Nothing Can Keep Me From You escrita por pau_ponny


Capítulo 1
Oneshot




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Sábado, 20 de setembro, 15:28.

E eu ainda não conseguia acreditar que após tanto tempo iria vê-lo.

Havia o conhecido num evento nas férias... Anime Friends - 19 de julho, para ser mais específico. Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, rindo de tudo.

Lembro-me perfeitamente de quando fui me despedir dele. Ele havia me dado um abraço tão... fofo, que conseguiu me deixar sem graça.

Voltei para casa lembrando das besteiras que conversamos e dando risada. Logo que cheguei, tomei um banho, me troquei e adicionei-o no MSN. Provavelmente não entraria no computador tão cedo, pois morava em outro estado, então resolvi ir me deitar.

Dois dias depois ele entrou, e ficamos conversando. Ao longo do tempo, ele havia se tornado um grande amigo pra mim.

Me ouvia, me ajudava e me fazia rir até nas piores horas.

E era incrível como parecia que nos conhecíamos há anos.

Nunca tinha me apegado tanto a alguém em tão pouco tempo, ainda mais um garoto.

Mas isso não me incomodava, afinal, eu me sentia bem com ele. E isso bastava.

Comecei a perceber estar gostando dele mais que como amigo, e fiquei meio... desesperado. Jamais havia tido atração por um garoto e não sabia como lidar com esse sentimento.

Entretanto, conforme o tempo foi passando, aprendi a aceitar e até me sentir feliz com isso, tendo esperança que fosse recíproco.

Assim que Yuu me disse que viria pra cá, uma felicidade enorme me invadiu. Ainda mais quando disse que estava vindo só pra me ver.

Desde então, era a única coisa que eu conseguia pensar. Ficava imaginando como seria, o que iria falar, como cumprimentá-lo; se o abraçaria, se daria só um aperto de mãos.

E imaginando se... o beijo tão esperado aconteceria.

15:37.

Senti o celular vibrar no meu bolso e peguei para ver o que era.

“Já estou chegando aí.”

E eu não me lembrava de ficar tão nervoso ao encontrar alguém. Isso me assustava. Bastante.

Caminhei até o lugar onde havíamos combinado, esperando ele chegar.

Quando o vi entrar no lugar, minhas pernas começaram a ficar bambas e me senti tonto.

O que diabos era aquilo que estava sentindo?

Ignorei tudo isso e fui até ele.

Parei na sua frente, completamente sem jeito, sem saber o que falar ou fazer.

- Kou-chan! – Sorriu para mim.

Por Deus, como alguém pode ter um sorriso tão... perfeito?

Não tive tempo para raciocinar, pois logo Yuu me puxou para um abraço forte.

E eu simplesmente perdi o chão naquele momento.

Assim que nos separamos, ele ficou me observando, sorrindo, enquanto eu sentia minhas bochechas corarem.

- Nee... Você está aqui há muito tempo? – Perguntou, cortando o silêncio.

- Não... – Respondi, ainda um pouco corado.

Será que ele percebeu como eu estava olhando pra ele tão encantado?

- Bom... Então, vamos comer? Estou com fome, não comi nada desde que vim pra cá. – Disse, calmo, observando os restaurantes que haviam ali perto.

- Pode comer se quiser, eu já comi antes de vir. – Respondi, ainda meio bobo com sua beleza.

- Ah, então eu também não quero!

- Tá, né...

- Mas, se eu desmaiar no meio da rua, a culpa é sua. – Acusou.

- Bobo! – Disse, rindo. – Vamos nos sentar? – Perguntei, apontando para um banquinho que havia ali perto.

Ele apenas assentiu com um sorriso lindo no rosto e nos sentamos.

- Nee, quantos chaveiros. Eu quero um, Kou. – Pediu, como uma criança manhosa.

- São meus, se quiser compra pra você! – Falei, rindo ainda mais com sua cara de desapontado.

No minuto seguinte, Yuu estava praticamente no meu colo, tentando pegar algum dos meus chaveiros. Parecíamos duas crianças bobas brigando por um brinquedo.

Ele conseguiu pegar um dos meus chaveiros. Era um patinho pequeno, que quando apertava o botão, acendia uma luz e fazia “quack”, e ficou brincando com ele.

- Você é besta. – Comentei, me divertindo com a forma que ele parecia impressionado com o chaveiro. – Muito.

- Ah, pára! Eu estou feliz, ok?

- Claro, porque tá aqui comigo! – Brinquei.

- É mesmo... – Confirmou me deixando corado e me fazendo ter que virar o rosto.

- Então... Você não vai comer nada? Vai morrer de fome, hein? – Tentei mudar de assunto.

