A Outra Metade. escrita por contosdgabriela


Capítulo 7
Capítulo 5 (Tempestade)




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Acordei com o Sol entrando pela janela, estava calor e já devia ser tarde, olhei para o lado e Jason ainda estava dormindo, a casa estava em total silêncio minha mãe devia ter saído, levantei e fui escovar os dentes e por uma roupa, o Jason ainda estava pelado, eu ri da cena, quando terminei de me arrumar e voltei para o quarto ele já estava vestido olhando pela janela, quando notou minha entrada disse duas palavras:

- Bom Dia! – Ele parecia uma criança.

- Bom Dia, quer tomar café?

- Quero.

Descemos em silêncio mas foi só chegar na cozinha que Jason começou suas piadinhas e gracinhas, eu preparava o café e ele contava coisas estranhas que aconteceram com ele, como ser quase abusado por uma professor velha na quarta serie, eu ri que nem uma idiota e imaginava a professora dando em cima dele, comemos pão e tomamos café e depois de um tempo a campainha tocou, minha mãe deve ter esquecido alguma coisa, fui atender rindo da ridícula piada sobre um português que o Jason havia contado, mas quando abri a porta meu coração gelou, Marcos estava ali, parado me analisando.

- Bom Dia Amor – Ele falou e foi em direção à cozinha, eu estava muito ferrada, o que eu iria dizer? "Amor o seu primo dormiu aqui e desligamos uma chave geral, mas não rolou nada, só um beijo quente na parede”, ele passou pelo batente e travou, olhou para mim e olhou para o Marcos.

- Bom Dia Primo, como esta essa manhã? – Ótimo, agora ele ia ferrar com tudo de vez, eu odeio ele!

- Não vai falar nada? Aff, eu estava correndo de manhã e a Esther me chamou para tomar café seu palhaço.

- Aaata, desculpe gente estava pensando coisa errada. – Marcos se virou e me deu um beijo, atrás dele o Jason deu uma piscada e riu.

- Então Esther, a festa vai ser na quarta e eu fiquei pensando se não quer ir comprar um vestido.

- HAHAHAHAHAHA, ta ficando doido Marcos? Mulher detesta comprar vestido com homem perto e não vem que essa história que eu sei que você só quer leva-la para olhar as mulheres no provador. – Jason falou e começou a rir, bem típico.

- Você é muito otário, mas pensando bem, acho melhor eu não ir Esther.

- Eu quero fazer uma surpresa, quero estar linda para você, não pode ver meu vestido. – Eu expliquei.

- Isso é só no casamento Esther. – Jason disse.

- HAHA, verdade.

- Tudo bem, Esther eu vou ter que ir à cidade vizinha resolver algumas coisas pro meu pai, o Jason vai comigo e eu vou ficar dois dias fora, te encontro quarta para sairmos ok?

- Vai me ligar? – Eu perguntei.

- A cada duas horas. – Ele me beijou e riu.

Jason se levantou e foi para a porta, seguido de Marcos e de mim, ele me disse tchau e foi esperar na rua, vi que ele ascendeu um cigarro e ficou esperando pelo Marcos que me deu um beijo na testa e disse que voltaria logo. Vi os dois se afastando e tive um péssimo pressentimento com relação ao que poderia acontecer, mesmo que eu dissesse que não eu já gostava do Jason, só como amigo é claro, mas gostava dele.

Subi e fiquei pensando sobre o último dia, foi um dos mais divertidos isso eu não posso negar, o problema é que ele foi com o Jason e eu não sabia explicar o porquê disso. Resolvi ler um livro, um dos meus preferidos “A cidade do Sol”, contava a história de uma mulher que se casou com um homem porque estava grávida e achava que seu amado havia morrido, eu amava esse livro, e pelo resto do dia fiquei presa a ele. O dia seguinte passou rápido, o Marcos me ligou como havia me prometido, disse que estava resolvendo as coisas para o pai dele e que já estava terminando, talvez ele voltasse mais cedo, torci para que isso acontecesse, estava me sentindo sozinha naquela casa, minha mãe havia ido trabalhar e meu pai voltou a viajar, pensei em ir à casa da minha vó, tinha tempo que eu não falava com ela e estava quase na hora do jantar – a comida da minha vó é a melhor – nem pensei muito e fui. A casa da minha vó ficava longe da minha, precisava pegar um ônibus e depois de 15 minutos cruzando a cidade eu cheguei até lá.

