Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 40
CindiNerd


Notas iniciais do capítulo

E laiáaa



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              E o sábado chegou sem delongas. Depois de uma noite tranqüila, talvez bem dormida, talvez sem sonhos, mas ainda nublada. Pelo menos parecia que um fardo enorme havia se desprendido das minhas costas, fardo este que eu não conseguia ter ciência do qual era, mas seja lá o que fosse, parecia ter ido embora. Talvez não pretendesse mais voltar.

              De certa forma isto era bom. Mesmo que desconhecido ou esquecido, o peso que havia saído das minhas costas me trouxe uma sensação de alívio. E, por eu estar aliviada, obviamente era para eu estar feliz e totalmente desinteressada na minha mente nebulosa. Seria isso que uma pessoa que não gosta de sofrer faria. Ignoraria os fatos e viveria o agora.

              Bem, mas a cada dia que passa, eu teimo em descobrir que eu não sou normal.

              Eu queria pensar e contradizer tudo que eu lembrava. Oras, eu não sentia as lembranças, como eu poderia ter vivido elas? Era ilógico e às vezes temeroso. Será que eu realmente precisava de um psiquiatra? A cada vez que a pergunta ecoava pela minha cabeça era como se uma certeza de que eu ainda não estava cem por cento se confirmasse na minha mente.

              Talvez sim, talvez não. Era a melhor resposta e sussurrar mentalmente. Às vezes o duvidoso cai melhor do que a certeza e, no momento, não sei se de fato eu queria encontrar o certo no meio de um espaço tão confuso.

               Então apenas respirei fundo e entrei na realidade daquela manhã de sábado. O vento que soprava soava estranho. O Sol que insidia da janela também era estranho. Talvez ambos parecessem artificiais o bastante para me fazer duvidar do dia que eu estava vivendo. Mas não, eles eram reais. E eram tão reais quanto meu estado de estranheza com meu próprio eu. Não era o mundo que estava estranho e artificial. Parecia ser eu.

             Sacudi a cabeça e resolvi parar de filosofar tanto em um dia que eu precisaria pensar em Física. Mas meu alivio eram minhas lembranças longas, duradouras e ilógicas das minhas horas e horas de estudos para a Olimpíada de Física. Eu esperava que de certa forma, elas tivessem sido reais, pois pelo menos o meu conhecimento seria muito mais suprido. E meu contexto, ir bem e ter certeza de alguma coisa seria muito bom.

             Minha manhã se resumiu em ajudar nos afazeres domésticos e pensar. Eu não me lembrava de pensar tanto já fazia um bom tempo. Mas a cada varrida era um assunto novo – ou velho – a ser remoído pelo meu cérebro.

             Acho que minha mãe percebeu esse meu estado de imersão, pois não retomou a nossa conversa da noite passada interrompida pelo meu momento de exaustão. Ela falou tanto que eu nem consegui raciocinar um nexo entre cada palavra. Parecida que ela murmurava entre soluços e um não estava muito a fim de ouvir todo o sermão que o meu pai já havia feito, só que vindo de outra voz. Apenas balancei a cabeça para tudo e falei que precisava descansar. Era o álibi perfeito.  

            Não consegui limpar tudo até a hora do almoço e fiquei com uma pontinha de remorso por fazer minha mãe limpar minha parte.

            - Melinda, não se preocupe! Filha, você já me ajudou muito com a parte que fez. Lembra, não há nenhuma madrasta aqui obrigando a Cinderela limpar o chão! – ela me deu uma piscadela e pegou a vassoura da minha mão, enquanto eu a encarava confusa -  E não fique assim só porque semana passada eu também terminei para você. Sábado é sábado, você faz o que dá tempo que eu termino sem problemas. – seu sorriso fraternal tirou qualquer pergunta da minha boca.

            Subi as escadas tentando me lembrar de sábado passado. Todo o branco foi bruscamente interrompido por uma cena nada inédita: minha mãe falando para eu estudar Física enquanto ela terminava a limpeza. Mas é claro, estudar Física era tudo que a Cinderela precisava. 

             Ri da minha própria conclusão e subi para me trocar. Em poucas horas começaria a prova e eu ainda precisava pegar o ônibus até a escola. Mas nada de desespero. O tempo não iria ser tão mal me pregando uma peça.


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Notas finais do capítulo

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