conforme manda a etiqueta da alta sociedade britânica.

Ele queria alguém diferente, por isso passara a freqüentar casas noturnas recheadas de mulheres ricas que só estavam atrás de diversão, afinal esse poderia ser o ingrediente para a mulher ideal: diversão. Mas em poucas semanas ele pôde comprovar que também não era isso, várias eram divertidas até demais, mas quando se tratava de algo mais sério, tornavam-se completas estúpidas que não sabiam distinguir os fatos.

E para alguém com o gosto de Draco Malfoy, pior que uma mulher adestrada, é uma que não sabe absolutamente nada. As adestradas pelo menos são educadas, enquanto outras não têm a mínima noção de nada. Mil vezes ser visto junto a uma mulher que faz tudo que ele diz a uma burra.

Foi seguindo essa linha de raciocínio que sua mente o guiou novamente até a imagem de Hermione Granger, que com seu cabelo castanho ondulado e olhos amendoados lhe parecera muito atraente, pelo que pudera observar do corpo dela, era bem delineado, ainda que as vestes não a favorecessem. E pelo que entendera, ela não podia ir para faculdade por não ter dinheiro, o que não significava que era incapaz, pelo contrário, pelo olhar determinado dela ao mencionar a faculdade, certamente era muito inteligente, apenas tivera o azar de nascer em uma família pouco afortunada.

E isso dava mais um ponto a favor de Draco, afinal sua família era muito afortunada, e se seus planos dessem certo não haveria motivo para Hermione rejeitá-lo. Ela não poderia rejeitá-lo.

Mas para garantir que isso não acontecesse, Draco precisava entrar em ação logo, o plano já estava bolado em sua cabeça há meses, agora finalmente havia chegado a hora de pô-lo em prática, e não poderia falhar, não agora, afinal sabia que seu pai não resistiria muito mais tempo na pressão e estresse do parlamento – Lucius Malfoy pode ser um homem rígido e severo, ambicioso sem dúvidas, mas todo o estresse posto sobre ele através dos anos naquele parlamento o estavam debilitando, e isso nenhuma severidade pode controlar nem arrumar.

O que significava que em breve esse posto da família Malfoy pertenceria a Draco, e sendo ele o último descendente homem da família Malfoy, só lhe resta duas opções: fazer um bom trabalho assumindo o parlamento, como um homem sério e comprometido tanto com sua família quanto com seu país, ou ver o legado da família Malfoy acabar passando para mãos desconhecidas, levando a família ao desgosto e provavelmente ao esquecimento.

Nenhuma das duas opções o agradava no mínimo, mas mesmo sendo tão severo quanto seu pai em diversas ocasiões, exigente e aristocrático, Draco era incapaz de ver sua família sem nada, ainda mais se tratando de um legado vindo de tantas gerações antepassadas, ali não estava apenas o trabalho que seu pai fizera nos últimos anos, estava o de toda uma família, e era seu dever e honra prosseguir com esse trabalho. Portanto desistir estava fora de questão. Pois antes estivesse morto a ver seu cargo no parlamento sendo passado a outro homem qualquer.

Só esperava que depois de conhecê-lo melhor, Hermione acabasse concordando com o plano. Ele seguiria em frente de qualquer maneira, mas em muito lhe agradava pensar que teria ao seu lado uma companhia que valesse a pena, tornaria tudo mais suportável.

Quando o despertador tocou naquele domingo, Hermione cobriu o rosto com o travesseiro negando-se a acreditar que teria de levantar para trabalhar, era domingo e ela deveria ficar em casa, de folga, ou ir visitar os pais em Londres. Qualquer coisa, menos trabalhar. Mas na situação em que se encontrava, qualquer dia extra que pudesse fazer e lhe rendesse mais algumas libras estariam de bom tamanho, e considerando que naquele domingo teria jogo e o lugar em que trabalhava iria transmiti-lo para os moradores mais próximos, na sua maioria homens que aproveitavam a ocasião para ir beber e ficar com outros homens, longe de suas mulheres exigentes e dos filhos serelepes.