Minha vó é diferente da maioria das vós, ela conversa sobre tudo com você e esta sempre disposta a ajudar – coisa de vó – mas o que eu mais gosto nele é que ela sempre fala o que pensa e não fica com medo de magoar os seus sentimentos. Bati na porta e ela atendeu.

- Theeer, ate que em fim lembrou de mim, no mínimo deve ter vindo pedir alguma coisa.

- Credo vó, eu vim porque estava com saudades.

- Entra minha filha, entra.

Eu entrei e sentei na sala – na verdade deitei no sofá – minha vó foi lá dentro buscar alguma coisa para a gente comer e voltou com uma vasilha de biscoitos de chocolate – coisa de vó de novo -, ela se sentou e me deu um beijo.

- O que tem feito ultimamente?

- Nada de interessante, esses dias o Marcos me apresentou o primo dele, e ele é muito gente boa, você tem que ver vó ele é muito engraçado e apesar de ser um babaca é uma ótima pessoa, bom pra conversar sabe, e me faz rir. – Eu ri quando lembrei do Jason gritando corre, minha vó me olhava estranho, não entendi.

- Esther, tem algo que quer me contar?

- Como assim vó?

- Vendo você falando assim de outro garoto que não é seu namorado.

- Não tem nada haver vó, ele é meu amigo, eu nunca tive muitos amigos homens e você sabe disso! – Estava chocada, como minha vó pode pensar aquilo de mim?

- Esther você pode achar que não mas eu conheço esse seu coraçãozinho, me diz sinceramente o que você sente quando pensa nesse tal de Jason? – Era uma boa pergunta, nunca parei pra pensar.

- Bem... eu gosto de conversar com ele, e eu dou gargalhadas quando estou com ele, e ele é um palhaço, babaca, animal, idiota mas ainda assim é uma boa pessoa. E vó, não tem nada haver, eu amo o Marcos e sempre vou amar, ele foi meu primeiro e único amor.

Minha vó ficou em silêncio, o que é estranho porque ela esta sempre falando, isso significa que ela estava pensando, pensando em algo que não queria dividir, aquilo estava me deixando angustiada.

- Fala o que ta pensando vó.

- Não é nada, deixa pra lá.

- Vó.

- Ta vou falar mas não fique chateada, lembra de quando começou a gostar do Marcos?

- Lembro sim...

- O que você fez?

- Vim contar pra senhora.

- O que você disse?

- Que ele era uma pessoa maravilhosa que me fazia rir e pesar das piadas bobas ele era incrível.

Minha vó ficou em silêncio e eu entendi o que ela estava dizendo, finalmente entendi, mas, NÃO, NÃO, eu gosto do Marcos e nunca vai rolar nada com o Jason, ele não gosta de meninas como eu, ele...

- Vó eu preciso ir...

- Que isso Ther, fica aí.

- Não vó eu lembrei de uma coisa, tenho que ir.

Dei um beijo nela e sai correndo, corri até a esquina e só quando virei voltei a andar normalmente, fiquei ali olhando para a rua tentando manter o pensamento vazio, tentei pensar no Marcos e nas coisas lindas que passamos mas a imagem da minha noite com Jason entrava sem pedir licença, eu ficava ali no meio de lembranças distintas, para piorar a situação eu estava indo para o lado oposto, tive que voltar todo o caminho e para minha grande sorte começou a chover, coisa de filme só pode, pensei em ir pro ponto mas desisti, queria andar, mesmo que minha casa ficasse a 40 minutos de caminho à pé, seria bom pensar. Eu tinha duas opções, ou eu realmente gostava do Jason como amigo ou era algo mais, me prendi a primeira opção com unhas e dentes e prometi a mim mesma que jamais faria o Marcos sofrer, só tinha um jeito de acabar com qualquer dúvida, cortar o mal pela raiz, eu não iria mais falar com o Jason, aquela noite foi um erro, não haveria mais segredos com o Marcos, mas é claro que eu não poderia contar o que ouve para ele, a chuva aumentou, entrei no primeiro lugar coberto que eu vi, era a frente de uma loja que já havia fechado, fiquei ali esperando a chuva passar e pensando na vida, quando dei por mim já eram 9 horas da noite e estava tudo escuro, minha mãe deve estar enlouquecendo ainda mais porque eu sai da casa da minha vó as 6 da tarde, que se dane a chuva vou andando mesmo, no caminho uns quatro carros me deram um banho e para melhorar a situação faltou luz quando eu estava chegando no meio bairro, não dava para ver nada, a rua estava completamente escura, fui andando naquele breu tentando apalpar as coisas mais achei melhor ficar onde estava, do jeito que tenho sorte deve trombar em alguém em vez de chegar em algum lugar, de repente relâmpagos começaram a cruzar o céu e o barulho era tão alto que eu fiquei com medo de morrer ali, sai correndo e percebi que faltava uma rua para chegar na casa do Marcos, com sorte a mãe dele estaria em casa e deixaria eu entrar e ligar pra minha mãe, fui andando olhando para o chão e o que eu mais temia aconteceu, eu trombei em alguém, cai no chão em cima de um caco de vidro e comecei a sangrar, é muita sorte para um dia, a pessoa que bateu em mim começou a falar mas não conseguia ouvir eu só prestava atenção no meu joelho sangrando, os cacos de vidro eram de uma lâmpada que quebrou por causa dos relâmpagos, pra piorar fui levantar e torci o pé, beleza acho melhor nem andar se não vou acabar quebrando as pernas.

