A Outra Metade. escrita por contosdgabriela


Capítulo 3
Capítulo 2 (O Primo)




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Entramos naquele restaurante e estava tocando uma música antiga, bem parecida com o estilo do lugar, apesar de tudo, eu gostei, a música dava um charme especial, o Marcos estava do meu lado falando sem parar sobre um monte de coisas: escola, faculdade, futuro, casamento, filhos,  eu começei a rir quando ele falou isso e acho que ele pensou que eu estivesse achando graça e zombando do assunto.

- Porque esta rindo? - Ele disse isso meio sério, mas dava para perceber que ele estava sendo irônico. - Eu estou aqui, falando do nossa casamento e filhos e você fica zombando de mim? - Ele arregalou os olhos como se estivesse alarmado com meu riso, mas não aquentou por muito tempo e abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Seu bobo, estou rindo porque eu penso nisso todas as noite e as vezes parece que você consegue ler meus pensamentos. - Expliquei.

- Novidade: Eu posso! - Ele sussurou no meu ouvido e me guiou até uma mesa que ficava mais nos fundos perto de uma grande janela que tinha vista para um parque que ficava atrás, da janela dava para ver casais passeando. 

 - Bem Esther, quero que conheça o Jason, ele é meu primo e acaba de voltar do reformatório. - Marcos disse e logo olhei para a pessoa que estava sentada naquela mesa.

Diferente do que eu imaginava o Jason não era muito mais velho que o Marcos, talvez 18 ou 19 anos, ele - diferente do Marcos - tinha cabelos escuros, um queixo quadrado e não era tão forte quanto Marcos, mas mesmo assim tinha um corpo bonito de se olhar, a única coisa que ele tinha de parecido eram os olhos, e mesmo assim os olhos também eram diferentes, os do Marcos transmitiam serenidade e bondade e o desse "Jason" transmitiam uma certa malícia quase imperceptível mas estava lá. Mamãe sempre diz que os olhos são a janela da alma e devo dizer a alma desse Jason parecia cheia de más intenções, estranhamente lembrei de outra coisa: mamãe sempre diz que não devemos julgar o livro pela capa. Esses adultos são bem irônicos não acha?

- Olá, Sou Jason Bartoneli, prazer em te conhecer! - Ele se levantou pegou minha mão e deu um beijo, o que pareceria bem cavalheiro se eu não tivesse visto um sorriso debochado no canto da boca quado ele voltou a olhar para mim. - Marcos fala muito sobre você, e devo dizer, os Bartonelis tem mesmo um ótimo gosto para as mulheres. - O sorriso debochado voltou e estava mais visível agora.

- Sou Esther Marracini, prazer em conhecê-lo, Marcos fala muito sobre você tambem. - Respondi.

- Aposto que sim. - Ele disse e se sentou de frente para mim.Eu olhei para a janela e os dois começaram a conversar sobre os últimos anos, sobre a escola, sobre carros, peguei pouco da conversa, estava observando uma mulher de mãos dadas com um menininho lindo, ele corria de um lado para o outro e voltava na direção dela para abraçá-la, fui interrompida pela voz do Marcos.

- Esther, vou lá fazer o pedido, aqui as garçonetes só trazem, nós que temos que ir pedir, ja volto. - Ele me deu um beijo e foi.

Fiquei sem saber o que fazer, resolvi olhar para a moça mas ela não estava mais lá.

- Me conte, como conheceu o Marcos? - Fui surpreendida pela voz do Jason o que me assustou um pouco, ele pareceu gostar disso.

- Foi na escola na verdade, nada épico, ele era da minha sala e me chamou para sair, eu aceitei e depois disso nunca mais nos separamos.

- E você tinha quantos anos na êpoca? - Ele parecia interessado e quando me virei para olha-lo ele estava com os olhos fixos em mim, o que me deixou constrangida, eu não sei se é timidez mas não gosto que olhem diretamente nos meu olhos, e apesar disso eu olho para os olhos das pessoas direto, mas Jason me assustava então resolvi olhar para seu queixo quadrado.

- Tinha 15 anos, devo dizer que ele foi uma das melhores coisas que já me aconteceram e ...

- Ele foi seu primeiro namorado? - Ele me interrompeu.

- Na -na verdade - gaguejei um pouco e ele percebeu e sorriu como se tivesse gostado de me deixar constrangida - foi sim, e espero que seja o último.

- Então você acha que vai durar para sempre? - Ele riu, eu não gostei da pergunta.

-Claro! - Tentei ser o mais segura possível mas ele me deixava constrangida então não deve ter soado convincente o suficiente.Para minha sorte antes que ele pudesse fazer outra pergunta o Marcos voltou, estava todo sorridente porque a mulher havia dito que o prato principal de hoje envolvia camarões - o que ele amava e eu odiava - ele olhou para mim e riu.

- A Esther, não faça essa cara, coma por mim, me faça feliz - Ele falou com uma carinha de criança que eu não conseguia parar de olhar, percebi que um sorriso bobo havia se plantado no meu rosto.

- Sem problema! - Respondi tentando demonstrar entusiasmo, não fui convincente mas Marcos pareceu não perceber, porém alguém percebeu e foi justamente a pessoa que eu queria que não falasse nada:

- Acho que ela não gosta tanto de camarão Marcos, mande fazer outra coisa para ela, não a faça sofrer! - Ele aumentou a voz na última palavra e riu, olhou para Marcos e ele tambem começou a rir.

