A Outra Metade. escrita por contosdgabriela


Capítulo 9
Capítulo 7 (Arthur)




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- Ele me ajudou quando eu passei mal, tava muito doido carregando os sapatos na mão, deve ter deixado ai. – Desculpa ferrada, mas era a única coisa que eu tinha no momento.

- Tudo bem, o que acha de ir para casa em?

- Acho que ainda vou ficar aqui, quero ficar, conversar ver as pessoas, não tenho feito muitas coisas ultimamente.

Marcos me olhou feio, entortou a boca e tentou falar, tentou de novo, nada saia, tive a certeza de que ele sabia, ele olhou para o guarda-roupa e eu gelei.

- Algum problema?

- Tem visto muito o Jason ultimamente?

- Eu? Você que é o primo dele ué.

- Não sei, me disseram que vocês estavam andando por aí um dia desses, de noite, bem a noite. – Merda, virão a gente indo desligar a chave geral, que droga, pensa rápido, pensa rápido, não tinha o que pensar, o jeito é contar a verdade, não dá, ele vai ficar muito triste, ou nervoso, ou sei lá, não sei o que esperar. Respirei fundo.

- Tudo bem – me afastei dele e o olhei nos olhos. – Eu te liguei naquela noite e foi ele quem atendeu, achei que fosse você, ele foi lá pra casa e eu o beijei. – Ele ficou vermelho, roxo, azul e por fim branco, a cor sumiu, depois ele voltou a ficar vermelho, deu para ver uma veia saltando na testa dele, não acredito, não achei que ele fosse ficar assim?

- VOCÊ O QUE? EU TE APRESENTO MEU PRIMO E TU BEIJA ELE? VOCÊ É UMA VADIA, SÓ PODE!

- Claro que não, eu disse Marcos eu achei que fosse você, eu juro que pensei que fosse você. – Eu não estava mentindo, aquilo era uma verdade, eu pensei que fosse ele e...

- Por que você ficou bêbada? – Ele perguntou tranquilamente e se encostou na porta, ele trancou e ficou esperando uma resposta, senti medo naquela hora, o que eu ia dizer? Contar a verdade iria piorar as coisas, o guarda roupa estava ali, do lado dele, imaginei o Jason ouvindo, Marcos continuou me encarando.

- Ele dormiu na sua casa não é mesmo? – Ele sabia, tinha certeza, ele sabia de tudo.

- Dormiu, mas Marcos não aconteceu nada, eu juro que não e...

- Então você esta me dizendo que não ia transar com ele agora?

- ... – Engoli em seco, não sabia o que falar, minha cabeça latejava, ele me olhava com aquela falsa tranquilidade, eu nunca briguei feio com o Jason, ele parecia louco de raiva, muita raiva.

- Não vai responder sua vagabunda?

- O que quer que eu diga?

- Quero que minta pra mim, que se faça de vitima, que diga que ele te agarrou. – Ele colocou a mão no meu rosto. – Quero que diga que me ama, e que vai esquecer tudo isso, quero que diga que ele não é nada, quero que diga que ele te forçou a fazer tudo. – Ele se aproximou e eu dei um passo para trás, estava com medo dele, os olhos dele estavam vermelhos e ele parecia um pouco bêbado. – Quero que diga que me prefere, quero que fique comigo e não com ele.

- Marcos você não esta bem, vamos embora. – Eu tentei puxar o braço dele e chegar até a porta, girei a maçaneta – trancada – agora sim, eu estava com medo.

- Nenhum de vocês dois vai sair daqui até que me deem uma explicação para tudo isso, sai de dentro desse guarda-roupa seu viado!

Jason abriu a porta devagar e veio ficar ao meu lado, ele olhava fixo para Marcos que o encarava, depois de dois minutos de um silêncio insuportável o Marcos começou a rir, riu muito, riu tanto que ficou de joelhos segurando a barriga, ele ria e olhava de mim para o Jason, riu muito mesmo, começou a chorar e segurar a barriga.

- Sabe o que é mais engraçado Esther? – Ele olhava para mim e ria, onde estava a graça caramba?