- ESTHER, TA ME OUVINDO? ESTHER?

Não conseguia assimilar a voz, ela parecia longe, gritando longe, acho que eram por causa da chuva, a pessoa me balançou e tentou fazer com que eu olhasse para ela, depois de cinco minutos dela gritando e eu tento focalizar o rosto que descobri quem era.

- Jason? O que ta fazendo aqui?

- VOCÊ TA DOIDA? ONDE VOCÊ ESTAVA? ESTA TODO MUNDO ATRÁS DE VOCÊ, TODO MUNDO MESMO, A SUA MÃE TA SURTANDO! ONDE VOCÊ TAVA?

- Na casa da vovó e ai começou a chover, pera não devia estar na cidade vizinha?

- Devia, mas a sua mãe ligou perguntando se o Marcos sabia de você e ele resolveu voltar na hora.

Ele tirou uma blusa grossa que estava usando e ficou apenas com uma fina por baixo, pôs a grossa no meus ombros e eu ia me opor mas estava congelando.

- Você ta bem? Ta pálida!

- É só frio.

- Isso não é difícil de resolver.

Ele me puxou para um lugar coberto e tirou a blusa fina, passou os braços por baixo da blusa grossa que me deu e me abraçou.

- O que esta fazendo? – Eu perguntei assustada.

- Calor humano, nunca ouviu falar? É o melhor jeito de aquecer alguém. – Ele riu todo bobo, eu ia empurra-lo mas estava tão bom que eu desisti, não sei por quanto tempo ficamos ali mas foi só quando a chuva diminuiu que ele se mexeu.

- Acho melhor nós irmos agora.

- Aham.

Eu tentei andar mas meu pé doía muito, ele percebeu e sem nem perguntar me pegou no colo.

- Me põem no chão!

- Tudo bem. – Ele me largou e eu bati com tudo no chão.

- Está doido? Quer me matar?

- Só fiz o que pediu.

- Pedi para tacar no chão?

- Quando você aprender a parar de ser boba a gente conversa, eu estava tentando te ajudar, mas se quer da uma de menina infantil pode dar, vai andando então. – Ele estava irritado, é incrível como coisas bobas deixam ele chateado. Ele saiu andando e fiquei com remorso afinal ele estava tentando ajudar.

- Jason! – Ele se virou – Me desculpe, pode me ajudar? – Ele voltou e me pegou no colo de novo, dessa vez eu não fiz nenhuma objeção, chegamos na casa do Marcos sem dizer uma palavra, minha mãe estava lá, junto com Marcos e a mãe dele, minha vó também, quando entramos ouvimos vários suspiros de alívio.

- Esther, graças a Deus! – Jason me deixou no sofá e saiu de perto, subiu e não deu mais as caras, eu expliquei o que havia acontecido e Marcos me deu uma roupa para que eu ficasse mais quente, na verdade eu estava cansada e chateada, chateada porque Jason estava chateado, e eu não sei porque me importo, dane-se se ele quer ficar de mal é melhor assim, Marcos me levou para o carro da minha mãe me deu um beijo e disse que amanhã ia me buscar para irmos à festa, eu disse para ele para ir cedo para minha casa pois queria ficar mais tempo com ele, ele concordou e minha mãe seguiu o caminho, eu peguei no sono fácil mas fui acordada para poder subir para meu quarto, minha mãe me ajudou a subir as escada e me pôs na cama ainda com a roupa do Marcos. Apaguei.

Acordei com uma luz clara na janela e uma dor de cabeça horrível, olhei para o lado e Marcos estava lá. Bem, hoje é um novo dia.


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