E sendo dia de jogo era um motivo ainda maior para Hermione não poder faltar, já que normalmente em ocasiões assim os homens tornam-se mais obsessivos, mais beberrões e, consequentemente, sua gorjeta sempre é mais recheada. E ela estava precisando.

Afinal não queria demorar muito para entrar na faculdade, e logo começaria a época de enviar os formulários para Cambridge, afim de ser aceita ou não. Mas pior do que não ser aceita, para Hermione era ser aceita e não ter como pagar – como acontecera na primeira vez em que se candidatara para Cambridge, no ano de sua formatura. A decepção em não poder ir havia sido tão grande, que pela primeira vez em anos Hermione culpou o pai pela situação pouco afortunada que a família Granger se encontra.

A verdade é que nem sempre a família Granger morou nos subúrbios de Londres, e nem sempre Hermione teve de trabalhar para conseguir uma renda extra, não, sua família havia sido muito afortunada, mas a falta de sorte de seu pai as havia levado a condição atual.

Hermione não o culpava inteiramente, o excesso de gastos de sua mãe, e a falta de uma poupança também haviam ajudado na hora de deixá-los na rua da amargura. Mas quando soube que não poderia ir para a faculdade, que do dinheiro que possuíam nem para isso havia sobrado, o ódio fora tão grande que a fizera seguir em frente, sozinha desta vez, a fim de não se decepcionar novamente com ninguém. Não. Agora ela dependia apenas e exclusivamente de si própria, e se algo não desse certo, seria sua culpa. Só sua.

Ainda visitava os pais, certamente, mas a relação desde que ela saíra de casa nunca mais havia sido a mesma, e Hermione lamentava por saber que nunca mais seria.

Deixando as lembranças para trás, ela decidiu que se lamentar não adiantaria no mais mínimo, havia descoberto isso dois anos atrás, ao chegar a Cambridge com o pouco dinheiro que tinha guardado em seu cofrinho, um que mantinha quando criança e ficara esquecido na estante entre livros, bonecas e bichos de pelúcia, mas que lhe salvara nos primeiros dias tendo o suficiente para alimentá-la até Tina resolver ajudá-la, dando-lhe emprego e conseguindo o pequeno apartamento em que agora vive por um aluguel muito menor que o esperado.

Em seu discurso de oradora, que diversas vezes ela já reescrevera, pois certamente se candidataria a oradora quando sua formatura na turma de direito em Cambridge chegasse, ela sempre agradecia a senhora que a havia ajudado desde que chegara a Cambridge. Discurso esse que diversas vezes havia servido como maior inspiração para Hermione seguir em frente, e cada vez que pensava que nunca conseguiria dinheiro suficiente para se manter em Cambridge, ela relia os esboços já escritos para lembrar-se do sonho que tinha desde criança de ser uma grande advogada.

Foi mais uma vez pensando nesse discurso que Hermione se levantou, tomou banho e minutos depois saía pelas ruas calmas da pacata cidade de Cambridge, aproveitando o frescor incomum naquela época de verão.

Aproveitando ter chegado cedo, Hermione abriu o lugar, mesmo sabendo que ninguém chegaria aquela hora para beber. Enquanto o movimento não surgia, aproveitou para ir até a cozinha instalada mais atrás, onde uma cafeteira estava, que provavelmente era usada apenas por ela e por Tina, afinal homens iam ali atrás de bebidas muito mais fortes que um café preto.

Bateu cartão – pois só assim Tina lhe pagaria devidamente as horas pelo dia de trabalho extra – e se preparou para começar a arrumar o pub para um grande jogo que aconteceria. O lugar estava silencioso, e isso a incomodava, por isso, instante depois com o som ligado em alguma rádio Hermione começava a erguer as cadeiras para varrer o chão.

Depois de mais duas xícaras de café a campainha, que anunciava quando algum cliente entrava no pub, soou chamando a atenção de Hermione, que havia tirado alguns minutos para descansar no silêncio daquela cozinha, sabendo que o sossego não duraria muito. Sendo dia de jogo, os homens por ali costumavam chegar cedo para garantir um bom lugar perto do grande telão que Tina havia mandado instalar recentemente, fora pelo telão que muitos decidiram ir até o local para ver o jogo, pois antes, quando havia apenas a pequena TV ninguém demonstrava grande interesse, exceto aqueles que as mulheres não deixavam gritar dentro de casa, ou as crianças incomodavam.

