Lullaby escrita por juvsandrade


Capítulo 7
VII




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Caminhando lado a lado do melhor amigo, o garoto que sobrevivera, Ron descansou os ombros e deixou com que eles se balançassem conforme o movimento constante de seu corpo. Ficar perto de Harry era sempre um alívio, porque querendo ou não, não somente Hermione, mas como todas as outras mulheres com quem convivia, acabava por intimidá-lo de alguma maneira, gerando uma suave tensão sobre as suas costas. Mas nada demais. Todavia, era bom caminhar ao lado de Harry sabendo que não havia muita chance de ser atacado por um Comensal da Morte a qualquer instante. Não que os olhares escancarados que as pessoas lançavam para eles conforme eles andavam fosse lá muito melhor que uma luta de varinhas. Era terrível e assustador do mesmo quanto. 

— Hey Harry, eu acho que preciso pedir desculpas para você, cara. Esses olhares... Eu estou me sentindo nu e em exposição. — Harry demorou um tempo para compreender qual era o assunto que o amigo estava citando, depois que se deu conta que era relacionado aos primeiros anos, onde Ron, com certeza, sentia inveja da atenção que ele recebia de todos. — Eles não vão parar tão cedo, vão?
— Não. — o moreno deu um sorriso pequeno, um tanto quanto divertido, dando de ombros e seguindo a andar, ignorando o auror que Molly fizera Arthur chamar para acompanhá-los. — Não enquanto ficarem sabendo a verdade, ou seja...
— Eles nunca vão parar de nos olhar. — Ron suspirou alto e enfiou as mãos nos bolsos dianteiros da calça. — Podemos tomar um sorvete no Florean Fortescue antes de ir embora? — Harry olhou estranho para ele, prendendo uma risada e confirmando com a cabeça.

Ron não mudava.
O assunto poderia ser o mais sério o possível e ele sempre acharia uma forma inocente (ou sarcástica demais) para mudar o rumo da conversa de forma drástica. E Harry sabia que ele não fazia aquilo de propósito. Era apenas o jeito Ronald Weasley de ser.

— E podemos passar no Artigos de Qualidade para Quadribol também, aproveitando a viagem. Ouvi dizer que a loja passou por uma reforma. Ah, e eu acho que a ração do Pichitinho está acabando...
— Ron... — o amigo procurou o olhar do ruivo, que fazia uma cara de pensativo, tentando se recordar de todos os lugares onde poderiam ir. — Podemos entrar em cada loja do Beco Diagonal depois que formos a Gringotes...
— Tudo bem, cara. — Ron deu um sorriso sardento. — Se bem que eu só quero tomar um sorvete, comprar ração para o Pichi e...

