Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/151902/chapter/9

Terminamos de encaixotar tudo e o padre olhou para nós, satisfeito.

“Eu preciso que vocês carreguem estas para o campus fundamental” ele disse apontando para as caixas “deixe-as fora do dormitório Moroi. A Sra. Davis dá aulas de religião, na escola dominical, a algumas crianças, ela pode usar estes livros.”

Eu olhei para as caixas. Só conseguiríamos levar tudo com duas viagens. Nós pegamos as que pudemos e seguimos para o campus fundamental que ficava a uma distância bem considerável.

“Porque você este interessada em fantasmas?” perguntei casualmente, enquanto caminhávamos.

“Estava apenas puxando conversa”

Aquela frase dela me fez ter certeza que novamente havia algo. Ela estava mentindo mais uma vez, e ela só fazia isso quando queria esconder sério algo de mim. Isso estava se tornando corriqueiro? Ou tudo fazia parte do mesmo problema?

“Eu não posso ver o seu rosto agora, mas eu sinto que você está mentindo de novo.”

“Nossa, todo mundo está pensando o pior de mim, ultimamente. Stan me acusando de me gloriar-“

“Eu ouvi sobre isso” falei lembrando de ter lido os relatórios de Stan “Aquilo foi um pouco injusto da parte dele.”

“Um pouco, hum? Bem, obrigada, mas eu estou começando a perder a fé nessa experiência de campo e em toda a Academia.”

“Você não quis dizer isso” falei num tom reconfortante. Rose estava muito desanimada ultimamente, e eu sabia que ela tinha razões para estar assim, mas ela era muito jovem para perder a esperança.

“Eu não sei. A escola parece tão envolvida em regras políticas, que não tem nada a fazer na vida real. Eu vi como era lá fora, camarada. Eu entrei direto na toca do monstro. De algum modo... eu não sei se isso realmente nos prepara.”

“Às vezes eu concordo com você” falei e ela ficou totalmente surpresa. Mas essa era uma opinião minha também. Por mais que se treinasse, a vida real era bem mais dura do que qualquer simulação. Não existe nada que lhe prepare para o que você vai enfrentar, quando vidas estão dependendo de você.

“Realmente?”

Eu dei um pequeno sorriso. Ela ficou muito surpresa mesmo. “Realmente. Quero dizer, eu não concordo que os noviços sejam colocados no mundo quando têm dez anos de idade, ou algo assim, mas eu penso que a experiência de campo deve realmente ser em um campo. Provavelmente, eu aprendi mais no meu primeiro ano como guardião, do que em todos os meus anos de treinamento. Bem... talvez não tudo. Mas lá fora é uma situação absolutamente diferente.”

Ela me olhou feliz por eu ter a entendido e eu retribui o olhar. Era algo bom, concordar com Rose. Nós tínhamos pensamentos parecidos, talvez por isso nos déssemos tão bem. Eu olhei em volta e não tinha quem recebesse o material que trouxemos. Percebi que a caixa estava pesada para ela.

“Oh, nós estamos no meio do dormitório da escola. Parece que as crianças mais novas estão na próxima porta.”

“Sim, mas a Sra. Davis deveria estar aqui nesse prédio” falei colocando a minha caixa no chão “deixe-me tentar encontrá-la e ver onde ela quer que coloque isso. Eu volto logo.”

Eu me afastei e saí procurando sala por sala. Nada da Sra. Davis. Não sei como ela confiava em deixar tantas crianças sozinhas, sem supervisão de um adulto. Passei para o andar superior e a encontrei em uma sala que tinha uma pequena copa. Ela tomava um pouco de café, distraidamente, olhando pela janela.

“Sra. Davis?” falei batendo no portal da porta, que estava aberta.

“Sim?” ela falou, se virando “Ah, Guardião Belikov! O que lhe traz aqui?”

“Nós ajudamos o padre Andrews a fazer algumas arrumações hoje, depois da missa. Trabalho voluntário. Ele mandou algum material para as aulas dominicais” falei, procurando ser simpático.

“Ah, sim, claro. Nós precisamos muito de materiais novos. Também de trabalho voluntário. Sempre que quiser ajudar, será bem vindo.” Ela falou sorrindo, passando pelo corredor ao meu lado.