- Mas você não quer comer!

- Porque eu já almocei, você não comeu nada desde que veio pra cá. – Expliquei. – Agora vai lá no Mc Donald’s e compra uma batata grande, eu posso te ajudar a comer, se quiser.

- Aproveitador! – Riu, fazendo com que eu risse também.

Yuu foi até o balcão e pediu a comida, enquanto eu o observava de costas.

Não tinha reparado o quanto ele era... ahn, enfim... Andei até ele e dei um leve tapa em seu traseiro, fazendo-o praticamente pular de susto e olhar para trás, rindo ao ver que fui eu quem tinha dado o tapa.

Ainda não sei como tive coragem de fazer aquilo. Mas foi engraçado.

Nos sentamos numa mesa.

- Come um pouco também, Kou. – Disse, levando uma batata até minha boca. – Olha o aviãozinho...

- Vai se ferrar, Yuu! – Virei o rosto, rindo.

Ele começou a atacar batatas em mim, e eu tentava desviar. Até que chegou uma moça que trabalhava lá e começou a limpar o lugar, nos olhando com cara feia.

Assim que ela saiu, ele jogou outra batata em mim.

- Você é muito chato, sabia? – E ele assentiu, mostrando a língua.

- Vou te mandar uma mensagem!

- Que? Mas você ta do meu lado, besta.

- Pronto. – Sorriu.

Senti o celular vibrar no meu bolso e olhei a mensagem.

“Oi, Kou-chan. <3”.

Acho que nunca recebi nenhuma tão idiota, mas mesmo assim gostei.

- Inútil... – Falei enquanto ria da mensagem.

- Ah, desculpa. – Murmurou, abaixando a cabeça.

Quando estávamos quase acabando de comer, Yuu pegou as batatas e começou a espalhar pela mesa.

- Meu Deus, que criança! Não se deve brincar com comida, sabia? – Repreendi, como se ele fosse algum bebê.

- Vou escrever uma coisa pra você. – Sorriu, e continuou mexendo nas batatas.

Assim que ele terminou, devo ter ficado mais vermelho do que o ketchup que estava jogado na mesa, pois senti meu rosto esquentar como nunca havia esquentado antes. Yuu tinha feito um coração e escrito “Kouyou” com as batatas.

Apenas abaixei a cabeça e sorri, tentando disfarçar a vergonha.

Conversamos um pouco e depois resolvemos sair de lá, pois Yuu queria ir num shopping comprar algumas coisas.

Entramos numa loja, ele pegou algumas coisas e eu fiquei só olhando o que tinha de mais idiota lá.

- Ok, que merda! Quem compra isso? – Apontei rindo para um Garfield segurando um coração escrito “love”, chamando Yuu para ver.

- Vou comprar pra você. – E riu também.

- Você só gasta dinheiro com coisa inútil... – Dei um tapa em seu braço, negando com a cabeça e rindo ainda.

Olhamos mais algumas coisas, Yuu comprou o que queria, o Garfield e mais uma caixinha de vaca, em forma de coração, pra mim. E ainda pediu pra embrulhar para presente.

- Feliz dia do sexo, atrasado. – Disse me entregando o presente.

Eu ri.

Sentamos em um banco que tinha ali por perto, e conversamos.

- x –

- Você é tão fofo! Dá vontade de te morder, Kou. – Comentou Yuu, parecendo um bobo.

- À vontade. – Sorri.

- Posso morder o pescoço? – Perguntou, empolgado. – Aliás... Posso dar um chupão?

E eu só ri, meio sem graça e assenti, colocando meu cabelo pra trás e deixando meu pescoço mais exposto para ele.

Senti sua boca se aproximar e sua respiração tocando minha pele, fazendo com que eu me arrepiasse.

Chupou levemente meu pescoço, e olhou para o local, sorrindo.

- Ah, nem ficou a marca, Kou. Posso dar outro? – Perguntou dessa vez parecendo mais animado.

Apenas virei coloquei o cabelo pra trás novamente e sorri pra ele.

Dessa vez havia sido bem mais forte, tanto que senti meu corpo todo estremecer, e um certo incômodo no meio das pernas.

- Nossa, agora ficou bem marcado mesmo. Até demais, acho. – Sorriu.

E eu não sabia ao certo o que dizer.

Conversamos mais um pouco. Olhei no relógio, era tarde, o tempo havia passado rápido. Rápido demais, na minha opinião.

- Bom, Yuu-chan... – O vi sorrir com o apelido carinhoso. – Daqui a pouco tenho que ir embora. – E seu sorriso morreu.

