A Lenda de Zelda escrita por Diego Lobo


Capítulo 2
Navi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151920/chapter/2

Link distanciou-se do pequeno vilarejo, onde o campo cintilava como se estivesse lançando sua própria maneia de se despedir do jovem. A sua frente estava a floresta densa que jamais ousara entrar, um lugar que seu pai contara tantas historia a respeito que seria como se soubesse de tudo, mas ali parado de frente ao caminho escurecido, não havia nada a se saber.

Sorriu imaginando a aventura que teria, e em como seriam engraçadas as historias que contariam sobre ele, o pequeno que se aventurou para fora de seu vilarejo com a missão de salvar a princesa Zelda. Uma tarefa que normalmente seria destinada a altos e robustos guerreiros do rei.

— Não os vejo em parte alguma — falou consigo mesmo, dando um passo a frente.

O caminho era iluminado pelos feixes de luz que com muito esforço atravessavam as folhas das arvores. Ele caminhava olhando as profundezas da floresta, que rodeavam o pequeno rastro de caminho. Criaturas passavam correndo entre as flores, o observavam com atenção, durante todas as horas de caminhadas. Ele descansou em alguns momentos, rochas e canteiros, tentando não pensar em comida ainda.

Pensou ter escutado um barulho de folhas ao chão sendo pisoteadas, ele imediatamente se escondeu por trás das rochas, seus olhos estreitos na mata. Parecia um animal, ou monstro, enorme. Seu pescoço era longo, tinha quatro patas e sua respiração era alta. Link engatinhou para a direção da criatura, não parecia ter notado a presença do garoto.

Seus dedos alcançaram sua espada em suas costas, ele não a retirou, mas ficou preparado para o pior. Quando a criatura veio para luz ele enxergou o que era.

— Um cavalo! — falou animado, mas assim que o disse o animal imediatamente se pôs a correr em toda velocidade.

Link nunca vira cavalo igual, sua crina era branca como a neve. Lamentou por ter deixado o animal correr, mas não havia mais nada a se fazer a não ser continuar a caminhar. A noite chegou rapidamente, a o rapaz encontrou um arvore apropriada para se abrigar, a conselho de seu pai ele não acendera fogueira alguma, pois atrairia monstros noturnos. Sonhou com Zelda.

Só acordou quando os raios de sol tocaram a sua pele, os poucos que conseguiram atravessar as folhas, ele demorou para aceitar onde estava. Não haveria café da manhã, nem pessoas a cumprimentar, nem o som da flauta de Laura para ouvir. Link estava no meio da floresta, seus lábios secos e sua barriga roncando.

— Bom dia Link — disse meio desanimado, sua veste repleta de terra e folhas.

Caminhou um pouco mais, saindo da estrada ele seguiu o cheiro e o som de água. Mesmo naquela situação era impossível ignorar como a floresta era incrível, tudo ali tinha vida. As arvores cobertas com o musgo verde, como um cobertor, balançavam com a brisa como se cantassem, lá estava um pequeno lago, ali a luz era bem vinda e ele conseguia ver o céu azul.

Ele ajoelhou-se e encheu a mão de água e bebeu com vontade. As folhas caiam devagar até a superfície do lago, provocando pequenas vibrações na água. Os pássaros passavam velozes desviando das arvores, cantando com uma alegria que Link não compreendia. Observou seu reflexo na água, parecia com medo e cansado, mas existia aquela vontade de continuar e não voltar, ele queria encontrá-la.

Os sacerdotes do castelo não lhe deram direção alguma, segundo eles Link saberia onde a princesa estava, pois esse é seu destino. Não voltou a estrada, continuou dali mesmo o seu caminho, pensou ter visto as montanhas de longe, mas noção tinha certeza.

— Pretende atravessar essa floresta, pequenino? — Link saltou de onde estava soltando um berro, sua espada em mãos.

