Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 1
Amigos, Professor Emmanuel e um pouco de Floukin


Notas iniciais do capítulo

Primeira parte do capítulo 1 o/
Genteee
Me dediquei mtoo a essa história...
Acho que me empolguei pq o negocio ficou grande
Quem busca seguir uma trama completa e mto detalhada, estamos ai!



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    Parte 1

   Já eram duas da madrugada e incrivelmente eu não conseguia dormir. Meus olhos estavam tão estatelados, que pareciam pregados por fitas adesivas, impedindo-me o sono. Rolei de um lado para o outro da minha cama e nada. Decidi então levantar e me repousar no parapeito da janela. Talvez ali, com a brisa suave que batia no meu rosto a inspiração e principalmente a vontade de voltar para a cama apareceriam. A noite até que estava bonita, era impossível não reparar na imensa lua que se escondia por de trás de alguns fiapos de nuvem.

     Por algum tempo permaneci ali, mas me lembrei que, por mais que meu corpo e mente fossem contra o fato de eu pregar os olhos, não queria aparecer no primeiro dia de aula com uma cara de acabada, com duas belas olheiras sob meus olhos. Relutei um pouco com meus pés, mas finalmente, ou melhor, novamente eu estava deitada rolando de um lado para o outro.

     Em uma dessas repentinas “roladas”, meu corpo estacionou e meus olhos se fecharam. O sono pairou na minha cama, mas junto a ele vieram os tão temíveis por mim, pesadelos.

      “Eu estava chagando na escola, era um ritual presente no meu cotidiano, eu sai do carro do meu pai e entrei. Não sabia ao certo se era ou não o primeiro dia de aula, mas de uma coisa eu sabia, algo estava diferente. Sempre quando eu chegava à sala de aula, todos já estavam lá dentro, postos em diversos grupinhos conversando até o professor chegar. Desta vez estava tudo diferente. Ao passo que eu me aproximava da sala, percebi uma movimentação muito estranha; todos estavam do lado de fora, porém olhando para dentro, com uma expressão que eu não conseguia definir se era de interesse ou de espanto. Aproximei-me curiosa, passando meu braço entre meus colegas e procurando um vão para poder ver o que se passava. Bem na hora que finalmente eu havia me aproximado da soleira da porta, bem no exato momento que iria finalmente ver o objeto de tanta curiosidade, uma voz me chamou, era aquela voz me chamando novamente; não era tão convidativa como a mesma que sempre me chama nos meus outros sonhos, mas o tom preocupado que ela me sugeria foi o suficiente pata me fazer voltar os olhos para trás, pra tentar finalmente avistar quem me chamara. Nada. Nada porque eu não reconheci nenhum rosto diferente no meio da multidão de alunos que se aglomerava cada vez mais na porta da minha sala, porém, o olhar de curiosidade que antes eu via no rosto de cada um, havia subitamente mudado para um tom vazio, como se eles não estivessem acordados, olhavam para um ponto fixo que eu não era capaz de encontrar. Não sei por que, mas uma onda de solidão, um vazio repentino me atingiu. Aquele gelado típico que sobe por toda a espinha, arrepiando cada centímetro do corpo me gelou por alguns instantes e a vontade de sair correndo dali era tão grande, que mais parecia uma força que me puxava.”

         O som do despertador tocando fez meu corpo dar um pulo tão imenso da cama que juro sentir flutuar por alguns instantes no ar. Desde algum dia, sinceramente não me lembro exatamente de quando, praticamente toda noite os pesadelos mais estranhos invadem minha mente, sempre acompanhados de uma certa voz, que soa num tom muito convidativo, parece até influenciar no rumo que eu vou tomar no pesadelo. Não sei se essa voz é boa ou ruim, mas por mais que eu lute contra minha vontade, sempre acabo cedendo a ela.

          Voltei meu olhar de novo ao despertador e vi que tinha alguns minutos para me trocar e tomar café. Levantei da cama e fui em direção do banheiro. Em poucos passos consigo atravessar meu quarto inteiro. Ele não é grande, tem um tom marfim nas paredes, com um roda-pé contrastante com sua cor de mogno. As coisas são dispostas sem muita surpresa. A cama ocupa boa parte, no centro do quarto; em uma das paredes fica encostado meu guarda-roupa e na outra, uma estante com uma TV de 14 polegadas, espremida em um canto ladeada de uma porção de livros de diversos temas. Na parede oposta do guarda-roupa, fica a janela, onde sempre gosto de observar a rua. E é claro, do lado direito da minha cama estava o meu criado mudo, onde guardo a maior parte das coisas miúdas.

        Tomei um banho rápido, para tirar o suor de uma noite quente. Escovei os dentes e fiquei um tempo observando minha imagem, que pouco era visível ao espelho extremamente embaçado. Passei minha mão, tentando ao máximo limpa-lo, mas minha pequena façanha durava apenas poucos segundos, até eu ver meu rosto novamente ilegível. Desisti deste pequeno capricho e passei a dar atenção a coisas mais importantes. Não tinha a mínima idéia de qual roupa vestiria. Sim, era o primeiro dia de aula, mas já estudara lá por um ano, nada que eu vestisse de diferente mudaria muito que eu realmente era, mais uma estudante do 2° ano do colégio Evolução. Lá é muito bom, com um estilo não muito comum do século XXI, penso que muito rígido e conservador, os professores sempre bem disciplinados. Admirava-me muito não termos que usar saia e meias três quartos, talvez por tudo isso e, pelo fato dela ser uma das escolas mais renomadas da região, tudo lá seja tão caro. O único motivo por qual eu estude nela é a bolsa de estudos que conquistei com um belo de um esforço. Pago literalmente bem mais barato pelos três anos do ensino médio do que praticamente todos os alunos.