Todo o “passeio” pelo Cadeirão Furado fora daquela forma. Harry rindo do amigo e Ron comentando empolgadamente sobre as novidades dos artigos de Quadribol. A visita ao banco não demorou muito. Com os bolsos cheios e com o auror seguindo cada um de seus passos, Harry cumpriu o que dissera, indo em todas as lojas que o amigo pedira e acrescentando mais uma no caminho: a da Madame Malkin. Precisava comprar algumas roupas novas, já que a maioria de suas antigas estava ou rasgadas, ou cobertas de sangue, ou as duas coisas.
Entraram na loja e foram recebidos como reis. A atenção da velha madame Malkin caiu por completo sobre os dois, que, sem graça, desejaram sair no instante em que chegaram. Harry disse que precisava de roupas e enquanto a mulher pegava pilhas e pilhas de roupas para exibi-las ao garoto, Ron se dispersou, andando pela loja com a intenção de se afastar o máximo que conseguisse daquela mulher, antes que ela tentasse colocá-lo dentro do provador com roupas engomadas.
Sem querer – sem querer mesmo – seus olhos caíram sobre uma vitrine dentro da loja, decorada estupidamente com querubins e pequenos corações que piscavam como se fossem explodir a qualquer piscar de olhos. Ron não queria se aproximar, contudo foi puxado pelo estomago até o local, descobrindo então uma corrente (que provavelmente era de ouro e com certeza custava mais do que ele poderia pagar) que, sem a menor sombra de dúvidas, deveria ser de Hermione. Odiou-se por não ter uma conta em Gringotes e se odiou um pouco mais por saber que mesmo se tivesse, não teria dinheiro para lá depositar. E o brilho do pingente de coroa o irritava ainda mais. A imagem perfeitamente nítida de sua garota usando aquele colar se impregnou em sua mente, deixando-o tonto pela beleza que enxergava. Ele queria aquele colar, mas sabia que nem se economizasse durante anos, conseguiria arrecadar dinheiro para comprá-lo.
Hermione tinha o azar de estar junto de um pobretão.
Bufou, tornando a socar as mãos nos bolsos (vazios) de suas calças jeans velhas. Como é que ele poderia dar um futuro que prestasse para Hermione sendo que ele nem tinha dinheiro direito para comprar comida? Ok, ele sabia que não poderia mais depender dos seus pais, que precisaria arranjar um emprego e passar a viver de forma independente financeiramente, mas, mesmo assim, demoraria muito para ele conseguir guardar um punhado de nucles, sicles e galeões. Demoraria muito mesmo, tipo, a eternidade. Revirou os olhos, ansiando para sair daquela loja logo. Olhou pelo rabo dos olhos e viu que Harry estava caminhando rapidamente ao seu encontro, enquanto Madame Malkin sumira para pegar outra grande quantidade de roupa, provavelmente. 

— Da próxima vez, comprarei as minhas roupas em lojas trouxas. — Harry avisou, com os cabelos mais bagunçados que o normal e com os óculos tortos. — O que foi? — notando de cara que o amigo não se encontrava com um bom humor, ele se atreveu a perguntar.
— Olha... — Ron apontou com a cabeça para o colar, frisando os lábios para baixo e franzindo o cenho.

— Hermione iria adorar. — Harry captou a mensagem no ar e sorriu para o ruivo. 
— Não foi só isso que eu pedi para você olhar... — a alteração na voz de Ron fez com que o moreno reparasse que havia realmente algo de errado ali. — Olhe o preço.

Então a ficha de Harry caiu. Era sobre aquilo que o melhor amigo estava falando desde o começo.Dinheiro. Ou melhor, sobre a falta dele. Suspirou de cansaço por conta daquele assunto. Ron sabia que se ele pedisse para Harry emprestar aquela quantia, ele emprestaria sem relutar. Colocaria até mais do que o necessário na mão dele... Porém... O orgulho de Ron era algo com que ele não gostaria de enfrentar mais uma vez. Dar o dinheiro de mão beijada para o ruivo seria o mesmo que berrar em seu ouvido: “você não tem tanto dinheiro quanto eu tenho!”, por isso seria melhor ficar quieto.
Mas ver o melhor amigo daquela forma...

— Podemos fazer o seguinte: eu empresto esse dinheiro para você e assim que começarmos a trabalhar, você pode me pagar. — logo de cara Ron olhou torto para ele, começado a se sentir ofendido. — Não me olhe assim, cara. Você quer dar esse colar para a Hermione e sabe que ela vai adorar. Eu não estou insinuando nada com isso, só estou dizendo que posso fazer esse empréstimo. E eu sei que caso eu precisasse, você me emprestaria dinheiro para comprar algo para a Gina... — parou, lembrando de quem é que estava falando.

Escondeu um sorriso, perguntando-se se Ron realmente emprestaria dinheiro para ele caso ele quisesse comprar um presente para a irmãzinha dele.
Bem, era melhor acreditar que sim.

— A Hermione vai gostar mesmo, não vai? — Ron perguntou ainda inseguro de aceitar o que lhe era oferecido, mas ele sabia que o que ele sentia por Hermione chegava a ser (bem) maior que o seu orgulho sufocante.
— Ela vai adorar.
— Então está bem.


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