- Ta bom, vou lá pedir outra coisa para você - Ele disse e foi, meu coração gelou, não porque eu ele foi e me deixou sozinha, mas porque eu estava sozinha com aquele primo que me dava medo.Apesar dos meus medos ele não falou nada, ele conseguiu fazer algo bem pior, ficou me olhando, me analisando, como se cada pedaço de mim chamasse atenção, não gostei do jeito que ele me olhava e para tentar fazer ele parar fiz a primeira pergunta que passou pela minha cabeça:

- Você tem namorada? - Pergunta horrível, tentei fazer com que parecese casual mas ele interpretou mal, ou não, talvez tenha entendido o que eu estava tentando fazer e respondeu calmamente.

- Já tive, algumas, nada muito sério - Ele disse isso de forma que pareceu uma brincadeira, não gostei

Marcos voltou, sentou-se ao meu lado e pegou minha mão, começou uma conversa animada com Jason sobre uma festa que iria acontecer daqui a quatro dias na casa de um outro primo dele, o Maicon, ele ja havia me chamado para ir nessa festa e apesar de não gostar nada de festas eu tinha aceitado, não porque queria agradar ele, mas sim porque iriam ter garotas e bebidas e eu não podia arriscar.

-Vamos sim, vai ter mulheres lá? - Perguntou Jason brincalhão.

- HAHA, quantos você quiser.- Marcos respondeu com o mesmo tom de deboche e naquele momento eu descobri que não gostava dele andando com o Jason.

- Então nós vamos. - Jason abriu um sorriso enorme, devo dizer, ele era muito bonito.

O resto da noite passou rápido, os homens conversavam sobre um monte de coisas e apesar de tudo eu estava me divertindo, eles falavam de como tudo era quando mais jovens e eu adoro saber da vida do Marcos, devo dizer que em alguns momentos eu ficava abismada com as coisas que eles faziam juntos, principalmente o Jason, ele contou uma história em que foi convidado para uma festa e que bebeu tanto que ficou desacordado por dois dias, foi o Marcos que foi buscá-lo e ele disse que ficou com medo do Jason morrer. Entre, mulheres, bebidas e noites loucas lá estava o Marcos para salvar o Jason de todas as roubadas, o que é bem irônico ja que o Marcos é o mais novo, mas acho que é melhor assim.    

Quando deu 10 horas Marcos disse que era melhor me levar para casa se não minha mãe ficaria preocupada, eu me levantei e fui andando para o carro, Marcos entrou do lado do motorista enquanto Jason foi para o banco de trás, eu fiquei ali, no meio daquela conversa animada rindo e imaginando o que eles falavam, quando Marcos parou na frente da minha casa eu achei que a noite terminaria assim, mas felizmente ele saiu do carro e disse para o Jason que iria para casa depois, Jason deu uma gargalhada tão alta que fiquei tentando entender o porque daquilo tudo, ele pulou para o banco da frente e seguiu viajem, mas quando ja estava quase virando a esquina abaixou a janela e gritou bem alto:

- Tenha uma Boa Noite senhora Marracini e cuidado com o bicho papão. - Aquela frase parecia ter um duplo sentindo mas não entendi na hora.

- Posso subir um pouco? - Marcos perguntou perto do meu ouvido.

- Claro, mas sem barulho, minha mãe deve estar deitada, vou avisar que cheguei e depois você desce pela janela. - Dei uma piscada e fui abrir a porta.

Entramos como se fôssemos assaltar a casa, eu subi e minha mãe ja estava deitada, o relógio marcava 22:30, entrei no quarto dela avisei que havia chegado dei-lhe um beijo e sai, Marcos esperava sentado em minha cama, entrei no quarto e tranquei a porta, meu quarto tinha a janela voltada para frente e perto dela havia uma grande árvore, toda vez que Marcos fazia suas "visitas" secretas ele descia pr ela.

- Senti falta de você, mas não só da sua voz  e do seu cheiro, senti falta de você toda.

No primeiro momento eu não entendi o que ele estava dizendo, inôcencia talvez, só sei que num piscar de olhos eu ja estava imprensada na parede, com Marcos grudado em mim, ele agarrou forte na cintura e quando vi ja estava no colo dele, ele tinha um beijo selvagem e me apertava contra a parede enquanto sustentava meu peso com as mãos e ao mesmo tempo apertava minhas coxas, senti que ele estava ficando muito exitado, com nossas respirações aceleradas e corpos grudados o quarto em volta parecia um borrão, ele me levou ate a cama e ficou por cima de mim, mas eu ja havia dito para ele que era virgem e que não queria nada daquilo, mas, como negar algo que naquele momento eu precisava? Ele descia e subia as mãos pelas minhas coxas, senti a respiração dele diminuir calmamente enquanto ele beijava meu pescoço.

- Você quer? - Ele olhou para mim e sorriu.

- Eu não sei, acho que, eu tenho medo. - Minha voz saiu mais como um sussurro.

- Tudo bem, quando quiser me avisa ta! - Ele riu novamente.

- Você vai ser o primeiro a saber. 

 Ele se sentou e olhou para mim, sabia que ele tinha algo a dizer e não ia demorar.

- Você sabe né, que nós não precisamos fazer sexo, podemos fazer outras coisas. - Ele deu Ênfase no "outras".

- Como o que? - Eu perguntei meio inocente, mais sabia do que ele falava.

- Bem, é ... e .... tipo .... ai eu não sei dizer, você sabe não me faça dizer. - Ele gaguejou.

- É sei do que esta falando, mas, hoje não.

Ele concordou e me deu um beijo na testa, disse que estava ficando tarde e sem mais nem menos pulou a janela. Tudo bem, denifitivamente ele estava chateado.




  


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