- Você é uma idiota! Idiota de achar que ele gosta de ti. – Ele ria mais ainda. Eu olhei para o Jason que tinha os olhos fixos no Marcos.

- Tu acha que é a primeira? A primeira menina que ele rouba de mim? – HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. – O Jason é só mais um filho da puta que adora roubar as namoradinhas dos primos, vou te contar uma pequena história, a namorada do Maicon a Jessica também ficou encantada com ele, a Louise, namorada do Caio, a Dafine, todas elas, você é só mais uma ridícula que acha que ele gosta de ti, os dois se merecem, eu quero mesmo é que ele te coma e te engravide como ele fez com a Barbara. – O Jason travou, não olhava mais para o Marcos, não olhava mais para nada, eu olhei para a cara dele e ele estava sem expressão de que droga o Marcos estava falando.

- Você não contou a ela Jason? Não contou que você tem uma filha? Não contou que você abandonou as duas? Não contou que elas passam o maior sufoco enquanto você esta aqui roubando a minha namorada?

Eu gelei, aquilo não podia ser verdade, como assim o Jason tem uma filha? Que Barbara? Eu estou confusa, agora eu realmente estou com dor de cabeça, eu me sento na cama, olho para o teto, os dois começam a se xingar, mas eu não me importo, pego poucas coisas como: Viado, imbecil e ameaças como eu vou acabar com sua vida, aquilo não fazia sentido, eu estava passando mal, muito mal, minha cabeça girava e doía ao mesmo tempo que meu estômago embrulhava.

- EU TO COM FALTA DE AR. – Eu comecei a gritar porque eu realmente estava mal, minha garganta se fechou e eu não via nada, quatro braços apareceram para me ajudar, eles gritavam um com o outro mais só entendi o Marcos gritando para o Jason tirar as mãos de mim. Marcos ficou quieto por um instante.

- Jason? – Eu perguntei meio inconsciente.

Ouvi uma porta abrindo e uma porta batendo, devia ser o Marcos, afinal eu acabei de falar Jason quando na verdade deveria estar chamando por ele. Outra falta de ar. Senti a boca do Jason jogando ar, eu tentei respirar, e até que eu voltasse ao normal ele já estava desesperado com os olhos muito abertos e pálido.

- Quero ir para casa.

Ele não falou nada, não fez nada, pegou um cigarro abriu a janela e ficou lá fumando, quando me levantei ele não olhou para a minha cara, quando abri a porta ele continuou lá, imóvel, descia as escadas procurando alguém que pudesse me levar para casa, tinha gente dançando e bebendo, meninas caídas no chão e muitas, muitas pessoas se beijando, devia ser aquele momento que todo mundo resolve se pegar, não pedi carona, não falei com ninguém, não quis saber, queria que o mundo acabasse, olhei para trás e vi Jason na janela, olhando eu ir embora com uma cara de paisagem impagável, como se nada houvesse acontecido, como se nós não tivéssemos quase transando, como se ele e eu não fossemos as piores pessoas do mundo, eu não sabia que horas eram, não estava com o celular só saí andando, não lembrava como voltar para casa, andei, andei e andei, quando não aquentei mais simplesmente sentei no chão e lá fiquei, talvez eu esperasse um milagre, como o Jason correndo para perto de mim pedindo desculpa, ou o Marcos me abraçando e dizendo que me amava, nada disso aconteceu. Já estava amanhecendo quando um carro parou ao meu lado, o vidro foi abaixado e eu não fazia ideia de quem estava lá dentro, quando o vidro terminou de abaixar uma voz me perguntou lá de dentro.

- Quer carona? A voz era rouca e parecia entediada, pensei em dizer não, pensei em não responder, não fiz nenhum dos dois, me levantei e entrei no carro, o motorista era um jovem, não devia ter mais que 23 anos, tinha um cabelo bem escuro assim como os olhos, um rosto bonito e um corpo nem magro nem musculoso, ele não falou nada só dirigiu, depois de um tempo olhando para ele percebi o que estava fazendo, estava com alguém que eu não conhecia, indo para sei lá onde correndo o risco de ser estuprada.