          Rapidamente peguei duas ou três mudas de roupas e joguei sobre minha cama. De início pensei em dar mais importância ao fato de escolher roupas legais, no mínimo atraentes, mas logo essa decisão mudou em minha cabeça e quando dei por mim, já estava vestindo meu jeans favorito com uma batinha cor de caramelo, que eu julgava cair muito bem em mim. Calcei rapidamente meu tênis, apanhei a bolsa, que estava pronta desde o dia passado e desci para a cozinha.

         Encontrei minha mãe de costas, como sempre, preparando a cozinha. Acho que cozinhar é a paixão de sua vida e, com certeza, é mesmo. Mamãe é confeiteira, trabalha parte do tempo em casa e a outra parte na loja de doces de uma amiga da família. Sempre a mesa da cozinha está abarrotada de guloseimas, docinhos dos mais diversos tipos e bolos a serem decorados. Meu pai sempre falou para ela alugar um espaço e abrir uma própria loja de doces, mas ela, teimosa, negou essa idéia com os pés juntos.

          - Mel! Não vi que você já havia acordado – disse ela com um olhar de espanto se voltando para mim, pois não precisou me arrancar da cama como era de costume nos anos passados. - Deve estar ansiosa para o primeiro dia de aula.

          - Ah... Nem tanto mãe – disse com uma voz indiferente. – Acordei cedo porque não consegui dormir muito bem.

          - Foram os pesadelos de novo?- perguntou com um ar de preocupação.

          Apenas confirmei com a cabeça e fui em direção a um lugar vago na mesa que estava exprimido entre alguns pratos de brigadeiros. Peguei minha caneca, enchi de leite, passei manteiga no pão e fui me sentar. Enquanto eu dava umas mordidas, minha mãe não se contentava com a idéia que eu não havia comentado o que se passara no meu mais recente sonho, então começou a me encher de perguntas.

           - Como foi desta vez? Onde você estava? A voz estava lá?

           - Foi ruim como todo pesadelo deve ser, eu estava na escola e sim, a voz estava lá. – não sei se fui muito ríspida em minhas respostas, mas minha vontade naquele momento era de não falar nada.

           - Filha, acho que vou ter que te levar para fazer uma terapia de sono, ou algo do tipo... - disse-me com um ar de apreensão.

            - Mãe! Menos, está bem? Vão achar que eu sou louca, não preciso de nada disso, creio que tem muita gente por ai tendo pesadelos bem piores do que o meu. – falei em um tom meio alto, engolindo meu último pedaço de pão.

            Deixei-a para trás, resmungando sozinha alguma coisa que eu não consegui entender, subi para o banheiro, escovei os dentes e em poucos minutos já estava sentada no sofá com minha bolsa cheia de buttons no colo, esperando meu pai, que ainda se arrumava.

              Sei que já sou grandinha o suficiente para ir para a escola sozinha, mas se não fosse do meu pai me levar, eu teria que tomar uns dois ônibus e andar um bom bocado a pé, aí sim eu literalmente madrugaria. Quanto à volta, não pude escapar, a solução foi mesmo o ônibus.

               Estava tão distraída reparando em uma revista que já devia datar uns dois meses, jogada sobre a mesinha de centro, que nem reparei que meu pai se aproximava.

               - Bom dia Mel! Pronta pra irmos?- disse ele com um sorriso aberto tentando me cativar.

               - Bom dia pai! Vamos sim... – tentei responder com o máximo de entusiasmo que me coube no momento.

               Enquanto ele tirava o Fiesta sedan novo da garagem que, com muito custo conseguiu financiar, dei uma última confirmada na minha bolsa para me certificar se não esquecia de nada. Estojo, caderno, celular, chave de casa... As coisas iam se abarrotando, todas amontoadas e desorganizadas dentro da minha bolsa de sarja. Não tinha paciência de arrumar tudo direitinho, o importante era que tudo estava lá dentro, não importava como.

               Meu pai afastou o carro de modo que eu pudesse entrar. Abri a porta, sentei-me e logo ajustei o rádio em uma estação que me agradasse. Quanto a isso nós dois não tínhamos problema, poderíamos viajar horas dentro de um carro sem nos falar, só curtindo o som de nossa rádio preferia. Gosto do gosto musical dele, é juvenil e ao mesmo tempo clássico, como o meu. De certa forma, nisto nós combinamos. Digo assim, porque na maior parte das vezes, eu e meu pai nos desentendemos. Nada de muito sério, mas estamos assim desde que eu entrei na adolescência.  

               Já nos aproximando da escola, comecei a acompanhar com meus olhos todo o trajeto conhecido, quanto mais perto chagávamos, ridiculamente um medo tolo ia crescendo dentro de mim. Não sabia o porquê do medo. Bem, na verdade eu sabia sim, só não acreditava que um sonho ruim pudesse afetar tanto no meu dia. Chegava a ser patético.

               - Mel, chegamos. - disse meu pai, que parecia tentar me acordar do transe momentâneo que eu entrara lembrando do sonho.

               - Nossa! – disse falsamente espantada, a fim de não querer explicar o motivo da minha distração. – Chegamos rápido hoje...

               - É, não tinha muito transito... – concordou ele ajeitando o retrovisor e vendo a pequena fila de carros que se formava atrás do nosso. - Bem, é melhor você ir agora. Boa aula filha.           

                - Obrigado, tchau pai.

                Saí do carro e entrei na escola. Até então estava tudo bom, segui para sala e para minha imensa surpresa, tudo estava bem, não havia nenhum aglomerado de pessoas na porta e os grupinhos de alunos estavam espalhados pela sala como sempre.


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Notas finais do capítulo

Comentemm^^