Legal. Agora, me forçaram a estar neste sala, neste momento. Já era de se esperar, Roger não ia me deixar faltar. Principalmente na aula de matemática. E ainda as regras ridículas dele:  "Não coma na aula, ou será castigado. Não durma na aula, ou será castigado. Não tome chá de sumiço, ou será castigado. Não atire na professora, ou será castigado. Não leve armas na aula, ou será castigado. Não monte na professora pelo motivo de estar com preguiça de ir para a sala, ou será castigado." Por mim, estar na aula já é um castigo. E ainda me faz aturar os roncos do Matt a aula inteira. Ele me deu muita coragem de ficar acordado dizendo coisas do tipo "Estou com sono, acho que vou dormir na aula de matemática. Faz bem dormir naquela aula, ela estoura os miolos." ... Ah, talvez um chocolate não faça mal. É... quer dizer... o que ele poderia fazer? Me dar suspenção? Se for assim, ai que eu como mesmo... Não ia aguentar muito tempo com o Matt dormindo. Bem, acho que vou acordá-lo. Nas regras que o Roger me passou, não tinha "Não converse com ninguém/Não acorde ninguém na aula, ou será castigado.".
            - ... Matt. -Balancei ele. Quer dizer, balancei fraco, só que ele caiu da cadeira. Todo mundo começou a encarar ele. Durou por cinco segundos, ai olharam pra mim.
            -Que foi?... Ele que caiu, eu não fiz nada. -É, eu sei. Sou ótimo em mentir.
            -Que mentira! -Um garoto no fundo da sala berrou. Eu olhei pra ele como se dissese "Cale a boca ou leve um tiro nela." Ai, ele parou de falar e enfiou a cara na mochila. A classe ficou olhando muito assustada pra ele. Mas, pense se você não ficaria. Do nada, seu amigo querido enfia a cara dentro da mochila. Ok, até eu ficaria. Só não fiquei essa hora porque ele não era meu amigo querido.
            -Por que fez isso?! -Disse Matt, se levantando e se sentando novamente.
            -Você queria me torturar. -Matt fez uma expressão confusa.
            -Mas, hein?
            -Você sabia que eu não podia dormir na aula.
            -É que eu não queria que meus miolos explodissem.
            -E você acha que eu quero?!
            -E você acha que eu achei que você ia seguir regras?!
            -Talvez, depende do castigo. -Cruzei os braços.
            - ... Bem, dependeu dos castigos todas as vezes que você não cumpriu eles.
            -É, tem razão. 
            -E além do mais, você consegue dormir de olhos abertos.
            -Nossa, como eu fui burro... -Acho que o Matt tinha razão. Não deveria ter tomado tanto café.
            -E é por isso que você nunca vai superar o Near. -Ele sorriu.
            -Como?... -Fiz um olhar ameaçador pra ele.
            -Nada. -Ele voltou a "prestar atenção" na aula. E eu a "prestar atenção" no sono.
           Matt P.O.V.
           Por que ele sempre me acorda na melhor parte do sonho?! Eu estava no arco-íris saltitando até o sol nem mais brilhar com meus amigos: Vídeo Games e computadores. Claro que eu não ia contar isso pra ele, eu receberia um "Você é retardado" de resposta. Bem, adormeci de novo e só acordei no final da aula com um berro ameaçador na minha orelha. Caí da cadeira... De novo.
            -Mello, não dá pra me acordar com mais delicadeza?!
            -Não.
            Eu estava morrendo de fome, sem grana e para o jantar ainda faltavam umas 2 horas. A única escolha, que eu acho que eu receberia um soco era pedir pro Mello.
            Estávamos andando tranquilamente pelo corredor. Então, era hora de agir.
            -Mello... Meu amigão! -Sorri e coloquei a mão em seu ombro.
            -Eu não vou te dar outro jogo, tá? -Ele fez uma careta.
            -Não é isso não... Quer dizer... Bem... Eu estava morrendo de fome e... -Fui interrompido.
             -Estava? Ah, ótimo. Então não está mais.
             -Não, estou sim e... Ah, você entendeu. Eu estou morrendo de fome, sem grana e o jantar vai demorar... Poderia me dar um pouco de dinheiro?...
             -Não.
             -Chocolate?... -Ele parou de andar e se virou.
             -Chocolate?... Então você quer meu chocolate?...
             -Sim... Depois você diz que eu estou te torturando. Você que está comendo ai na minha frente e esfregando na minha cara.
             -Não, não estou esfregando nada na sua cara, seria um desperdício de chocolate.
             -Ah, agora resolveu bancar o chato?... Mas, era pra você fazer isso só com o Near, tá? -Cruzei os braços e parei de andar.
             -Tá. -Ele continuou andando. -... Você não vem?
             -Não, vou ver se o Near quer me dar alguma coisa. -Me virei e fui saindo.
             Acho que o Mello tá melhorando comigo. Ele nem me deu um soco.
             -Near... Meu amigão! -Disse, enquanto estava indo em sua direção.
             -Sim?... -Ele continuou sentado, montando o quebra-cabeça e nem olhando pra minha cara.
             -Sabe, eu estou morrendo de fome, sem grana e o jantar vai demorar umas horinhas... Poderia me emprestar dinheiro?
             -Não tenho. -Quase tive um piti naquela hora.
             -Como assim?!...
             -Eu não tenho. Pede pro Roger, talvez dê alguma coisa.
             -É! Boa idéia!
             --x--
             -Roger! Quer fazer uma caridade? São para as criançinhas queridas que estão sem um Video Game pra jogar e estão passando fome! Dá pelo menos uns cinquenta reais?
             -O que? Uma caridade?... Ah, tudo bem. Mas, eu vou com você até lá.
            -... Não! Não, deixa que eu vou sozinho... Hehe. -Forcei a risada.
            -Não, é perigoso!
            -Eu sei me cuidar! É aqui do lado! Eu entrego pro monitor aqui do corredor!
            -Ah, então tudo bem! -Ele me deu 50. Reais. 50. Sai de lá vitorioso e fui pra cantina. Voltei pro quarto, trazendo alguns chocolates pro Mello, já que eu sou muito legal.
           Abri a porta.
           -Oi, Mello. -Joguei uma barra de chocolate em sua cama.
           -Ah... Oi, Matt. Uh... Valeu. -Ele pegou a barra. - ... Dá pra perceber que você está escondendo algo. Se olha no espelho.
          Me olhei no espelho e eu estava com a perna estufada pelas comidas/docês que estavam lá. Esvaziei os bolsos e escondi tudo. Quando Near abriu a porta.
          -Matt, Roger está te chamando.
         Fui até lá, mais calmo, tinha matado um pouco da fome. Abri a porta e fui até ele. Parecia bravo.
         -Queria falar comigo?
         -É. Não tem nenhuma caridade! -Ele berrou no meu ouvido.
         -Fud**.