Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 3
I - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Continuando..



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151968/chapter/3

Parte 3                   

Chegando ao ponto de ônibus, como já era esperado, não havia ninguém. Sim, eu tomava um ônibus que surpreendentemente ninguém mais tomava. Isso se dava pelo fato de eu não morar exatamente na cidade da escola e sim no distrito da cidade. Claro que mais alguém deveria morar em Paineiras, mas obviamente voltaria de carro. Não me queixo de voltar de ônibus todos os dias. Não teria coragem de sacrificar a única hora de almoço de meu pai o fazendo vir até aqui só para me levar para casa. Então, como de costume, sentei-me no banco de cimento e fique pensando no dia. Lembrei de duas meninas novas com quem eu conversara hoje, muito simpáticas elas. Uma era até que bem engraçada fazendo-me rir muito no tempo em que conversamos. Lembrei também das aulas e me preocupei com fato de não ter anotado as páginas da tarefa de Literatura. Apazigüei no momento em que com custo, busquei na minha memória infalível a voz da professora dizendo as páginas certas.

                   O Sol estava forte e ardido. Levei a mão à testa, para fazer uma proteção para os olhos e tentei espremer a vista, a fim de avistar o ônibus que deveria a qualquer momento apontar no fim da estrada. – Nada.

                  - Nada até agora? – disse uma voz atrás de mim, fazendo-me dar um pulo enorme no banco.

                  Olhei para trás e vi Daniel Floukin me fitando com aqueles lindos olhos azuis, com um ar de curiosidade devido ao meu espanto e demora em responder.

                   - Ãhn... Você está falando do ônibus? – perguntei espantada. “Não sua tola!” - pensei comigo mesma – “Ele está no ponto de ônibus fazendo o quê”

                    Rapidamente me corrigi.

                   - Quer dizer, você também toma ônibus aqui? – disse mais calmante.

                   - Nããão... Eu vim aqui para te seguir mesmo! – respondeu naturalmente.

                   Eu tentei conter meu espanto, mas meus olhos cresceram de uma forma que deve ter sido muito engraçada de ser ver.

                    - Brincadeira! – disse ele rindo após ter conseguido atingir o objetivo de me espantar. – Desculpe não me contive em fazer isso, você fez uma cara muito engraçada quando me viu.

                     Eu sorri moderadamente, rezando para ele não me perguntar o motivo do espanto, porque com certeza nem eu saberia explicar. Ele se sentou na ponta oposta do banco de cimento e começou:

                      - Eu estou na sua sala, você se lembra? – indagou agora pausadamente. – Não repare nas minhas brincadeiras, de vez em quando eu pareço um idiota. – riu para si mesmo, provavelmente lembrando da minha cara de susto.

                      - Não, não precisa se desculpar. Uma brincadeirinha sempre alegra o dia... – falei sem pensar em algo melhor para dizer. – E lembro sim que você esta na minha sala.

                       - Menos mal, agora pelo menos eu não fui um total desconhecido engraçadinho... – disse ele.

                       - É, vou considerar você como um semi desconhecido engraçadinho. – aproveitei a oportunidade para brincar também.

                        Foi nesse instante que eu vi uma correntinha dourada, com um pingente em forma de bolinha pendurada em seu pescoço. Interrompi a frase que ele iria começar a falar e já fui lançando uma pergunta.

                        - Essa correntinha, é sua? – inclinei minha cabeça, fazendo cara de dúvida.

                        - Ah, isso? Uhn... – murmurou ele virando os olhos e fechando a cara por alguns segundos, seguindo de um profundo suspiro. – O ônibus... – comentou sério olhando para a estrada.

                        Foi quando olhei novamente para o final da estrada e avistei. Até esquecera de perguntar se ele também pegaria o ônibus para Paineiras. Mas devido a essa expressão e ao fato de que naquele ponto só passava o ônibus para Paineiras, tomei por respondida esta dúvida.

                        Acenei para o ônibus e mal ele tinha encostado no acostamento, nós já estávamos dentro. Estava meio lotado, não tinha acentos vagos, então ficamos de pé, segurando nos ferrinhos.

                       - Então... - comecei. – Onde você mora exatamente?

                       - Uma quadra da Praça Matriz. – respondeu curto e rápido, com os olhos fixos para a janela do ônibus.

                       - Ah... - murmurei pensando em outro assunto. – Você estudava a onde antes? - indaguei rapidamente.

                       - Em Paineiras é que não era. – novamente uma voz ríspida atravessou seus lábios. – Colégio Principal de Bráscuba.

                       - Uhn. – silabei tão baixinho que nem ele deve ter ouvido.

                       De uma hora para outra ele ficou tão sério, tão distante. Resolvi deixá-lo quieto por um tempo. Já estávamos chegando perto da entrada de Paineiras quando novamente reparei na correntinha que ele levava ao pescoço. Lembrei-me do assunto e resolvi retomar.

                       - A correntinha... – disse apontando para seu pescoço. - Você não me respondeu... – abri um leve sorriso.

                      - Deve ser porque não te interessa!

                      E os olhos azuis me fitaram tão bruscamente com um ar tão áspero, que realmente parei de ficar bancando a boba, tentando ser ao menos simpática. Virei de lado e esperei até chegar meu ponto. Dobrando a esquina já o avistei. Puxei a cordinha e um apito ecoou pelo ônibus.

                     - Meu ponto. – sussurrei me dirigindo para a porta.

                     Nada, nenhuma voz atrás de mim ao menos se despediu. Desci rapidamente e fiquei posta observando o ônibus partir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

=D
Fim do primeiro capítulo o/