Estava sentando em cima de um toco de arvore. Tinha orelhas pontudas um sorriso no rosto, cabelos castanhos da cor dos troncos das arvores, a principio um jovem normal como Link, mas o restante de seu corpo era de bode.

— Um fauno! — exclamou Link completamente surpreso.

— Fauno? Quem é você que dá nome aos outros assim tão facilmente? — disse o fauno em tom de zombaria.

— Desculpe, só escutei a respeito... Nunca vira um, não imaginava serem realmente reais.

— Mas isso é muito ofensivo, seu pequenino anão verde! — falou ele empinando o nariz — Eu nunca ouvi falar nada a respeito de alguém como você! Estranho, não?

Link guardou sua espada.

— Mais ofensivo ainda, é você pensar que não sou merecedor da sua cautela a ponto de guardar sua espada á frente de alguém que você nem conhece! — falou zangado, mas Link deu de ombros.

— Você não me parece ser perigoso — admitiu.

O fauno fechou os olhos e soltou um suspiro, apanhou uma espécie de flauta e começou a tocar. A melodia era um tanto animada e engraçada, em poucos minutos vários animais saíram de toda a parte para cercarem o jovem fauno, como se quisessem escutar a musica.

Coelhos, veados, pássaros e outros animais simplesmente permaneceram ali escutando a melodia. Assim que o jovem se aproximou todos os animais fugiram imediatamente, o Fauno ficou de pé, sua pele ele diferente de alguma forma, brilhava, seus olhos poderiam ser de um felino ou de uma pessoa, encaravam Link de uma maneira única. Realmente era algo que o jovem jamais sonhara em ver.

— Deste ponto em diante, pequenino, sua espada não terá mais descanso — sua voz soava como uma canção, o vento levava as folhas das arvores para o chão, possuíam varias cores — A floresta é ameaçadora daqui em diante, mas pode ater-se ao pensamento...

Ele sorriu, e sua forma começava a desaparecer lentamente.

— De que esta no caminho certo, Link — e assim o Fauno desapareceu.

Realmente o caminho tornou-se muito mais difícil do que antes. Ele teve que escalar, e pular para continuar a andar. Do chão sugiram monstros atirando sementes, mas foram os do tipo inseto que lhe deram uma maior dor de cabeça. Escondidos nos troncos das arvores, saíam do seu lugar conforme Link atravessava.

A boca cheia de dentes e seu tamanho gigantesco dificultaram a viajem do jovem. Ele golpeava os insetos, mas era difícil já que voavam rapidamente, lançou o seu bumerangue, mas só conseguiu matar alguns poucos.

ARG!

O vôo rasante de um lhe acertara em cheio a sua cabeça, como uma pedra. Ele girou imediatamente golpeando em cheio o inseto que lhe acertará, mas lá estava outro para lhe importunar. Link teve que enfrentá-los ao mesmo tempo em que dava continuidade a sua viajem. Havia um tronco ligando uma à parte da floresta a outra, havia um precipício abaixo. Teve que atravessar esquivando dos ataques dos insetos.

Não estava nervoso, mas havia uma energia empolgante naquilo. Ele chutou os insetos que lhe acertavam e caiam no chão desnorteados, só tinha dois deles agora, tomaram certa distancia, enquanto Link ergueu sua espada a frente de seu rosto.

— Venham! — chamou.

Precisou de três movimentos, um acertou o primeiro inseto, outro para esquivar do segundo e o ultimo para dar um fim a ele. Teria ficado satisfeito com sua pequena vitoria, mas a floresta tinha muito a oferecer. Quando Link resolveu comer um pedaço das frutas que trouxera, ele foi atacado por monstros vindo do chão, pareciam minhocas com casco de couro, tinham chifres em suas cabeças e espirravam algo viscoso.

Subiu imediatamente na arvore, apanhou seu fiel estilingue e atirou livremente nas criaturas que devoravam o seu almoço.

— Malditos! — berrou, quando afugentou todas percebeu que não lhe sobrará nada.

