:: Aquilo Chamado Amor ::

           Já não aguento mais esperar. Estou sentado há aproximadamente quinze minutos, mas já parecem anos. Consegui manducar nesse tempo três pedaços de bolo, uma barra de chocolate, uma banana, duas xícaras de café e alguns biscoitos. Nada disso pode me confortar, ainda assim.


           A espera é cada vez mais longa, e eu me sinto ansioso. Por aquela passagem, dentro de alguns minutos, entrará Raito Yagami. Os outros oficiais estão ocupados, e passaremos a tarde perquirindo o caso Kira. Acho isso uma idéia mentecapta, uma vez que ambos sabemos que ele é o próprio Kira... Mas... Sua presença me é agradável. Vê-lo se compelindo a algo me deixa alegre.


           Sinto-me alheio. Desde que o vi pela primeira vez estive assim. Minha mente se confunde facilmente. Quando não estamos acoplados, só consigo pensar em como será o dia seguinte. Quando ele está próximo, não consigo refletir sobre outra coisa para fazer senão observá-lo. Quando se aproxima à hora de sua partida, sinto-me molestado... E quando está para chegar, fico feliz. Feliz e irrequieto.


           Queria ficar sempre por perto. Ao lado dele... Simplesmente sinto-me protegido. Seguro para fazer qualquer coisa que eu queira... Para ser qualquer um que eu deseje... Perto dele, e apenas dele... Posso ser algo que sempre quis ser: eu mesmo. Gostaria apenas que não houvesse disfarces nos limitando. Nada de máscaras. Mas Deus desejou que ele entrasse em minha vida apenas como parte de meu fastidioso trabalho...


           Não sei o que fiz de errado, e nem sei o que fazer. Isso é novo para mim. Raito é algo diferente em minha vida. Ninguém nunca me desafiou como ele... Ninguém nunca alcançou o mesmo nível intelectual que o meu... Ele é aquele tipo de pessoa que sempre te faz querer saber mais e mais... Acho que a palavra é... Misterioso. Misteriosamente... Agradável. Agradável aos olhos... Agradável à alma.


           O que será isso que me assola? O que será isso que eu sinto, todas as vezes que lembro dele? O que será isso que não me deixa esquecê-lo, nem por um segundo? Fico a me indagar, e assim passo as horas... Não me concentro no trabalho, nos livros ou em qualquer outra coisa... Mesmo comendo não paro de pensar... A única coisa que ainda não deixei de fazer foi respirar. Ele conseguiu arruinar minha vida de uma maneira dócil e sutil. E quando aquela porta se abrir, não sei o que vou fazer.... Pois isso que eu sinto... Será que é aquela coisa... Aquilo que as pessoas chamam de... Amor?