Senti uma enorme vontade de abraçá-lo e dizer que ficaria o tempo que ele quisesse, mas não podia. Já tinha demorado mais do que disse aos meus pais, se demorasse mais eles me matariam.

Ficamos alguns minutos em silêncio, olhando pro chão.

Yuu me deu um soco no braço, brincando, e revidei com um tapa em sua coxa.

Logicamente não tirei a mão de lá depois do tapa, não sou burro.

Me deu outro bem mais leve no queixo, fazendo com que eu levantasse o rosto e olhasse pra ele.

Assustei-me ao ver o quanto nossos rostos estavam perto, mas mal consegui raciocinar direito.

Em questão de segundos, seus lábios tocaram os meus de forma doce, e logo senti sua língua pedindo passagem.

Yuu aprofundou o beijo, nossas línguas se roçando suavemente, e eu sentia minhas pernas ficando bambas.

O beijo foi se tornando mais intenso, mas nem todo o fôlego durava para sempre.

Nos afastamos devagar, e ficamos encarando um ao outro, sorrindo.

Havia sido... o melhor beijo da minha vida.

Mesmo que parecesse exagero, era a verdade.

Mordi seu lábio inferior, percebendo como seu corpo havia estremecido com o gesto.

- N-não... Não faz isso, Kouyou... – Pediu, de olhos fechados, suspirando.

Eu sorri, neguei e mordi de novo.

- Se você não for casar com mulher, você casa comigo? – Perguntou, cortando o silêncio. Eu ri, o olhando de forma doce.

- Claro que sim. E não vou me casar com nenhuma mulher, Yuu. Eu só quero você. – Afirmei, o beijando mais uma, duas, três vezes.

E ficamos um tempo nisso, até eu lembrar que tinha que ir logo.

Quando ia entrar no metrô com Yuu, ele me segurou, pedindo para que eu esperasse.

- O que foi, Yuu? – Perguntei, estranhando um pouco.

- Ah, o metrô tá muito cheio... – Arqueei uma sobrancelha. – Vamos no próximo, ok? Não quero ninguém te encoxando. – Continuou, fazendo com que eu gargalhasse.

Por Deus, ele era muito besta.

O outro chegou e estava mais vazio, realmente. Entramos e nos sentamos.

Yuu ficou tentando tirar fotos minhas com seu celular, e eu apenas dava leves tapas em sua cabeça.

- Bom, faltam três estações para eu descer. – Comentei, meio triste.

Yuu me deu um beijo e me abraçou em seguida, e eu afundei meu rosto na curva de seu pescoço.

Quando levantei para olhá-lo, vi lágrimas correndo pelo seu rosto e... fiquei completamente sem o que dizer.

Sequei suas lágrimas com minhas mãos, o abraçando forte.

- Que foi, Yuu? – Perguntei, pensando que talvez fosse só imaginação minha que aquilo era porque não nos veríamos novamente tão cedo.

- Ah, “o que foi, Yuu?”?! Você não sabe mesmo? – O olhei duvidoso e esperei que prosseguisse. – É que eu vou sentir saudades de um certo alguém, entende?

- Pára com isso, bobo. – Falei, mordendo o lábio inferior.

- Eu sei que é algo muito... gay de se dizer, mas eu não vou esquecer esse dia nunca. – Disse, me apertando em seus braços. – Eu te amo, Kouyou. Nunca tinha chorado por ninguém. Sério mesmo. – Confessou, ficando adoravelmente corado.

- Eu amo você, muito. E a gente vai se ver de novo em breve. Eu prometo, ok? – E sorri para ele.

Yuu me devolveu um sorriso doce, e fomos nos levantando para sair do metrô.

Nos despedimos, ele me abraçou e me pegou no colo, como se eu fosse uma criança.

E o último beijo foi quase... violento.

Percebia-se de longe que nenhum dos dois queria se separar.

Nos afastamos de forma mais lenta possível, e fui descendo as escadas, indo embora.

Avistei de longe o carro do meu pai estacionado e caminhei até ele.

Olhei no relógio, 22:58... Não havia me atrasado tanto.

Ok, eu disse que voltaria 22:30, mas não era tanto assim.

Entrei no carro, e fiquei apenas lembrando dos beijos e dos carinhos de Yuu.

O celular no meu bolso vibrou.

“Esse, com certeza, foi o melhor dia da minha vida. Já estou morrendo de saudades, Kou. Volta pra mim, por favor...”

E não importava se ele era do mesmo sexo, se era sete anos mais velho que eu, ou se morava a cinco horas daqui.

Pela primeira vez, eu estava amando de verdade.

E nada, nem a distância poderia mudar isso.


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