À noite Link sentiu muito frio, procurou abrigo em alguma arvore, mas não conseguiu. Apanhou um bocado de folhas para aquecer-se, mas não foi o bastante e a sua agitação atraíram morcegos esquisitos que o atacaram sem hesitar. Não conseguiu acertá-los e fugiu, tropeçou varias vezes e caiu, até achar um pequeno buraco e se escondeu, foi muito difícil dormir.

Estava exausto, com muita fome e ferido. Logo pela manhã outros insetos apareceram, foi uma variedade de besouros, minhocas e aranhas, que mais pareciam um punhado de gravetos com dentes. Ele matou o que pôde, mas continuou fugindo até uma enorme rocha em que suas pernas cederam antes mesmo que ele considerasse escalar.

A sua volta só havia árvores e mais árvores, ele encostou-se na rocha e tentou fechar os olhos e pensar no que iria fazer. Não sabia onde estava e a floresta parecia nunca acabar.

— O que eu faço? — disse, abraçou suas pernas para ficar encolhido, mas seu corpo começou a doer imediatamente.

Ele esticou as pernas e notou algo estranho. Ao fazer isso a terra que sua perna empurrou pareceu descer até a pequena moita á sua frente. A terra desapareceu e ele pode perceber que havia algo ali, e a vegetação cobrira. Então levantou-se e apoiou suas pernas nos lados, tentando firmá-las. Puxou com força a moita até que arrancou, um buraco revelou-se.

Link hesitou quando viu o espaço escuro no chão, mas não havia outra saída. A poeira da floresta, visível na luz que escapava das arvores, caía tranquilamente até o lugar sinistro a sua frente. Ele pulou.

AAAAAH

O pequeno caiu em uma água gélida, afundando imediatamente. Link nadou o mais de pressa que pôde para fora, havia terra ali. O que não existia era luz.

 Seus olhos demoraram bastante para acostumar-se com a total escuridão daquele lugar. Era uma caverna com um único caminho, o que ajudou o jovem de certa forma, sua mão na parede rochosa procurou seguir todo o percurso com calma.

As gotas que caíam ecoavam por toda parte, era tão gelado ali. A sua visão conforme o tempo passava, já conseguia identificar o caminho à frente. Havia coisas presas na parede, pareciam aranhas gigantescas, com pedaços de esqueletos grudados ao seu corpo. Giravam em um movimento hipnótico, a todo tempo, não parecendo se importar com a presença de Link naquele lugar.

De repente brilhos vermelhos surgiram da escuridão, aos montes. Olhos famintos de roedores cinzentos partiram na direção do jovem, que apanhou sua espada. Mas era quase impossível ver, mesmo que ele conseguisse chutar e esmagar alguns, levou dolorosas mordidas na perna. Golpeando as cegas, ele avançou o caminho, mas o numero de ratos aumentava, e o pânico tomava seu corpo, podia escutar o som estridente do seu grande numero.

AAAAAAAARG

O urro assustador rompeu o lugar, os roedores correram imediatamente enquanto Link não conseguia localizar com os olhos de onde viera o barulho. Alguma coisa parecia perfurar o teto da caverna aos poucos, ele procurou se esconder também.

Alguma coisa grande e pesada caiu, deixando a luz da floresta entrar com toda a força e afastar o restante dos roedores. Link cobriu a boca para não gritar de espanto, era uma aranha monstruosa e muito maior do que as outras. Tinha bastante pêlo e sua cabeça era protegida por algum tipo de crânio de animal, ela caminhou à alguns passos de onde Link estava. Agora ele conseguia ver o que tinha no final da caverna,

Uma teia espessa com vários casulos esquisitos presos a parede, tinha algo no topo da teia, algo que parecia ser uma gaiola, mas ele não conseguiu olhar por mais tempo, pois a aranha se virava a todo o momento com olhares, milhares deles, muito suspeitos.