- Quem é você?

- Alguém. – Ele respondeu com a maior cara de tedio do mundo, olhando para frente sem nem me dar atenção. – A questão é: Quem é VOCÊ?

Pensei na resposta, eu estava confusa e chateada, não fazia a mínima questão de responder, ele foi dirigindo até uma rodovia, foi ai que eu comecei a ficar preocupada.

- Onde vamos?

- Não me respondeu guria, quem é você?

- Me chamo Esther, moro nessa cidade e nesse momento eu não ligo a mínima para todo o resto, quero que tudo se exploda. – Ele esboçou um sorriso enorme, dirigiu muito e parou, deu meia volta e simplesmente voltou de onde tínhamos saído.

- Vai voltar?

- Achou o que? Que eu fosse cruzar o país contido em uma aventura incrível? – Ele bufou, realmente aquilo não fazia sentido, ele parecia um caro quieto demais, um pouco frio, bonito, tinha a pele branca, o cabelo bagunçado, os olhos escuros assim como o cabelo, os braços eram definidos, ele usava roupas simples, camiseta, calças jeans e tênis, ele viu que eu o estava analisando e fez o mesmo comigo?

- Acho que alguém saiu de uma festinha em?

- É, preferia nem ter ido. – Ele me olhou nos olhos e encostou o carro, cruzou os braços e pôs as pernas em cima no painel.

- Por quê?

Pensei em não responder, em ignorar, em mentir, mas não o fiz, simplesmente contei tudo a ele, falei sobre Marcos, Jason, a minha situação, ele não falava nada, só me olhava e afirmava com a cabeça de às vezes, quando terminei ele não me olhou, olhou para frente, sorriu e voltou a olhar para mim:

- Você é a mina mais vadia e ridícula que eu já conhecia na vida.

Pensei em xingá-lo, em dizer que ele não entendia, em muitas coisas, só sorri, ele não estava mentindo, eu realmente era a garota mais filha da mãe da face da terra.

- Tem nome? – Eu falei da minha vida e não sabia nem quem era ele.

- Arthur.

Finalmente parei para analisar o carro, era muito bonito, novo e parecia caro, não sabia dizer que de marca era, mas parecia ser importado ou coisa assim.

- Bonito o carro. – Falei e sorri.

- É roubado. – Ele sorriu e tirou os pés do painel, ligou novamente e voltou a dirigir, eu deveria ter ficado em choque, apensa sorri de volta para ele e fiquei tranquila, liguei o radio e estava ouvindo qualquer música que passava, estava tão bem ali que até dancei uma música calma, Arthur me olhava pelo canto dos olhos de vez ou outra mas não dizia nada. Paramos perto de uma pousada, ele estacionou e pediu para eu descer.

- O que vai fazer aqui?

- Porque acha que eu te chamei para entrar no carro Esther?

Não sei, porque ele é gente boa e queria conversar? Não obviamente não era esse o motivo.

- Por quê? – Eu perguntei.

- Tu disse que queria que o mundo explodisse não é mesmo, falou dos homens problemáticos da sua vida, então eu pensei, vou comer essa mina. – Ele sorriu e encostou no carro.

Eu pensei na situação, eu não o conhecia, minha vida tava uma droga, obviamente eu tinha terminado com o Marcos e com o Jason – se é que eu tinha algo com ele – não devo nada a ninguém mesmo, que se dane.

- Então o que tu acha? – Ele me olhou e esperou uma resposta.

- Que se dane. – Ele sorriu e apontou para a pousada, arqueou a sobrancelha e eu simplesmente assenti.

Não sabia o que iria acontecer agora, não quis pensar porque se não desistiria, eu estava sozinha com esse Arthur no meio do nada, ele era bonito e eu queria, então pronto, ele seguiu andando na frente sem se preocupar em conversar comigo, prefiro assim, nada de emocional, falou com a recepcionista e subiu ate o quarto. Abriu e disse para que eu entrasse. Bem, acho que não tem volta agora. Ouvi o barulho de porta sendo trancada e não esperei mais nada.


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