Quando retornamos, Rose tinha colocado sua caixa no chão, junto a minha e estava encostada na parede, conversando com uma garota Moroi, que aparentava ter por volta dos treze anos. A garota me olhou de forma impressionada, quando me aproximei.

“Ei, eu tenho alguém que quer lhe conhecer” Rose falou animadamente “Dimitri, esta é Jill. Jill, Dimitri”

Rose nos apresentou e fiquei surpreso com aquilo. Eu raramente vinha ao campus fundamental e não imaginava que os estudantes daqui me conhecessem e quisessem saber sobre mim. Ainda mais uma garota Moroi. Eu apertei a mão dela e percebi que ela ficou vermelha de vergonha. Ela era uma menina bem tímida, muito jovem, na verdade. Tão logo soltei sua mão, ela se despediu e saiu correndo. Eu não podia imaginar qual o assunto que Rose tinha para conversar com uma criança daquela.

A Sra. Davis guardou as nossas caixas e nós voltamos para pegar o restante.

“Jill sabia quem eu era” Rose falou no caminho de volta “estava tendo uma espécie de adoração ao ídolo acontecendo.”

“Isso lhe surpreendeu? Que estudantes mais novos possam lhe admirar?”

“Eu não sei. Eu ainda não tinha pensado nisso. Não acho que eu seja boa para o papel de modelo.”

Ela estava realmente com uma baixa estima nestes últimos tempos. Rose era uma estudante exemplar, claro, não era muito disciplinada, mas ela entendia bem o seu compromisso e estava se dedicando muito para superar as suas dificuldades. Isso era algo raro de se ver. Alguém com tanta capacidade de superação.

“Eu discordo. Você é esforçada, dedicada e se supera em tudo que faz. Você ganhou mais respeito do que pensa” falei, sabendo que com ela eu podia demonstrar toda admiração que sentia. Mesmo assim, tentei se comedido. Ela me olhou pelo canto de olho.

“Isso ainda não é suficiente para me levar ao julgamento de Victor.”

“Isso de novo não.”

“Isso de novo sim! Porque você não entende que isso é importante? Victor é uma imensa ameaça.”

“Eu sei que ele é.”

“E se ele for solto, ele logo começaria com seus planos loucos de novo.”

“É realmente improvável que ele seja solto novamente, você sabe. Muitos desses rumores de que a rainha poderá libertá-lo, é apenas isso – rumores. Você, de todas as pessoas, deveria saber bem que não se deve acreditar em tudo que escuta.”

Ela olhou fixamente para frente. Ela sabia que eu tinha razão. Mesmo assim, não se deu por vencida. Rose sempre foi muito persistente.

“Você ainda devia nos deixar ir. Ou, você devia deixar pelo menos Lissa ir.”

Eu concordava que a presença delas era importante para o julgamento. Elas viveram o fato e Lissa, pior, foi a maior vítima. Mas não era uma decisão que cabia a mim. Eu tinha tentado interceder para que elas fossem, mas era algo fora do meu alcance.

“Vocês está certa – ela deveria estar lá, mas de novo, não tem nada que eu possa fazer com relação a isso. Você continua achando que eu posso controlar isso, mas eu não posso.”

“Mas você fez tudo que podia? Você tem muita influência. Deve haver alguma coisa. Qualquer uma.”

Ela tinha uma imagem muito heróica de mim. Isso era algo que me incomodava. Eu tinha respeito das pessoas, justamente por se bem centrado e ponderado. Eu já tinha entendido o porque delas não poderem ir. Não podia sair lutando contra todos, como Rose queria.

“Não tenho tanta influência como você pensa. Eu tenho uma alta posição aqui na Academia, mas no resto do mundo dos guardiões eu ainda sou muito jovem. E, sim, eu falei por você.”

“Talvez você devesse ter falado mais alto.”

Lá estava ela, de novo, sendo impertinente. Ela não podia  ver que não estava ao meu alcance? Que o pouco que eu tinha falado, já era muito diante de tantos interesses de pessoas da alta realeza que estavam em jogo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!