Do buraco que aranha descera, a vegetação também fora arrastada com o peso da giganta, formando assim uma chance de Link sair daquele lugar. Ele levantou lentamente, ela parecia distraída com alguma coisa que trouxera de fora. Deu um salto rápido e apanhou a planta, era firme e parecia agüentar seu peso, portanto começou a subir bem devagar. Mas antes que prosseguisse na subida ele viu algo.

De onde estava era possível ver a gaiola do alto e o que havia nela. Uma pequenina criatura esta encolhida, tinha perninhas e braços humanos e um rosto angelical com orelhas pontudas, havia pequenas asinhas que tintilavam. Parecia triste e soltavam murmurinhos chorosos.

— Uma fada! — exclamou baixinho surpreso.

Suas mãos cederam e ele caiu. A aranha enorme procurou de onde viera aquele barulho, mas Link conseguiu se esconder a tempo. Permaneceu ali por horas, sem tentar escapar novamente, não conseguindo tirar da cabeça o que tinha visto. Quando era pequeno ouvira diversas historias sobre fadas, era algo costumeiro no vilarejo, historias sobre esses seres misteriosos. Os guardas do castelo mantinham o vilarejo sempre em segurança, e o máximo que viam era plantas que atiravam sementes, nada de aranhas gigantes ou fadas.

Anoiteceu e sua barriga roncava loucamente, e com maior força desde que descobrira ter perdido a comida que trouxera. A gigantesca aranha saiu para caçar na noite, e deixou a caverna silenciosa. Temendo que os ratos voltassem resolveu ir de encontro à gaiola da fada. Precisou escalar a teia grossa até ela, sua mão grudava a todo tempo.

— Quem é você? — perguntou a pequenina, erguendo sua minúscula cabeça, os olhinhos cintilantes.

— Link — respondeu, ofegante com a subida na teia grudenta.

— Você vai me comer?

O garoto se espantou com a pergunta.

— Claro que não!

Ela levantou e caminhou até as grades de sua gaiola, olhando para o corpo do jovem.

— Você é bem pequenino — disse ela preocupada.

— Pequeno? — indignou-se — É a menor das criaturas nessa floresta e me chamas de pequeno?

Ela soltou uma risadinha.

— Como se chama?

— Link — respondeu novamente, ainda admirado com a pequena figura na sua frente.

— Muito prazer Link, sou Navi — ela sorriu — O que faz aqui nessa caverna? Não sabe dos perigos que a assolam?

— Agora sei — falou aborrecido — Vou lhe tirar daqui, segure-se em algum lugar.

A mão de Link tocou a gaiola de metal, mas uma energia poderosa lançou-lhe metros de distancia. Ele quase desmaiou com impacto forte, seus ossos doíam.

— LINK! — gritou Navi — Você está bem?

Ele tentou levantar com dificuldade.

— O que houve? — perguntou dolorido. As feições da fada eram tristes.

— Essa gaiola é encantada, não pode ser aberta normalmente — Link estava de pé — À aranha gigante possui a chave dentro de seu corpo, é uma feiticeira!

Link cerrou os punhos.

— Então irei enfrentá-la! — disse com firmeza.

— Perdeu a razão? Não reparou no tamanho dela?

Link empunhou sua espada, estava sério e olha fixamente a pequena fada na gaiola.

— O tamanho não importa, se a coragem do guerreiro for gigante — ele continuou — Meu pai me ensinou a nunca desistir, por maior que fosse o desafio, por maior que seja a jornada... É preciso encarar.

Os dois permaneceram ali no silencio por alguns segundos.

— Pra mim isso é um monte de bobagem! — falou Navi — Na floresta, a criatura maior vence a menor. As criaturas pequenas como eu serão sempre subjugadas, pois esse é nosso destino.

— Pensei que fadas fossem criaturas positivas... — disse ele guardando sua espada.