Logo as cadeiras estavam ocupadas por homens gritando enquanto o jogo rolava, e Hermione tinha de se desdobrar com a ajuda apenas de Tina para servir a todos. Cada vez que pensava que estava cansada demais, lembrava-se do porque de estar ali e erguia o rosto, ela precisava do emprego e do dinheiro, então tinha de continuar.

Pelo menos naquela tarde o time universitário de Cambridge havia perdido o jogo do campeonato que consagraria o melhor entre as universidades britânicas, e pais e familiares frustrados não quiseram continuar ali ouvindo sobre a derrota de um time que prometia ser campeão. Assim, não era tarde da noite e Hermione já estava indo para casa, cansada, mas aliviada em poder ir descansar.

Só não sabia que um certo loiro de peculiares olhos acinzentado a observava dentro de um estiloso carro preto, no intuito de descobrir onde a castanha morava.

Draco Malfoy queria conhecer Hermione Granger, mas já havia percebido que não seria se jogando para ela que obteria sucesso, não, para ele Hermione aparentou ser o tipo de mulher que quer ser conquistada, que gosta de ir conhecendo aos poucos e se entregando. Ela era sensata demais para se jogar nos braços de alguém que diariamente aparecia em colunas de fofoca. Por isso ele havia decidido que faria do jeito dela, que iria começar a conhecê-la aos poucos.

Ao chegar em sua casa, pôde constatar definitivamente que não seria mesmo fácil. Se Hermione não era do tipo que se entregava facilmente, em contrapartida podia ver através das grandes janelas de vidro a presença de Pansy Parkinson, e ela sim era dessas que não desgrudava.

De repente sentiu vontade de dar meia volta e se lançar em algum bar, beber até esquecer e não ter que olhar para cara da melhor amiga de sua irmã, não, a presença de Pansy novamente naquela casa fazia seu estômago revirar.

Tinha de confessar que no início até que gostava, ela tinha um corpo bonito e não era uma ignorante, mas depois de alguns amassos já havia se tornado cansativo e ela pegajosa, perseguindo-o durante as férias – quando sempre dava um jeito de convencer Annelise Malfoy a levá-la junto para casa de campo da família Malfoy, que ficava no caminho entre Londres e Cambridge. Um lugar que Draco considerava ótimo de ficar, sem todos aqueles abutres paparazzi e a gritaria de Londres, mas quando Pansy dava o ar de sua presença ali, a casa de campo não parecia mais um lugar tão ideal assim.

Respirou fundo e saiu do carro, afinal fazia quantos verões que Pansy ficava com eles na maior parte do tempo? Sete? Seis? Verões o suficiente para ele iludi-la, cansar-se dela e aprender como suportá-la. Tinha também de confessar que a princípio ela até lhe parecera uma boa escolha, alguém em potencial para ser sua lady, afinal Pansy estava sendo bem instruída, mas não era toda regrada como eles exigiam que fosse. Mas depois de se mostrar tão pegajosa, Draco só podia se perguntar como alguma vez havia considerado de envolver com ela, chegava a ser deprimente. Ainda mais agora que havia achado alguém com real potencial para assumir o cargo de sua esposa, portanto ele iria sim terminar qual fosse o tipo de relacionamento que possuía com Pansy Parkinson.

Só esperava que depois do rompimento ela não se tornasse mais manhosa do que já era, e algo lhe dizia que seria exatamente assim, e que a presença de Pansy não sairia de sua vida tão facilmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hello pessoal! Espero que voces gostem da nossa mais nova fic! Ahhh sim, esse primeiro post está sendo feito por mim, Dani Ribeiro... eu e a Thays vamos nos intercalar! =) O proximo é por conta dela! hehehe. Ahhh sim, eu não esqueci de Dawn, de maneira nenhuma! Fiquem tranquilos que eu conseguirei lidar com os dois projetos! Antes que eu me esqueça. Será postado 1 capitulo a cada 15 dias! Sempre as 5 feiras! Deixem reviews, oks!! Queremos saber o que voces estão achando! BeijosDani