Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 38
Paranóia


Notas iniciais do capítulo

Meeeeel... o que está acontecendoooo???



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               Toda minha teoria foi quebrada quando a porta rangeu e um cara de camisa social entrou na saleta.

               - Você é a Melinda? – perguntou com uma voz mais fina do que eu esperava ouvir.  

               - Sou eu sim. – respondi naturalmente, mesmo acordando do transe que meus pensamentos me absorviam.

               - Está pronta? Eu vou te levar para casa, já que ninguém poderá vir te buscar. – ele sorriu estranhamente.

               - Espero não estar incomodando muito... – murmurei novamente corada.

               - Na... Não, imagina! Eu teria que ir para Paineiras essa tarde mesmo entregar uns documentos, não há mal algum ir agora de manhã. – seu sorriso agora pareceu bem mais compreensivo do que estranho.

               - Só preciso pegar minha mochila da sala. – respondi levantando-me da cadeira, até que um empecilho me fez tropeçar e cambalear. – Bem, ou talvez não. – puxei o empecilho de debaixo da mesa e vi que era minha bolsa de sarja. – Vamos.

               Fomos de carro mesmo, não trocamos muitas palavras. Aposto que era porque ele ainda pensava que eu estava mal, o que, agora, eu poderia negar bem mais confiante.

               Eu já estava me sentindo bem o bastante quando cheguei em casa e encontrei meu pai apreensivo na sala, como se eu estivesse acabado de chegar de um mês de coma.

               - Melinda minha filha! – ele veio arrastando a perna em minha direção e me abraçou. – Desculpa, estou me sentindo um inútil aqui neste estado!

               - Para com isso pai, por favor. Você que é o acidentado aqui, anda, pode ir se sentando! – desprendi-me rápido do seu abraço e sentei-o no sofá.

               - Está melhor? – perguntou obviamente preocupado.

               - Acredite, escola sempre faz muito drama das coisas pequenas. – murmurei entre uma careta. – Estou melhor, só um pouco preocupada com a batida da cabeça, parece que eu ando esquecendo umas coisinhas.

               - O que? Você bateu com a cabeça? Ninguém mencionou nada disso! – ele esbravejou um pouco incrédulo e eu quase me torturei de arrependimento por ter comentado sobre o assunto.

               - Talvez eu nem tenha batido assim, foi só uma encostadinha de leve, acho que nem comentei com ninguém... Na verdade, comentaram comigo, então não tenho muita certeza de como foi. Além disso, esquece, está bem? Foi só um pequeno acidente de escola que aconteceu hoje, não há motivos para maiores preocupações. – bufei, murmurando até a escada.

               - Eles acham melhor marcarmos um médico para você... – sussurrou meu pai enquanto eu contava os degraus. – Disseram que não era a primeira vez que você passa mal e que um psiquiatra poderia te ajudar...

               Bendita hora em que Rafaela me viu tendo um ataque! E bendita hora que todos me viram tendo um segundo ataque. Oras, que mal tem eu ter passado mal e batido a cabeça. Sei que um clínico geral não seria uma má idéia, até porque eu estava me sentindo estranha. Mas um psiquiatra? Não, louca eu não estava ficando!

              - Pai... Por que querem que eu vá a um psiquiatra? – rangi entre dentes, ficando estática na escada.

              - Não sei filha, eles estão preocupados com você, querem só ajudar. Eu não estava lá quando você passou mal, mas eles sim. Devem saber do que você está precisando! – ele desabou no sofá e eu pude ver claramente um homem desconsolado sentado na sala.

              - Pai... Psiquiatra é médico de louco! Eles acham que eu estou louca? – eu não estava ajudando muito com minhas palavras. Mas qual é? Eu estava tão confusa, que qualquer assunto que caísse na minha mente já se tornava o pior dos assuntos.

              - Não Mel! De forma alguma... Psiquiatra não é médico só de loucos, e sim de pessoas sãs também. Mas eles se aprofundam muito além da insanidade, eles cuidam da cabeça da gente. Sabem ver quando precisamos de ajuda e se precisamos de ajuda. Você não está louca minha filha. Isto é obvio! – ele sorriu e fixou os olhos nos meus, esperando minha reação. - No entanto alguma coisinha de errado está acontecendo aí dentro e precisa ser avaliada. – ele apontou para mim, mas acho que a intenção era de apontar só para minha cabeça.

               Eu sorri, mesmo sem entender porque sorrira. Talvez para ajudar o velho a se sentir melhor ou talvez para enganar, pelo menos meu rosto, convencendo-o de que eu estava bem.


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Notas finais do capítulo

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