— Positiva? Prefiro a realidade, não há nada de positivo na realidade Link — ela agachou com tristeza — Com as outras fadas não havia tristeza, era sempre uma alegria incompreensível... Não havia lugar para uma fada que não acreditava que algo de bom fosse acontecer, e que nosso destino não seria ser aprisionada por alguém. E cá estou.

— Em minha aldeia eu era o sonhador — ele sentou na pedra — O único que não aceitara o seu destino como um camponês, e que não acreditava que a vida não existia além das terras do rei.

— Bem, Link. É isso o que acontece com os que se diferem dos demais... No final, um triste fim nos espera em uma caverna escura.

— Não acredito nisso — falou decidido — Poderia fugir daqui, o buraco que a aranha fez é a passagem para fora daqui.

— Então, o que esta esperando pequeno? Fuja! — ela agarrou as barras — Fuja enquanto há tempo!

Ela olhou para o buraco, só a luz da lua iluminava a floresta.

— Se fizesse isso, não seria um verdadeiro guerreiro — ele olhou para Navi — Não sairei daqui sem você!

Navi sorriu, mas durou pouco. Era possível ouvir os passos apressados da aranha gigante que se aproximava.

— Ouça — falou Link apressadamente — Tenho um plano, mas precisa confiar em mim, eu vou lhe tirar daqui!

E dizendo assim desapareceu nas sombras, onde Navi não conseguia enxergá-lo. Poucos segundos depois a aranha desceu do buraco, trazia consigo novas vitimas enroladas em sua teia, e pela primeira vez Link conseguiu escutar o que ela dizia.

— Jantar para dias, isso sim! — disse com sua voz horripilante, como a de mil sons em pranto — Muito o que sugar, foi uma noite farta, isso foi!

Ela sapateou com suas varias pernas, a gaiola de Navi balançou de onde estava.

— Verdade o que dizem sobre as fadas, isso é! — falou alegre — Trazem sorte, sim trazem!

— Se trata de uma lenda sua estúpida! — falou Navi nervosa — Não acredito que prendeu a mim porque acredita em um conto idiota contado por tolos!

— Criaturinha barulhenta, como explica minha caçada de hoje? Nunca trouxe tantos! — ela cantarolou com cinismo.

— Já reparou no seu tamanho? — resmungou Navi.

— Tudo o que preciso saber agora, é o que vocês, criaturinhas de sorte, comem. Afinal, não quero deixar minha preciosidade morrer de fome!

— Aranhas!

A giganta soltou uma risada alta e assustadora. Link se aproximava com cautela, a espada em mãos, subiu na rocha a sua frente para dar um salto perfeito e fincar a lamina na cabeça do monstro. Navi percebeu o plano do jovem e tentou distrair a aranha.

— Mas para o caso de não houver aranhas, nós fadas ficamos muito satisfeitas com o néctar das flores e as frutinhas de cor vermelha, não as de cor azul!

— Entendo... — falou a aranha escutando Navi.

— E também... Eu gostaria muito de uma gaiola maior, dizem que quanto maior for maior será a sorte... — Ela piscou para Link que entendeu a deixa.

Ele pulou na direção da aranha gigante, mas antes que sua lamina tocasse a pela asquerosa, uma das pernas o golpeou com força e ele fora arremessado metros de distancia.

— Criança tola! — riu a aranha — Pensa que não notei sua presença há tempos? Como é barulhento e fedorento!

Ela andou em sua direção, as pernas perfurando o chão em um barulho mortal. Tudo girava na cabeça de Link, sua espada estava em algum lugar da caverna, ele não conseguia ver.

— Muita comida eu tenho, para seu azar, não preciso guardar ninguém para depois — estava mais perto — Irei despedaçá-lo, não preciso de você!

Link tentou rastejar para longe, mas outra perna o golpeara com força. Seu corpo foi parar na água gélida de antes, uma espécie de poço. Era difícil não afundar, mas para a sua sorte a aranha não parecia interessada em segui-lo até a água, ficou rodeando o lugar.

