Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 53
Irmãs - 2


Notas iniciais do capítulo

Voltei =)



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Elas se entreolharam com uma cara de dúvida.

– O que é Mel, Dora? – perguntou Ania, abaixando a mão que estava em meu pescoço.

– Deve ser algo do mundo dos vermes. – respondeu com cara de nojo.

Achei, no mínimo, estranho. Afinal, a Mel foi apagada pelos Manipuladores. Se bem que Dora não sabia quem eu era logo de cara. Então provavelmente não saiba quem seja a Mel também.

– Explique-se. – ordenou-me Ania,

Eu não sabia se dizer algo colocaria mais a Mel em risco, mas não havia muito mais o que se fazer.

– Melinda Dupon, uma humana que foi apagada por Manipuladores. Exijo a sanidade dela de volta.

Novamente elas se entreolharam e silabaram alguma coisa que eu realmente não consegui ouvir.

– Acho que já ouvi falar da humana amiga do mensageiro do mensageiro de Ascar. – ela riu. – Mas você é mesmo um idiota. Vai nos ajudar por uma garota. Isso é tão... humanamente inferior. É por isso que vocês são vermes, nunca conseguem se desligar da antiga vida.

Penso que só faltou ela cuspir em cima de mim. Mas em partes era verdade. Eu sempre estava tomando decisões humanas. Eu ainda era movido por uma humanidade que não existia mais dentro de mim. E isto me calou por um segundo.

– Ei Ania, não fale assim, vai fazer ele chorar. – gargalhou Dora.

Ergui meus olhos. Era um azul de fúria que os tingia.

– Não quero a opinião de vocês sobre as minhas decisões. Quero saber se vocês aceitam ou não minha proposta.

– Por nós sua burrice está mais do que aceita. Agora é o conselho que dá a palavra final. – disseram as duas, praticamente juntas.

– Então parem de enrolar e me levem logo ao chefão de vocês! – retruquei.

Dora pareceu querer voar na minha cabeça, mas Ania estendeu a mão à frente da irmã impulsiva. Uma névoa preta começou a surgir em torno de nós três. Era uma névoa que eu já havia visto várias vezes na minha vida. Pode apostar, ela nunca trouxe bons resultados. Espero, sinceramente, que dessa vez haja uma boa exceção.

A névoa nos rondou por completo e eu senti uma dor forte. Ela era bem semelhante a dor que eu sentia quando infiltrava um sonho. Quando o nevoeiro começou a dissipar, pude perceber que estávamos em outro lugar, muito provavelmente um outro sonho. Em um segundo, ficou bem claro na minha cabeça que era através daquela névoa que os Manipuladores conseguiam sair dos sonhos sem permissão, sem serem percebidos.Â

Desta vez não havia nada de formas geométricas e o âmbar fora substituído por um vermelho alaranjado. Era um deserto e estava bem perto do crepúsculo.

Havia camelos em caravana em uma duna logo a nossa frente. Pareciam procurar um oásis com muita ansiedade. Quem sonha com um deserto? Será que havíamos infiltrado o sonho de um beduíno? Não sei.

A única coisa que eu tinha de fato ciência é de que eu precisava segui-las. As gêmeas caminhavam pela areia rápido de mais e com uma facilidade que eu não possuía. Eu praticamente corria sob o sol poente, porém ainda muito quente.

Ficamos nessa situação por um longo tempo. Na verdade, foi por muito tempo. Tanto que eu já não sabia se tínhamos algum destino certo para alcançar ou se estávamos andando há horas a procura de alguém. Minhas pernas já tremiam de cansaço

Mas esse alguém, finalmente apareceu. Perto de um arbusto que se figurava no quarto ou quinto oásis que passávamos, a névoa preta começou a se formar. Não dava para ver muito bem, pois a noite já tomara todo o ambiente, mas o ser que se formou por de trás da nuvem negra trajava um manto semelhante ao das irmãs, porém com um toque de superioridade.
– Diga-me Ania querida, o que você e sua irmã têm para tratar com Erocles? – disse com voz firme a figura recém-surgida.

Ania se aproximou do homem. Ele era bem alto e tinha ombros largos. Ela repousou a mão no seu peito, ficou nas pontas do pé e se inclinou para junto de seu ouvido, sussurrando algo que eu já previa o que era.

– Uhn, interessante. Erocles vai gostar disso. – ele lançou um olhar furtivo para cima de mim.

– Cerbirus, permita que nós levemos esta informação a Erocles. – interrompeu Dora, apontando para mim. – Penso que já estamos prontas para nos encontrarmos pessoalmente com ele!

– Entendo seu pedido. E ele pode ser atendido, porém apenas por parte. – ele olhou para a outra irmã. – Ania, se for de sua vontade, você pode me acompanhar.

– E eu, não posso? – retrucou Dora.

Cerbirus encarou-a com um ar de soberania.

– Apenas Ania.

Dizendo isso, estendeu a mão a Ania, que a segurou com prepotência, olhando para a irmã que ficava para trás.

– Tome conta do Mensageiro até eu voltar.

E então os dois sumiram na névoa negra novamente.


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