— LINK! — chamava Navi de longe. Mas a aranha observava atentamente, como se esperasse alguma ação de Link. Ele fechou os olhos e afundou.

A pouca luz que havia ali vinha do alto do buraco de onde Link caíra, seu corpo afundou até o chão. Ele olhou para os lados, só existia silencio, o buraco era turvo visto dali, a água se remexia um pouco, as bolhas de ar saiam com lentidão, era possível escutar o seu coração bater. De repente sua perna encostou em algo duro, parecia ferro.

Enquanto isso a aranha retornara à fada, depois que se dera por satisfeita ao ver as bolhas de ar do pequeno cessarem. Navi estava na gaiola, aterrorizada com o que poderia ter acontecido com Link. A giganta olhava para seus petiscos, imaginando quem seria o primeiro da noite. Sentiu vontade de voltar ao poço e dar uma outra olhada...

— EI, ESCUTE! — chamou Navi, e quando a aranha virou-se tudo o que viu foi a lamina de Link apontada para gaiola, atravessara a sua nuca cabeluda com sucesso e chegara ao outro lado.

O rapaz estava montado nas costas da aranha, a espada fincada com força, ele a retirou rapidamente dando um salto para trás. A aranha se debateu no escuro até finalmente encolher sem vida. Do seu corpo uma luz dourada surgiu, e brilhando no ar estava a chave da gaiola de Navi.

Link molhado e sujo, com o liquido púrpura que saíra da aranha, apanhou a chave e subiu na teia. A fada não poderia estar mais surpresa.

— Você conseguiu! — disse eufórica.

— Eu.. — tentou dizer exausto — Lhe disse, não?

Girou a chave e libertou Navi, que saiu imediatamente voando.

— Vamos Link, só precisa sair desta caverna! — disse encorajando-o — Você consegue!

O pequeno olhou para trás, de onde estava conseguia ver a vegetação que era o caminho para fora. Ele firmou os pés e esticou o braço, em um impulso rápido foi lançado para frente e sua mão apanhou a planta. A fada voava ao seu lado enquanto ele buscava forças para continuar subindo, seus músculos explodindo de dor e cansaço. 

Seu braço escapuliu para fora do buraco, procurava algo a se agarrar, mas a terra cedia ao seu toque. Mesmo assim ele continuou a fazer força na subida, e finalmente conseguirá sair daquele lugar, imediatamente o seu corpo desmaiou ao cair na grama fofa da floresta.

Mais uma vez sonhou com Zelda, e foi realmente difícil abrir os olhos novamente. Já era de manhã, as arvores balançavam com tranqüilidade enquanto os pássaros voavam. Ele estranhou por olhar para o céu, e não enxergar o sol, mas sim uma forte e intensa luz azul. Ele sentou na grama, ainda muito cansado e com fome, percebeu que a pequena bola de luz possuía azas.

— Você esta bem, jovem guerreiro? — perguntou a luz.

— Estou... Mas quem é você?

Ela riu com graciosidade.

— Link, sou eu! — riu — Navi!

Estava impressionado com a luz, mal conseguia ver a fada por trás dela.

— Você esta cheia de luz...

Ela voou em ziguezague e parou bem na frente do nariz do rapaz.

— Essa, Link, é a forma verdadeira das fadas! Só é possível alcançá-la quando estamos felizes e com esperança, algo que eu havia perdido e você ajudou-me a resgatar.

Ele não disse nada, ficou ali admirando a pequena criatura luminosa.

— Você esta em uma jornada a procura da princesa, não é?

Ficou espantado.

— Mas como..

Ela riu.

— Eu posso te ajudar Link, mas você vai ter que confiar em mim — ele não conseguia ver o seu pequeno rosto, mas sabia que estava sorrindo.

— Dois deslocados, juntos?

— Não vejo parceria melhor — disse a fada, reluzindo com maior intensidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Zelda" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.